A trajetória do grupo se inicia em meados da década de 60, de forma não muito diferente da de tantos outros: garotos da zona sul carioca, amigos de colégio, com muita disposição e praticamente nenhum dinheiro no bolso. Após diversas experiências mal-sucedidas, Daniel C. Romani (guitarra) e Eduardo Leal (baixo) montaram o conjunto Código 20, já percorrendo, no final de 1968, o tradicional circuito de bailes dos clubes do Rio de Janeiro. Amigos de infância, há anos tocavam juntos, com várias formações e nomes: Os Quem, Brazilian Monkes, Os Escorpiões. “O Daniel disse que estava montando um conjunto com o Armando (bateria) e que estava precisando de um guitarrista base”, conta Eduardo. Autodidatas, vivendo a onda dos Beatles e dos Rolling Stones, eles economizavam até o último tostão para conseguirem alguns instrumentos. Recolhiam ferro-velho, fabricavam guitarras (ou algo vagamente similar, que acabava ganhando esse nome, na falta de outro melhor...) para vender, e tocavam de graça, porque, como defendia o Armando, “tocar era o grande lance”. Os resultados vinham chegando devagar, como atesta Daniel: “Era Armando na bateria, eu tocando solo, o Alemão na guitarra base, e o Eduardo já tocando baixo. Embora a gente não fosse grande coisa, não éramos fracos, chegamos a tocar nos melhores lugares por aqui em termos de baile. O grande lance dessa época era você tocar no Fluminense, Botafogo, em grandes domingueiras onde também tocavam uns grupos como Os Selvagens, por exemplo, que se jogavam no chão, pulavam nas mesas, as calças saint-tropez caíam, era uma loucura”. Nessa altura dos acontecimentos, enquanto a trajetória da banda ia evoluindo a pequenos passos, surge em cena um novo integrante, que daria uma grande guinada profissional no jovem conjunto, abrindo diversas portas e tornando possível tudo o que aconteceu depois.
Paulo Cezar Willcox era um jazzista por excelência, e um grande vibrafonista, mas parecia ter chegado um pouco tarde à cena musical brasileira. Depois do boom de bossa-nova instrumental de meados da década de 60, esse som já estava começando a ficar por demais saturado, e ele resolveu tentar a sorte no crescente e promissor mercado do rock’n’roll. Juntou-se ao Código 20 pouco antes de um concurso de bandas amadoras da TV Globo, que oferecia como prêmio: quatro apresentações no programa do Paulo Silvino, além de toda uma nova aparelhagem e instrumentos musicais, coisa que o grupo precisava urgentemente. Integrado ao conjunto, “Zé Bola”, como era chamado, logo se colocou em posição de destaque, introduzindo grandes doses de profissionalismo e planejando a performance do grupo na grande final. Devidamente caracterizados de terninhos, para horror da maioria dos rapazes (que não usavam paletó nem em casamentos), eles apresentariam “There’s a Kind of Rush” dos Herman’s Hermits, seguido de “Tequila”, aquele clássico instrumental cucaracha dos Champs, que tinha o título cantado em uníssono ao fim de cada frase. Na apresentação final, no programa do Chacrinha, Willcox tocou o vibrafone de maneira feroz, saiu em seguida do palco e voltou empurrando dois enormes tímpanos de orquestra, atacando-os em duelo furioso com a bateria. Isso causou um grande furor no público e nos jurados, e fez o grupo afinal levar o primeiro prêmio dentre, literalmente, milhares de jovens bandas concorrentes.
Logo após a entrada de Willcox, o baterista Candinho (Cândido Souza Farias), já com alguma experiência e também versado no idioma do jazz, também havia se juntado à banda. “Na realidade, o Willcox e o Candinho na época entraram praticamente juntos”, recorda Daniel. “O Willcox chegou pra mim e falou que com o Armando não dava, não tinha jeito. Eu argumentei que montei tudo com ele, desde o começo, mas ele insistia em trazer o Candinho. O Armando ficou muito aborrecido, mas o Willcox tinha conhecimentos, ia abrir algumas portas para a gente. Na realidade eles não entraram só porque nós éramos bacanas. No fundo eles viam a banda mais como uma oportunidade de faturar um troco. Nós éramos músicos tecnicamente e teoricamente mais fracos frente ao nível deles, então tínhamos que ralar muito para conseguir acompanhá-los”. E essa foi a época em que todos começaram a deixar o amadorismo para trás e a efetivamente amadurecer como músicos.
No começo de 1969, o conjunto conseguiu um contrato na boate Catraka de São Paulo. Egresso da bossa nova (mais especificamente do grupo Agora-4), o tecladista Luiz Paulo Simas se juntou à banda nessa ocasião: “O grupo precisava de um organista para cumprir um contrato longo numa boate em São Paulo. Me contrataram, pois eu tinha um órgão Eletrocord, e eu larguei o segundo ano da faculdade de arquitetura no Fundão para ir com eles para São Paulo. Era um bom salário, e uma boa desculpa para largar a faculdade”.
Assim, com Willcox no vibrafone, Daniel na guitarra, Luiz Paulo Simas no órgão, Eduardo no baixo e Candinho na bateria, surgiu a primeira formação do Módulo 1000, nome inspirado pelos módulos lunares americanos e soviéticos, muito em voga naquela época de corrida espacial.
Na temporada na Catraka, o Módulo 1000 tocava o repertório de clássicos da época, como Beatles, Stones, Hair e Hendrix. Mirna, irmã de Daniel, participou por um tempo, adicionando uma voz feminina, mais comercial e acessível, ao gosto de Willcox. Entretanto, os objetivos dele e do resto do grupo estavam começando a se distanciar. “A Catraka era uma casa muito grande, e a gente morava no andar superior; só dormia, ensaiava e tocava o dia inteiro. Foi aí, nesses ensaios, que a gente começou o nosso complô”, lembra Daniel. “O Willcox percebia que nessas horas extras fora do trabalho, nós quatro fazíamos um esquema paralelo de jam sessions para anotar algumas coisas, gravar outras. Ele notava que a gente estava sempre querendo dar uma guinada para esse lado, mas não houve uma briga, nós nunca discutimos. Ele mesmo foi percebendo que aquele som não abrigava mais o vibrafone ou a contrariedade dele. A gente queria sair daquele esquema de show-baile, queria fazer uma banda de rock progressivo, isso nunca saiu da nossa cabeça”. Antes de se despedir do grupo, Willcox ainda deu uma mão no V Festival de MPB da Record, em novembro de 1969. Para se vingar dos odiados ternos impostos em “Tequila” no ano anterior, um figurino “tropicalista” típico – totalmente esculachado – foi escolhido a dedo para o desconforto de Willcox.
“O Módulo 1000 foi aquela banda que falou: ‘não quero tocar mais nada de ninguém’”, afirma Daniel. Os quatro músicos começaram 1970 dispostos a tudo. Não que não houvesse exceções – dentro de um certo contexto, poderia ainda rolar algo como “Communication Breakdown” (do Led Zeppelin) ou “Sweet Leaf” (do Black Sabbath), por exemplo – mas a meta agora era vencer nos próprios termos, definitivamente. Permanecendo mais tempo em São Paulo, onde o circuito de shows oferecia mais oportunidades, os espaços foram sendo pacientemente conquistados. Os shows-baile de quatro horas foram reduzidos para quarenta minutos. “Conseguimos um contrato para tocar em Praia Grande, no Clube Siri. Tocávamos para dançar no clube todas as noites – sete vezes por semana! – para um salão sempre lotado de jovens que nos adoravam. Quando chegava a época de temporada só dava a gente no clube”, relembram Eduardo e Luiz Paulo, sobre o clube onde ainda iriam se apresentar por mais dois anos. Daniel também tem boas recordações desse período: “O Módulo 1000 já tinha uma aceitação; não era um som de parada de sucesso, mas o pessoal vinha ver. As pessoas gravavam, pediam, conheciam já as músicas pelo nome, até cantavam junto em latim! Todo lugar que a gente ia, havia comitivas de carro acompanhando a gente”.
As convicções podiam ser fortes quanto ao direcionamento musical, mas a meta também era gravar, afinal de contas. Através de um contato com a dupla de compositores Sérgio Fayne e Vítor Martins (posteriormente parceiro de Ivan Lins), o grupo conseguiu uma audição na Odeon, que estava abrindo espaço em seu cast para grupos alternativos. Seguindo o conselho da dupla, o conjunto apresentou um material bem mais acessível, com influências de MPB e sonoridades mais leves, o que deu resultado, agradando aos produtores. Seis faixas foram lançadas ao todo pela Odeon. Apesar de reconhecer que o esforço era legítimo para chegarem a um LP exclusivo pela gravadora, Daniel não guarda muita afeição por essas faixas: “Nós fizemos todas essas músicas, que eu não gostava na época e continuo não gostando, não refletiam o nosso som. Naquela época a gente não fazia nada daquilo. Mas os caras (Odeon) acharam interessantes as faixas anteriores, e aí já dava para fazer uma coisa diferente, que já me agradou mais, era o som que eu estava a fim de fazer. Compus algo numa veia mais Led Zeppelin, naquele balanço. Eu pedia ao Candinho: ‘Eu quero esta batida tipo John Bonham’, no que ele respondia: ‘Foda-se, vou fazer a minha’. A gente brigava muito, eu dizia que tinha que ser mais rock, ele dizia que ia dar um rufo de jazz, e aí ficava totalmente diferente”. A composição em questão se chamava “Ferrugem e Fuligem”, e foi lançada na ótima compilação “Posições” da Odeon, junto com a faixa “Curtíssima” (que era realmente muito curta...). Junto ao Módulo 1000 dividindo o LP, havia um time de respeito, contando com os grupos Som Imaginário, Tribo e Equipe Mercado. Destes, apenas o Som Imaginário conseguiria efetivamente lançar LPs (três) pela gravadora.
O período na Odeon também possibilitou a participação no V Festival Internacional da Canção, em outubro de 1970. Eles defenderam a música “Cafusa” (de Fayne e Martins) na fase nacional, onde também participava O Terço com seu “Tributo ao Sorriso” (classificada em nono lugar). Eduardo lembra da importância do evento: “Conseguimos um contrato com a Odeon e de lá fomos classificados para a final do FIC, que ia acontecer no Maracanãzinho. Foi quando voltamos para o Rio com outro status, mais perto dos deuses. Foi nesta volta que começamos a compor de fato”. Ensaiando 8 horas por dia, sete dias por semana, antes do final do ano o Módulo 1000 já tocava todas as faixas que comporiam seu futuro LP de estréia. Basicamente o material era de Daniel e Luiz Paulo, com Eduardo e Candinho participando dos arranjos. Por causa da letra em latim de “Turpe Est Sine Crine Caput”, em um show em Juiz de Fora os federais do DOPS subiram no palco, desligaram tudo, e convocaram os músicos para explicar a “terrível letra cifrada e subversiva”. Na realidade se tratava apenas de “É um fato, é um fato, é horrível uma cabeça sem cabelos...”.
De novo baseado no Rio, o grupo trabalhava com o empresário Marinaldo Guimarães, um personagem típico da época, preocupado sempre em fazer o público pensar. O espetáculo “Aberto para Obras” pode ter representado o auge de suas proposições estéticas. Montado no Teatro de Arena do Largo da Carioca, o público entrava por estreitos corredores e se via separado dos palcos por cercas de arame farpado. Descobrindo finalmente como chegar a seus lugares, tinham que escolher entre olhar para baixo, onde estava o Módulo 1000, ou para cima, onde se encontrava O Terço. Abaixo havia também uma mulher preparando pipoca em um fogão e mais adiante, sentado em um vaso sanitário, o irmão de Jorge Amiden (d’O Terço) empunhando estático um violão por três horas seguidas, apenas para arrebentá-lo no final de tudo. No meio da platéia, diversos pintores, entre eles Wander Borges, que faria a capa do LP da banda. “Entre os shows que fizemos no Rio”, recorda Luiz Paulo, “me lembro bem do Teatro da Praia, com o ‘leão da Metro’ projetado nas cortinas antes de se abrirem, manequins espalhados pela platéia e eu estreando com o primeiro sintetizador no Rio (talvez no Brasil?) – meu Synthi A da fábrica EMS inglesa. O nosso empresário era muito chegado a ‘happenings’, avant-garde e afins, e sempre nos dava força quando a coisa ia para esse lado”. O grupo também experimentava na busca de novos sons, criando o “mandum”, sua versão da talk-box (voice bag).
Foi nesse momento que apareceu o convite de Ademir Lemos para a gravação de um LP pela Top Tape, em 1971. O grande problema era que o estúdio só estaria disponível se o registro fosse feito imediatamente, e o grupo estava em um momento de transição entre o material do ano anterior e uma nova fase do repertório. Todavia, o novo material não estava ainda suficientemente polido, enquanto que aquelas músicas de 1970 já estavam mais que acertadas. Para não deixar a oportunidade escapar, a solução foi gravar aquele repertório que já se encontrava bastante defasado, e nem era mais tocado ao vivo.
No modesto estúdio da Musidisc os técnicos de som não viam com bons olhos as experimentações do conjunto. As caixas Leslie do órgão, os ecos, a colocação do amplificador no banheiro (onde mais conseguir aquela sonoridade? Até o Deep Purple fazia essas coisas), guitarras gravadas ao contrário, tudo era uma dor-de-cabeça para Valter, o técnico chefe. O estúdio ficava à disposição do grupo, e apesar dos técnicos, desacostumados com aquela loucura toda, acharem os resultados horríveis e “sujos”, a cervejinha sempre acabava distraindo suas atenções, e o disco foi assim finalizado. A caríssima capa tripla, com ilustrações psicodélicas de Wander Borges, parece ter sido inspirada na faixa de Daniel que dava nome ao disco: Não Fale com as Paredes. “As paredes eram os obstáculos que as pessoas tinham para emitir seu ponto-de-vista político, sexual, de gostos. As paredes sempre existiram dentro da nossa própria casa... Eu não era um cara político mas na época os caras sempre enchiam o teu saco”. O jornal Rolling Stone, em sua edição nacional de número 4 (de 21 de janeiro de 1972) trazia um anúncio de página inteira: “Nosso som é o som do mundo, para ser sacado e curtido” – Módulo 1000, com a foto do quarteto e a capa do disco, trazendo apenas o nome da banda, do disco e do produtor Ademir.
1972 - Não Fale com as Paredes http://*www.*mediafire*.com/download/ppiei5y6nj0g0hl/1972+-+Nao+Fale+com+Paredes.rar (precisa tirar os *)
01 Turpe Est Sine Crine Caput (Módulo 1000) 02 Não Fale Com Paredes (Módulo 1000) 03 Espelho (Módulo 1000) 04 Lem - Ed - Êcalg (Módulo 1000) 05 Ôlho por Ôlho, Dente por Dente (Módulo 1000) 06 Metrô Mental (Módulo 1000) 07 Teclados (Módulo 1000) 08 Salve-se Quem Puder (Módulo 1000) 09 Animália (Módulo 1000)
O resultado final dessas conturbadas sessões, o LP “Não Fale Com Paredes”, não teve, como já seria de se imaginar, uma recepção das mais calorosas. Nessa altura dos acontecimentos, Zezinho, o diretor da gravadora carioca Top Tape, já estava de certa forma arrependido de ter dado carta branca a Ademir Lemos – também conhecido nos bailes como DJ Ademir – então em alta na Top Tape (com o sucesso dos seus LPs de discotecagem “da pesada”). Na ocasião em que foi aberta a brecha para o Ademir produzir alguns discos, o disc jóquei logo lembrara dos amigos do Módulo 1000, que já tinham feito vários bailes com ele. Ele indicou a banda, se responsabilizou pela sua qualidade e produziu ele mesmo o LP. Quando Zezinho finalmente ouviu o trabalho, o LP já estava prensado e pronto para ir para as lojas. Ele sabia que rock brasileiro já não dava muito dinheiro, ainda mais... Aquilo!
Os quatro músicos do Módulo 1000 tinham tido muita sorte de ter conseguido em pleno 1971 – mesmo que numa gravadora pequena – aquela produção toda para um LP. Ainda que o estúdio da Musidisc fosse modesto e os técnicos de som despreparados para todas aquelas novidades, Ademir tinha dado total liberdade para eles gravarem o que quisessem. Quando foram afinal conversar com o diretor, já sabiam de antemão que ele estava irritadíssimo com o disco. Chegando a seu escritório, ele foi direto ao assunto: “Esse disco é uma merda!”. O que ele não esperava era a resposta do Daniel: “Então você vai ter que comer esta merda toda, porque você foi um cara omisso, não apareceu nas gravações para ver que banda era essa que você estava bancando, então vai se foder”. Isso não ajudou realmente a situação do grupo na gravadora, mas de qualquer forma o disco acabou indo para as lojas. Afinal de contas, o pessoal sabia que seria virtualmente impossível outra gravadora aceitar aquilo que eles faziam, sem nenhuma restrição.
Analisando-se o contexto musical da época sob perspectiva, o diretor da Top Tape tinha lá suas razões para não ter gostado do trabalho. Comercialmente falando, o disco era um suicídio. Se nem mesmo a exposição semanal no programa “Som Livre Exportação” da TV Globo garantia muito retorno aos Mutantes e O Terço, conjuntos de ponta da época, o que esperar então da hard psicodelia “pauleira” do Módulo 1000, influenciado por Black Sabbath e Led Zeppelin, e ainda por cima com letras em latim? Esse som praticamente inexistia no país. O pouquíssimo espaço que se dava ao rock era para as bandas estrangeiras, e era um sacrifício tomar conhecimento de shows e lançamentos de rock nacional, apesar da boa vontade da Rolling Stone brasileira (de curta vida nesses solos áridos). Desde os anos sessenta, a sobrevivência estava em tocar material alheio em bailes, ou conseguir trabalho com algum artista de sucesso, como A Bolha (companheiros de Top Tape e “concorrentes” diretos do Módulo 1000, pois seus empresários não se bicavam muito...) viria a fazer mais tarde, tocando com Erasmo Carlos.
O desentendimento com a direção da gravadora não impediu, contudo, que o grupo lançasse outro compacto pela Top Tape. Naquela década, uma grande fonte de renda desses selos eram os artistas brasileiros, sob pseudônimos e gravando em inglês. Daniel lembra com dificuldade dos detalhes: “Alguém chegou e falou que tinha tantas horas de estúdio, se a gente não queria fazer alguma coisa com um nome diferente, tipo Love Machine. A nossa reação não foi eufórica, principalmente porque a remuneração não era nada de fantástico. Talvez a gente tenha feito isso porque o Ademir era nosso amigo, arrumou um disco pra gente, e o Zezinho talvez ficasse mais feliz se a gente gravasse umas músicas bacanas em inglês. O lado A, ‘Cancer Stick’, era quase um rap, eu falando com voz encorpada sobre os malefícios do cigarro, e o Ademir tossindo ao fundo. ‘Waitin’ For Tomorrow’ foi composta na véspera e rapidamente finalizada no estúdio”.
Sobre o trabalho do grupo ainda em 1972, prossegue Daniel: “Na verdade, o novo material era completamente diferente do LP, tinha uma preocupação de não se repetir. Tinha ‘Lages Cadaverinas’, ‘Sete Quartos’ (uma música, adivinhem só, em andamento 7/4!), ‘Licor de Rabanete’, ‘Olhar Estéril’, ‘Nua’. A gente explorava mais os compassos quebrados, fazendo um diálogo maior de riffs que não existia antes. Além da guitarra, já havia um sintetizador, e um órgão Farfisa. Sonoramente o conceito mudou, mudamos todo o estilo – tinha muita coisa aleatória e muita coisa marcada, com um punch que faltava antes. Já fazíamos até a utilização de cavaquinho e bandolim, num contexto bem diferente”. Essa nova fase também foi marcante para Eduardo: “Estávamos começando um show no Teatro da Praia, em Copacabana, quando arrebentou minha corda bordão do contrabaixo. Tentei emendar, tentei tocar sem usar o bordão, não consegui. O Candinho me falou: ‘Cara, acho que você precisa de um choque para ver se muda’. Ele tinha toda a razão! A partir daí comecei a compor igual a um doido. Essa nova fase do Módulo 1000, que não ficou registrada, foi muito importante para mim, pois fiquei seguro da minha capacidade e criatividade. Se não me engano, o Daniel ou o Luiz Paulo, um dos dois fez um comentário, logo depois de um show, de que a melhor música do Módulo dessa fase havia sido criada por mim!”.
Apesar da falta de perspectivas de um segundo disco, diversos shows e eventos ainda impulsionavam a banda. Em 1972 foram convidados pelo Governo para reinaugurar a concha acústica de Brasília. Com nada menos que 46 caixas de som conectadas ao PA, dava pra se ouvir o estrondo a 3km de distância. No ano seguinte o grupo participaria do terceiro festival ao ar livre do Brasil, o “Transa-Som-Folk-Rock-Pop no Sertão”, no Vale do Jequitinhonha, ao lado de DJ Ademir, Rui Maurity, Jorge Mello e Serguei. “Um acontecimento absolutamente surrealista, num lugar absolutamente surrealista também”, nas palavras de Luiz Paulo, “Tudo armado pelo filho de um fazendeiro da região. A população local nunca tinha visto cabeludos, nunca tinha ouvido rock. Foi um susto!”.
Em meados de 73, a história do Módulo 1000 chega a seu capítulo final. “Acho que foi por falta de perspectivas e de dinheiro. Ninguém brigou, realmente”, ressalva Luiz Paulo. Aquele mesmo ano ficaria marcado como o início de uma espécie de boom no rock brasileiro. Gradualmente, foi se tornando mais fácil lançar e divulgar um disco. A recém-lançada revista Pop já ocupava o lugar da finada Rolling Stone, e, no Rio de Janeiro, entrava no ar a histórica rádio Eldopop FM, que mudaria diversos conceitos e implementaria novos padrões musicais na cabeça de muita gente. Apesar disso, todos aqueles anos de luta tinham desgastado bastante o grupo. Nas palavras de Daniel: “A expectativa era lançar um segundo disco, mas o clima já não era o mesmo. A última coisa que eu me lembro dos últimos dias da banda foi após um festival de inverno em Juiz de Fora. A gente veio conversando, eu e o Luiz Paulo, das razões pessoais que nos levaram a um certo desgaste. Marcamos uma reunião, se não me engano no Alto da Boa Vista, e concordamos que a banda deveria realmente acabar. Cada um ia seguir o seu caminho... O Luiz Paulo, por exemplo, já estava entrando em contato com o Lulu Santos, do Veludo Elétrico, para montar outra banda”.
E foi o que realmente veio a acontecer. Depois do final do Módulo 1000, Luiz Paulo e Candinho se juntaram a Fernando Gama (baixo), ex-Veludo Elétrico, e formaram o mitológico Vímana. Pouco depois Lulu Santos (guitarra) completou a formação que participou dos festivais Banana Progressiva e Hollywood Rock, em 1975. Quando o grupo lançou em 1977 um compacto pela Som Livre, “Zebra”, Candinho já havia sido substituído por Lobão, e Ritchie Court havia assumido a flauta e vocais. Esse foi o único trabalho da banda publicado (de fato, um LP inteiro foi efetivamente registrado, para jamais chegar a ser lançado). O Vímana acabaria por se separar no ano seguinte, com seus meses finais sendo dedicados a uma parceria com o tecladista Patrick Moraz (N.E.: ex-Yes) que acabou não se concretizando, restando apenas algumas poucas faixas gravadas em estúdio e abandonadas. Tempos depois, Ritchie ainda proporia uma parceria a Daniel, mostrando-lhe seu novo trabalho, bem mais direto e focado para o mercado. Entretanto, apesar de todo o óbvio potencial comercial daquelas canções, “Menina Veneno” estava um pouco distante demais dos objetivos de Daniel... Luiz Paulo, por sua vez, passou a criar trilhas e jingles para filmes e TV (curiosamente, ele é o criador do famoso “plim-plim” da Globo), participando também de turnês e gravações de vários artistas. Em uma única ocasião se reuniu novamente a Daniel e Candinho, em um dos seis dias de show no Planetário carioca. Entre outros convidados, participaram também do evento Sérgio Dias, Cláudio Nucci, Marçalzinho e Liminha. Em 1989 mudou-se definitivamente para Nova York, onde, fiel às suas raízes musicais, se dedicou aos ritmos brasileiros, já tendo lançado alguns CDs. Em 2007 lançou nos EUA e no Brasil o CD “Cafuné”. Seu trabalho atual pode ser conferido em seu site, http://www.luizsimas.com. Candinho, possivelmente inspirado por Luiz Paulo, também migrou para os Estados Unidos, e no momento reside na Flórida, trabalhando com artesanato e ainda tocando bateria. Eduardo se mudou para Brasília e atualmente dedica parte de seu tempo à atividade de músico (agora nos teclados) e compositor, tendo dois CDs na linha new age já lançados, além de composições próprias gravadas por artistas da cena local. No momento desenvolve seu novo trabalho, chamado “Ópera Leiga do Cerrado”. Daniel acabou se voltando para o trabalho de músico de estúdio, dedicando-se também a dar aulas de guitarra e consultorias sobre o instrumento. Há mais de dez anos trabalha continuamente no projeto “Four Walls”, que reflete seu desenvolvimento como músico nas últimas três décadas, bem como seu interesse pela música progressiva e étnica. Por fim, Paulo César Willcox, após deixar o grupo, trabalhou como músico de estúdio e arranjador durante o restante dos anos setenta, muito respeitado entre seus pares, vindo a falecer de um ataque cardíaco ao final daquela década.
Nos dias de hoje, para a surpresa dos próprios músicos, que consideravam o disco praticamente enterrado, “Não Fale Com Paredes” continua despertando interesse de colecionadores e fãs do mundo todo. Diversas páginas na Internet colecionam apreciações apaixonadas sobre a banda, sempre elevando o álbum à categoria de “obra-prima” do hard-prog-psych brasileiro. Recentes reedições em CD e em LP (nem sempre oficiais, mas com razoável qualidade de gravação e apresentação, reproduzindo fielmente todo o trabalho gráfico e a capa tripla, como a edição em vinil e CD do selo alemão “World in Sound”) tornaram o trabalho do Módulo 1000 novamente acessível em maior escala. Edições originais do LP, entretanto, continuam sendo avidamente cobiçadas em todo o mundo. Distribuídas em catálogos de revendedores especializados e em sites de leilões virtuais, atingem facilmente o preço de algumas centenas de dólares. Todos esses fatores reunidos ajudam a manter brilhante ainda hoje a aura do Módulo 1000, que mesmo não tendo sido responsável pela criação de nenhum estilo musical propriamente dito, foi um dos honrosos pioneiros na introdução do rock progressivo em terras brasileiras. Ipso facto!
Israel Ka‘ano‘i Kamakawiwo'ole,mais conhecidocomoIsrael Kamakawiwo'oleouBruddah IZ(pronúnciaIPA[kamakaʋiwoˈʔole];Honolulu,20 de maiode1959—Honolulu,26 de junhode1997), foi umcantorecompositorhavaiano. Kamakawiwo'ole, que usava também o nome "Braddah IZ", foi muito famoso em sua terra natal e era descendente de uma linhagem pura de nativos havaianos. Nunca ocultou a sua posição a favor daindependênciadoHavaíe de defesa dos direitos dos nativos. É um dos nomes mais conhecidos do estado americano doHavaí.[1]
Biografia
Em 20 de Maio de 1959, nos últimos dias da era territorial do Havaí, três meses antes das ilhas havaianas se tornarem o 50º estado dos Estados Unidos, um bebê nasceu na histórica hospitalar Kuakini de Honolulu, cuja voz uniria o povo havaiano e seria ouvida por todo o mundo. Ele era o terceiro filho de Evangeline Keale Kamakawiwo'ole, uma mulher havaiana nascida em Ni'ihau, e Henry "Tiny" Kaleialoha Naniwa Kamakawiwo'ole, um parte-havaiano nascido em O'ahu. Seus pais orgulhosos sabiam que ele seria especial antes mesmo de ele emitir seus primeiros vocais ousados.
Eles o chamaram de Israel Ka'ano'i Kamakawiwo'ole. Em havaiano seu último nome significa "o olho destemido". Henry e Evangeline iriam pressionar Israel muito mais do que seu irmão e irmãs; ele não podia errar. Este filho da terra era de uma raça rara, um havaiano quase puro de linhagem incomum; ele podia traçar suas raízes ancestrais para uma ilha que, ainda hoje, continua a ser a mais havaiana de todas, a chamada ilha "proibida" de Ni'ihau.
Sua primeira experiência no desempenho estava em barcos a vapor em Waikiki, onde seu pai era um segurança e sua mãe era a gerente. Ele tinha que atender todo mundo e passava o tempo com Gabby Pahinui e os Filhos de Hawai'i. Com 10 anos de idade, iriam chamá-lo no palco com seu Ukulele. Israel ganhou a admiração e louvor de seus anciãos. Todos os músicos pensavam que Israel tinha e era algo especial. Eles sabiam que um dia ele seria alguém. Por agora, eles o chamavam de "o garoto com o Ukulele".
Israel, agora no início da adolescência, passou por uma mudança de país. Israel não tinha ideia, como a mudança para Wai'anae Costa de O'ahu, causaria uma mudança fundamental em sua vida. Em Makaha, ele formaria uma banda que iria balançar as ilhas.
O encontro casual de dois estudantes truant (Israel e John Koko) na praia foi o começo de uma banda que todos conheceriam em breve como Makaha Sons of Ni'ihau. Os Makaha Sons gravaram 21 álbuns, ganharam muitos prêmios Hoku Na e mudaram a história da música havaiana.
Em 1993, após uma temporada de sucesso como um dos membros dos Makaha Sons of Ni'ihau, IZ (nome artístico internacional adotado por Israel) decidiu aventurar-se por conta própria. "Ele procurou-me por causa do meu sucesso como produtor de gigantes da música havaiana contemporânea, como os irmãos Cazimero, irmão Noland, Rap Reiplinger e muito mais. O nosso encontro iria definir o cenário da música havaina e também o rumo do resto da carreira dele. Contou-me que desejava uma carreira solo e queria a minha ajuda para traçar esta nova empreitada na indústria da música. Ele sentiu que a minha reputação como produtor e a força da minha empresa (Mountain Apple Company Inc.) se adequava perfeitamente às suas necessidades. Nosso relacionamento floresceu e até o resto de sua vida, eu era o produtor do IZ, confidente e mentor musical. Nosso primeiro lançamento foi o seu notável CD solo "Facing Future" - Jon de Mello.
A produção, focada na voz impressionante de Israel, deu um pontapé em sua carreira solo de forma extremamente bem sucedida. Após "Facing Future", veio o lançamento de mais cinco gravações notáveis: "E Ala E" (1995), "N Dis Vida" (1996), "IZ In Concert: O homem e sua música" (1998), "" Alone In IZ Mundial "" (2001) e "Wonderful World" (2007). "Facing Future" continua a ser o mais vendido álbum de música havaiana no mundo. Em 2002, foi certificado ouro pela RIAA, a primeira vez que uma etiqueta havaiana conseguia o feito. Em 2005, ganhou um disco de platina pela venda de mais de 1 milhão de unidades. Em seguida, "Alone In IZ World" foi certificado ouro. A cada ano que passa, a presença de IZ na indústria da música e as vendas de suas gravações continuam a crescer, apesar das tendências contrárias àquele tipo de som que cercavam a indústria. Uma história surpreendente sobre um homem surpreendente, o homem referido por alguns como o Hawaiian Suppaman (Superhomem Havaiano).
Enquanto IZ sempre foi reverenciado no Havaí, sua influência em todo o mundo veio mais tarde. A música de IZ primeiramente ganhou atenção nacional em meados de 1990. O escritor da Billboard Magazine, Dave Reece cita: "Em 1997, em apenas sete semanas, músicos havaianos-cidadãos de um Estado cuja população é uma fração de todos os outros, apareceram no Top World Music Albums. Ainda mais impressionante foi a contagem individual marcada pelo querido vocalista, falecido Israel Kamakawiwo`ole. Seu álbum 'N Dis Vida' ficou notáveis 39 semanas nos top Albums e ele emocionado escreveu uma carta para seu público onde a frase marcante fora: "Ouvintes de todo o mundo estão se tornando conscientes do poder da música", incluindo aqueles envolvidos no cinema e na televisão. Estes grandes fãs insistiram no desejo de que a música de IZ fosse usada em seus projetos. Desta forma, quanto mais IZ foi exposto ao mundo, mais fãs surgiam. A Universal Films contactou a Moutain Apple Company Inc sobre uma licença exclusiva para usar a gravação "Over The Rainbow/What A Wonderful World" no filme Meet Joe Black ("Encontro Marcado" no Brasil).
A chamada foi o resultado do diretor Martin Brest ("Perfume de Mulher", "Beverly Hills Cop"), o amor desta versão notável. Em seguida, eToys.com adotou a música do IZ para uma série de comerciais de televisão nacionais. A voz de Israel foi combinada a estes comerciais de televisão, que celebram a descoberta de um mundo cheio de admiração. Este sucesso levou à um artigo no Washington Post e no TV Guide. Mais exposição levou a mais fãs, e os fãs estavam realmente apaixonados pela música. Em dezembro de 2000, o autor de best-seller Dean Koontz, honrou Israel na frente de seu novo livro "A partir do canto de seu olho". A citação de Koontz presta homenagem ao poder desta música: "Como eu escrevi este livro, a música singular e bela do falecido Israel Kamakawiwo'ole estava sempre brincando. Espero que o leitor encontre prazer na minha história igual à alegria e consolo que eu encontrei na voz, o espírito, e o coração de Israel Kamakawiwo'ole." Koontz seguiu esta homenagem por mais um kudo para IZ em outro best-seller livro "Uma porta do Céu", lançado em dezembro de 2001, dizendo: "Pela segunda vez (a primeira ter sido como eu trabalhei em a partir do canto do olho), eu escrevi um romance, enquanto escuta a música singular e bela do falecido Israel Kamakawiwo'ole. Quando eu mencionei Bruddah Iz em que o livro anterior, muitos de vocês escreveram para compartilhar seu entusiasmo por sua música, que afirmada a vida. Dos seus seis CDs, os meus favoritos pessoais são "Facing Future", "Em Dis vida", e "E Ala E". "Uma vez que uma presença tão grande quanto IZ fica se movendo, é muito difícil de parar, e isso não aconteceu. O impulso continuou no final de 2000, como mais uma vez sua música foi destaque em um grande filme, "Finding Forrester", estrelado por Sean Connery e dirigido por Gus Van Sant ("Good Will Hunting"). A única pista vocal incluída na trilha sonora do filme com Miles Davis, Ornette Coleman e Bill Frisell, IZ expostos a fãs de jazz de todo o mundo, e responder que eles fizeram. Em julho de 2001, a música de IZ atingiu a tela grande mais uma vez, desta vez no filme "Made", estrelado por Vince Vaughan e Jon Favreau. Em 29 de janeiro de 2001, America On Line (AOL) incluiu informações sobre IZ em sua tela de boas-vindas, inédito para um músico havaiano. Milhões de assinantes da AOL foram introduzidas para IZ e sua música como eles conectado on-line.
2001 também viu o lançamento do CD do IZ, "Alone In IZ World", que estreou #1 no Mundial da Billboard Chart e #135 na Billboard Top 200. Este CD é um dos 12 únicos a estrear #1 na parada mundial. Manteve-se de forma consistente no Top 10 do Mundo da Billboard Chart, até que foi obrigado a mudar-se para a carta Catálogo Mundial, onde se tem mantido um ranking estável desde seu lançamento. Na verdade, "Facing Future" manteve-se na Carta Mundial por surpreendente 493 semanas com "Alone In IZ World" ficou lá por 300 semanas (todos no top 5), cada um com nenhum indício de vacilante. Para este dia, a música de IZ ainda está nas paradas da Billboard, Facing Future está caindo em cima de 700 semanas no top 10 da parada Mundial, Alone In IZ Mundial tem sido na parada por 423 semanas e Wonderful World goza de 150 semanas na parada (no final de 2009). O lançamento de "Alone In IZ World" rendeu artigos no prestigiado Washington Post e Chicago Tribune e de novo, mais fãs seguido. Em maio de 2002, o produtor John Wells selecionado a música de IZ para o bom avaliado programa de televisão "ER". Wells colocou-o no final da temporada, que foi visto por 50 milhões de pessoas. Após a exposição de sua música em "ER", IZ foi destaque na revista People e Parade Magazine.
Mais uma vez, a exposição trouxe mais fãs mais leais e apaixonados. O resultado, mesmo ainda mais a exposição quando a música foi usada no filme 50 First Dates, estrelado por Adam Sandler e Drew Barrymore. A música serviu para destacar a cena emocional final, desenhando raves de telespectadores. Imediatamente após o lançamento do filme, "Over The Rainbow" chegou a R & R (Radio & Records) Adult Contemporary Chart, bem como a Billboard AC Individual, subindo de forma constante, como as estações de rádio AC em todo o país começaram a adicionar a música para suas listas de reprodução. A capacidade de vocal de Israel para fazer uma conexão imediata com o ouvinte fez dele um favorito dos grandes agências de publicidade. Suas gravações são destaques em comerciais de todo o mundo, que permanecem em rotação por causa da habilidade única de Israel para se conectar. Por razões que não podem ser adequadamente explicadas ou entendidas, as pessoas se sentem bem quando ouvem a sua voz, eles se sentem seguros e eles se sentem felizes. Não importa quem você é ou de onde você é. Não importa se você é um motorista de caminhão ou uma estrela de cinema. Essa característica única indefinível que está no cerne de toda grande música queima brilhante na voz de Israel Kamakawiwo'ole. É por essa razão que os havaianos em todo o mundo consideram-no seu porta-estandarte. É por isso que seus fãs incluem Bette Midler, Adam Sandler, Jim Carey, Sarah Jessica Parker, Sean Connery, Drew Barrymore, Dean Koontz, Paul Simon, Jimmy Buffett, Jon Favreau, New York Mets Benny Agbayani, o diretor Martin Brest, os produtores John Wells e Zalman King, Sumotori Konishiki, Akebono e Musashimaru, e as pessoas de boa vontade em todo o mundo.
Carreira
Um de seus álbuns mais famosos foi Facing Future, de 1993, trabalho que o lançou para a fama mundial, onde consta o tema "Somewhere over the Rainbow/What a Wonderful World",[2] uma versão que mistura dois clássicos da música dos E.U.A.: "Somewhere Over the Rainbow", do filme The Wizard of Oz (br: O Mágico de Oz / O Feiticeiro de Oz), e "What a Wonderful World", onde apenas se ouvem a sua voz suave acompanhada pelo seu ukulele,[3] que rapidamente se tornou um êxito mundial e que lhe rendeu vários prêmios. Essa música aparece em diversos episódios de séries norte-americanas como Cold Case, E.R. e Young Americans, no qual a música "Somewhere over the Rainbow" tocou no primeiro episódio e no último, sendo a música a encerrar definitivamente a série; também foi trilha dos filmes Meet Joe Black (br: Encontro Marcado, de 1998), Finding Forrester (br: Encontrando Forrester, de 2000) e, mais recentemente, 50 First Dates (br: Como se Fosse a Primeira Vez, de 2004).
Morte
Ao longo da sua carreira musical, Israel Iz debateu-se com muitos problemas de saúde relacionados com o seu peso excessivo, chegando a pesar 343 kg, num corpo com 1,88 m. Em 1997, com 38 anos, faleceu devido a problemas respiratórios causados pela obesidade mórbida.
Mais de 10 000 pessoas compareceram ao seu funeral em 10 de julho de 1997, o caixão de madeira estava no edifício do Capitólio, em Honolulu. Ele foi a terceira pessoa na história do Havaí a receber esta honra (os outros dois foram o senador Spark Matsunaga e o governador John A. Burns). Suas cinzas foram espalhadas pelo Oceano Pacífico na praia M'kua em 12 de julho de 1997.
Legado
Em 2001 foi lançado Alone in IZ World, um álbum póstumo contendo vários sucessos e temas inéditos, relançado em 2010, com o mesmo sucesso e que viria ser muito popular e usado em anúncios publicitários, em vários países como a Alemanha, iniciativas de caridade nos Países Baixos, muitas são as formas e instituições que têm utilizado o medley "Somewhere over the Rainbow/What a Wonderful World".
O conceituado tecladista suíço Patrick Moraz, nasceu em 24 de julho de 1948, graduou-se no conservatório de Lausanne, e em 1968 e fundou essa sua primeira banda, o MAINHORSE juntamente com o bom amigo (baixista) Jean Ristori. Eis um grupo tipicamente sinfônico, mas extremamente talentoso e pesado, temperado e reforçado por órgãos ao comando de Moraz e improvisos e muita técnica no cello e baixo de Ristori, além do extraordinário Bryson Graham, com sua bateria ao estilo das big bands, enchendo o lugar como um trovão, (Graham iria se consagrar no SPOOKY TOOTH e com Alvin Lee e o TEN YEARS AFTER no Pump Iron 1975, infelizmente morrendo com apenas 41 anos), e o bom guitarrista e vocalista Peter Lockett soando um pouco como Roye Albrighton do NEKTAR.
De 69 a 71, o grupo imprimiu um intenso rítimo de concertos na Inglaterra, Europa Ocidental e no Oriente Médio. Durante o período de 1970 a banda assinou contrato com a "Polydor", e em 1971 gravou nos estúdios do DEEP PURPLE em Kingswayo, quando seu álbum homônimo foi lançado.
Patrick Moraz diz: "Minha primeira experiência profissional no Rock Progressivo foi "Mainhorse". Nós estivemos visitando a Suíça, a Alemanha e a França No final, fomos para o Reino Unido e gravamos nosso único álbum lá. A gravação levou apenas cerca de uma semana e a maioria das canções neste disco são minhas. Elas eram muito complexas e progressistas para a época, uma série de dinâmicas e arranjos de passagens intricadas, bem como certa influência dos clássicos".
Foi um trabalho de alta qualidade dentro do Art-Rock, muito similar em estilo ao YES (as harmonias vocais são muito semelhantes). O álbum se tornou muito bem conceituado entre os fãs de Prog, porém o sucesso comercial na ocasião não foi suficiente, e a banda se desfez. Graham foi para SPOOKY TOOTH. Moraz e Ristori fizeram uma turnê no Japão e no Extremo Oriente, acompanhando um balé brasileiro em 1972. Mais tarde continuou Moraz um bom trabalho em grupos como o REFUGEE (ex-NICE), YES e MOODY BLUES, assim como inúmeros trabalhos solo foram lançados. Moraz permaneceu ao longo de sua carreira em estreito contato com Jean Ristori.
O disco abre com "Introduction" começando com Moraz estabelecendo sua presença imediatamente. Ele simplesmente ilumina o órgão. Às vezes, temos algumas guitarras rasgadas. Um uptempo Rock para começar. Em "Passing Years" a velocidade diminui com o órgão flutuando e vocais reservados. Uma música descontraída com bateria leve e baixo. "Such A Beautiful Day" começa com um solo de bateria e, em seguida, entra a guitarra antes dos vocais e os vocais de apoio chegarem. A guitarra e o órgão vêm à tona quando os vocais param. Quando os vocais retornam, o ritmo aumenta. Os contrastes continuam entre as seções vocais e não vocais. "Pale Sky" entra em cena com bateria, órgão e violão pouco antes de um minuto. Os vocais reservados seguem acalmando. A bateria e a guitarra lideram antes de 3 minutos e também temos violino antes de 6 minutos. "Basia" é uma grandiosa faixa. É uptempo com guitarra dedilhada, baixo, órgão e bateria. Melodias vocais se juntam. um piano aos 2 minutos. Guitarra após 3 minutos, em seguida, a paisagem sonora uptempo anterior retorna. "More Tea Vicar" abre com órgão e depois se instala em um clima descontraído. Depois entram órgão, baixo e bateria. "God", assim como "Pale Sky" tem mais de 10 minutos. É experimental começar antes de entrar em cena a guitarra antes de 2 minutos e os vocais antes de 4 minutos. Acelera durante o minuto final e termina com uma explosão.
Esse é um álbum definitivo de órgão/guitarra com um forte sabor Proto-Prog e a qualidade do som típica desse período. Uma boa pedida para um trabalho do grande músico Patrick Moraz.
Tracks: 01. Introduction (5:09) 02. Passing Years (3:55) 03. Such a Beautiful Day (4:44) 04. Pale Sky (10:17) ◇ 05. Basia (5:32) 06. More Tea Vicar (3:33) 07. God (10:31) ◇ Time: 43:41
Musicians:
- Peter Lockett / lead guitar, violin, vocals
- Patrick Moraz / piano, electric piano, organ, synth, glockenspiel, vocals
MCCHURCH SOUNDROOMé uma banda originária da Suíça, porém, as vezes apontada erroneamente como alemã. A banda gravou apenas um único álbum que ganhou status de "cult" entre colecionadores e fãs de obscuridades por se tratar de um dos LPs mais raros lançados pelaPilz, gravadora alemã responsável por apresentar ao mundo bandas comoPOPOL VUHeWitthuser & Westruppe produzido pelo todo-poderosoConny Plank. O estilo musical é uma Heavy Prog psicodélico que flerta com o Hard Rock, o Folk, o Jazz, e Blues britânico, e também agregando muitos elementos Progressivos. A banda também demonstra excelência técnica, com um som repleto de ótimos grooves e jams. O lado Progressivo é o mais explorado, no entanto sem deixar de flertar bastante com os etilos acima citados.
A faixa título, abre o álbum com violões e uma distintiva flauta soando como Ian Anderson, um vocal harmonioso (quase sem sotaque) e bem colocado, mas logo a seguir a harmonia do Blues e do Jazz se fazem notáveis. "The Dream of a Drummer" é quase composta por um solo de forma exclusiva. Cerca de dez minutos dedicados a um baterista. "Time is Flying" possui órgão, flauta e guitarra excelentes se complementando. A estrutura da canção é bastante complexa. "What Are You Doing'" abre com órgão da igreja, mas a parte do meio com guitarras duplas é que chama realmente atenção, utilizando a técnica de delay. As últimas faixas "Trouble Part 1" e "Trouble Part 2" se assemelham a trabalhos dos primeiros álbuns do JETHRO TULL.
Embora seja classificado na categoria Krautrock em várias citações, "Delusion" é um álbum muito interessante, e que por transitar por estilos diversos, pode ter uma aprovação mais abrangente. Os músicos são extremamente qualificados e competentes, sem qualquer dúvida, especialmente a guitarra fantástica e presença do órgão Hammond. As composições são bastante originais, construídas e bem pensadas. Lamentavelmente o MCCHURCH SOUNDROOM só gravou esse álbum, e a seguir, desapareceu do mapa musical.
A história da banda dinamarquesa MIDNIGHT SUN começa em 1969, quando ainda usavam o nome RAINBOW BAND, e formada por Peer Frost(ex-YOUNG FLOWERS) na guitarra, Lars Bisgaard (ex-MAXWELLS) no vocal, Carsten Smedegaard (ex-BEEFEATERS na bateria, Bent Hesselmann no sax e flauta, Niels Bronsted, no piano e Bo Stief, no baixo.
A idéia inicial era criar uma sonoridade com influências de Jazz-Rock Progressivo no estilo de BURNIN' RED IVANHOE e o segundo álbum do TRAFFIC. Essas influências ficaram fortemente evidentes em seu álbum de 1970, ainda muito indicativo da era hippie. A seção rítmica ainda produzia uma poderosa batida - anos 60, forçando Peer Frost a realizar alguns de seus melhores solos de guitarra. No final de 1970 Lars Bisgaard foi substituído por Allan Mortensen (ex-TEARS).
Como já existia no Canadá uma banda usando o nome RAINBOW BAND, a solução foi adotar um novo nome, MIDNIGHT SUN, em julho de 1971. Surpreendentemente em vez de um segundo álbum (ou nesse caso, um primeiro álbum utilizando o novo nome), a banda decidiu refazer o seu primeiro álbum, "Rainbow Band" em vez de passar para um novo material. Essa segunda versão de "Rainbow Band" é menos potente e estilisticamente assemelha-se a BLOOD, SWEAT & TEARS, principalmente devido aos vocais e piano elétrico incorporado nessa nova masterização. Apenas a segunda versão de "Living on The Hill" permaneceu como a gravação anterior.
A capa do álbum criada pelo mago Roger Dean (YES, Steve Howe, ASIA) é belíssima, no entanto enganosa, pois não se trata de música folclórica da Terra Média. O estilo musical está em algum lugar entre o que os britânicos do TRAFFICfaziam na época, o início do norte-americano CHICAGO, e poder de fogo dos power triosCREAM e The Jimi Hendrix Experience. Também aparece uma sensibilidade de Fusion e Jazz, em vez da loucura exagerada do Acid Rock.
Carsten Smedegaard, demonstra ser um exímio baterista. A guitarra principal é escaldante, os vocais são profundos, o baixo é sério, a flauta, sax e piano são excelentes, pois se misturam em uma mescla de Jazz e Blues. Contundente, pesado, mas sempre com nuances e musicalidade quase virtuosa. A longa "Living on the Hill", de 15 minutos, é talvez a faixa mais impressionante, com muito espaço para todos se soltarem. Destaques também para "Talkin'", "Nobody" e "Sippin' Wine". As musicas tem vocais em inglês e a banda pode ser comparada ao conterrâneo BURNIN' RED IVANHOE.
Em 1972, Mortensen foi substituído por um terceiro vocalista, Frank Lauritsen, e Stief deixou seu lugar para Jens Elbol. A nova formação gravou mais dois álbuns, "Walking Circles" (1972) e "Midnight Dream" (1974), ambos mostraram a banda reduzindo as ideias complexas e abstratas para um som mais acessível com tendências Pop, antes de desaparecerem em novembro de 1974.