segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Bob Dylan - "Highway 61 Revisited" (1965)

 

Oh, Deus disse a Abraão “Mate-me um filho”
Abraão diz, “Cara, você está de sacanagem comigo”
Deus diz, “Não”. Abraão diz, “O quê?”
Deus diz, “Você pode fazer o que quiser Abraão, mas
Na próxima vez que você me ver chegando
É melhor correr”
da letra de "Highway 61 Revisited"


E dizer que eu não gostava do Dylan!
Achava ele com uma voz 'de velha', sabe? Na verdade acho até que tem um pouco mesmo, ainda mais hoje em dia quando a idade já chegou de vez. Além dsso era pra mim uma voz maio anasalada, fanha, meio caipira. Mas e daí? E o que esse 'caipira' já fez? Simplesmente mudou o curso das coisas, mudou a história do rock, estabeleceu linguagens e depois desestabeleceu; porque gênios são assim, quando a gente menos espera, eles na sua inquietude, na sua inconformidade natural, nos surpreendem.
Prova disso é o genial "Highway 61 Revisited". Depois de ter se consagrado na transição do country e do blues para o rock, ter definido o que hoje conhecemos como folk, basicamente com um violão na mão e uma harmônica na boca, em 1965 Dylan pega em guitarras, liga o órgão elétrico, junta a uma banda de rock, acelera o ritmo e nos apresenta mais esta obra-prima. Os dylanistas puriostas torceram o nariz num primeiro instante, aquilo contrariava tudo o que o garoto genial tinha feito até então, ia contra seus prórpios princípios, acabava com a originalidade do que o próprio Dylan havia construído... Balela. Tanto que mesmo estes não conseguiram ficar indiferentes por muito tempo e logo entenderam que aquilo era um enorme passo adiante não só na carreira do cara, como na história do rock.
Para ilustrar bem este momento e o que significou esta passagem de Dylan, não pode-se dexar de mencionar o show no qual Dylan e sua banda entram pela primeira vez com os instrumentos elétricos. Ele é vaiado, hostilizado, chamado de traidor e tudo mais, mas não deixa de completar o show com a segurança de quem pensa "logo vocês perceberão que eu estu certo". Este episódio é legal de ser conferido no maravilhosos documentário de Martin Scorcese, "No Direction Home", que perfaz a trajetória do ídolo desde o início da careira, com lendas, entrevistas, relatos, imagens raras, até culminar exatamente neste momento que é sem dúvida um marco definitivo.
As melhores do álbum? Pra mim "Tombstone Blues", "Desolation Row", o clássico supremo "Like a Rolling Stone" com seu órgão marcante que por incrível que pareça é quase casual, e a espetacular "Highway 61 Revisited" com aquela letra absolutamente genial, inspirada e sarcástica, como aliás são todas deste que é provavelmente o melhor letrista do rock.

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Pela revista Rollig Stone, "Highway 61 Revisited" é considerado o 4° melhor álbum de todos os tempos na sua lista dos 500 melhores.
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A faixa "Like a Rolling Stone", pela mesma publicação, é considerada a melhor de todos os tempos na lista das 500 Maiores Canções.
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É ainda, o 8° no Rock'n Roll Hall of Fame na lista dos 200 álbuns definitivos.
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FAIXAS:
  1. "Like a Rolling Stone" – 6:09
  2. "Tombstone Blues" – 5:58
  3. "It Takes a Lot to Laugh, It Takes a Train to Cry" – 4:09
  4. "From a Buick 6" – 3:19
  5. "Ballad of a Thin Man" – 5:58
  6. "Queen Jane Approximately" – 5:31
  7. "Highway 61 Revisited" – 3:30
  8. "Just Like Tom Thumb's Blues" – 5:31
  9. "Desolation Row" – 11:21


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