quarta-feira, 2 de julho de 2025

Cyro Baptista - Chama (2023)

 

Baptista compôs e arranjou todas as músicas, exceto uma, e veja se você o reconhece (certamente) no próximo comentário sobre cada uma das músicas, onde passam os estilos e músicos que acompanham o músico maluco chamado Baptista. E como no Na faixa de abertura, "Fast Forward", várias faixas são números carnavalescos animados, desta vez impulsionados pelos ritmos sincopados do acordeão de Felipe Hostins e uma batida de samba do baterista Gil Oliveira, com Baptista tocando berimbau enquanto Jorge Continentino pinta a melodia com seu pífano. Em seguida, uma variedade de temas, músicos e estilos se alterna, até que "Gato Morto... Gotta Move" segue, um blues exótico com um amplo espectro de estilos, com Clouser e Kevin Breit nas guitarras. impulsionada pelo surdo e berimbau de Batista, onde se destaca a linha de baixo de Aaron Cruz Leone, é seguida pelo destaque "Afrisky", oferecido completamente solo, onde Batista tece um feitiço rítmico das terras da África Ocidental, Brasil e Cuba, e dá lugar à execução de nove instrumentos de percussão, oferecendo um ritmo hipnótico que antecipa perfeitamente a faixa-título, que funde cumbia, flamenco e outros ritmos, e então toca um exército de percussão onde o violão de John Lee e a mandola de Breit se juntam ao acordeão, baixo e bateria sob um canto lírico e terno do líder da banda e de Carlos Eduardo Costa, em "Sanfoseven". Em seguida, vem "A Drop in the Ocean", que é como uma trilha sonora de filme, com tons dramáticos e prolongados e mudanças musicais episódicas. Ela flui diretamente para o clássico mexicano "La Bamba", tocado com um acordeão rítmico pulsando sob a guitarra de Lubambo e o baixo de Aaron Cruz Leona, enquanto o coral de Batista e Pamela Driggs adiciona outra dimensão cosmopolita, conferindo-lhe um som clássico e contemporâneo. "Annuntiato" é um dueto quase ambiente de Laurie Anderson (cordas, caso você não esteja familiarizado) e o percussionista; ele cria modos e uma melodia implícita a partir de sua pletora de instrumentos, enquanto ela adiciona efeitos e violinos em camadas. "Constellation" começa na abstração, acompanhada por Marsella nos teclados e flauta, e Franck Villard na bateria. Essa improvisação caótica, porém essencial, flerta com o industrial, o jazz, o samba e o folk andino com uma melodia contagiante na faixa seguinte. Em seguida, um berimbau caseiro é a peça central de "CandomBlues", seu duelo de cordas e arcos com percussão e vocais de Batista e Sergio Krakowski (que aparecerá novamente no posterior "13 - 477"). O funky e vibrante "Paramaribo", com sua paleta polirrítmica mutável, apresenta quatro vozes cantando com ritmos entrelaçados de cúmbia, rocksteady, descarga e mariachi, todos entrelaçados com batidas de Baptista, Oliveira e Marsella, enquanto a guitarra de Clay Ross e o órgão de Marsella, ao estilo Gregg Rolie, trocam versos acalorados antes que os vocalistas cantem junto.

Bom, eu expliquei cada um dos tópicos para você, mas não é a mesma coisa que ouvi-los, e para isso, você encontra um pouco de tudo isso no vídeo a seguir...



Apesar da longa espera, este álbum continua entre os seus melhores trabalhos. 

E se ele lançar outro álbum, é preciso trazê-lo para esse espaço teimoso e tão ávido por boa música.

E espero que tenham gostado da nossa saga do Cyro Baptista, e a partir de agora vamos para coisas mais brasileiras, mas de um jeito diferente, mas isso fica para a semana que vem...

Sobre o álbum, espero que gostem e, como sabem, quaisquer comentários são bem-vindos. 

Você pode ouvir aqui:
https://cyrobaptista.bandcamp.com/album/chama




Lista de faixas:
01. Fast Forward (4:24)
02. Gato Morto... Gotta Move (3:27)
03. Afriksky (3:22)
04. Chama (7:11)
05. Sanfoseven (3:27)
06. A Drop in the Ocean (2:56)
07. La Bamba (3:15)
08. Annuntiatio (3:40)
09. Constellation (4:47)
10. Perigo na Area (2:24)
11. Candomblues (3:45)
12. Paramaribo (6:05)
13. 477 (2:13)
14. Lave suas mãos! (0:50) 

Lineup:
-1- FAST FORWARD 4:27
Por Cyro Baptista, Felipe Hostins, Gil Oliveira
Cyro Baptista - Vocal / Berimbaus / Triângulo
Gil Oliveira - Bateria
Felipe Hostins - Acordeão
Jorge Continentino - Pife
Sergio Brandão - Baixo

-2- GATO MORTO… GOTTA MOVE 3:27
Por Cyro Baptista
Cyro Baptista - Vocal / Berimbau / Surdo
Todd Clouser - Vocais / Guitarra
Kevin Breit - Guitarra
Aaron Cruz - Baixo / Gaita

-3- AFRIKSKY 3:22
Por Cyro Baptista
Cyro Baptista - Berimlata / Mosquitos / Bumbo / Tom-Toms / Talking Drum / Glass Tree / Congas / Anklun / Metal Clave

-4- CHAMA 7:13
Por Cyro Baptista
Cyro Baptista - Vocais / Jaw Harp / Shekere / Krakeb / Talking Drum / Sino / Chamada da Morte / Vidro Shaker / Claps / Whip
John Lee - Violão
Kevin Breit - Bandolim / Mandola
Felipe Hostins - Acordeão
Gil Oliveira - Bateria
Jamie Saft - Baixo
Carlos Eduardo Costa - Vocais / Arranjo vocal

-5- SANFOSEVEN 3:29
Por Cyro Baptista, Felipe Hostins
Cyro Baptista - Pandeiro / Bottles / Triangle / Coquinho / Vibraslap / Talking Drum / Reco Reco / Claps / Seeds
Felipe Hostins - Acordeão
Gil Oliveira - Zabumba
Wesley Amorim - Violão
Jorge Continentino - Pife / Bottles

-6- UMA GOTA NO OCEANO 2:53
Por Cyro Baptista, Felipe Hostins, Vincent Segal
Cyro Baptista - Carrapato / Hagdini Drum / Anklun
Vicent Segal - Violoncelo
Carlos Eduardo Costa - Voz / Piano / Percussão
Felipe Hostins - Acordeão

-7- LA BAMBA 3:21
Por Cyro Baptista Adaptação de La Bamba
Cyro Baptista - Vocal / Berimbau / Hagdini Tambor / Bumbo / Caxixi / Chicote
Romero Lubambo - Guitarras
Pamela Driggs - Vocal
Felipe Hostins - Acordeão
Aaron Cruz - Leona Guitarra Mexicana

-8- ANNUNTIATIO 3:40
Por Cyro Baptista, Laurie Anderson
Laurie Anderson - Cordas
Cyro Baptista - Berimbau / Hagdini / Caxixi / Baixo Jawharp / Bumbo / Vocal / Krakeb

-9- CONSTELLATION 4:53
Por Cyro Baptista, Brian Marsella
Cyro Baptista - Congas / Bongos / Latas de metal / Triângulos / Chaves / Glass Shaker / Kempur / Tan-Tan / Waterphone
Brian Marsella - Celeste / Clavinet / Órgão / Flauta / Teclados
Frank Villard - Bateria

-10- PERIGO NA AREA 2:22
Por Cyro Baptista
Cyro Baptista - Vocais / Djembe / Dumbeck / Washboard / Metal Sheet
Wesley Amorim - Guitarra
Sergio Brandão - Baixo

-11- CANDOMBLUES 3:51
Por Cyro Baptista, Sergio Krakowski
Cyro Baptista - Vocais / Berimlata / Mosquitos / Clap / Whip
Sergio Krakowski - Pandeiro / Cowbell / Agogo / Caxixi

-12- PARAMARIBO 6:04
Por Cyro Baptista
Cyro Baptista - Vocais / Talking Drum / Gong
Jose Mauricio - Vocais / Surdo
Chikako Iwahori Vocais / Tap Box
Lisette Santiago - Vocais / Batá Bateria
Gil Oliveira - Bateria
Brian Marsella - Teclados
Clay Ross - Guitarra

-13 - 477 2:12
Por Cyro Baptista, Sergio Krakowski
Cyro Baptista - Jaw Harp / Bambu Rachado / Wood Blocks
Sergio Krakowski - Pandeiro

-14 - LAVE AS MÃOS ! 0:52
Por Cyro Baptista baseado em Folk
Cyro Baptista - Vocal / Floor Tom
Sae Hashimoto - Vocal / Alfaia / Balafon
Brian Marsella - Flauta






Exit - Exit (1975)

 

O que vem a sua mente quando falamos na Suíça? Os melhores chocolates produzidos no planeta são de lá! Uma grande concentração de bancos internacionais, com as contas mais felpudas e vultuosas também estão lá, algumas de caráter duvidoso, mas isso não vem em questão aqui e agora. Não podemos deixar também, é claro, de enaltecer a limpeza e organização das vias públicas e o caráter de neutralidade em tensões bélicas é de admirar.

Mas óbvio que esses quesitos não são tão importantes para o cerne deste reles e humilde blog, mas a música, o rock n’ roll! Lamentavelmente a cena rock suíça vive às sombras em comparação a prolífica Alemanha, Inglaterra e a Itália progressiva. Infelizmente criamos uma espécie de processo “oligárquico” da música na Europa, concentrando o rock n’ roll a uma quantidade incipiente de países em detrimento de outros centros que produzem sim belas bandas que merecem a nossa audiência.

E na Suíça temos grandes bandas principalmente de hard rock e heavy metal, algumas inclusive que, embora não tenham despontado sob o aspecto comercial, são referências para os estilos e aqui cito algumas, como: Celtic Frost, Coroner, Darkspace, Circus, Krokodil, Krokus, Brainticket, Toad entre outras bandas. Talvez eu não tenha ido tão fundo no mar da obscuridade, mas algumas aqui citadas infelizmente não ganhou a luz, não vingando na destrutiva indústria fonográfica.

E digo ainda: embora a Suíça não seja tão prolífica na cena rock europeia, não podemos negligenciar a altíssima qualidade que as bandas mencionadas tem e a sua relevância para as suas cenas e a inspiração que geraram para o futuro e o presente da música.

Falei de representantes do heavy metal e do hard rock, mas não mencionei o rock progressivo. Será que temos representantes do velho e bom prog rock suíço? Lembro-me que, quando comecei a garimpar algumas bandas suíças em um passado mais ou menos distante, tive dificuldades para encontrar. A primeira banda que conheci da Suíça foi o Krokus e a mescla, sobretudo em seus primórdios nos anos 1970, com o hard rock e progressivo e depois o heavy metal nos anos 1980, fez com que o meu ávido interesse pela música do país crescesse e a partir daí veio a necessidade de descobrir o rock progressivo no país dos relógios.

E por acaso, como na maior parte das situações, descobri uma banda nesses grupos temáticos em redes sociais e, a princípio, desconfiei da qualidade da banda, haja vista que estampava na capa, na arte gráfica um ovo sendo rompido. Um tanto quanto bobo e infantil, mas a incredulidade deu lugar a curiosidade. Decidi ouvir e como eu estava enganado e travestido de visões pré-concebidas, preconceituosas mesmo. Não julgue o livro pela capa, já dizia aquele velho ditado clichê, mas que ainda funciona.

O som era cativante e trazia, além do rock progressivo, alguns elementos de hard rock mais elaborados, genuíno, com longas faixas intricadas, complexas, mas solares, agitados, com aquele teclado envenenado, frenético, com corais ao fundo, um exemplo pleno de um progressivo sinfônico sem soar chato e indulgente. A qualidade é devidamente atestada para quem gosta do estilo e o retorno do tempo de audição é garantido. Falo da banda EXIT.

Exit

Revelando o nome da banda, talvez até se explique a capa do álbum que me gerou, ao primeiro olhar, certa rejeição. Exit, em tradução livre, significa sair, saída e o ovo sendo rompido explica o nome da banda e para os que possuem a versão em LP, rara, ou CD, verá que, de um lado tem o ovo sendo rompido e a contracapa tem os músicos lépidos e fagueiros pulando, como que saindo, nascendo com o romper do ovo.

Não há uma confirmação dessa informação, trata-se de uma dedução, uma licença poética desse que vos fala, ou melhor, digita, pois são pouquíssimas as informações sobre o Exit na grande rede, claro, mais uma banda relegada ao ostracismo e escondida no empoeirado baú do rock n’ roll que costuma ser injusto ou pelo menos aqueles que os “operam” em um mercado excludente que segmenta os que consideram ser poucos “vendáveis”.

O Exit foi formado em Frauenfeld, uma cidade nortenha da Suíça, em 1972 por iniciativa do guitarrista Andy Schimd e do baterista Kafi Kaufmann que agregou Roman Portail no órgão, teclados e sintetizadores, Edwin Schweizer no baixo. Em 1975 lançou seu primeiro e único álbum, pela “Boing Records”, chamado simplesmente de “Exit”.

O álbum foi lançado como uma edição privada, ou seja, uma edição limitada para alguns fãs e admiradores da banda. Foram prensadas apenas 350 cópias e o mesmo foi concebido graças ao abnegado trabalho dos músicos da banda, sem nenhum apoio da indústria fonográfica, sem orçamento praticamente. Para se ter uma noção o Exit gravou com uma Revox-2 de dois canais o que, de certa forma, ficou bom, pois mostrou uma banda mais orgânica e crua.

E o nascimento desse trabalho foi em virtude da turnê que o Exit fez abrindo os shows das bandas alemãs Birth Control e Jane em uma espécie de agradecimento a dedicação e a boa repercussão que essa turnê teve. Um presente para aqueles que acompanharam a banda neste momento.

Por ser do ano de 1975, período em que o rock progressivo começou a ter certo descrédito pela indústria fonográfica e não, que fique bem registrado, por conta da ausência da criatividade, o som da banda em “Exit” soa clássico, fincado nas tradições progressivas, mas com um viés calcado no hard rock. Alguns, ao ouvir o álbum, diriam que se tratar de proto prog, outros trariam um pouco de rock psicodélico, mas me parece uma mescla de tudo, um flerte de cada estilo que, de alguma forma se interdependem, pois vieram da mesma fôrma sonora.

Percebe-se, como disse, uma profusão de teclados e sintetizadores e órgãos rodopiantes, versões jazzísticas, alguns momentos mais ásperos garantidos pelo hard rock e momentos bem salutares de uma música versátil e altiva.

Então sem mais delongas dissequemos “Exit” e suas quatro grandes e bem elaboradas “peças”. Abre com “Paradise” que se revela um espetáculo de sintetizadores e teclados com pitadas generosas de hard prog e bateria jazzística, uma linha de baixo pulsante, um petardo digno de progressivo genuíno de altíssima qualidade.

"Paradise"

Segue com “Balade of Live” cuja introdução do som do mar e de pássaros cantando mostra uma suavidade, uma viagem interessante a música e que explode com a dupla bateria e baixo em total destaque, a cozinha está perfeita nessa faixa, uma linda balada que faz jus ao nome, uma das melhores músicas do álbum, certamente.

"Balade of Live"

“Talk Around” é uma faixa, instrumentalmente falando, mais simples, porém mais dançante, mais comercial, mas o teclado se mostra em grande destaque, desdobrando em um intenso prog sinfônico.

"Talk Around"

E fecha com “Bad Gossip” com uma atmosfera mais introspectiva garantida também pelo teclado, pelo órgão, conferindo uma viagem psicodélica com sinfônico, uma mescla interessante. Um solo de guitarra à la Gilmour que te faz arrepiar. Linda faixa!

"Bad Gossip"

“Exit” foi cantado em inglês e empregou muitos aspectos do rock psicodélico, rock progressivo e hard rock, mas trazendo à realidade um viés do pop, de algo mais comercial, mas sem soar frívolo ou pobre, muito pelo contrário, entrega complexidade, versatilidade e personalidade no que se propôs a fazer. Uma banda que, mesmo não tendo vida longa e uma discografia idem, plantou o que os anos 1970 germinara em seus primórdios: o apego à criatividade sem rótulos.

Evidente que nos mostra também uma qualidade aquém na produção do álbum, o que não é para menos, levando em consideração o baixo orçamento que levou quase que praticamente a banda arcar com os custos de produção e tudo o mais. O potencial do Exit para criar um álbum interessante foi evidente com base nos teclados e uma invejável habilidade de composição, mas que, como tantas outras não vingou caindo no ostracismo empoeirado do rock n’ roll.

Scmid e Kaufmann se mostraram, quando o Exit finalizou as suas atividades em 1979, ativos musicalmente. Kaufmann lançou, de forma regular, alguns álbuns solos até os dias de hoje, já Scmid teve sua carreira precocemente abortada, finalizada, pois morreu em 2001, sofrendo uma hemorragia cerebral durante uma apresentação de sua banda no Cairo, Egito.

“Exit” foi relançado em 1993 pela Black Rills Records no formato vinil e em 2008 o álbum foi lançado em CD, com um punhado de faixas bônus.



A banda:

Edwin Schweizer no baixo

Kafi Kaufmann na bateria, percussão

Andy Schmid na guitarra, gaita

Roman Portail nos sintetizadores, teclados

Com:

Gallus Bachmann no saxofone

Martin Beerli no saxofone

 

Faixas:

1 - Paradise

2 - Balade of Live

3 - Talk Around

4 - Bad Gossip



Exit - "Exit" (1975)


Metropolis - Metropolis (1974)

 

Sabe aquelas bandas que você cria um vínculo afetivo? Que vai além da música? Um carinho além da sonoridade, mas que tem na sonoridade o fio condutor de tal sentimento?

Pode parecer estranho e um pouco maluco, um tanto quanto contraditório, mas a banda de que falarei hoje traz uma espécie de “pedra fundamental” do rock alemão em minha vida de audiófilo, aquelas que compõe o lado obscuro e esquecido do rock germânico.

Evidente que, como tantos outros apreciadores dessa vertente sonora, conhece a global banda Scorpions que foi e ainda é o grande “produto” de exportação alemã, mas havia e há mais a apresentar esse país que sempre respirou conta cultura e o rock sempre foi parte dessa manifestação que se insurgiu!

O Krautrock é o exemplo fiel dessa subversão toda! E não é apenas pelo aspecto político e econômico da Alemanha pós-guerra, mas pela forma arrojada que as bandas entendiam como música, que, em pleno ápice da psicodelia “paz e amor” veio com sons eletrônicos, ruídos e um minimalismo que explodia aos ouvidos e alma.

Mas essa banda era diferente da cena krautrock experimental dos idos dos anos 1960 e início dos 1970, ela trazia uma sonoridade mais calcada no progressivo britânico, com algo de sofisticado, divergindo totalmente do kraut. Foi graças a ela que as cortinas da cena se abriram diante dos meus olhos fazendo com que a névoa do desconhecimento se dissipasse.

O valor sentimental não se construiu apenas pela sonoridade, algo de mero fã, não. Essa banda me trouxe um mundo improvável e repleto de riquezas, de uma vastidão que parece não ter fim. Falo da banda METROPOLIS.

Metropolis

O Metropolis me parece, até os dias de hoje, como no passado, no período de sua concepção, uma banda rara e obscura e confesso, embora tenha as minhas suposições, não saber o motivo pelo qual está banda sempre esteve um ostracismo, afinal se verificar seu line-up perceberá músicos já estabelecidos e com alguma experiência na cena rock alemã.

Talvez seja, por conta disso, encarado como um projeto, aqueles “supergrupos” que hoje está na moda, não tendo uma projeção de carreira, de formação de uma discografia maior ou coisa que o valha.

E falando em formação a banda o Metropolis nasceu em 1972 na cidade de Berlim e era formado pelo tecladista Manfred Opitz, pelo baixista Michael Westphal, ambos da banda obscura Zarathustra, Michael Sauber no saxofone, o ex-baterista do Mythos Thomas Hildebrand e Michael Duwe, do Agitation Free, que tocava guitarra e era vocalista.

Um pouco mais tarde entraria na banda a cantora Ute Kannenberg, também conhecida como Tanja Berg nas paradas de sucesso da Alemanha com a banda Os Mundi, bem como o guitarrista Helmut Binzer.

Com a banda formada, os caras trabalham muito em sua sala de estúdio no “Wrangel Kaserne”, um antigo quartel prussiano que foi transformado em inúmeras salas de ensaio no distrito de Kreuzberg, na parte ocidental da cidade de Berlim, compondo e arranjando as músicas que fariam parte do seu primeiro e infelizmente único álbum lançado em 1974, homônimo.

O álbum começou a ser composto, concebido em dezembro de 1973 pelo selo Ariola alemã (BMG) e no inverno de 1973/1974 começaram a gravá-lo no “Studio 70”, em Munique. Esse estúdio foi indicado pelos caras do Agitation Free. Eles foram apoiados por um pequeno, mas brilhante banda clássica, dirigido pelo maestro Harmut Westphal, conhecido arranjador alemão e irmão do baixista, Michael.

E aqui vale uma curiosidade de cunho histórico! O álbum foi gravado em um rigoroso inverno alemão, durante a primeira crise do petróleo. Com o equipamento carregado no ônibus de modelo Mercedes 319, o Metropolis foi de Berlim a Munique em uma rodovia quase vazia, porque nos fins de semana era necessária uma permissão especial para dirigir nessas “autobahn” germânica.

Outro entrave que sofreram foi na prensagem das cópias do álbum, porque era necessário o vinil, feito de óleo e com a crise do petróleo, era uma missão difícil conseguir esse insumo e em vários momentos se questionou se a gravadora conseguiria suprimentos suficientes para realmente dar vida ao álbum e felizmente, para a nossa alegria, conseguiram. Coisas e agruras das bandas obscuras.

As letras de “Metropolis”, escritas e cantadas em inglês, era uma forte crítica a civilização e aos impactos socioambientais, com ocasionais influências românticas. A capa, a arte gráfica do álbum, mostra uma paisagem aparentemente intacta, sem nenhum impacto negativo, mas que é ameaçada por um monstro que se desenvolve a partir do ar poluído.

O álbum “Metropolis” traz predominantemente uma sonoridade sinfônica e ainda uma amálgama impressionante de “sobras” psicodélicas com influências krautrock, mas com consistência e um arrojo sonoro extremamente interessante e novo para a época. As orientações sinfônicas, a aproximação das influências do progressivo britânico, com viés experimental trazendo à tona algo perdido do kraut faz desse trabalho algo único, interessante e particularmente forte.

Os interlúdios clássicos, com saxofones e pegadas orquestrais, com uma vibe roqueira e psicodélica, além das guitarras duplas e teclados memoráveis, faz do álbum, faz da banda incrivelmente versáteis e pouco esteriotipado com estilos carimbados. Sem falar das paisagens sonoras contemplativas, hipnóticas, graças as inclinações jazzísticas e das flautas com vocais femininos faz da banda, além de versátil, intrigante e imprevisível. Uma sopa sonora que faz da banda um misto de eras em um compilado artístico lançado em 1974.

O álbum é inaugurado com a faixa “Birth” que, já de cara, explode com notas fantásticas de órgão, com instrumentos percussivos, como o gongo e tambores potentes, algo meio tribal, arriscaria. A flauta aparece em menos de um minuto de faixa, com a bateria, baixo e os teclados se destacando em uma miscelânea instrumental bem concatenada! Logo depois chegam os vocais masculinos e femininos, dando uma textura rítmica toda especial.Trata-se de uma ótima música, uma música de banda mesmo, pois há a participação veemente de todos os seus integrantes.

"Birth"

“Metropolis” soa incrível no início marcado por um lindo som psicodélico, seguida por um som flutuante e espacial, um space rock “volumoso” e premente aos ouvidos, seguidos de sons estranhos que vêm e vão e quando surgem os vocais, uma pegada rock assume o comando, tornando o som mais pleno, vivaz e solar. Uma faixa marcada por mudanças de ritmos, mostrando a versatilidade que define o álbum em sua totalidade.

"Superplastikclub" é uma faixa que entrega vocais masculinos e femininos teatrais em uma paisagem sonora vanguardista, outra marca que me parece veemente neste álbum. O ritmo aumenta antes de um minuto, mas o andamento muda com frequência. 

"Superplastikclub"

"Dreamweaver" abre com o órgão, a bateria e os vocais femininos se destacando enquanto os vocais masculinos se juntam a esse início acelerado. Mais uma vez, o ritmo muda muito. O violão também é destaque nesta faixa, acrescentando e muito ao som, com discretas notas de teclado. 

"Dreamweaver"

"Glass Roofed Courts" começa com oboé e guitarra íntegra e intensa enquanto vocais masculinos se juntam. Vocais femininos também é adicionado, isso soa como Jeffersron Airplane, embora não goste muito dessas comparações.

"Glass Roofed Courts"

O álbum encerra com estilo com uma das melhores faixas do trabalho, “Ecliptic”. Sons ventosos para começar, com vocais quase falados, mas intensos, juntam-se a sonoridade brevemente. Órgão e bateria assumem o controle enquanto as cordas também se juntam. Os vocais voltam e assumem um som completo e pleno. Entra um baixo mais pulsante com um rico “duelo” entre guitarra e teclados. Uma faixa linda!

"Ecliptic"

Logo após o lançamento de “Metropolis”, em 1974, Ute Kannenberg e Helmut Binzer sairiam da banda. Mas o Metropolis continuou a fazer alguns shows em Berlim e na antiga Alemanha Ocidental (A Alemanha ainda estava dividida) e estavam, os integrantes remanescentes, trabalhando em um novo projeto.

Esse projeto, com base na história “Kaleidoscope”, de “Illustrated Man”, de Ray Bradbury, eles criaram um arrojado programa multimídia que estreou na véspera do natal de 1975, no Kant Kino de Berlim.

O show de luzes foi criado pelo roadie e técnico do Metropolis, Alf Heuer, com slides, projeções de gel líquido, filme, estroboscópio, holofotes e máquinas de neblina. Foi adicionado um chamado "show de aromas" com a ajuda de placas de cozimento elétricas. Junto com novas composições eles também tocaram sua versão de “Mr. Spaceman”, a música já está sendo gravada e destinada a ser seu novo single. Mas depois de um último show ao ar livre no verão de 1976, o festival ''Sommergarten unter dem Funkturm”, o Metropolis finalmente se separou. Todos os membros começaram novos projetos diferentes.

Após o relançamento de seu primeiro álbum em 2020 pela Sony Music, o Metropolis finalmente lançou a sua versão de “Mr. Spaceman”, 48 anos depois a música ter sido gravada no verão de 1975, pelo produtor Udo Arndt.

Pérola desconhecida da cena rock alemã, que flertou, como poucas e com qualidade na cena kraut, na cena progressiva e não se rendeu ao estereótipo de estilos e vertentes do rock n’ roll mostrando vanguardista e seminal, mesmo que tenha tido uma curta passagem pela história do rock obscuro. Um trabalho altamente recomendável.



A banda:

Ute Kannenberg no vocal, percussão

Thomas Hildebrand na bateria, percussão, coro

Helmut Binzer nas guitarras, coro

Manfred Opitz nos teclados, vocal, violão

Michael Westphal no baixo, coro

Michael Duwe no vocal, guitarra

 

Músicos convidados:

Heinz Loch na flauta

Guiseppe Solera no oboé

Hartmut Westphal nos arranjos de cordas e metais

 

Faixas:

1 - Birth

2 - Metropolis

3 - Superplastikclub

4 - Dreamweaver

5 - Glass Roofed Courts

6 - Ecliptic

 

 

"Metropolis" (1974)

Witch - Salem's Rise (1985)

O ápice da “New Wave of British Heavy Metal” acnteceu em meados dos anos 1980. As bandas, outrora marginalizadas e temidas pelas suas indumentárias e letras ultrajantes calcadas nas mazelas comportamentais da sociedade ou temas obscuros, se tornaram “mainstream”, se tornaram populares.

Algumas cenas, algumas “células” do heavy metal como o glam metal, por exemplo, ganhou notoriedade, atingindo as rádios, a MTV, com clipes caros, atingindo status de superprodução cinematográfica, com androginia que excitam as menininhas que, revoltadas sem motivo, tentavam, a todo custo alarmar seus pais.

O heavy metal estava na moda. No Brasil rádios como Fluminense, a famosa “Maldita”, catapultava o “rock de bermuda” e, cada vez mais o público “consumia” cada vez mais as bandas estrangeiras que estavam no pedestal do sucesso, culminando no até então maior festival de música do país, o “Rock in Rio”.

Ozzy Osbourne, hedonista, se drogava, ostentava dinheiro, Iron Maiden se apresentava em palcos suntuosos, Def Leppard fazia as menininhas suspirarem, o glam metal era um tapa na cara da sociedade politicamente correta com suas roupas espalhafatosas e homens meticulosamente “femininos”.

Mas como tudo na indústria fonográfica, há também o lado “obscuro”, o lado esquecido, “empoeirado”, que, vilipendiado, formou um nicho marginalizado, longe dos olhares e ouvidos dos ardorosos fãs que trafegavam na “zona de conforto” das bandas medalhonas e é essa cena que soube, com maestria, construir uma cena intocável e genuína.

E claro, a cena não foi “setorizada”, restrita a países, mas globalizada e consequentemente algumas bandas, espalhadas pelo mundo, ostentaram o seu ostracismo. E, a partir daí, vem a pergunta: Por que algumas bandas foram relegadas a esta condição? Muitos são os fatores, logo difíceis de mensurar exatamente: maior sorte, incompetência, sonoridade “pouco digerível” etc.

O fato é que por aqui neste reles e humilde blog, essas bandas, fracassadas sob o aspecto comercial da coisa, ganha luz, ganha vez. E uma em especial é digna de contar a história, embora pouco, muito pouco mesmo se saiba a respeito dela, por isso, óbvio, é uma banda extremamente rara e obscura, falo da banda norte americana WITCH.

Witch

A banda foi formada em Dayton, Ohio, mas não se sabe exatamente em que ano os caras se juntaram. O pouco que há a respeito do Witch é de que a banda teve uma vida curta e gravou apenas um álbum de estúdio chamado “Salem’s Rise”, em 1985.

Reza a lenda que a banda gravou o álbum apenas para eles, os músicos e para alguns amigos mais próximos, enfim, trata-se de um trabalho predominantemente “artesanal” vide, inclusive, a arte gráfica do álbum, muito simples, diria inocente de tão “rudimentar”, em suma, é realmente um trabalho artesanal.

Sabe-se que o álbum teve lançamento inaugural da série OH Wax Gotta Groove Records e originalmente lançado pela gravadora “Eargasm Productions”. O produtor executivo da Eargasm Productions, Tim Grogean foi apresentado ao guitarrista do Witch, Ted George, em 1984, quando este foi ao estúdio em Dayton, Ohio, de Gorgean.

Ted Goerge

Ted foi ao estúdio de Tim Grogean para pedir para produzir um single de sua banda para ele. Ted George era conhecido por ser um avassalador guitarrista da cena de Ohio, conhecido também pela sua apresentação animalesca nos palcos. Ted ansiava em escrever um álbum e Tim estava procurando por um projeto para apresentar às grandes gravadoras em Los Angeles, onde estava borbulhando a famigerada cena glam metal, e também na cidade de Nova Iorque.

As composições e os ensaios começaram em Versailles, Ohio. Além de Ted George na guitarra e composição, a banda era formada por Dave Chappie, no baixo, Tony Chappie, na bateria e Ace Matthews no vocais. Muitas e muitas noites os caras do Witch tocaram no porão da casa dos irmãos Tony e Dave para dar existência ao seu álbum de nome “Salem’s Rise”.

A pré-produção foi feita nos estúdios do Eargasm. A gravação de “Salem’s Rise” aconteceu na “Audio Productions”, em New Carlisle, em Ohio e teve a engenharia de Tim e Mike Niklas. Tim Grogean, além de produtor executivo do álbum, ajudou também na composição das músicas e na guitarra. Foi masterizado na QCA em Cincinnati, Ohio, onde também foi originariamente fabricado os LPs. Tonny Chappie e Tim Grogean escreveram os solos de bateria e o pianista Larry “LD” Hampshire ficou ao lado de Ted para a composição dos teclados.

“Salem’s Rise” é o típico heavy metal oitentista, solos galopantes de baixo, guitarras estridentes, com riffs pegajosos, pesados e vocais melódicos e com algum alcance, mas traz algo diferente, algo inocente, algo orgânico que não se faz nos dias de hoje, onde a avidez é para atender a demandas de um público distante e que não se apega aos instrumentos.

Não é um álbum matador, um petardo sonoro, mas personifica a cena heavy dos anos 1980, trazendo todos os ingredientes para se ter um álbum de heavy rock, pois ainda traz nuances do hard rock setentista perdido e esquecido pelo tempo.

O álbum é inaugurado com a faixa “Poison”, uma faixa típica de heavy metal com riffs pesados e pegajosos, com bateria marcada, cadenciada, baixo pulsante e vocal indulgente e sombrio. “Poison” entrega algo de hard rock também, algo dos primórdios da New Wave Of British Heavy Metal em meados dos anos 1970, quando eram mais cruas e que sofriam influência das bandas setentistas.

"Poison"

“Beckon” começa cadenciada, riffs discretos de guitarra traz uma textura mais sombria, algo como occult rock, mas que logo irrompe em uma explosão heavy com um vocal mais alto, por vezes mais gritado. Música direta e poderosa!

"Beckon"

“Eyes on You” tem uma abordagem mais pop, mais comercial e radiofônica, mas não se perde do contexto do álbum com os indefectíveis riffs pegajosos de guitarra dando o ritmo. Essa música me remete a fase oitentista de Alice Cooper. Bandas como Ghost, que é notória fazendo esse tipo de música atualmente, o Witch já o fez mais de trinta anos antes.

"Eyes On You"

“Lady Medusa” vem botando o pé na porta  e traz uma miscelânea interessante entre heavy metal e hard rock, com um vocal límpido e quase falado em alguns momentos com uma “cozinha” bem entrosada, dando uma textura intensa e densa ao contexto sonoro, com um solo lindo e direto de guitarra sendo a cereja do bolo.

"Lady Medusa"

Segue com “Will I See You Again” que traz a evidência dos teclados, dando uma nostalgia sombria dos primórdios do occult rock, como o Coven, por exemplo, com um vocal de grande alcance. Uma atmosfera sombria e melancólica se arquiteta nessa música e fecha de forma excelente com um solo de bateria.

"Will I See You Again"

“Teen of Darkness” segue basicamente a mesma atmosfera da faixa anterior, uma pega mais occult rock, porém com uma diferença: peso. O peso protagonizado pela guitarra, pelos seus riffs e a intensidade da bateria que também dita o ritmo da faixa e toda a sua indulgência.

"Teen of Darkness"

“Hear the Thunder” faz jus ao nome da faixa. Traz de volta o heavy rock do álbum com a excelente dobradinha entre a bateria e a guitarra, sendo tocadas de forma intensa e agressiva. O baixo vai ganhando força e encorpando a música, dando-lhe certo groove. Uma das melhores músicas de “Salem’s Rise”.

"Hear the Thunder"

E agora segue com a faixa título, “Salem’s Rise”, que é arrastada, com algumas evidentes “pitadas” de doom metal. Traz algo de sujo e ameaçador em sua melodia. Cada nota tocada me trouxe a impressão de que a banda flertava com o despretensioso e orgânico, mas com algumas variâncias rítmicas que denota complexidade. Intrigante e fantástica faixa.

"Salem's Rise"

“Loki” é uma ode ao heavy metal, mas que, ao mesmo tempo, entrega algo complexo também, ousaria dizer que remete a bandas como Mercyful Fate, com o seu metal progressivo e todas as suas mudanças de andamento, mudanças de ritmo. Os vocais e os riffs de guitarra são os destaques da música.

"Loki"

E fecha com “Something Evil” não poderia encerrar da melhor maneira, bateria pesada, riffs pesados e agressivos, baixo pulsante e vocal alto e gritado, rasgadão mesmo. Tem uma sonoridade direta, curta e grossa, sem rodeios, mas é, por outro lado, robusta, encorpada, intensa, energética, solar.

"Something Evil"

“Salem’s Rise” teve uma festa de lançamento que foi realizada na “Hara Arena”, em Dayton, Ohio. As cópias do álbum esgotaram quase que imediatamente, foram poucas cópias produzidas. Mas nem tudo foi festa, porque diante de um mercado perverso e que ansiava pela new wave e a “big hair metal”, o famoso “metal farofa” e também com o glam metal, “Salem’s Rise” se viu deslocado de tudo que o mercado fonográfico queria e a banda não conseguiu nenhum contrato de gravação, ninguém quis assinar com o Witch.

A maioria dos músicos envolvidos com o Witch continuam tocando e gravando até os dias de hoje. Ted passou a liderar várias bandas e a trabalhar com outros artistas, incluindo Rick Derringer. Ele é conhecido hoje como “Fast Eddie” devido a sua velocidade ao tocar guitarra.

Os irmãos Chappie acabaram se tornando empresários e pouco ou nada se sabe sobre o futuro do vocalista Ace Mathews. O tecladista “LD” continuou a tocar em bandas com Tim Grogean e gravaram muito nos estúdios da área de Dayton, em Ohio. Tim passou a trabalhar com bandas como Rush, Sponge, Days of The New e Sun e até hoje grava e faz turnês com sua atual banda chamada Amplified. O álbum foi relançado, em outubro de 2018, pelo selo “Gotta Groove Records”.


A banda:

Dave Chappie - baixo       

Tony Chappie - bateria     

Ted George - Guitarras     

Ace Matthews – Vocais

Com

Larry “LD” Hampshire – Teclados

Tim Grogean – Produção, composição das músicas

 

Faixas:

1 - Poison

2 - Beckon

3 - Eyes on You

4 - Lady Medusa

5 - Will I See You Again

6 - Teen of Darkness

7 - Hear the Thunder

8 - Salem's Rise

9 - Loki

10 - Something Evil


Witch - "Salem's Rise" (1985)



ASSIS BATISTA

 


Francisco de Assis Batista da Rocha, o Assis Batista, é nascido em São Pedro do Piauí, cidade ribeirinha da região do Médio Parnaíba, de formação essencialmente católica, o que influenciou fortemente a cultura do seu povo, cujas manifestações traduzem essas raízes.
Originalmente, São Pedro do Piauí foi habitada por povos vindos do Pernambuco, Paraíba e Ceará atraídos por terras ricas com potenciais para o cultivo do arroz.

Mais precisamente, Assis Batista é oriundo da localidade Ponte de Pedras, situada a (mais ou menos) 35 km do centro urbano de São Pedro do Piauí, onde as manifestações de Reisados, Rodas de São Gonçalo e Danças de São Benedito  são as expressões culturais mais intensas.

É desse panorama sociocultural e de uma família de artistas, de músicos e de muitos poetas que brota o cantor e excelente intérprete Assis Batista que, ainda menino, foi morar em Teresina, onde se criou e se dedicou à música. Assis Batista toca violão, seu instrumento-base, cavaquinho e guitarra.

Como todo artista da música, iniciou sua carreira se apresentando nos bares da capital. No final dos anos 1970, fundou e integrou com outros artistas piauienses o Grupo Varanda, que durou cerca de meia década (1979-1983) e cuja trajetória foi muito importante para a expressão musical do Piauí e para formação profissional dos seus componentes.

Com o Grupo Varanda, Assis Batista se apresentou no Teatro 4 de Setembro e na Universidade Federal do Piauí e participou dos diversos festivais que a época proporcionou, tendo o auge no 1º FMPBEPI – Festival da Música Popular Brasileira do Estado do Piauí - 1980, promovido pela TV Clube, afiliada da Rede Globo, onde ficou o único registro musical gravado pelo Grupo, as músicas “Quintal de Passarinho” (Paulo José Cunha e George Mendes) e “Milagre na Terra” (Naeno).

Apenas em 2005 Assis Batista conseguiu gravar seu primeiro e único álbum solo. O projeto do segundo está pronto e o álbum por vir. Este Inquietude (2005) é o retrato da trajetória e da estrada desse excelente cantor-intérprete. Nele está exposta toda a sensibilidade do artista.

Detentor de uma voz melodiosa, Assis Batista é tenor com tendências a mezzo-soprano, de um agudo singelo que beira à quarta oitavada (C4), o que lhe dá uma característica singular, única.
Os ouvidos mais atentos perceberão a sutileza de suas interpretações, que levam o ouvinte a recriar as imagens cantadas nos versos das cantigas bem escolhidas para o repertório.

Numa delas, o intérprete nos remete a um pôr do sol sereno e triste, quase refletindo dor e, quase que precisamente, descreve a saudade de “quem tem amor muito longe não pode ouvir trovejar” quando canta ”... já a tardezinha com o cair do sol” (versos da composição “Trovão” de Jorge Melo). A leveza de sua voz provoca-nos a imaginar e a ouvir um trovão tão suavemente como uma nota musical melodiosa.

Da mesma forma, a suavidade melódica dos tons de sua voz traduz o sentimento preciso do compositor na canção Inquietude, do compositor Naeno. É como se o intérprete se apropriasse do sentimento exposto pelo compositor. Nessa canção, o poeta compara seu medo de amar com o distanciamento e a proximidade de um rio com o mar e o intérprete insinua a inquietude desse movimento com lapsos de timidez e presteza dos tons de sua voz.

Este é Assis Batista que, em seus mais belos tons, harmoniza sua voz e sua sensibilidade para emprestar suas interpretações aos arranjos instrumentais e poéticos das belíssimas canções que compõem o Inquietude (2005),  seu primeiro álbum solo, cujo repertório de músicas e de músicos conta e demonstra a trajetória estradeira da sua vida musical.

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