O segundo trabalho de originais de Julien Baker é um disco melancólico onde cada tema é uma luta.
Há uma melancolia e um sofrimento latente em cada palavra cantada por Julien Baker. Aos 22 anos, a cantautora norte-americana lança o seu segundo trabalho de originais, Turn Out the Lights, onde a cada tema luta com os seus fantasmas, inseguranças e ansiedades, o auto-conhecimento, a fé (ou a falta dela), a rejeição e a depressão.
Julien Baker dá-nos um disco difícil de digerir, intenso, em alguns momentos desconfortável e tão honesto que seria insuportável não fosse a excelente capacidade vocal de Baker, de um tom angelical e harmonioso que equilibra a tristeza das 11 faixas que rodam ao longo de 45 minutos.
“Over”, a abrir, tem apenas um minuto e meia e mostra logo o que podemos esperar. O piano é pesado, a fazer lembrar um filme antigo, e os violinos são de uma tristeza quase dramática que se vai tornando mais leve e ligeiramente esperançosa, numa passagem direta para “Appointments”, uma das canções incontornáveis deste álbum. Sempre segura na voz, quebrada mas estável, com os mesmos demónios repetidos ao longo do disco e as mesmas inseguranças
A partir daqui, é uma viagem melancólica entre a voz talentosa em “Turn Out The Lights” e “Shadowboxing”, alguma jovialidade em “Televangelist” e “Happy to Be Here”, onde os crescendos trazem um apontamento de positivismo ao estilo dramático de Baker. Em “Even” a guitarra acústica não precisa de mais acompanhamento além do discreto violino que entra apenas a meio. E, a fechar, “Claws in Your Back” liberta Baker da tensão estrangulada das músicas anteriores, como se antecipasse já o que podemos esperar no próximo álbum.
Baker disse publicamente que tentou conscientemente não escrever um disco demasiado triste, incluindo uma nota de esperança nas suas canções. E é verdade que se sente essa tentativa de trazer luz para um disco tão denso e pesado mas é impossível não sentir melancolia ao ouvir cada uma destas faixas.
Turn Out the Lights merece ser ouvido com atenção, escutando as letras e cada requebro de voz de Julien Baker, cada pedacinho de vidro a estilhaçar-se nas teclas do piano, passando a tristeza e o desconforto para descobrir a enorme fragilidade que Baker nos oferece neste trabalho.
The Soundhouse Tapes, a primeira demo comercializada do Iron Maiden, começou a ser gravada ao final de 1978 quando Paul Di’Anno ainda era um novato na donzela. A história oficial (referida na biografia oficial “Run to the Hills”, escrita por Mick Wall) conta que Paul entrara em novembro de 1978 e o Maiden, então com 4 integrantes – Di’Anno, Harris, Murray e o baterista Doug Sampson – logo ensaiava e entrava no Spaceward Studios para a gravação da demo. Não havia muito dinheiro na época, e a banda, após duas sessões, se recolhera para que dentro de algumas semanas de trabalho e shows, voltasse com dinheiro para a produção final das faixas. Como se sabe, a master foi apagada e a demo só saiu porque alguém (acredito que Harris) guardou uma cópia do material original em fita!
Fitas-cassete contendo o material gravado nas sessões de The Soundhouse Tapes
Ouvindo atentamente as gravações percebi uma segunda guitarra nada usual ao tradicional som da banda, mas, como os fãs podem notar, não há um segundo guitarrista creditado além de Dave Murray. Então quem seria o guitarrista não creditado?
Tudo começou com uma pequena interrogação e terminou com uma revelação de fato, uma notícia que é parte da história do Iron Maiden. Poucos ouvintes realmente atentos podem perceber nas gravações a guitarra ou entender a importância dessa notícia, mas essa revelação sempre esteve disponível aos ouvidos de todos e está devidamente “não registrada” na história da banda.
Devo dizer que algumas passagens de integrantes na história do Maiden são frustrantes de tão pouca informação divulgada oficialmente. No DVD Early Days todos eles parecem flashes tão insignificantes como Paul Todd e sua uma semana de ensaio; Thunderstick, um baterista que durou apenas um show, entre outros.
A história oficial não é necessariamente a verdade (e posso comentar melhor sobre isso no futuro), tanto é que o próprio Thunderstick quase conseguiu o posto no Maiden de volta ao invés de Clive Burr!
Voltando ao guitarrista misterioso, a história conta que logo no início de 1979 a banda teria um segundo guitarrista para complementar Murray, um escocês de nome Paul Cairns (de apelido “Mad Mac”).
Iron Maiden com Paul Cairns ao centro.
Paul Cairns durou de cinco a seis meses na banda. Será que ele foi apenas um guitarrista que, desentusiasmado no palco, precisou ser demitido? Não haveria alguma coisa aí que a história do Maiden cismou em não contar (ou ocultar)?
Há algumas semanas, ouvindo a coletânea Best of the Beast, coloquei para tocar a faixa “Strange World”, quando alguma coisa “clicou” em mim aos 3 minutos e meio de música. Tive que voltar e ouvir de novo. E de novo…
Doug Sampson gravando a bateria para a demo.
Percebi que o jeito que o segundo solo foi tocado nada tinha a ver com qualquer coisa que Murray já tivesse feito. Não eram os dedos nervosos dele contrapondo notas, mas um desconhecido pegando uma guitarra e ajeitando notas calmas para a faixa. Era estranho e resolvi mandar um e-mail para um conhecido na Inglaterra, perguntando sobre um possível quinto membro tocando guitarra na demo. Esse conhecido mantém contato com Keith Wilfort (ex-presidente do fã-clube oficial), e quando Keith respondeu, a confusão em sua resposta me assustou. Disse que lembrava dos 4 integrantes gravando a demo, mas não tinha certeza de um quinto. Sugeriu que, pelo tipo de som, de repente Harris tivesse arriscado uma guitarra na faixa.
Quem precisa de Harris solando quando exatamente se tem Murray?
Pouco depois, esse mesmo colega me respondeu que no fórum do site do Spaceward Studios, Hugh Cairns, irmão de Paul Cairns, havia postado uma memória dos tempos em que o irmão dele gravara com o Maiden! Melhor coincidência impossível! Segue a transcrição da mensagem original:
Hi there, not sure if you can help, but here goes!
My brother was one of the lead guitarists with Iron Maiden at the time they recorded their original demo tape at Spaceward. He left the band around 6 months later but kept hold of the demo tape for posterity. Stupidly I lent it to a friend who then “lost it” Ah well.
Anyway, I wondered if you had any photos from that session – probably around 78/79.
With kind regards Hugh Cairns
Pergunto se haveria algum engano no fato do próprio irmão procurar um site como o do Spaceward Studios para postar sobre uma época que ele parece lembrar bem! E ele perguntou por fotos. Curiosamente o Maiden até hoje só mostrou uma ou duas fotos dessa sessão; apenas Harris aparece (como aquela dele sentado com seu baixo em um sofá).
A mais conhecida foto das sessões de The Soundhouse Tapes, com Harris ao sofá.
Conseguimos contatar Paul Cairns e perguntar diretamente a ele sobre essa história. O que ele revelou deixou meu queixo já caído, agora tocando o chão. Ele não só tocou aquele segundo suspeito solo de “Strange World” que estranhei, como partes de guitarra em cada faixa da demo! E nunca entendeu porque seu nome não foi creditado (ops, já não ouvimos essa história antes?) na demo.
Cairns diz possuir uma foto meio castigada de seu arquivo pessoal com a banda inteira em frente à casa do estúdio, agasalhados com cachecóis sobre uma camada de neve, com Paul Di’Anno de cabelo grande e Cairns segurando a coleira de seu husky. Foto a qual já tive acesso; porém, não a publicaremos aqui até que o próprio Cairns nos autorize. No entanto, seguem outras fotos da época.
Steve Harris.
Não é bom ter a sensação de que algo sempre esteve errado com essa demo e justamente o fato de que Dave Murray não gravou todas as guitarras? Para mim foi incrível tudo ter se confirmado tão pronta e rapidamente, ainda mais em se tratando de uma demo histórica.
Quando Roma mandava no mundo, os bretões não passavam de bárbaros. Na segunda metade dos anos 60 do século XX, porém, quando a Inglaterra mandava no mundo do rock, um dos maiores símbolos da civilização romana, o Coliseu, serviu de inspiração para alguns bretões oferecerem ao povo o pão da boa música e o circo da performance irresistível. Plateia alguma seria capaz de permanecer indiferente diante do som produzido com sangue e muito talento pelos gladiadores do Colosseum.
“Uma banda é uma coleção de pessoas: se juntar as forças certas, você tem um todo muito forte… mas tem que tirar o melhor dessas pessoas e só usar as melhores partes de cada uma. Se tentar fazer com que elas toquem o que não são capazes, você não vai a lugar algum… o Colosseum é uma coleção de forças…”
O autor das palavras acima é Jon Hiseman, e ele sabe muito bem do que está falando porque frequentou duas das mais importantes escolas de liderança do rock inglês nos anos sessenta: a de Graham Bond e a de John Mayall.
Hiseman nasceu Philip John em 1944 no distrito londrino de Woolwich. Estudou piano e violino quando criança e foi descobrir que amava a bateria no começo de sua adolescência. Seu gosto pelo jazz já se manifestava nessa época e dos 13 aos 15 anos, junto com seus amigos Dave Greenslade ao piano e Tony Reeves no baixo, formou um trio que ganhava todos os concursos patrocinados pela igreja metodista local.
Nos primeiros anos da década de 60, os três já tocam semiprofissionalmente em várias bandas de rhythm’n’blues e de jazz londrinas, como o The Wes Minster Five e o The New Jazz Orchestra. Em 1964, Greenslade já é um dos Thunderbirds de Chris Farlowe.
The New Jazz Orchestra era uma espécie de big band onde Jon Hiseman tocava bateria bem o suficiente para que, em um ensaio, chamasse a atenção de Graham Bond, que procurava justamente um substituto para a saída de ninguém menos que Ginger Baker da sua Organisation. Estamos entre 65 e 66 e Baker e Jack Bruce haviam abandonado Graham Bond para formar o Cream junto com Eric Clapton. Neste meio tempo, Tony Reeves já dava seus primeiros passos na produção de discos, trabalhando para a Decca e depois para o selo Pye.
Hiseman toca um ano com a Organisation, época em que estreita a amizade com o saxofonista Dick Heckstall-Smith, que entrou para a banda anos antes no lugar de John McLaughlin. Ao sair e depois de passar quatro meses tocando com Georgie Fame, Hiseman recebe um telefonema de Graham Bond dizendo que foi deixado na mão por seu baterista e que precisava de seus serviços para uma apresentação no lendário Klook’s Kleek. Na noite do show, quem estava na plateia era John Mayall, que ficou impressionado com a performance do baterista. Algumas noites depois, ao voltar para casa após um show com a banda de Georgie Fame, Jon encontrou Mayall à sua espera na porta de sua casa. Naquela noite ele se tornaria membro dos Bluesbreakers (no lugar de Keef Hartley), cuja nova formação contava com seus colegas Heckstall-Smith e Tony Reeves.
Estamos na segunda metade de 1967 e esta seria a última formação dos Bluesbrakers de John Mayall: Hiseman na bateria, Reeves no baixo, Heckstall-Smith, Chris Mercer e Henry Lowther nos metais e violino, Mick Taylor (substituindo Peter Green) na guitarra e Mayall nos vocais, harmônica, teclados e guitarra. Em abril de 1968 a banda entra em estúdio para a gravação do álbum Bare Wires que, entre outras façanhas, seria o primeiro álbum de John Mayall a fazer sucesso nos Estados Unidos.
Hiseman diz que foi logo após o lançamento do álbum, enquanto Mayall estava em férias nos EUA e o resto da banda aproveitava suas 3 semanas de folga, que ele começou a desenhar o que viria a ser o Colosseum. Ele já havia conversado algumas vezes com Heckstall-Smith e para eles a banda ideal teria que ter membros cuja identidade musical agregasse força ao conjunto. Nada de músicos drogados ou do tipo disperso ou de passagem. Quando a folga acabou, Hiseman fala da nova banda com Reeves, Heckstall-Smith e Dave Greenslade (que por essa época estava no grupo The Remo Four). E como Londres tinha uma acústica natural para propagar fofocas, quando Mayall voltou de férias já sabia que seu baterista estava deixando a banda e levando boa parte dela consigo.
VENI
Formar uma banda na Londres de 1968 era quase tão corriqueiro quanto o chá das cinco. Mas uma cidade que havia fornecido o contingente para a famosa British Invasion – e que vivia ainda em plena revolução sonora e de costumes da Swinging London – já não se impressionava com qualquer coisa que surgisse. Hiseman e Heckstall-Smith eram músicos de reconhecido gabarito e a princípio tinham planos de levar adiante aquela mistura de rock, jazz e blues que eles aprenderam a gostar na passagem pela banda de Graham Bond, mas já intuindo o fusion e acrescentando algo a mais: a música clássica.
Com Greenslade nos teclados e Reeves no baixo, faltava ainda um guitarrista e o primeiro a ser adotado foi Jim Roche. Isso não impediu, porém, que a banda colocasse um anúncio no Melody Maker procurando músicos para a vaga. Poucas semanas depois já haviam trocado Roche pelo novato James “Butty” Litherland, que daria conta também dos vocais.
O Colosseum seria conhecido como uma das bandas que mais tocaram ao vivo em toda a história do rock. Foram três anos de excursões e apresentações praticamente ininterruptas, muitas vezes gravando seus álbuns de dia e se apresentando à noite. Sua estréia ao vivo aconteceu em Newcastle e logo chamou a atenção de John Peel que agendou uma apresentação da banda no seu programa Top Gear, na BBC Radio One.
O sucesso foi tanto que os críticos saíram espalhando elogios pela mídia e não demorou quase nada para que o selo Fontana acenasse para eles um contrato para a gravação de seu primeiro LP.
Those Who Are About to Die Salute You
Those Who Are About To Die Salute You foi lançado em março de 1969 e alcançou a 15ª colocação na parada inglesa. Nesta estréia, Hiseman e Heckstall-Smith prestam seu tributo a Graham Bond através da fantástica versão de “Walking in the Park”. Mas é em “Beware the Ides of March” que a banda apresenta o cartão de visitas, com seu fusion de jazz-blues-rock-clássico alcançando altos graus de energia e já prenunciando o som progressivo que iria ser a marca do rock nos primeiros anos da década de 70.
VIDI
Com a agenda de shows começando a lotar e a babação de ovo dos críticos virando lugar comum, a banda recebe novamente um convite da BBC, desta vez para ser uma das atrações do seu programa Super Sessions, ao lado de Led Zeppelin, Modern Jazz Quintet, Jack Bruce, Eric Clapton, Stephen Stills, Juicy Lucy e Roland Kirk Quartet. Numa jogada ousada e premonitória, eles decidem mudar de selo e aceitar o convite da Philips para serem o carro chefe do seu novo selo Vertigo, dedicado aos grupos que estavam surgindo no novo cenário do rock, já batizado de progressivo.
Valentyne Suite
Valentyne Suite, o novo álbum do Colosseum, recebeu a numeração VO 1 e foi o primeiro LP a ser lançado pela Vertigo, em novembro de 1969. Para muitos é a obra-prima do grupo e isso se deve, principalmente, à faixa homônima que ocupa todo o lado 2 e onde Hiseman, Greenslade e Heckstall-Smith simplesmente arrasam: o primeiro mostrando que a bateria já tinha registrado em cartório o estilo Hiseman de tocar, o segundo apresentando suas credenciais de grande rival de Keith Emerson na época e o terceiro fazendo o ouvinte jurar que John Coltrane estava vivo e morando dentro do seu saxofone. Em seu lançamento, Valentyne Suite também repetiu o sucesso do álbum de estreia, chegando à 15ª posição nas paradas.
O Colosseum neste momento excursionava por toda a Europa e se viu diante de um problema quando James Litherland resolveu sair da banda (formaria a seguir o Mogul Trash). Eles não estavam perdendo apenas um guitarrista, mas também um vocalista afinado com a proposta do grupo. A solução foi convencer Dave “Clem” Clempson a abandonar o Bakerloo (o que acabou definitivamente com este fantástico power-trio inglês) e juntar seu talento ao Colosseum.
Capa de The Grass is Grenner lançado nos EUA
Com esta formação é lançado o terceiro álbum do grupo, The Grass is Greener, mas apenas nos Estados Unidos e com características muito peculiares: a capa é a mesma do Valentyne Suite, variando um pouco a coloração; o conteúdo do álbum é uma espécie de híbrido, pois traz apenas duas músicas novas e diferentes versões de músicas já gravadas. James Litherland aparece ainda nos créditos já que é dele os vocais na canção “Elegy”, mas o cantor mesmo é Clem Clempson que, apesar de ser um magnífico guitarrista, demonstra não ter voz suficiente para segurar uma banda de tamanho quilate.
Enquanto isso, na Europa, Tony Reeves decide abandonar a loucura diária que é o Colosseum para se dedicar à produção de discos. Hiseman então recrutou Louis Cennamo para assumir a banda e um mês depois o substituiu por Mark Clarke. Clarke ainda era um novato e segundo Hiseman afirmou em uma entrevista anos mais tarde (e em tom de brincadeira) “tinha uma bela voz, mas ainda não sabia disso”. Ciente de que Clem Clempson deveria se dedicar apenas à guitarra e fazer as vezes de segunda voz, Greenslade procurou Hiseman e comunicou que Chris Farlowe estava disponível no mercado. A amizade de Greenslade com Farlowe já vinha da época dos Tunderbirds e isso facilitou e muito a vinda desse superstar para assumir os vocais do Colosseum.
VICI
Cennamo, Clarke, Clempson, Farlowe, Greenslade, Heckstall-Smith, Hiseman e a saxofonista Barbara Thompson (esposa do baterista), todos eles aparecem na ficha técnica do quarto LP do Colosseum, lançado pela Vertigo em dezembro de 1970. Daughter of Time apresenta uma banda muito mais pesada, consistente e com todos os atributos para assumir finalmente a sua condição de super grupo, transformando prestígio em cifras gigantescas por toda a Europa.
Daughter of Time
Depois de nove meses encabeçando festivais na Inglaterra, Itália, Alemanha e Escandinávia, a banda planeja gravar algumas apresentações para o lançamento de um álbum ao vivo. Hiseman havia gostado tanto de uma apresentação que a banda fizera na Universidade de Manchester que resolve marcar um show gratuito no mesmo local no dia 18 de março e gravá-lo para o disco. Um outro show gravado teve lugar no Big Apple de Brighton no dia 27. Colosseum Live marca a estréia da banda no recém criado selo Bronze e saiu como álbum duplo em setembro de 1971. É tido por muitos como um dos maiores discos ao vivo da história do rock, uma verdadeira aula de uma banda capturada no auge de sua existência.
Colosseum Live
Para surpresa geral, entretanto, essa banda no auge da carreira resolve encerrar suas atividades no final daquele ano, logo após a saída de Clem Clempson para substituir Peter Frampton no Humble Pie. Segundo Hiseman, depois da gravação do álbum Live, eles sentiam que não poderiam mais evoluir e não seria interessante para ninguém continuar repetindo aquilo que já fizeram. Precipitada ou não, a decisão de encerrar com o Colosseum reflete também uma mudança no cenário musical da época, onde uma banda com sonoridade tão sofisticada começava a perceber que seu espaço (e o seu público) seria em breve ocupado por grupos com apelo mais pop e shows super produzidos.
Após a separação, Dave Greenslade e Tony Reeves formaram o Greenslade; Chris Farlowe partiu para o Atomic Rooster; Dick Heckstall-Smith preferiu seguir carreira solo; Mark Clarke deu uma passadinha pelo Uriah Heep, mas logo juntou-se a Jon Hiseman na formação do Tempest; e o selo Bronze, que provavelmente achou que tinha ouro nas mãos quando assinou com o Colosseum, não perdeu tempo em colocar na praça a coletânea Collectors Colosseum, com algum material inédito junto com os clássicos da banda.
The Collector’s Colosseum
Em 1975, Hiseman ainda formaria o Colosseum II juntamente com o guitarrista Gary Moore. Apesar do nome, a idéia não era resgatar a antiga banda, uma vez que foi batizada originalmente de Ghosts, e Colosseum II surgiu por uma exigência de Gerry Bron para empresariar a banda. O Colosseum, mesmo, só ressurgiria em 1994, mas isso já é uma outra história.