quarta-feira, 1 de novembro de 2023

FADOS do FADO...letras de fados




A história do Simão

António Tavares Teles / João Braga
Repertório de João Braga

Num beco da ribeira, junto ao rio 
A chuva miudinha, ancestral
Num restaurante antigo, agora aberto

Camilo escreve um artigo de jornal;
Enquanto aguarda um tipo pró bater
Vai ao Majestic muito queque
O Gomes marca um golo divinal

Fintando o guarda-redes e o beque

E um fadista numa tasca ali ao pé
Canta a história do Simão

Do amor de perdição
Que é aquilo que o Porto é


A Gaia tão inglesa chega o vinho

Rabelo, do Pinhão para o estrangeiro
Pedroto vai ás Antas e a caminho

Saúda D. Afonso, o rei primeiro;
Que em busca de Lisboa, do amor

De uma maometana, passa o Freixo
Enquanto com o Eça, o Ramalho

Come um par de filetes no Aleixo

O Porto de um poema do Eugénio

De Andrade, tão sentido pelo Tê
Do Douro, das barcaças, dos franceses

Da ponte D.Luiz que o Eiffel fez;
Enquanto conversava com o Oliveira

Manuel, não com u mas com um ó
O Benfica perdia no Salgueiros e

E ele filmava o Aniki e o Bobó

Num beco da Ribeira, junto ao rio
A chuva miudinha, ancestral
Num restaurante antigo, agora aberto
Transcrevo este retrato original;
Ditado por Camilo a Ana Plácido
Do fundo do cárcere ignominioso
Com letra dum poeta marginal
E música do Braga ou do Veloso



A hora agora é de perigo

Doutor Azinhal Abelho / Francisco Viana *fado vianinha*
Repertório de Manuel Fria

Bate a chuva no telhado
Passa o vento no postigo
Que importa que o mundo acabe
Se eu ando de amores contigo

Haja fome, peste, ou guerra
A hora agora é de perigo
Que importa que o mundo acabe
Se eu ando de amores contigo

Já baixou o céu à terra
Raivas rogo, pragas digo
Que importa que o mundo acabe
Se eu ando de amores contigo

Uma pedra dura dura
É dura p’ra teu castigo
Que importa que o mundo acabe
Se eu ando de amores contigo

À hora da partida

Célia Barroca / Luís Petisca
Repertório da autora


À hora da partida, em cada voz
Um fado triste das vielas
À hora da partida
Minha alma é noite e ansiedade

No cais das descobertas, o meu navio
No meu navio flutua um sonho
Acendem-se as estrelas por meus guias

No cais das descobertas calou-se o fado
Lisboa não vive nem morre, Lisboa dorme
No coração um resto de saudade

Não cabem nesta hora despedidas
Chama por mim um mar de esquecimento
Cidade de chegadas, cidade de partidas
Não coube em ti meu sonho e meu tormento



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