terça-feira, 5 de novembro de 2024

Prince, “Sign O’The Times” (1987)

 

Lado A: Sign O’The Times (Prince)
Lado B: La La La He He Hee (Prince)
(Wea, 1987)

Prince era, em finais de 80, um artista invulgarmente unânime entre melómanos e o grande mercado. Desde 1980 (com Dirty Mind) afirmara-se como um dos mais promissores talentos da década, suspeita que confirmou depois em álbuns de puro génio como 1999 (1982), Purple Rain (1984), Around The World In A Day (1985) e Parade (1986).

Em 1987, o seu estatuto levou-o a tentar materializar dois projetos megalómanos. Um deles, Camille, correspondia à construção de um alter-ego feminino, do qual chegaram leves marcas de uma ideia deixada apenas no papel, em If I Was Your Girlfriend. O outro, mais ambicioso, era um álbum triplo, Crystal Ball (editado apenas 11 anos depois, através da sua própria NPG Records), que a editora mandou reduzir a apenas dois discos, nascendo o processo que, mais gravação menos, gravação, deu origem a Sign O’The Times. Talvez a editora tenha aqui tido razão, levando Prince a criar aquela que talvez seja a obra-prima da sua carreira, e um dos mais celebrados álbuns duplos da história, um disco de versatilidade e ousadia evidentes, mas que se deu a conhecer através de um single de electro funk minimalista, um espaço que Prince já havia abordado em Kiss, mas que aqui atingia a perfeição.

Sign O’The Times, a canção, é um monumento de contenção musical total, decretando espaço de visibilidade a apenas uma estrutura rítmica, uma linha melódica espartana e uma voz que conta contos de vidas malvadas, regime de poupança de meios e de depuração, numa canção minimalista, noção de “menos é mais” que se materializou depois igualmente no teledisco, um pioneiro do formato de lyric video. Um absoluto clássico do seu tempo e uma das mais importantes canções da década de 80.

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