sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Placebo – Never Let Me Go (2022)


 

O que têm os Placebo, referência do mundo alternativo dos anos 1990, a oferecer em 2022? Os devotos continuarão fiéis, embora o culto não tenha objeto de grande valor para contemplar; quanto aos não crentes, ainda não é desta que se vão converter. E dificilmente o será no futuro.

Sem grande margem para dúvidas, parece claro que o melhor dos Placebo está lá atrás e dificilmente encontrará paralelo no futuro. Never Let Me Go, disco novo, demorou oito anos a fazer – é também, curiosamente, o oitavo disco dos Placebo. Pena não merecer nota 8.

Sim, a voz de Brian Molko continua imaculada e bela; sim, nada há de objetivamente errado ou ofensivo nas músicas que os Placebo nos apresentam; sim, ao vivo esta continua a ser uma bela banda; mas não, não há aqui, infelizmente, grande inspiração ou canções que apelem ao sentimento ou façam dançar sem pensar no amanhã ou ambos ao mesmo tempo – o que os Placebo sempre nos fizeram sentir (especialmente nos cinco primeiros disco, é certo).

Outro pormenor: houve quatro singles a apresentar o disco e a serem revelados antes do mesmo. Um terço do disco era já conhecido antes deste sair, uma tendência do momento, em que a canção prevalece ao álbum, mas uma tendência que românticos melómanos dispensavam. Um single prévio chega e sobra – mas o mais grave é que os quatro temas de avanço dos Placebo eram, como o disco veio a comprovar, pouco inspirados.

Há, ainda assim, um par de boas notícias: “The Prodigal” é uma belíssima canção de cordas, sentimento e rock, “This Is What You Wanted” é também superior à média, e Brian Molko optou pelo bigode como destaque visual em 2022 – excelente notícia.

Os fãs de sempre não terão grande coisa a opor a Never Let Me Go, mas nenhum escolherá o disco como fundamental – servirá, acima de tudo, para trazer os Placebo de volta aos palcos. Lá estaremos, mais ansiosos pelo passado que contemplativos com o presente.


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