quinta-feira, 31 de julho de 2025

Cymbalic Encounters - Overexposure (2022)

 

Vamos começar com uma breve introdução para que aqueles que gostam de muita música tenham algo a aprender. Este é um grupo liderado pelo baterista Mark Murdock. Originário do Arizona, Yankilândia, voltado para o jazz rock. Este é um bom baterista que, embora desconhecido, colaborou com pessoas como Peter Banks em sua banda Empire, entre muitos outros. Desde que conheceu os membros do Brand X, ele criou este projeto junto com eles, então estamos falando de pessoas muito competentes e com muita experiência em fazer música de qualidade. Seu primeiro álbum foi lançado em 2012 e eles colaboraram com vários músicos convidados desde então. Este é o quarto álbum deles, e essas pessoas são tão prolíficas que lançaram mais 9 álbuns posteriormente, e de acordo com o que dizem, todos são bons. Convido você a descobrir um jazz fusion descontraído, com toques ocasionais de estilo Canterbury e algumas influências funky, ideal para descobrir no fim de semana...

Artista:  Cymbalic Encounters
Álbum:  Overexposure 
Ano:  2022
Gênero:  Jazz fusion
Duração: 48:55
Referência:  Rate Your Music
Nacionalidade:  EUA


Este projeto representa o conceito do baterista e compositor Mark Murdock, que parece residir atualmente no Japão. Ele trabalhou com diversos músicos e bandas ao longo de sua carreira, principalmente na área do jazz fusion progressivo. Além de alguns álbuns solo, este é seu projeto principal. Outros colaboradores importantes são Percy Jones (baixo fretless) e o guitarrista John Goodsall, ambos conhecidos por serem membros da banda Brand X. Portanto, é evidente que temos um coletivo bastante experiente, também apoiado por vários músicos convidados.

Sua música, com pegada jazz-rock, é cheia de groove e swing, elegante e descontraída, com bastante espaço para improvisação, e parte disso fica evidente no vídeo abaixo.



Recomendado para uma adição sofisticada à sua coleção de música progressiva.

Espero que gostem...

Você pode ouvir no Spotify:
https://open.spotify.com/intl-es/track/7Enky6RQ7JvSrV5V1CzEa6


Lista de faixas:
1. Overexposure (4:53)
2. A Disturbance in the Force (4:30)
3. More Madness in the Forecast (4:21)
4. Returning from a Four Day Journey to the Sun (5:04)
5. Resisting Normality (6:13)
6. Zone Out (4:59)
7. Soul Lanterns (4:51)
8. Reaching for Tranquilty (5:29)
9. Falling Satellites (4:15)
10. The Future We Once Knew (4:20)

Formação:
- Mark Murdock / bateria e percussão, sintetizador, piano, marimba, gongos
Com:
- Fernando Perdomo / guitarra (1)
- Joe Berger / guitarra solo (3.5-8.10)
- Tim Pepper / vocais (1.5)
- Daniel Kubota / guitarra (4,5,9)
- Dave Juteau / guitarra (2,7)
- Preston Murdock / primeiro solo de guitarra solo (2)
- Ken Hall / guitarra base (1)
- Charles Lambiase / baixo sem trastes (3,8,10)
- Rod Farlora / baixo sem trastes (2,4,7,9)
- Ed Clift / percussão

Dominguinhos - Seu Domingos (1987)


"Seu Domingos" é um álbum do músico brasileiro Dominguinhos, lançado em 1987. O álbum, também conhecido por ser uma homenagem ao seu pai, Seu Domingos de Moraes, destaca-se pela qualidade musical e por não ceder às pressões da mídia para a música regional da época,

Faixas do álbum:
01. A procura de forró
02. Doidinho pra ver
03. Fogo de amar
04. Pra se misturar gostoso
05. Ninguém vai nos separar
06. Casamento no juazeiro
07. Estação
08. Gandaeira
09. O mel e o fel
10. Sempre você
11. Danado no forró
12. Nós dois de testa



Dominguinhos - Apôs Tá Certo (1979)

 


O disco "Apôs Tá Certo", lançado por Dominguinhos em 1979, é um marco na sua discografia, mostrando sua versatilidade musical e aprofundamento no forró. O álbum, lançado pela gravadora Fontana, traz 12 faixas que exploram tanto o forró tradicional quanto elementos regionais e inovadores, consolidando sua identidade musical. 

Faixas do álbum:
01. De Altamira À Campina Grande
02. Chega Morena
03. Chorinho Pro Miudinho
04. No Forró De Dona Zéfa
05. Apôs Tá Certo
06. Penitente
07. Pode Morrer Nessa Janela
08. Forrozinho Aperreado
09. Lamento Sertanejo (Forró Do Dominguinhos)
10. Homenagem À Jackson Do Pandeiro
11. Beijo De Brejo
12. A Costureira



Dominguinhos - Ó Xente! (1978)


O disco "Ô Xente!", lançado por Dominguinhos em 1978, é um álbum que celebra o forró, o xote e o xaxado. Com 12 faixas, o disco conta com a forte colaboração de sua esposa, Anastácia, em diversas canções, como em "O Sertão te Espera", com letra de Dominguinhos e Anastácia, e "Nossa Senhora", com letra de Anastácia. O álbum é um exemplo da sonoridade típica do artista, com um repertório alegre e dançante. 

Faixas do álbum:
01. Doidinho, Doidinho
02. Quebra Quega
03. Nossa Senhora Da Conceição
04. Saxofone, Por Que Choras?
05. Vou Com Você
06. Esfola Bode
07. Ó Xente!
08. Eu Me Lembro (Xote)
09. Espivitadinho
10. O Sertão Te Espera
11. Chorinho Pro Egídio Serpa
12. Saudade Matadeira



Baden Powell – Poema On Guitar (1967)

 


O álbum "Poema On Guitar" do Baden Powell é um marco na história da música instrumental brasileira, destacando a genialidade do violonista e compositor. O álbum, lançado em 1967, apresenta peças originais e adaptações de composições de outros autores, como Vinícius de Moraes. 

Faixas do álbum:
01. Feitinha Pro Poeta
02. Dindi
03. Consolação
04. Tristeza e Solidão
05. Samba Triste
06. Eurídice
07. All the Things You Are
08. Reza



Ney Matogrosso, Pedro Luis E A Parede - Vagabundo (2004)


O álbum "Vagabundo", de Ney Matogrosso com Pedro Luís e a Parede, lançado em 2004, é um disco de MPB que explora a parceria entre esses dois artistas. A dupla compõe e interpreta 14 músicas, com destaque para a faixa título "Vagabundo" e para as revisitas a clássicos como "Assim Assado" e "Napoleão" da época de Ney Matogrosso em Secos & Molhados. 

Faixas do álbum:
01. A Ordem É Samba
02. Seres Tupy
03. Transpiração
04. Interesse
05. Assim Assado
06. Noite Severina
07. Vagabundo/Música Incidental Exceções
08. Inspiração
09. Disritmina
10. Napoleão
11. Tempo Afora
12. Jesus
13. Finalmente
14. O Mundo (Bônus)



Armageddon - Armageddon (1975)

 

O rock n’ roll costuma ser injusto com os seus personagens mais ricos e importantes. Músicos que exalavam criatividade e nunca se contentou com padrões, sempre se inquietando e experimentando novas vertentes para si, para a sua trajetória, sua carreira. Sempre flertando com o novo, muitas vezes o inusitado que trouxe frescor e novidade a música e ainda assim não tem o devido crédito, o devido reconhecimento. Definitivamente são fenômenos que, embora sejam muito discutidos entre fãs e críticos de música, parece que nunca conseguiremos chegar a um razão pela qual alguns músicos caem no ostracismo, sendo relegados ao baú empoeirado do rock escondido como aquele objeto imprestável que ocupa espaço. Um desses músicos se chama Keith Relf.

Keith Relf

O seu nome, dito, diria, de forma, não signifique absolutamente nada, principalmente para aqueles fãs e apreciadores do rock que se limita a sua ala comercial e acessível, mas esse homem está por trás de grandes bandas que foram referências na sua geração, falo do Yardbirds e Renaissance. Agora sim, as coisas ficaram mais claras, não é?

Keith nasceu em 22 de março de 1943 em Richmond, uma cidade da Virgínia, nos EUA, mas fez sua carreira na Inglaterra. Fez parte de uma banda chamada Metropolis Blues Quartet, mas foi com quando se juntou, com apenas 19 anos de idade, a Eric Clapton, na guitarra, Jim McCarty, também na guitarra, chris Dreja no baixo e Paul Samwell na bateria para formar uma das referências do rock psicodélico, underground e proto metal britânico da década de 1960, o Yardbirds.

Relf com o The Yardbirds

A banda foi celeiro de grandes guitarristas como Jimmy Page, Jeff Beck, sendo que o primeiro, o último a estar na banda, ficou com os direitos do nome, a reformuou, chamando-a de “New Yardbirds” que seria o pré-Led Zeppelin, nome dado pelo baterista do The Who, Keith Moon quando disse que a banda seria um sucesso, como um ‘zeppelin de chumbo”. Ele foi maldoso no comentário? Não sei! O fato é que o resto é história que pode ser contada depois.

A banda acabou e Keith decidiu seguir com um projeto audacioso com o baterista do Yardbirds, Jim McCarthy, um duo chamado Together, mas que gravou apenas um compacto simples e pereceu. Não desistiu e decidiu dar inicio a um audacioso projeto, algo pouco usual naquela época, na transição dos anos 1960 para os anos 1970, que era unir o erudito, a música clássica ao rock, inusitado para a época, a música dos jovens transviados com a música da aristocracia e com MacCarthy de novo, na bateria, Louis Cennamo no baixo, John Hawken no piano e Jane Relf, sua irmã, no vocal, forma o ícone do prog rock nos anos 70, o Renaissance. 

Era a concepção do progressivo, a construção da cena, embrionária na época que também recebera, ao longo dos anos, outras intervenções de estilos como blues, hard rock etc. Mas brigas e discussões entre os músicos fez com Relf ficasse até o segundo álbum. Desiludido e praticamente expulso do Renaissance se reclusou, mas antes, o seu último trabalho tinha sido como convidado a tocar na banda Steamhammer de seu ex-colega Louis Cennamo e sumiu do mapa.

Mas, em 1974, mais uma vez, sua mente explodia da já falada inquietude criativa e, em virtude de um acidente com o baterista do Steamhammer, Michael Bradley, a banda terminou, ainda em 1972. Então convocou o guitarrista Martin Pugh, o seu colega Louis Cennamo para trabalhar em um novo projeto: O Armageddon, alvo dessa resenha, estava nascendo. 

Os dois foram ao encontro de Relf, em Los Angeles, para formalizar a reunião e convidaram também, para o grande baterista do Captain Beyond, Bobby Caldwell para formar o time, o conceito de super grupo, tão em voga nos dias de hoje, poderia ser utilizado para o Armageddon. Mas eles tiveram alguma dificuldade para fechar com um baterista, que não conseguia encontrar, pelo menos o que achava interessante para a banda que nascera, na Inglaterra, o que também motivou os caras irem para os Estados Unidos, para Los Angeles e lá estava Caldwell, que não estava no Captain Beyond e aceitou o convite de Relf e companhia.



Armageddon

A banda assinou contrato com a A & M Records, por indicação do astro Peter Frampton, lançando, em 1975, o arrasa quarteirão, autointitulado, “Armageddon”, de 1975. A capa é algo de bem interessante com uma visão apocalíptica ao fundo, tudo totalmente destruído e a banda a frente sentada. O nome sugere a concepção gráfica. Boa parte do material já estava pronto pelo Relf, mas foi encorpando com os ensaios e o know how dos outros músicos e se pode perceber, neste único trabalho lançado pela banda um caminho, para variar, diferente do que havia feito no Yardbirds e Renaissance com um cru e poderoso hard rock com algumas pitadas progressivas que vale a audição de cabo a rabo.

O álbum começa de cara com a avassaladora “Buzzard” que já de entrada tem um riff de guitarra pesadão digno de uma banda de heavy metal com a cozinha seguindo o ritmo com uma sinergia incrível, ganhando em agressividade e peso, em uma velocidade invejável, isso é heavy metal! Sem contar com o vocal alto e rasgado.

"Buzzard"

“Silver Tightrope” começa viajante, leve, tranquila com dedilhados lindos de guitarra, além de trabalhos vocais igualmente lindos com um solo fantástico de guitarra. Balada para quebrar o gelo pesado da faixa anterior. “Paths and Planes and Future Gains” traz de volta o peso e a velocidade. Riffs de guitarra pegajosos, fortes, baixo pulsante e marcado, solos de guitarra agressivos, uma das melhores faixas do álbum.

"Silver Tightrope"

Na sequência tem “Paths and Planes and Future Gains” traz de volta o peso e a velocidade. Riffs de guitarra pegajosos, fortes, baixo pulsante e marcado, solos de guitarra agressivos, uma das melhores faixas do álbum.“Last Stand Before” é mais solar, diria dançante, o lado mais comercial, acessível da banda, uma boa faixa também, mas não segue o nível das demais.

"Paths and Planes and Future Gains"

E para fechar o álbum, uma verdadeira epopeia sonora: “Basking in the White of the Midnight Sun”, uma suíte com pouco mais de 11 minutos que é dividida em 4 partes: “Warning Comin’ On”, “Basking in the White of the Midnight Sun”, “Brother Ego” e “Basking in the White of the Midnight Sun (Reprise)” e te remete a um legítimo harg prog repleto de alternâncias rítmicas que começa com uma paulada e a já característica velocidade e agressividade com os riffs de guitarra entoando, depois vai ficando mais cadenciada, mas não menos pesada, com exibições plenas de solos de guitarra, voltando, logo depois, a segunda parte.

"Basking in the White of the Midnight Sun"

A banda infelizmente não fez tantos shows, por conta das baixas vendagens do álbum e a consequente baixa oferta de apresentações, bem como os problemas de saúde de Relf, em virtude do abuso de drogas que, ano após ano aumentava. A banda fez apenas dois shows! Mas não era apenas a saúde de Relf e as vendas baixas do álbum que atrapalharam, mas também as brigas internas eram grandes, o que facilitou para o seu derradeiro e precoce fim.

Keith Relf afastou-se da música, dos shows, das rotinas de estar em uma banda e passou a compor músicas para outros músicos e foi exatamente quando estava em seu estúdio, que ficava na sua casa, em 1976, escrevendo as suas canções que levou um choque, foi eletrocutado pela sua guitarra sem aterramento. Relf tinha apenas 33 anos de idade. Um jovem e grande músico que teve sua vida ceifada tão precocemente, mas que construiu uma carreira que, embora curta, foi brilhante e que definitivamente ficou marcado, de forma indelével, na história do rock.

Cennamo seguiu carreira como baixista, fundando a Illusion ao lado de seus ex-companheiros de Renaissance. Caldwell voltou para a Captain Beyond, mas essa acabou não atingindo o mesmo sucesso de seus dois primeiros álbuns. Atualmente a banda está na ativa com Caldwell como o único remanescente da formação clássica e original. Pugh afastou-se da música por algum tempo, limitando-se somente a participações esporádicas em álbuns de cantores como Daniel Jones e Geoff Thorpe.

Um álbum épico, excelente e, apesar de ter tido uma boa recepção da crítica especializada, não teve uma boa receptividade por parte do mercado, não tendo um sucesso.




A banda:

Keith Relf no vocal e harmônica

Martin Pugh na guitarra e violão

Louis Cennamo no baixo

Bobby Caldwell na bateria, percussão, piano e vocal


Faixas:

1 - Buzzard

2 - Silver Tightrope

3 - Paths and Planes and Future Gains

4 - Last Stand Before

5 - Basking in the White of the Midnight Sun


"Armageddon" (1975)

Vita Nova - Vita Nova (1971)

 

Aprendi e venho aprendendo, ao longo das minhas experiências de audição de álbuns, e com este humilde blog, que definitivamente o rock n’ roll não é o mainstream! Embora tal afirmação não seja uma novidade, quase algo banal, parece ser preciso e urgente sempre lembrar sobre isso, uma prática do mantra.

A cada seção de garimpo, a cada busca, a cada descoberta corrobora-se o universo vasto e ainda inexplorado de uma música que, a cada banda, álbum e cenas, desabrocha-se a esperança de que ele, o rock, nunca morrerá apesar de insistirem em colocá-lo em uma espécie de tocaia, na espreita de pôr um fim nele.

Enquanto existir poucos abnegados que decidem estudar, aprofundar-se, garimpar e amar incondicionalmente essa vertente musical, ela se fará abrangente, grande, multifacetada em todos os aspectos.

E, mais uma vez, essa máxima vem da Alemanha, da Alemanha progressiva, pesada, diversa e sempre perceptível a nos surpreender e nos ensinar a multifacetada cena rock com todas as suas nuances antropológicas e sociais.

Estava eu em minhas incursões de garimpo, aquelas viagens longas e agradáveis e me deparei com um nome um pouco, diria, incomum, de banda e, claro, aquilo me chamou a atenção de uma forma que não pude me conter de curiosidade e a intenção tem de ser ela: sem tempo para se conter e se permitir a observação e a contemplação do que verdadeiramente nos interessar.

O nome da banda é VITA NOVA e vem, como disse, da Alemanha. Um nome um tanto quanto incomum, principalmente vindo da Alemanha! É latim e significa “Vida Nova”. É curioso o nome e definitivamente não consegui, diante das pesquisas que levantei para a construção desse texto, fazer uma correlação do nome com a banda propriamente dito.

Mas deduzo que, diante do que apurei e logo interpretei, eram músicos que queriam fazer algo diferente do que praticavam em suas bandas regulares ou da sua rotina de músicos de estúdio.

O Vita Nova foi uma banda de curtíssima duração, talvez fosse, por conta disso, um projeto e nunca fizeram uma apresentação ao vivo, absolutamente nada, o que reforça a proposta efêmera desta banda. Por isso que queriam fugir do habitual, trazer algo novo para as suas vidas profissionais, se deixando permitir levar pela manifestação criativa puro, genuína.

Para conceber o álbum, homônimo, lançado em 1971, os músicos, oriundos de várias regiões do planeta, mas baseados em Munique, usavam seu curto tempo livre para produzir essas gravações, deste álbum, na parte da manhã e da noite, que geralmente eram usados para descanso. A formação da banda que gravou “Vita Nova” tinha Eddy Marron na guitarra e vocal, Syvester Levay nos vocais, teclados, hohner clavinet e cravo híbrido e Christian Von Hoffman na bateria e vocal.


Cabe aqui uma observação quanto ao “hohner clavinet”: trata-se de um instrumento, um sintetizador pré-moog que trazia ao som algo muito interessante, intenso, forte, pesado, em dado momento, uma característica original que tornava muito evidente uma música pouco ortodoxa para a época. Era fato que a banda queria entregar algo novo com “Vita Nova”.

No ano de 1971 Levay, o vocalista e tecladista, decidiu alugar o Munich Union-Studios por alguns dias em fevereiro onde eles poderiam trabalhar em suas músicas sem restrições, haja vista que teriam que trabalhar em horários alternativos, pois tinham suas bandas regulares e compromissos como músicos de estúdio.

O resultado que obtiveram com este álbum é de muita versatilidade sonora. Não se observa, não querendo se render aos rótulos, aos estereótipos, uma vertente, mas tudo que se praticava, em caráter embrionário, inclusive, naqueles primórdios anos 1970: rock progressivo, heavy psych, hard rock, elementos de rock fusion, jazz rock, texturas sinfônicas. 

Enfim, trata-se de um álbum extremamente emocionante, energético e solar, mas com tendências experimentais, muito em voga à época na cena krautrock germânico. Um som consistente, viril e intenso, de personalidade. O álbum teve uma prensagem de apenas 500 cópias e tudo indica que foram entregues a pessoas próximas, amigos, pois trata-se de um material extremamente raro.

“Vita Nova” foi lançado por um pequeno selo austríaco chamado “Life Records” e os músicos, segundo reza a lenda, antes de ir para Munique, estavam na Áustria, em uma pequena vila nas montanhas deste país, local onde teria nascido a ideia de construir, no inverno de 1970, este álbum, este projeto. Eram inclusive amigos de escola que usaram o ginásio como uma improvisada sala de shows, de forma ocasional.

O álbum é inaugurado com a faixa “Quomodo Manet” que explode em um rock n’ roll com riffs de guitarra se entrelaçando com os teclados e assim segue, com algumas variâncias rítmicas.

“Vita Nova Inventions” tem como sonoridade central o progressivo sinfônico, com a predominância das teclas, com algumas pitadas, diria, generosas, de jazz fusion muito bem executadas.Em algum momento traz uma atmosfera sombria, envolta em uma pegada mais experimental.

"Vita Nova Inventions"

“Whirl Wind” é tecnicamente simples, com uma melodia solitária de guitarra, com batidas meio psicodélica, lisérgica. “Istanbul”, também bem curta, entrega uma versão meio oriental, carregada nas passagens de bateria e a guitarra, com entremeios no piano, com uma vibe bem kraut. “Sylvester”, também de curta duração, segue basicamente a proposta da faixa anterior, com muito experimentalismo. “Wildman” também segue a levada da faixa anterior com um toque lisérgico. “Inventions Finale”, a mais curta música do álbum, tem também um viés um tanto quanto psicodélico e soturno. “Heya-Cleya” para algo muito pessoal, uma composição individual, com uma percussão um tanto quanto rítimica, meio tribal.

“Adoramus” segue puramente, por intermédio dos instrumentos, um viés de progressivo sinfônico, muito solar, intenso, pleno. Traz uma textura complexa, com um fundo psych orquestrado pelo órgão com belos vocais.

"Adoramus"

"Sunt Alteri” também é bem sinfônico, mas cadenciado, com uma levada meio pop, comercial, um tanto quanto acessível, mas bem complexo. “Adoramus Finale” é um pouco do oposto da faixa anterior, um pouco experimental, soando, em alguns momentos, dark, com um coral sacro, adornado por um teclado que sintetiza a aura da música. Complexa, contemplativa e arrojada.

Fecha com “Tempus Est” com uma vertente bem pesada, assemelhando-se ao clássico hard rock setentista, com habilidades progressivas e excelentes viradas rítmicas de tirar o fôlego.

O álbum foi remasterizado em 1995, uma reedição em CD e reza a lenda também de que as fitas máster do álbum teriam sido perdidas e que a reedição em CD foi restaurada a partir do vinil lançados à época. A banda desapareceu após a gravação do álbum, ainda em 1971, pois cada integrante começou a procurar novas experiências. 

Eddy Brown fundou sua própria escola de música e também conseguiu chamar a atenção com dois álbuns do Dzyan  entre 1973 e 1974 e também como membro do Missus Beastly por um curto período. Sylvester Levay se tornou um compositor conhecido e que ganhou, inclusive um Grammy por sua música “Fly, Robin, Fly”. Christian von Hoffmann é dono de uma loja de música, de discos e toca, ocasionalmente, jazz fusion.

A música do Vita Nova é definitivamente madura para o seu tempo, viciante nos padrões concebidos, repleto de mutações graças a sua estrutura versátil e multifacetada, sonoramente falando. Altamente recomendado!


A banda:

Eddy Marron na guitarra e vocal

Sylvester Levay  nos vocais, teclados vintage, Hohner Clavinet.

Christian Von Hoffman / bateria e vocal

 

Faixas:

1 - Quomodo manet

2 - Vita Nova inventions

3 - Whirl wind

4 - Istanbul

5 - Sylvester

6 - Wildman

7 - Inventions finale

8 - Heva-cleva

9 - Adoramus

10 - Sunt alteri

11 - Adoramus finale

12 - Tempus Est



Gamma - Gamma (1975)

 

Recentemente fomos acometidos por uma triste notícia: a prematura morte do exímio e inigualável passamento do guitarrista do Goblin, Massimo Morante. E como o seu próprio nome denuncia ele foi realmente um máximo! O suprassumo da guitarra a serviço do rock progressivo, do jazz rock, do hard rock.

Morante construiu, juntamente com o tecladista Cláudio Simonetti, a música vanguardista do Goblin, trazendo o conceito, a simbiose entre áudio e música, muito antes do clipe musical, graças as trilhas sonoras que embalaram os sombrios filmes de suspense e horror do cineasta Dario Argento.

O Goblin elevou o vertente do dark progressive na Itália e no mundo e Morante, com seu carisma, talento esteve sempre a frente do seu tempo e nunca, nunca será esquecido.

Poderia proferir alguns depoimentos do impacto que a música de Massimo Morante causou em minha vida de humilde ouvinte de rock n’ roll, mas prefiro escrever sobre este homem, e todo o seu legado, que certamente fará com que ele continue a viver, a viver por intermédio de sua obra.

Massimo Morante

E como todo legado, Morante deixou uma vastidão de trabalhos, projetos, além do seu mais audacioso e longevo trabalho com o Goblin e não podemos negligenciar a história da banda Cherry Five que, no início dos anos 1970, mais precisamente em 1975, aproximadamente, a banda estava embrionária, nascendo para o mundo e a sua espinha dorsal, fez com que a mais sucedida nascesse também, o velho Goblin.

A encarnação clássica do Goblin que figurou no Cherry Five e que resultou em um exuberante álbum, em 1975, homônimo, teve músicos do naipe de Cláudio Simonetti nos teclados, Massimo Morante na guitarra e Fabio Pignatelli no baixo. Esses jovens músicos, à época, talvez não tivesse noção que marcariam, para sempre, embora alguns setores da indústria fonográfica não reconhecesse a história do rock progressivo mundial.

Mas a minha homenagem singela ao Massimo Morante trará um trabalho em que eles não eram tão protagonistas, eram muito jovens na época, mas, dada a qualidade sonora era evidente o tamanho do talento desses músicos. Inclusive embora não seja, esse projeto, uma versão “pré-Goblin”, a sua formação contou com os músicos que fariam parte da formação original da banda.

Falo do GAMMA. “Gamma” foi uma minissérie italiana de ficção científica e drama, de 1975, dirigida por Salvatore Nocita e estrelada por Laura Belli, Giulio Brogi e Mariella Zanetti e que conta a história de um transplante de cérebro em um jovem piloto de corrida e de suas implicações éticas. Foi transmitida pelo famoso canal RAI.

Essa série precisava de uma trilha sonora, é claro. E adivinhem que foi chamado para capitanear, conduzir, compor tais músicas para a série: Enrico Simonetti! Vocês sabem que foi Enrico Simonetti? O sobrenome nos é conhecido, teria alguma relação com o eterno tecladista do Goblin e Cherry Five, Cláudio Simonetti? Digo que sim! Eu confesso que não sabia e quando ouvi a trilha sonora de “Gamma” e me coloquei a garimpar, a pesquisar sobre, descobri que Enrico era pai de Cláudio. E nessa história toda tem o Brasil!

Enrico Simonetti e a atriz Lolita Rodrigues

O músico, maestro, pianista, compositor e apresentador de TV Enrico Simonetti viveu no Brasil, em especial em São Paulo, entre os anos de 1952 e 1962, apresentando e tocando em um popular show da extinta TV Excelsior, chamado “Simonetti Show”, com a atriz Lolita Rodrigues, tendo a direção de um jovem e promissor estreante chamado Jô Soares.

Enrico fez muito sucesso entre os anos 1950 e 1960, nos primórdios da televisão brasileira e, como músico de formação, gravou várias trilhas sonoras de filmes e séries, inclusiva a conhecida minissérie da TV Globo, “Presença de Anitta”. Mas Simonetti também deixou a sua marca em seu país natal, Itália, gravando alguns materiais, participando de alguns projetos, incluindo “Gamma”.

Quando a trilha sonora foi lançada os músicos do Cherry Five à época, não tiveram tanta visibilidade, dando protagonismo, claro, ao Enrico Simonetti que capitaneou todo o projeto, concebendo-o, inclusive, compondo esse material. E não custa escalá-los novamente. “Gamma” tinha, como músicos de apoio, Massimo Morante, Fabio Pignatelli, Agostino Marangolo e claro, o filho de Enrico, Claudio Simonetti. O LP foi lançado pelo selo Cinevox entre 1975 e 1976.

Os membros da banda tinham pouco mais de 20 anos cada um e certamente eram prodigiosos. Tinham retornado da Inglaterra e encontrou o magnata Carlo Bixio, executivo da Cinevox, e estavam atrás de músicos para gravar a trilha de “Gamma” e teve nos “moleques” talentosos do futuro Goblin a oportunidade para fazer o projeto se tornar realidade, além, é claro, do forte sobrenome Simonetti, graças ao prestígio de Enrico, para dar um empurrão.

Não deu outra: foram contratados. Afinal, a Cinevox estava a procura de jovens criativos capazes de manipular sons, criar harmonias e melodias arrojadas e tinham nos garotos os requisitos necessários.

"Gamma” mostra a competência de condução de Enrico Simonetti e a já capacidade dos caras do futuro Goblin, com sonoridades calcadas em orquestrações e passagens progressivas e jazzísticas excelentes. Em “Gamma” não está configurada a sonoridade que faria do Goblin uma banda notável no occult rock, não tem aquela atmosfera ameaçadora e soturna, envolta em uma proposta obscura, mas ao ouvir cada faixa deste álbum, com um ouvido razoavelmente apurado, percebe-se nuances embrionárias do que viria a ser o grande Goblin.

Os jovens músicos já demonstravam talento, competência e liberdade criativa, tendo em Enrico, o fio condutor, a mola propulsora disso tudo, dada a sua já experiência. Sem contar que “Gamma” se tratava de um álbum de trilha sonora de uma minissérie, o que no Goblin seria uma máxima com Dario Argento! Nisso tinha uma relação forte.

“Gamma” mostra um soft rock, com um pouco de jazz e rock progressivo etc. É uma boa mescla de criatividade e excelência personificada em notas musicais. Satisfeito com o resultado final, os executivos da Cinevox capitaneados por Bixio colocou os garotos sob contrato gravando o que viria a ser clássicos do Goblin, como “Profondo Rosso” e os primeiros encontros com o cineasta italiano Dario Argento criando uma parceria longeva e de sucesso, mas isso é outra história.

O álbum é inaugurado com a faixa “Gamma” que começa ao estilo “soft rock” com o protagonismo do saxofone que é executado de uma forma contemplativa e suave, mas que logo irrompe em uma orquestra com violinos e uma guitarra com riffs pops.

"Gamma"

“Drug's Theme” começa com uma linha interessante de baixo e alguns recursos eletrônicos, adicionados a uma orquestra de fundo, dando uma pegada contemplativa e progressiva à música. Vai encorpando, com riffs de guitarra e logo volta ao estágio contemplativo inicial. Excelente faixa!

"Drug's Theme"

Em seguida temos “Oceano”, seguindo ao estilo da faixa inaugural, tendo a predominância do sax em uma atmosfera intimista e sombria, mas envolto em uma qualidade sonora invejável.

“Invidia” começa introspectiva, mas com uma levada jazzística na bateria, seguida tão logo pelo piano de Enrico, endossada pelos instrumentos de sopro dando corpo e substância a faixa, mas com quebradas rítmicas impressionantes. Uma faixa bem progressiva.

"Invidia"

“Paoletta” vem com o teclado no comando, trazendo algo de progressivo sinfônico, talvez algo de experimental também.

"Paoletta"

“Mascia” segue basicamente a mesma proposta da faixa anterior: trazendo a predominância dos teclados e um fundo jazzístico bem elaborado.

“Amore Mio Non Farmi Male” traz, graças aos riffs de guitarra ao estilo black, soul, algo dançante, com uma “pitada” de sofisticação graças à orquestra e os belos instrumentos de sopro. E mais uma vez tem o destaque do piano de Enrico.

"Amore Mio Non Farmi"

“Amicizia” traz de volta ao álbum ao seu cerne mais intimista e soft com o piano de Enrico ainda em evidência. Na sequência com “Chi mi cercherà” inclui vocais femininos ao álbum, algo bem comercial e radiofônico, mas feito com muita qualidade e que entrega aquelas macarrônicas músicas italianas dos anos 1960.

"Amicizia"

“Black Jack” apesar de curta traz certa austeridade, a orquestra, a condução da orquestra é a grande responsável por isso com um violão acústico ao fundo corroborando essa máxima à faixa.

"Black Jack"

E fecha com a faixa “Amico Piano” que, como “Chi Mi Cercherà” traz um pouco da cultura musical italiana.

“Gamma” foi relançado em 2007 com o nome “Enrico Simonetti e Goblin”, dada a consagração da banda que naquela época era apenas um embrião do que viria a crescer e dominar a cena progressiva obscura, sendo esta, sem dúvida, a melhor banda do gênero, de todos os tempos. Mas, relevem, sou apenas um fã apaixonado e passional.



A banda:

Enrico Simonetti no piano, teclados

Claudio Simonetti nos teclados

Fabio Pignatelli no baixo

Massimo Morante na guitarra e violão


Faixas:

1 - Gamma   

2 - Drug's Theme    

3 - Oceano   

4 - Invidia     

5 - Paoletta  

6 - Mascia    

7 - Amore mio non farmi male     

8 - Amicizia

9 - Chi mi cercherà

10 - Black Jack       

11 - Amico piano


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