quarta-feira, 5 de novembro de 2025

POEMAS CANTADOS DE CAETANO VELOSO


Saudade Brejeira
Caetano Veloso

Que saudade do meu alazão
Do berrante imitando o trovão
Da boiada debaixo do sol
Nos caminhos gerais do sertão.

Das estrelas na noite, luar
Capê-lobo na mata azul
Do arroz com pequi, do ingá
Dos amigos de fé da minha terra.

Minha terra de Ribeirão das Caldas
De olho-d'água, magia e procissão
De congadas, do meu chapéu de palha
Desse amor natural do coração.

Quando mãe traz notícias de lá
A vontade é voltar pra ficar
Me abençoa o céu de acauã
De ripina, pinhé no pé de serra.

Minha serra de ouro e dor dourada
Quanta tristeza nas tardes do sertão
Que a noite transforma em serenata
Cantoria que afasta a solidão.

O meu peito goiano é assim:
De saudade brejeira sem fim
Quando gosta ele diz que "trem bão"
Quanto canta a viola é paixão.


Saudosismo
Caetano Veloso

Eu, você, nós dois 
Já temos um passado, meu amor
Um violão guardado
Aquela flor
E outras mumunhas mais
Eu, você, João 
Girando na vitrola sem parar
E o mundo dissonante que nós dois
Tentamos inventar tentamos inventar
Tentamos inventar tentamos

A felicidade a felicidade
A felicidade a felicidade
Eu, você, depois 
Quarta-feira de cinzas no país
E as notas dissonantes se integraram
Ao som dos imbecis
Sim, você, nós dois
Já temos um passado, meu amor
A bossa, a fossa, a nossa grande dor
Como dois quadradões

Lobo, lobo bobo
Lobo, lobo bobo
Eu, você, João 
Girando na vitrola sem parar
E eu fico comovido de lembrar
O tempo e o som
Ah! Como era bom
Mas chega de saudade
A realidade é que
Aprendemos com João
Pra sempre
A ser desafinados
Ser desafinados
Ser desafinados
Ser

Chega de saudade
Chega de saudade
Chega de saudade
Chega de saudade



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