MUSICA&SOM: CRONICA - GENE LOVES JEZEBEL

GENE LOVES JEZEBEL é uma daquelas bandas que animaram a cena underground do rock nos anos 80 a ponto de atrair a atenção do grande público antes de assinar com uma grande gravadora. Vinda de Londres, a GENE LOVES JEZEBEL foi formada em 1980 sob a liderança dos irmãos Michael e Jay Aston.

A banda tocava em muitos clubes e, depois de alguns ajustes na formação e de assinar com a gravadora independente Situation Two, decidiu se arriscar e gravar seu primeiro álbum de estúdio com o produtor John Brand. Foi finalmente em 7 de outubro de 1983 que este álbum, intitulado Promise , viu a luz do dia.

Em sua estreia musical, GENE LOVES JEZEBEL toca músicas que transitam entre o Gothic Rock, o Post-Punk, o New-Wave e o Pop-Rock. Embora o grupo liderado pelos irmãos Aston esteja mais ou menos em sintonia com os tempos, ele ainda se esforça para afirmar seu próprio estilo e desenvolver sua identidade. Isso é particularmente evidente em faixas como "Screaming For Emmalene", uma peça rítmica com um toque palpável de tristeza e melancolia, interpretada pelo cantor Michael Aston; "Influenza", um título altivo com melodias aéreas simples, mas bem construídas, reforçadas por um ritmo tribal, guitarras secas e quentes, além de alguns coros leves que são enxertados no todo ou mesmo títulos com forte conotação Gothic Rock como "Upstairs", com ares Pop, Post-Punk, bastante psicodélico, sem embelezamento e com um vocal intenso e encantatório para elevar o todo; "Pop Tarantula", uma composição com um revestimento atmosférico, com uma certa sensibilidade à flor da pele, coros encantadores, melodias tão intensas quanto rodopiantes e "Shower Me With Brittles Punches", uma peça impulsionada por um ritmo particularmente forte, um refrão inebriante com coros em cascata, com eficácia imediata e perfeita para um hit ao vivo em clubes. Esses títulos dão uma boa ideia do que GENE LOVES JEZEBEL é capaz. Esta também demonstra certa habilidade em compor peças com atmosfera desencantada como "Wraps And Arms", uma balada lenta, carregada de melancolia, com melodias tristes, reforçadas por coros arejados que se encaixam perfeitamente com o conjunto e principalmente "Scheming", uma peça de 6'26 com atmosfera perturbadora e pesada, revestida de guitarras claras, um baixo pesado e com potencial muito interessante pela sua capacidade de manter o público em suspense. Com uma atmosfera igualmente desencantada, "Bread From Heaven" é uma peça lenta com melodias cloroformes, uma canção falada quase desesperada que, no entanto, acaba se revelando chata e dolorosa a longo prazo. Pelo contrário, e este é um dos seus pontos fortes, GENE LOVES JEZEBEL mostra-se capaz de oferecer uma face mais alegre, mais otimista. Ele prova isso através da rítmica "Bruises", uma peça Pop/New-Wave com pequenos toques góticos que é contagiante, sem deixar de lado a faceta melancólica específica do grupo, transcendida por um baixo onipresente, um refrão vigoroso, assim como o Pop-Rock/Pós-Punk de andamento médio "Psychological Problems", impulsionado por um ritmo Ska, uma música tão intensa quanto possuída, um refrão vigoroso e animado que é bem lembrado.

Como álbum de estreia, Promise é bastante promissor no geral e seu título é muito apropriado. GENE LOVES JEZEBEL já tinha uma boa base e alguns bons atributos em 1983: as composições são sólidas e algumas delas até têm potencial para se tornarem clássicos. Pensando bem, Promise é um disco que pode agradar fãs de THE CURE, SIOUXSIE & THE BANSHEES, ECHO & THE BUNNYMEN, PIL, THE CULT em seus primeiros dias.

Lista de faixas :
1. Upstairs
2. Bruises
3. Pop Tarantula
4. Screaming For Emmalene
5. Scheming
6. Bread From Heaven
7. Influenza
8. Shower Me With Brittles Punches
9. Wraps And Arms
10. Psychological Problems

Formação:
Michael Aston (vocal)
Jay Aston (vocal, guitarra)
Ian C. Hudson (guitarra, baixo)
Albie DeLuca (guitarra)
Julianne Regan (baixo)
Steve Marshall (baixo)
+
Steve Goulding (bateria)
Richard Hawkins (bateria)
John Murphy (bateria)
Graeme Pleeth (teclados)