quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Song to the Siren (1970) – Tim Buckley

 

Em 2019, por volta dos primeiros dias do meu Music Library Project, escrevi um artigo sobre um filme australiano pouco conhecido chamado Candy, estrelado por Heath Ledger e Abbie Cornish. Song to the Siren, de Tim Buckley , aparece com destaque nele; uma vez no início do filme com a versão impressionante de Paula Arundell (vista no final deste post com cenas do filme) e a original de Tim Buckley no final. Naquele artigo, mencionei brevemente a versão de Tim Buckley, mas não lhe fez justiça. Parecia um dever dedicar uma peça inteira à sua interpretação - então aqui estamos hoje.

Dizer que esse filme e essa música permanecem profundamente em minha psique seria um eufemismo. Song to the Siren está entre as melhores baladas que já ouvi. Não sei como ouvir essa música sem lágrimas brotando. Antes de mergulhar em mais detalhes sobre a música e seus criadores, convido você a ler primeiro essas palavras lindamente elaboradas por Tim Buckley e Larry Beckett :

Long afloat on shipless oceans
I did all my best to smile
’til your singing eyes and fingers
Drew me loving to your isle

And you sang:
“Sail to me
Sail to me
Let me enfold you
Here I am
Here I am
Waiting to hold you”

Did I dream you dreamed about me?
Were you hare when I was fox?
Now my foolish boat is leaning
Broken lovelorn on your rocks

For you sing:
“Touch me not
Touch me not
Come back tomorrow
O my heart
O my heart
Shies from the sorrow”

I am puzzled as the oyster
I am troubled as the tide:
Should I stand amid your breakers?
Should I lie with death, my bride?

Hear me sing:
“Swim to me
Swim to me
Let me enfold you
Here I am
Here I am
Waiting to hold you”

Song to the Siren foi lançada em 1970, no álbum de Tim ' Starsailor '. Em sintonia com o tema “ marinheiro ” do álbum, girando em torno de viagens, a música é fortemente baseada na figura mítica das sereias , como visto em “ A Odisseia ” de Homero. É inacreditável que Tim Buckley, conhecido por ser pioneiro em novos sons como fez em Lorca , tenha falecido tragicamente sem encontrar sucesso comercial em sua vida.

O seguinte foi extraído da referência da Wikipedia abaixo:
Pat Boone  foi o primeiro a lançar uma gravação da música quando ela foi apresentada em seu álbum  Departure de 1969 , anterior ao álbum de Buckley. A música se tornou talvez a mais famosa de Buckley devido a vários artistas que fizeram covers da música após sua morte em 1975.

Song to the Siren foi escrita em 1967, mas Buckley ficou insatisfeito com as primeiras tentativas de gravá-la. Ela finalmente apareceria em seu álbum  Starsailor  três anos depois. Em 1968, Buckley cantou a música solo pela primeira vez em seu estilo folk original como uma estrela convidada no final da série  The Monkees, como visto abaixo.

O letrista Larry Beckett relembrou a Uncut sobre Tim Buckley:
“ Eu só o vi compor minhas letras uma vez, e foi 'Song To The Siren'. Ele olhou para aquela página, que eu tinha levado apenas alguns minutos para escrever, dias antes, e começou a tocar e cantar a música como se ela já estivesse escrita. Ele fez alguns pequenos ajustes e ela estava completa. Ficamos surpresos. “

Buckley e Beckett consideraram essa música como sua maior colaboração, com Beckett mais tarde afirmando “ É uma combinação perfeita de melodia e letra. Havia algum tipo de conexão misteriosa entre nós .”


Songbird (Fleetwood Mac song) 1997- Eva Cassidy

 

Songbird é a terceira música de Eva Cassidy a aparecer aqui depois de sua entrada anterior Over the Rainbow . Sua versão da faixa escrita por Christine McVie de Rumours do  Fleetwood Mac  foi adicionada aos seus álbuns póstumos. Foi lançada em seu primeiro álbum solo de estúdio Eva By Heart em 1997, um ano após sua morte, e então lançada novamente como faixa-título de um álbum de compilação (veja a imagem acima) em 1998. O álbum de compilação foi certificado como Platina em 2008 por remessas superiores a um milhão de cópias.

Sempre considerei a voz de Eva Cassidy uma das mais angelicais e puras que já ouvi na música moderna contemporânea, mas ela faleceu tragicamente sem encontrar sucesso comercial em vida. Ela morreu de melanoma em 1996, aos 33 anos, e era virtualmente desconhecida fora de sua cidade natal, Washington DC. Felizmente, somos abençoados por ter muitas gravações ao vivo e em estúdio de suas músicas.

[[Verse 1]

For you, there’ll be no crying
For you, the sun will be shining
‘Cause I feel that when I’m with you
It’s alright
I know it’s right

[Chorus]
And the songbirds keep singing like they know the score
And I love you, I love you, I love you
Like never before

[Verse 2]
To you, I would give the world
To you, I’d never be cold
‘Cause I feel that when I’m with you
It’s alright
I know it’s right

[Chorus]
And the songbirds keep singing like they know the score
And I love you, I love you, I love you
Like never before
Like never before
Like never before

A música original apareceu no álbum Rumours de 1977 do  Fleetwood Mac  e foi lançada como o lado B do single Dreams . É uma das quatro músicas escritas exclusivamente pela musicista e cantora e compositora inglesa Christine McVie no álbum. Ela era a tecladista e uma das vocalistas e compositoras da banda.

McVie escreveu Songbird em meia hora, por volta da meia-noite, mas não tinha ninguém por perto para gravá-la. Para garantir que não esquecesse a estrutura dos acordes e a melodia, McVie permaneceu acordada a noite inteira. No dia seguinte, McVie tocou a música e o produtor Ken Caillat adorou a faixa e sugeriu que ela a gravasse sozinha em uma abordagem de estilo de concerto. 

McVie frequentemente cantava a música no final dos shows do Fleetwood Mac. Seu ex-marido, John McVie, lembrou que “ Quando Christine tocava “Songbird”, homens adultos choravam .”



Bill Halley and His Comets - "Rock Around the Clock" (1955)

 

Variações da capa do disco.
"É muito difícil dizer o que me fez
 decidir primeiro tocar violão.
 Rock Around the Clock de Bill Haley
 foi lançado quando eu tinha dez anos e
 provavelmente teve algo a ver com isso."
David Gilmour, 
do Pink Floyd



Em uma época em que as músicas eram lançadas apenas em singles, um dos maiores sucessos da história do rock, uma das canções símbolos do gênero e um de seus maiores clássicos, só veio a sair em álbum um ano depois de seu lançamento, por sinal, meio tímido e um tanto decepcionante. "Rock Around The Clock" foi gravada em 1954, por Bill Halley e sua banda, The Comets, para ser, num primeiro momento, lado B de "Thirteen Women (and Only One Man in Town). Até alcançou as paradas mas não teve o desempenho comercial que a gravadora Decca esperava. Foi somente num segundo instante, quando a canção foi incluída na trilha sonora do filme "Sementes da Violência" (1955) que se fez realmente notar e tornou-se um fenômeno musical e cultural. "Rock Around The Clock" estourava num momento efervescente da juventude, da sociedade, quando o rock começava a efetivamente ganhar popularidade e construía sua identidade, seu comportamento e suas idolatrias e, de certa forma, foi decisiva pra que nomes como o próprio Elvis, fosse elevado à condição de Rei do Rock, tomasse a dimensão que ganhou.

A canção só saiu em LP, mesmo, um ano depois, na compilação de singles "Shake, Rattle and Roll", mas foi no disco que levava seu nome, "Rock Around The Clock", do mesmo ano, 1955, aí sim em 12", que a música estourou pela segunda vez e foi principal responsável por impulsionar o lançamento, um dos precursores do formato álbum no rock, ao primeiro lugar nas paradas.

Embora a canção seja um hino imortal do rock, inúmeras vezes regravada e reverenciada, o disco não se limitava a ela. "Shake, Rattle and Roll" é outra altamente contagiante; "Razzle and Dazzle é um rock gostoso; "Rock-A-Beatin' Boogie" é mais um rock empolgante; e "Thirteen Women" com seu sax bem marcado conversando com a guitarra é outra que merece destaque.

Disco importantíssimo para a história do rock. Um marco. Um cometa que passou e caiu no nosso planeta e deixou marcas inapagáveis. 

**********************

FAIXAS:
1. "Rock Around the Clock" (James E. Myers, Max C. Freedman) 2:08
2. "Shake, Rattle and Roll" (Jesse Stone) 2:31
3. "A.B.C. Boogie" (Al Russel, Max Spickol) 2:29
4. "Thirteen Women (And Only One Man in Town)" (Dickie Thompson) 2:53
5. "Razzle-Dazzle" (Charles E. Calhoun) 2:43
6. "Two Hound Dogs" (Bill Haley, Frank Pingatore) 2:59
7. "Dim, Dim the Lights (I Want Some Atmosphere)" (Beverly Ross, Julius Dixon) 2:31
8. "Happy Baby" (Frank Pingatore) 2:36
9. "Birth Of The Boogie" (Haley, Billy Williamson, Johnny Grande) 2:15
10. "Mambo Rock" (Bix Reichner, Mildred Phillips and Jimmy Ayre) 2:38
11. "Burn That Candle" (Winfield Scott) 2:46
12. "Rock-A-Beatin' Boogie" (Haley) 2:21




Bezerra da Silva - "Alô Malandragem, Maloca o Flagrante" (1986)

 

"O Bezerra é o cara mais rock'n roll que eu conheço."
Paulo Ricardo, RPM


“Mas Bezerra da Silva é pagode!”, precipitar-se-ia algum eventual enfezado leitor ao ver “Alô Malandragem, Maloca o Flagrante” nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. Ora, amigos, em primeiro lugar, eu não diria que Bezerra da Silva venha a tratar-se extamente de pagode, seria mais apropriado provavelmente dizer samba, samba de raiz ou partido-alto talvez, mas de qualquer modo, ainda que admitindo-se a precisão do seu termo, em momento algum eu afirmei que a seção deveria dedicar-se exclusivamente ao rock e seus assemelhados, a ver-se que por aqui já passaram Miles Davis, Tom Zé, Chico Buarque e outros. Mas mesmo que fosse com este fim, não haveria artista popular mais apropriado que Bezerra da Silva para representar essa relação do pagode (que seja), do samba do morro, do partido-alto com o rock. A crítica social, a digressão, a amoralidade, a rebeldia, a negação, a contravenção, são todos elementos comuns à música de Bezerra com o rock’n roll.
Entre malandros, dedos-duro, cornos, piranhas, bêbados, traficantes e policiais, Bezerra com sua interpretação escrachada confere à música um valor, até antropológico, por assim dizer, com a realidade do morro, da vida nas favelas, o modo característico de falar, as gírias e expressões, os costumes, os procedimentos, as descrições físicas e humanas, tratando tudo com o bom humor e a capacidade intrínseca do brasileiro de rir da própria desgraça.
Tem a denúncia social de "A Rasteira do Presidente"; tem um enterro interrompido pela polícia porque o caixão estaria cheio de muamba na hilária “Defunto Grampeado”; tem uma breve descrição de um espancamento a uma mulher que fora apanhada no flagra ‘enfeitando’ a cabeça do marido (“Quem Usa Antena é Televisão”); tem outra zoação com 'chifrudos' na engraçadísima "Sua Cabeça Não Passa na Porta"; tem a demonstração de desprezo e com os ‘caguetes’ evidenciadas em "Maloca o Flagrante" e "Língua de Tamanduá", e que aparece também em “Malandragem Dá um Tempo”, sendo esta última com o acréscimo da naturalidade ao tratar do uso de drogas; e ainda a relação malandro-mané em “Direitos do Otário”.
É interessante destacar, e muita gente não sabe, que Bezerra não escrevia as músicas, apenas as interpretava com aquele sua maneira toda particular de cantar. As letras incrivelmente bem-humoradas e certeiras eram compostas por ilustres desconhecidos do morro com os mais curiosos nomes como Pedro Butina, Cláudio Inspiração, Beto Sem-Braço e 1000tinho.
Disco muito legal e extremamente divertido. Sexo, drogas, violência, marginalidade... Quer mais rock’n roll que isso?
*****************************

FAIXAS:
• 1. Malandragem Dá Um Tempo
• 2. Defunto Grampeado
• 3. Quem Usa Antena É Televisão
• 4. Maloca O Flagrante
• 5. Vovô Cantou Pra Subir
• 6. A Rasteira do Presidente
• 7. Meu Bom Juiz
• 8. Língua de tamanduá
• 9. Na Boca do Mato
• 10. Sua Cabeça Não Passa na Porta
• 11. Os Direitos dos Otários
• 12. Compositores de Verdade



EDU LOBO – EDU LOBO [MISSA BREVE] (1973)

 

 Edu Lobo 80 anos. Escutando o autointitulado álbum de 1973, lançado pela Odeon e que completa 50 anos em 2023. Discaço também conhecido como ‘Missa Breve’ por conta da suíte que ocupa todo lado B do LP, em belo cerimonial musical formado por “Kyrie”, “Glória”, “Incelensa”, “Oremus” e “Libera-nos”. 🎶 Para acompanhar o cantor, compositor, arranjador e multi-instrumentista carioca, um timaço: Danilo Caymmi (flauta, percussão e vocais), Dori Caymmi (órgão e vocais), Tenorio Jr. (pianos elétrico e acústico, órgão e percussão), Dom Salvador (órgão), Paulo Moura (sax alto), Aurino Ferreira (sax barítono), Edson Maciel (trombone), Maurício Gasperini (trompete), Nelson Angelo (guitarra, violão de 12 cordas e percussão), Novelli (baixo), Fernando Leporace (baixo e vocais) e Rubinho Moreira (bateria e percussão), além de Cynara, Cyva e Dorinha Tapajós do Quarteto em Cy nos backing vocals. 🎶 “Vento Bravo” e “Viola Fora de Moda” abrem brilhantemente os trabalhos no Lado A e são duas das minhas músicas prediletas do “Lobo Solitário”. No play, composições de Edu e parcerias com Paulo César Pinheiro, Capinan, Ronaldo Bastos e Ruy Guerra. Entre tantas maravilhas, destaque para a faixa “Oremus”, com a participação de Milton Nascimento e sua voz divinal. Produção de Milton Miranda e Dori Caymmi. Direção musical do maestro Lindolfo Gaya. Edu Lobo responde pelas orquestrações, com regência do maestro Mario Tavares. A capa do álbum tem a assinatura do artista plástico e fotógrafo pernambucano Cafi, “o homem das capas de disco antológicas”. Na agulha, para brindar o gênio mais discreto e charmoso da música brasileira. Salve, salve mestre Edu!



SOM TRÊS – SOM TRÊS SHOW (1968)

 

 Mais um monstro sagrado da música brasileira chegando aos 80 anos: Cesar Camargo Mariano. Discos memoráveis com o Sambalanço Trio, Som Três e Cesar Mariano & Cia. Altos plays também em carreira solo ou em parcerias, além de participações em discos de vários artistas, em especial os de Elis Regina lançados entre 1972 e 1980. Começando as homenagens vinílicas com o álbum ‘Som Três Show’, lançado em 1968 pela Odeon. Nas instrumentações o trio Cesar Camargo Mariano (piano e orquestrações), Sabá Oliveira (baixo acústico) e Toninho Pinheiro (bateria), e mais a tropa de metais. Samba jazz nota mil.



Destaque

Song to the Siren (1970) – Tim Buckley

  Em 2019, por volta dos primeiros dias do meu  Music Library Project,  escrevi um artigo sobre um filme australiano pouco conhecido chamado...