sexta-feira, 18 de abril de 2025

Bjorn Riis - Fimbulvinter (2025)

 

 Trazemos para vocês o mais recente trabalho do norueguês sombrio e maldoso. A capa o mostra parecendo um argentino, segurando a cabeça por todos os problemas que temos. E assim completamos a discografia do norueguês, numa entrada curta e no fundo de um álbum que já se destaca entre todas as coisas boas que surgiram neste caótico 2025. "Fimbulvinter" destaca-se como uma obra de contrastes, onde a tensão inicial vai gradualmente dando lugar à contemplação, oferecendo uma paleta emocional rica e cheia de nuances. E se você já ouviu, você já conhece a qualidade das coisas que esse homem faz, e se você ainda não ouviu, bem, é hora de consertar esse erro...

Artista: Bjorn Riis
Álbum: Fimbulvinter
Ano: 2025
Gênero: Crossover prog
Duração: 44:22
Referência: Discogs
Nacionalidade: Noruega


Esta é uma jornada sonora de duas partes. A primeira metade do álbum surpreende com uma energia mais roqueira, até hard rock, onde as guitarras incisivas trazem uma nova intensidade ao universo geralmente sóbrio do norueguês de cara feia, estilo que contrasta com a suavidade melancólica a que o artista nos acostumou.

Então, conforme o álbum avança, encontramos novamente a marca atmosférica característica desse cavalheiro, e a segunda metade abre com paisagens sonoras mais etéreas, onde melodias introspectivas tomam conta, nos levando de volta à profunda melancolia que caracteriza o artista.

Ouvir Fimbulvinter não é só tocar um álbum novo. É um novo “acompanhar o artista em seus próprios sentimentos”. "Este não é um álbum autobiográfico", explica Bjørn, "mas eu queria compartilhar partes da minha própria jornada e abordar um tópico que considero profundamente importante, mas que ainda é um tanto tabu". Algo se abre, algo se move lá dentro. E você não precisa ser fã de música progressiva, nem conhecer a carreira de Bjørn Riis. Você só precisa estar disposto a sentir. Porque este álbum não é sobre entender isso... é sobre fazer você ficar ciente disso. Estar lá, sem pressa. Com seu corpo e seus sentidos.
Bjørn, cofundador da Airbag, não é amador. Seu caminho foi longo e autêntico: ele começou tocando riffs de Kiss, Black Sabbath e Pink Floyd em seu quarto, passou por bandas cover e, eventualmente, fez turnês com nomes como Marillion e Riverside. Desde 2014 ele começou a caminhar sozinho, com Lullabies in a Car Crash, e seu conceito já é original: som imersivo, emocional e cinematográfico. E com Fimbulvinter, ele faz um acordo.
O título não é coincidência: Fimbulvinter é aquele inverno eterno que na mitologia nórdica anuncia o fim do mundo… mas também um novo começo. É assim que este álbum se sente: como uma viagem sensorial, que te acompanha para descobrir o que há de mais sensível em você. Vai do mais íntimo ao mais poderoso, sem perder a sutileza. Tudo respira.
Desde o primeiro segundo, um violão lhe dá as boas-vindas como alguém que abre a porta de sua casa. “Illhug” começa sem pressa, com uma delicadeza que não busca impressionar, mas envolver. O solo se funde em um suspiro e melodia E assim a jornada começa.
Então vem “Gone”, e o baixo sustenta a atmosfera como se caminhasse lentamente sobre o terreno. A bateria entra cautelosamente, os vocais são suaves, mas diretos. E quando a banda se desfaz, não é para se desfazer, mas para se libertar. Como uma batida de coração que finalmente se faz ouvir.
“Panic Attack” muda o tom. Ela começa com sons de uma tempestade e uma guitarra que sonda a escuridão. Há pausas, altos e baixos. E um momento mágico: tudo para, e a voz surge flutuando, como um eco que transforma tudo, e aos poucos te transporta para um dos solos mais prazerosos do álbum, avançando uma espécie de marcha que não esmaga, mas avança suave e potente. O encerramento é uma despedida que se sente mais no peito do que nos ouvidos.
“Ela” nos traz de volta ao centro. Teclado etéreo, guitarras suaves, vocais implícitos. Ele simplesmente vem e vai como uma maré emocional. Então o piano assume e dois solos se entrelaçam, um mais longo, o outro mais sutil. Tudo está onde deveria estar. E quando acaba, você mal percebe... mas você aproveita.
E então… ele nos dá “Fimbulvinter”. A peça central. O mais longo, o mais progressivo, o mais pesado. É instrumental, mas não precisa de vocais: tudo é expresso na linguagem das guitarras, do baixo, da bateria e daqueles teclados que flutuam como névoa. Há riffs, drops, explosões, pausas que parecem respirações profundas. No minuto 5:40 tudo muda: vira caminho, o baixo fica marcado, os coros do teclado envolvem. Um solo final une tudo, como se a escuridão estivesse se desfazendo para deixar a luz entrar.
Como o próprio Bjørn disse: "Fimbulvinter é provavelmente a música com mais progressivo que já fiz. É um instrumental que se aprofunda nas minhas raízes musicais, e foi muito divertido gravá-lo."
E mais do que diversão, é algo compacto e bem elaborado, o ponto alto do álbum.
E para encerrar, “Medo do Abandono”. Piano melancólico, violão suave e uma voz vibrante. Tudo cresce lentamente. A bateria, a acústica e o piano surgem de um momento para o outro, e a voz carrega tudo, sem perder a calma. Apenas o suficiente. O solo final é quente, constante, como um fogo que não queima, o momento mais quente. E quando acaba... simplesmente acabou. Sem drama.
Fimbulvinter não deve ser ouvido levianamente. Você escuta com calma e com tempo. Com fones de ouvido, de preferência. Porque há paisagens que só podem ser descobertas de perto.
Com apenas seis músicas, o álbum tem 44 minutos, mas não há um único momento desperdiçado. Cada download é pensado. Cada pausa tem um significado. Cada instrumento existe por uma razão. É um registro cheio de detalhes, mas não avassalador. É um daqueles álbuns que quanto mais você ouve, mais você descobre aqueles pequenos detalhes que se tornam cada vez mais agradáveis.
E o mais lindo é que, quando acaba…
Não desaparece.
Fimbulvinter é um álbum que promete fazer parte da sua coleção.
Para quem é esse álbum?
Fimbulvinter é para aqueles que encontram beleza na lentidão, nos detalhes, naquilo que está fervendo. É para fãs de rock progressivo, pós-rock emocional e atmosferas que falam sem palavras. Também para aqueles que vêm do lado mais melódico do metal ou do art rock e buscam uma experiência sonora que combine técnica, emoção e profundidade.
Se você gosta de solos construídos com paciência, mudanças de intensidade que são mais sentidas do que notadas e álbuns que convidam você a fechar os olhos e desaparecer por um tempo... este álbum é para você.
Uma dica para o ouvinte
: Fimbulvinter não é um álbum para ouvir com pressa. Cada audição revela uma nova textura, uma intenção diferente. Dê tempo ao tempo, use bons fones de ouvido e permita-se estar lá, sem distrações. É um álbum que não exige muito, mas que recompensa profundamente aqueles que se entregam ao máximo.

Rebeca Ramírez

Não vou andar em círculos, vamos continuar com este pequeno e bom álbum e começar com o próximo vídeo. 


E essa é mais uma das muitas coisas que quero deixar para vocês aproveitarem o feriado prolongado que está chegando. Mais está por vir...

Você pode ouvir na íntegra no Bandcamp:
https://bjornriis.bandcamp.com/album/fimbulvinter

Site oficial


Lista de faixas:
1. Illhug (1:43)
2. Gone (8:34)
3. Panic Attack (10:56)
4. She (6:33)
5. Fimbulvinter (9:00)
6. Fear of Abandoned (7:36)

Formação:
- Bjørn Riis / vocais, guitarras, baixo, teclados, compositor e produtor
Com:
Henrik Bergan Fossum / bateria
Arild Brøter / bateria
Kai Christoffersen / bateria




Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

Alma do Brasil - 1988 - Beth Carvalho

    1 -  Vestida de samba Marquinho China - Jotabê 2 -  Saigon Cláudio Cartier - Paulo Cesar Feital - Carlão 3 -  A sete chaves Franco - Arl...