Depois de abrir para Blues Creation, uma banda japonesa de hard rock, o cantor/guitarrista japonês Junio Nakahara dissolveu o Help Soul. Em 1969, este último produziu um excelente álbum de blues rock com influências psicodélicas. Mas depois de ficar impressionado com o poder do Blues Creation, Junio Nakahara entende que a música do Help Soul está ultrapassada. Chegou a hora deste pop que se torna cada vez mais radical e complexo, que se afasta do blues e se inspira nele.
Retornando a Kobe, de onde era originalmente, ele montou uma nova banda que chamou de Too Much. Chamando-se Juni Rush ele abandonou a guitarra para se dedicar a cantar e recrutou o guitarrista Tsutomu Ogawa, o baixista Masayuki Aoki e o baterista Hideya Kobayashi.
Assinando com a Atlantic, o quarteto entrou em estúdio para lançar um LP homônimo em 1971. Muitas pessoas dizem que Too Much é o equivalente japonês do Black Sabbath. É verdade que a faixa de abertura, “Grease It Out”, é composta de riffs agudos, grossos e pouco saudáveis, comparáveis aos de Tony Iommi. Uma introdução soberba onde o solo elétrico de seis cordas é influenciado pelas culturas japonesas e que deve prenunciar o resto. Encontramos esse estado de espírito em “Love Is You” com sua mudança de andamento onde os efeitos jazzísticos lembram Ten Years After e a revigorante “Gonna Take You” com seu estilo ameaçador de hard boogie onde Juni Rush coloca algum comprometimento nisso.
Mas de resto o quarteto produz baladas, quatro no total, certamente bem montadas mas que contrastam com a vontade de ser o combo de heavy metal japonês. O primeiro deles é“ Love That Binds Me”, um belo blues de 6 minutos à la Led Zep com órgão e piano (assegurado por Mickie Yoshino ). “Reminiscence” é folk rock blues. “I Shall Be Release” é um cover de Bob Dylan que se volta para o country. Mas a peça de eleição é a melancólica “Song For My Lady (Now I Found)” com mais de 12 minutos feita de uma guitarra acústica delicada, orquestrações majestosas, uma flauta irreal, com um final outonal e comovente. Tudo isso lembra o início do King Crimson.
Feito por músicos com enorme potencial, este LP pode soar excelente. Mas sofre de falta de uma direção clara. Resultado das corridas o disco será um fracasso comercial. A culpa é da Atlantic, que já tem em seu estábulo a Flower Travellin’ Band, um combo de hard rock com dois vinis em seu currículo. A gravadora, preferindo focar na Flower Travellin' Band, obrigou Too Much a compor baladas a fim de ampliar o público visando um público mais feminino.
Demais termina. Tsutomu Ogawa e Hideya Kobayashi prestarão seus serviços a vários artistas japoneses. Masayuki Aoki se juntará a Gedo. Juni Rush tentará uma carreira solo sem futuro. O que fica é um disco que virou culto, que surpreende e encanta.
Títulos:
1. Grease It Out
2. Love That Binds Me
3. Love Is You
4. Reminiscence
5. I Shall Be Release
6. Gonna Take You
7. Song For My Lady (Now I Found)
Músicos:
Masayuki Aoki: Baixo
Hideya Kobayashi: Bateria
Tutomu Ogawa: Guitarra
Juni Rush: vocais
+
Mickie Yoshino: piano, órgão
Produção: Juni Rush, Too Much
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