AMÁLIA SECRETA
FAROL/TRADISOM - FAR91765 - 2009
Neblina - Quando A Noite Vem - Vieste Depois - Ai Lisboa - Confesso - Cuidado Coração - Eu Queria Cantar-te Um Fado - Fado Não Sei Quem És - Maldição - Marcha da Mouraria - Maria da Cruz - Vamos Os Dois Para A Farra - Foi Deus - Don Triquitraque - Gritenme Piedras Del Campo - Mi Rita Bonita - Tu Recuerdo Y Yo - Cantei O Fado - Disse Adeus À Casinha - Três Ruas
Neblina - Quando A Noite Vem - Vieste Depois - Ai Lisboa - Confesso - Cuidado Coração - Eu Queria Cantar-te Um Fado - Fado Não Sei Quem És - Maldição - Marcha da Mouraria - Maria da Cruz - Vamos Os Dois Para A Farra - Foi Deus - Don Triquitraque - Gritenme Piedras Del Campo - Mi Rita Bonita - Tu Recuerdo Y Yo - Cantei O Fado - Disse Adeus À Casinha - Três Ruas
AUGUSTO CABRITA
COLUMBIA - SLEM 2315
Vou Dar De Beber À Dor – Fadinho Serrano – Meia-Noite E Uma Guitarra – Disse-te Adeus E Morri
Escolheu esta capa de um EP de Amália Rodrigues, não pela Amália em si – de que até gosta – mas pela fotografia da autoria de Augusto Cabrita.
Porque é bom que pessoas como Augusto Cabrita não fiquem no esquecimento.
Por norma é esse o destino dos artistas deste país.
Augusto Cabrita foi um homem de sete instrumentos, como diria o Sérgio Godinho. É dele a maravilhosa fotografia, a preto e branco, de “Belarmino”, filme de Fernando Lopes. Na televisão deixou o seu talento expresso numa série de colaborações só ao alcance de eleitos.
Concretamente, num programa de Luis de Freitas Branco, “Melomania”, e também o seu trabalho para a série “Vamos Jogar no Totobola". Com textos de Brandão Lucas.
Curiosamente, a propósito de um desses programas, o que foi transmitido na noite de 24 de Abril de 1974, Alice Vieira, na crítica publicada nas diversas edições do “Diário Popular” do dia seguinte, escrevia que num qualquer tempo futuro, Augusto Cabrita, ou alguém por ele, deveria reunir os melhores filmes das emissões “Vamos Jogar no Totobola”.
O Augusto Cabrita, que nos deixou em 1 de Fevereiro de 1993, não o fez e, supõe-se, que muito dificilmente alguém o fará. São daquelas coisas que não dão dinheiro…
Esteve uma única vez com Augusto Cabrita. Conversava à mesa da “Orion”, uma pastelaria no alto da Calçada do Combro, e quem o acompanhava conhecia o Augusto Cabrita e chamou-o para um café. Lembra a humildade sedutora, o fascínio daquele homem simples e de discurso claro, para quem os outros é que são importantes. Como ele, apenas se lembra de um outro mestre: Carlos Paredes.
Não resiste a reproduzir o que Dinis Machado, seu cunhado, escreveu no catálogo de uma sua exposição em Dezembro de 1986:
Talvez se possa definir o Augusto Cabrita (no que existe nele de definível) como um ser humano onde se combinam, com uma felicidade extremamente rara, a truculência, a generosidade e a arte do trabalho.
Absorve a vida como se lhe fosse pouca – e depois distribui-a, caminheiro, pelas mãos dos outros. Gosta muito de quem gosta (como se tivesse o culto do excesso) e aprende, olhando em cada novo olhar, repleto e substituído, a qualidade e a largueza de vistas que o levaram, com o tempo, a construir o seu opulento (e humilde) universo de imagens eternas.
Cheio do prazer de admirar (uma forma de benesse para aqueles que sabem confessar a grandeza possível dos outros), este homem situado de antenas visuais e de coração caleidoscópio, mestre de fotógrafos e narrador de amigos, lida com as dificuldades para se levantar sobre elas – mesmo que seja o arame farpado do grande sofrimento.
Num dia em que trocámos citações (como às vezes fazemos) ao ouvi-lo falar, no limiar da sensibilidade, do burlesco geométrico de Chaplin, disse-lhe que ele teve um destino à Le Corbusier: “Estás condenado a ver".
Acrescento nesta página para que a ideia seja mais esclarecedora: a sentir, a compreender e a revelar".
Vou Dar De Beber À Dor – Fadinho Serrano – Meia-Noite E Uma Guitarra – Disse-te Adeus E Morri
Escolheu esta capa de um EP de Amália Rodrigues, não pela Amália em si – de que até gosta – mas pela fotografia da autoria de Augusto Cabrita.
Porque é bom que pessoas como Augusto Cabrita não fiquem no esquecimento.
Por norma é esse o destino dos artistas deste país.
Augusto Cabrita foi um homem de sete instrumentos, como diria o Sérgio Godinho. É dele a maravilhosa fotografia, a preto e branco, de “Belarmino”, filme de Fernando Lopes. Na televisão deixou o seu talento expresso numa série de colaborações só ao alcance de eleitos.
Concretamente, num programa de Luis de Freitas Branco, “Melomania”, e também o seu trabalho para a série “Vamos Jogar no Totobola". Com textos de Brandão Lucas.
Curiosamente, a propósito de um desses programas, o que foi transmitido na noite de 24 de Abril de 1974, Alice Vieira, na crítica publicada nas diversas edições do “Diário Popular” do dia seguinte, escrevia que num qualquer tempo futuro, Augusto Cabrita, ou alguém por ele, deveria reunir os melhores filmes das emissões “Vamos Jogar no Totobola”.
O Augusto Cabrita, que nos deixou em 1 de Fevereiro de 1993, não o fez e, supõe-se, que muito dificilmente alguém o fará. São daquelas coisas que não dão dinheiro…
Esteve uma única vez com Augusto Cabrita. Conversava à mesa da “Orion”, uma pastelaria no alto da Calçada do Combro, e quem o acompanhava conhecia o Augusto Cabrita e chamou-o para um café. Lembra a humildade sedutora, o fascínio daquele homem simples e de discurso claro, para quem os outros é que são importantes. Como ele, apenas se lembra de um outro mestre: Carlos Paredes.
Não resiste a reproduzir o que Dinis Machado, seu cunhado, escreveu no catálogo de uma sua exposição em Dezembro de 1986:
Talvez se possa definir o Augusto Cabrita (no que existe nele de definível) como um ser humano onde se combinam, com uma felicidade extremamente rara, a truculência, a generosidade e a arte do trabalho.
Absorve a vida como se lhe fosse pouca – e depois distribui-a, caminheiro, pelas mãos dos outros. Gosta muito de quem gosta (como se tivesse o culto do excesso) e aprende, olhando em cada novo olhar, repleto e substituído, a qualidade e a largueza de vistas que o levaram, com o tempo, a construir o seu opulento (e humilde) universo de imagens eternas.
Cheio do prazer de admirar (uma forma de benesse para aqueles que sabem confessar a grandeza possível dos outros), este homem situado de antenas visuais e de coração caleidoscópio, mestre de fotógrafos e narrador de amigos, lida com as dificuldades para se levantar sobre elas – mesmo que seja o arame farpado do grande sofrimento.
Num dia em que trocámos citações (como às vezes fazemos) ao ouvi-lo falar, no limiar da sensibilidade, do burlesco geométrico de Chaplin, disse-lhe que ele teve um destino à Le Corbusier: “Estás condenado a ver".
Acrescento nesta página para que a ideia seja mais esclarecedora: a sentir, a compreender e a revelar".
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