domingo, 2 de março de 2025

Curtis Mayfield - "Curtis" (1970)


“Curtis escreveu um material que se tornou o exemplo clássico de como um negro inteligente, preocupado com a situação das pessoas, pode estabelecer novos objetivos e injetar orgulho na música. O talento único de Curtis combina uma melodia cativante, instrumentação interessante e comentários expressos que o levaram a um grande respeito na comunidade negra.”
Richard Robinson, para a revista Billboard

“Vidas negras importam”. 
Mensagem escrita em 
cartazes nas ruas norte-americanas 
durante as manifestações contra 
a morte de George Floyd

A história da música soul nos Estados Unidos é marcada pela revelação de talentos tão intensos que acaba sendo impossível de serem represados. O baterista contratado pela Motown estritamente para acompanhar bandas como Martha and the Vandellas e The Marvelettes no final dos anos 50 era também um cantor e compositor tão completo, que não demorou para a gravadora perceber que ele fazia jus em assinar sozinho os próprios trabalhos com o seu nome artístico: Marvin Gaye. Outro, o pianista da banda de Otis Redding nos anos 60, ganhou o protagonismo merecido antes mesmo daquela década terminar, tornando-se o genial “Black Mose” autor de “Shaft” e outras obras essenciais à música soul. Era um rapaz corpulento e de voz grave chamado Isaac Hayes.

Com Curtis Mayfield aconteceu algo semelhante. Um dos integrantes do grupo vocal de rhythm and blues de Chicago The Impressions, ele rapidamente destacou-se sobre seus companheiros, igualmente bons cantores como ele, mas não apenas pela afinadíssima voz tenor e, sim, pela incrível capacidade compositiva e de liderança que o diferia dos demais. Quem escuta os discos da banda, a qual pertenceu de 1963 a 1969, percebe que, desde a composição do primeiro sucesso, a clássica "Gypsy Woman", até o último disco como integrante, “The Young Mods' Forgotten Story”, todo escrito por ele, Curtis se tornara maior do que a Impressions. Ele não cabia mais num trio: precisava ser uno. Precisava alçar o voo solo.

Baldwin e Angela: referências
da luta racial nos anos 70
Vários fatores contribuíam para que a investida solitária de Curtis Mayfield fosse aguardada por público e crítica naquele início de anos 70. Aquele passo tinha tudo para representar uma guinada para alguém já experimentado como artista, pois acostumado com as paradas e com o showbizz, mas também de quem se esperava sintonia com o então efervescente momento de lutas raciais nos Estados Unidos. Fazia pouco que dr. King e Malcom X haviam sido assassinados, abrindo uma fenda emocional e de representatividade para a cultura negra. Em compensação, a ação dos Panteras Negras e o ativismo de figuras como Angela Davis e James Baldwin mantinham de pé as lutas pelos direitos civis. Mas dada a gravidade da situação, era preciso revoltar-se, e quanto mais (e qualificadas) vozes, melhor. A Sly & Family Stone já havia soltado o grito de resistência “Stand!”; Muhammed Ali defendia com punhos e verbos seu povo; James Brown versava as palavras do líder sul-africano Steve Biko: “Say it loud: I’m black and proud!” (“Diga alto: sou negro e orgulhoso!”); o movimento Black Power tomava as ruas exigindo “respect”. Porém, a comunidade negra precisava de mais, e Curtis, então com 28 anos, representava a ascensão e a afirmação de uma população segregada e violentada como cidadã. É nesse cenário que Curtis se lançava para um voo solo: carregando sobre suas asas a responsabilidade tanto artística quanto política da Black Music.

Ouvem-se, então, os primeiros acordes do disco: um som grave de baixo, que prenuncia um riff cheio de groove e inteligência musical. Talvez os “brothers and sisters” que a escutavam pela primeira vez naquele setembro de 1970 não percebessem que estavam diante de um dos mais célebres começos de disco de todos os tempos na música pop. Entram, na sequência, bongôs de matiz africano e vozes entrecruzadas levantando questões polêmicas, as quais são logo catalisadas pela do próprio Curtis, que anuncia com ecos retumbantes: “Não se preocupem: se houver um inferno abaixo de nós, para lá todos iremos!” É “(Don’t Worry”) If There's a Hell Below We're All Going to Go”, a arrebatadora faixa de abertura de um disco que não podia ter outro nome que não, simplesmente, “Curtis”. À exceção do tom pastel da capa, trata-se de um álbum negro em todas as dimensões possíveis: na sonoridade, no resgate da ancestralidade, na mensagem afirmativa e de denúncia e no comprometimento com o movimento negro.

Era a confirmação de que Curtis registrava sua emancipação como artista. A música conhecia pela primeira vez sua obra autoral, que abria com esse funk de reverências a James Brown e à africanidade. Curtis, consciente de seu papel, não fugia às discussões sérias, falando sobre preconceito, violência policial e repressão política: “Irmãs, irmãos e desfavorecidos/ negros e mulatos/ A polícia e os seus apoiadores/ Eles são todos os atores políticos”. “If There's...” antecipava outro trunfo da música soul daquele início de anos 70: a Blackexplotation. Quem escuta o primoroso arranjo de cordas, as percussões afro e o baixo marcado da faixa é impossível não associá-la às trilhas sonoras de filmes feitos com e para negros que “explodiriam” àquela época na indústria cinematográfica norte-americana – dentre as quais, a de “Superfly”, que Curtis assinaria poucos anos mais tarde.

Se o disco começa com algo que resume o estilo sofisticado de Curtis – as primorosas harmonias, os arranjos suntuosos, as cordas entusiasmadas, a levada groove da guitarra, o ritmo tão funky quanto fluido e, claro, o apurado falsete de sua voz –, agora ele, dono de seu rumo, queria mais. Queria tudo que lhe fosse de direito e de seus irmãos. “Other Side Of Town”, cuja abertura com harpas em cascata faz remeter à ideia de um sonho, é uma balada como as que se acostumara a escrever, mas com uma nova densidade tanto estilística quanto discursiva. O arranjo de metais dá-lhe um ar épico, como uma música triunfal da realeza africana, para, em contraste, fazer uma crítica ao apartheid a que os negros do gueto são submetidos socialmente. “Depressão faz parte da minha mente/ O sol nunca brilha/ Do outro lado da cidade/ A necessidade aqui é sempre de mais/ Não há nada de bom na loja/ Do outro lado da cidade/ (...) Minha irmãzinha, ela está com fome/ De um pão para comer/ O meu irmão me entrega sapatos/ Agora estão mostrando os pés”.

Curtis tocando ao vivo à época do disco:talento
confirmado como artista solo
"The Makings of You", novamente com o som da harpa bem presente, lembra bastante temas como “Keep On Pushing” e “For Your Precious Love” da Impressions, e comprova a incrível afinação de Curtis, que performa com sensibilidade e técnica tons agudos para cantar esta linda canção, que novamente traz as questões sociais. Porém, desta vez, relatando uma tocante cena: a de um rapaz que distribui doces para as crianças e as alegra por alguns instantes capazes de fazer com que o autor enxergue esperança “no amor da humanidade”.

A harmonia entre os homens, entretanto, está longe de se concretizar, e Curtis tinha consciência disso. Não à toa, vem, na sequência, a reflexiva “We People Who Are Darker Than Blue” (“Nós, pessoas que somos mais escuras que o azul”). Não por acaso também se trata de um lamentoso blues, o qual seu lindo canto cadencia versos como: “Nós, pessoas que somos mais escuras do que o azul/ Não há tempo para segregar/ Eu estou falando sobre marrom e amarelo também/ Garota tão amarela que você não pode contar/ Eu sou apenas a superfície do nosso poço profundo e escuro/ Se a sua mente puder realmente ver/ Você veria que sua cor é igual à minha”.

Outra preciosidade de "Curtis" é "Move on Up", grande sucesso da carreira solo do artista que prova o quanto ainda sabia escrever hits (a versão reduzida dos mais de 8 min originais passou 10 semanas no top 50 da parada de singles do Reino Unido em 1971, chegando ao 12º lugar, e se tornou um clássico da música soul ao longo dos anos). Esta empolgante soul, com exuberantes arranjos de cordas e metais, traz mais uma vez a intensa percussão afro e uma performance impecável de Curtis, responsável não apenas pela guitarra, mas por vários outros instrumentos. Aqui nota-se um músico totalmente dono de sua obra: ao mesmo tempo em que se vale de sua música para a crítica, também domina a arte de criar canções para as massas. Para os que acham que seu auge é "Superfly", "Move..." prova que este momento já estava em “Curtis”.

Curtis com a filha ainda criança,
nos anos 70
Na suingada e lúdica "Miss Black America", Curtis inicia dialogando com sua filha criança perguntando-lhe o que ela, em seus sonhos, se imagina quando crescer. A resposta induz a algo que, novamente, retraz as conquistas por direitos dos negros, uma vez que a recente vitória de uma mulher preta no concurso Miss Universo em 2019 (a sul-africana Zozibini Tunzi), ainda surpreende o mundo. "Wild and Free", com seus metais e cordas intensos, é mais um funk que reitera o discurso pelo respeito à causa racial e ao direito de ser "selvagem e livre". Agora, aliás, subindo o tom ao incrementar na letra a icônica mensagem anti-racismo "power to the people" ("Respeito por essas pessoas/ Poder para as pessoas/ Estabelecendo a velha geração/ Trazendo o novíssimo/ Selvagem e livre com a paz finalmente").

A suave "Give it Up" tem a primazia de fechar o brilhante debut de Curtis Mayfield, trabalho assustadoramente atual mesmo 50 anos após seu lançamento. A catarse mundial gerada pela revoltante morte do ex-segurança George Floyd, vitimado recentemente pela violência da polícia e da sociedade norte-americana, evidenciou o quanto as questões levantada neste disco, há cinco décadas, estão longe de serem resolvidas. Se o racismo ainda está aí, Curtis é morto desde 1999, quando, após complicações motivadas por um fatídico acidente que o deixara paraplégico, despedia-se prematuramente aos 57 anos. Só assim para frear o seu talento.

Embora não tenha feito o mesmo sucesso que seus contemporâneos de black music Marvin Gaye, Al GreenStevie Wonder e Barry White, Curtis pode tranquilamente ser considerado integrante do.panteão dos grandes criadores da soul norte-americana. Ele é daqueles autores cuja obra demarca um “antes” e um “depois”, tanto pela beleza única de suas composições quanto pelo o que representou para o movimento negro e a luta pelos Direitos Civis norte-americanos naquele inicio de década de 70. O disco “Curtis” antecipa em um ano, inclusive, uma trinca de obras que se eternizaria, entre outras qualidades, justamente pelo teor de resistência: “What’s Going On”, de Gaye, “Pieces of a Man”, de Gil Scott-Heron, e “There’s a Riot Goin’ On”, da Sly. Curtis dizia que suas músicas sempre vieram de perguntas para as quais precisava de respostas. Vendo o quadro político-social de hoje ainda tão desigual, se estivesse vivo, 50 anos depois de ter levantado e respondido várias dessas questões, provavelmente voltaria numa delas e se indagaria: “o inferno, que eu pensava estar abaixo de nós, é aqui mesmo, então?”

Curtis Mayfield - "Move on Up"


FAIXAS:
1. "(Don't Worry) If There's a Hell Below, We're All Going to Go" - 7:50
2. "The Other Side of Town" - 4:01
3. "The Makings of You" - 3:43
4. "We the People Who Are Darker Than Blue" - 6:05
5. "Move On Up" - 8:45
6. "Miss Black America" - 2:53
7. "Wild and Free" - 3:16
8. "Give It Up" - 3:49
Todas as composições de autoria de Curtis Mayfield




The Cure- "Pornography" (1982)

 

"As críticas foram muito divididas,
não ia muita gente aos shows,
mas eu sentia que finalmente
havíamos feito um grande disco."
Robert Smith


Durante muito tempo este foi o disco da minha vida. Hoje em dia tenho que admitir que não é mais "O" disco da minha vida, conheci muitos outros, descobri coisas interessantíssimas de alta qualidade, alto valor técnico, histórico, referencial, etc., mas posso afirmar tranquilamente que ainda é "UM DOS" grandes álbuns da minha discoteca. Naquela época, metade dos anos 80 quando descobri o The Cure, auge da minha fase darkzinha, se tinha um disco traduzia precisamente todo aquele clima e atmosfera era certamente o "Pornography" do The Cure. Um disco denso, pesado, de letras mórbidas, sofridas, sombrias e negativas, muito centralizado nos trabalhos de bateria e com arranjos de guitarra marcantes e bem desenhados.
A pessimista "One Hundred Years" ("It doesn't matter if we all die") que abre o disco exemplifica bem isso: uma programação de bateria contínua muito bem desenvolvida com uma guitarra estridente e angustiante como que solando o tempo todo e teclados preenchendo os espaços sufocantemente. "One Hundred Yeras" parece sangrar.
Com uma batida tribal lenta e cansada, a bizarra, surreal e inquietante "Siamese Twins" traz outro trabalho de guitarra notável de Robert Smith em uma interpretação dolorida e agonizante.
'The Figurehead", outra das grandes do álbum tem por sua vez destaque para o baixo de Simon Gallup, numa condução firme, com uma melodia dura, acompanhando uma batida de tons militares de Tolhurst, numa canção que aborda o tema das drogas, tão presente no grupo naquele momento, e os efeitos de estar preso a elas ("I will never be clean again").
"Strange Day", talvez a mais leve do disco também traz outra performance legal de Gallup no baixo, com uma base que lembra muito a de "Charlotte Sometimes"; "A Short Term Effect" vem com uma 'confusão' de guitarras zunindo, dando rastantes, cortando o ar, quase sufocadas pelo som da beteria que parece querer estourar; a gélida "Cold" depois de iniciar com um violoncelo aterrador, explodir numa batida alta e poderosa, se transforma numa suplicante e sombria canção de amor ("Your name like ice into my heart"); e "Hanging Garden", o single do álbum, mostra o perfeito conjunto na proposta do projeto, desde a programação de bateria em rolos contínuos de Tolhurst, ao baixo seguro e preciso de Gallup, e na guitarra aguda e perturbadora de Robert Smith, completada por sua interpretação amedrontadora.
O Cure que sempre deu bons desfechos para seus discos, neste não fez diferente e, se não trata-se de uma grande canção, esta que é o título do álbum, "Pornography", sem dúvida alguma, no mínimo faz com que fiquemos com as sensações de inquietude e angústia vivas mesmo depois que a música barulhenta e claustrofóbica, cheia de ruídos e de diálogos de filmes incompletos e indecifráveis, é interrompida quase que abrupatamente terminando a audição. De deixar sem fôlego.
Certamente até hoje, um dos grandes discos da minha vida.

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FAIXAS:
  1. One Hundred Years
  2. A Short Term Effect
  3. The Hanging Garden
  4. Siamese Twins
  5. The Figurehead
  6. A Strange Day
  7. Cold
  8. Pornography



King Crimson - Larks' Tongues in Aspic 1973

 

King Crimson renasce mais uma vez -- a banda então recém-configurada faz sua estreia com um violino (cortesia de  David Cross ) dividindo o centro do palco com  as guitarras de Robert Fripp e seu Mellotron, que é empurrado para o fundo. A música é a mais experimental da  carreira de Fripp até agora -- embora parte dela realmente date (em forma embrionária) do final da  formação Boz Burrell Ian Wallace Mel Collins  . E  John Wetton  foi o cantor/baixista mais forte do grupo desde  a saída de Greg Lake três anos antes. Além do mais, essa formação rapidamente se estabeleceu como uma unidade de performance poderosa, trabalhando em uma veia mais puramente experimental, menos voltada para o jazz do que seu predecessor imediato. "Música Outer Limits" foi como um crítico se referiu a ela, misturando  o violino demoníaco de  Cross com a eletrônica estridente, a destreza surpreendente de Bill Bruford na bateria,  a percussão melódica e geralmente discreta de  Jamie Muir , o baixo estrondoso, porém melódico, de Wetton e  a guitarra de Fripp , que gerou sons que variavam de clássicos tradicionais e suaves licks de pop-jazz a floreios elétricos de arrepiar os cabelos. 









Ars Nova - Sunshine And Shadows 1969


Ars Nova foi um híbrido de rock/clássico que se formou em Nova York em 1967 em torno de alunos do Mannes College of Music. A banda inicialmente era composta por  Wyatt Day  na guitarra, teclado e vocais;  Jon Pierson  no trombone e vocais;  Bill Folwell  no trompete e vocais;  Jonathan Raskin  no baixo, vocais e guitarra;  Giovanni Papalia  na guitarra e  Maury Baker  na percussão. O produtor da Elektra,  Paul A. Rothchild,  levou o crédito pela descoberta e, após contratá-los, os chamou de "a coisa mais emocionante desde  o Doors ". A banda lançou seu álbum de estreia em abril de 1968 e foi perfilada na edição de 28 de junho de 1968 da revista LIFE, mas o hype não pareceu ajudar. O álbum não conseguiu entrar nas paradas, e a banda se reorganizou em torno de  Day ,  Pierson , o guitarrista  Sam Brown , o trompetista  Jimmy Owens , o baixista  Art Koenig e o baterista  Joseph Hunt . Houve um segundo álbum,  Sunshine & Shadows , em junho de 1969. 






Ronnie Barron - Reverend Ether 1971

 

O tecladista/vocalista nascido em Nova Orleans Ronald Raymond Barrosse, também conhecido como Ronnie Barron, lançou um punhado de material solo enquanto tocava em clubes, e então de 1971 a 1988 também trabalhou em gravações com vários artistas renomados, incluindo Paul Butterfield, Tony Joe White, Redbone, Gene Clark, Ry Cooder, Dr. John, John Mayall, BB King, Kim Carnes, John Lee Hooker, Canned Heat, Tom Waits e Eric Burdon. Em 1988, ele apareceu como um barman no filme de Steven Seagal "Above The Law". Infelizmente, Barron morreu de problemas cardíacos em 1997.













Nº1 Tattoo You — The Rolling Stones, Setembro19, 1981

 Producers: The Glimmer Twins

Track listing: Start Me Up / Hang Fire / Slave / Little T&A / Black Limousine / Neighbours / Worried about You / Tops / Heaven / No Use in Crying / Waiting on a Friend

19 de setembro de 1981
9 semanas

Após o lançamento de Emotional Rescue , a animosidade entre o vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger, e o guitarrista Keith Richards se tornou tão aguda que a dupla, conhecida como "Glimmer Twins", parou de se falar. " Tattoo You realmente surgiu porque Mick e Keith estavam passando por um período de não se entenderem", diz o produtor associado e engenheiro Chris Kimsey. "Havia a necessidade de lançar um álbum, então sugeri que eu poderia entrar e fazer um álbum do que eu sabia que ainda estava lá nos cofres."

Durante as sessões de Some Girls e Emotional Rescue , os Stones cortaram dezenas de faixas adicionais que não apareciam nos álbuns. Por exemplo, “Litte T&A” de Richards, uma ode à sua namorada Patti Hansen, foi originalmente cortada durante as sessões de Emotional Rescue . Kimsey também recorreu a algumas sessões anteriores. “'Waiting on a Friend' e 'Tops' eram de Goats Head Soup , 'Slave' era do período Black and Blue , e 'Start Me Up' foi gravada no mesmo dia que 'Miss You' [de Some Girls ]”, ele diz. “Mick ou Keith acharam que soava familiar, como algo no rádio na época, então foi meio que esquecido”, diz Kimsey sobre a última faixa, que eventualmente se tornaria um hit número dois.

Jagger e Richards podem ter esquecido da versão inicial de “Start Me Up”, mas Kimsey não. “Eu sabia que estava lá nos cofres”, ele diz. “Essa foi minha base para o álbum. Em todos os álbuns em que trabalhei, eu mantinha um registro abrangente e sempre fazia questão de que, se algo acontecesse, eu gravaria, mesmo que fossem covers antigos de blues de Jimmy Reed.”

Apesar do fato de que o álbum era composto principalmente de material retirado dos cofres, levou vários meses para ser montado. Os Stones tiveram que se reagrupar para terminar algumas das músicas, mas Jagger estava ocupado perseguindo sua carreira cinematográfica, aparecendo em locações para um filme chamado Fitzcarraldo , que foi filmado no Peru. "Mick estava fazendo o filme, então foi difícil defini-lo", diz Kimsey. "Deve ter levado uns bons nove meses para fazer o álbum."

Quando os Stones finalmente se reagruparam, eles retornaram ao Pathe-Marconi Studios em Paris. “Paris era um ambiente muito bom para eles e um ótimo lugar para trabalhar”, diz Kimsey. “Quando eles se reuniram novamente, todos ficaram felizes.”

Quando o álbum foi concluído, Bob Clearmountain foi chamado para remixar várias faixas, incluindo "Start Me Up". Embora muito do material fosse antigo, os Stones soaram rejuvenescidos em Tattoo You , o que pode ter dito mais sobre o estado vacilante da arte da banda do que o pretendido. Em qualquer caso, Tattoo You foi certamente um álbum melhor do que Emotional Rescue , e os fãs responderam de acordo. Embora o álbum tenha seguido o mesmo caminho de Black and Blue e Emotional Resue até o pico — estreando na oitava posição antes de atingir a primeira posição em sua segunda semana na parada — ele teve mais poder de permanência. Sua corrida de nove semanas no topo representou a permanência mais longa de qualquer álbum dos Stones.

OS CINCO PRINCIPAIS
Semana de 19 de setembro de 1981

1. Tattoo You, The Rolling Stones
2. Bella Donna, Stevie Nicks
3. Escape, Journey
4. 4, Foreigner
5. Don’t Say No, Billy Squier


PEROLAS DO ROCK N´ROLL - PSYCH JAZZ FUNK - WILD HAVANA - Same - 1977


Wild Havana foi uma obscura e desconhecida pérola holandesa formada pelos irmãos Cor e Johan Smit e que lançou apenas um álbum.
O disco homônimo de 1977 traz uma estranha mistura entre psicodélico, progressivo e jazz com pitadas de funk. O som é muitas vezes abstrato e experimental, não há uso de bateria. Destaque para algumas passagens de flauta e guitarra.
Som legal pra se conhecer.











Johan Smit-Guitars, Bass, Mandolin, Autoharp, Percusion.
Cor Smit-Flutes, Harmonica
Keess Engelhart-Electric Piano

The Peacock 5:45
Torture 9:08
Lamento 2:14
Wild Havana 4:47
Sky Scraper 4:51
Nasty Stuff 7:00
Jumping 3:38
Phased 2:11



PEROLAS DO ROCK N´ROLL - PSYCHEDELIC ROCK - AHORA MAZDA - Same - 1970



Pérola formada em Amsterdã, capital da Holanda em 1965 pelo flautista e saxofonista Rob van Wageningen e pelos irmãos Peter (baixo) e Winky Abbink (bateria) originalmente voltada ao jazz, após a entrada do baixista Tony Schreuder em 1968 a banda volta o seu som para o rock psicodélico, mas ainda assim muito influenciado pelo improvisação e jazz. O grupo lançou um único álbum em 1970 e acabou apenas um ano após o lançamento do homônimo, que foi relançado com faixas bônus em 1999.
O som da banda traz uma excelente mescla de vários estilos, principalmente rock psicodélico e jazz, tendo alguns momentos progressivo, hard e space rock ou até avant-prog. Conta com 6 faixas (vinil original), na maioria longas e algumas extensas improvisações. No instrumental o destaque fica para boas passagens de flauta, sax e guitarra, outros instrumentos como órgão, piano, trompete e percussão em geral também dão um "toque a mais" ao álbum, o vocal em inglês cheio de sotaque também merece destaque. Já as 5 faixas bônus são apenas curtas improvisações.
No geral, uma pérola excelente, altamente recomendada para fãs de rock psicodélico e de rock obscuro em geral.


Peter Abbink (guitarra, vocal, piano, trompete, órgão)
Rob van Wageningen (flauta, saxofone, vocal, percussão, kalimba)
Tony Schreuder (baixo, percussão)
Winky Abbink (bateria)

01. Spacy Tracy 8:31
02. Timeless Dream 3:35
03. Oranje Vrijstraat 7:33
04. Fallen Tree 9:16
05. Power 6:51
06. Fantasio 5:25
Bônus:
07. Vybral Stroll 2:01
08. Nosy Noise 3:09
09. Huppo Jaw 1:57
10. Pushy 4:44
11. Try To Forget 3:00


PEROLAS DO ROCK N´ROLL - HARD ROCK/BLUES - SAM DICE - Dutch Disease - 1978



Pérola holandesa formada na cidade de Losser no final da década de 60 pelos irmãos Frits, Arie e Harrie Ekkel. Com a entrada do baixista Kees Reinders o grupo Sam Dice lançou seu único e raro LP, de 1000 cópias e que nunca foi relançado em CD. A banda continua tocando por clubes e bares da Holanda, com frequência bem menor, no repertório músicas próprias e alguns covers.
O disco Dutch Disease traz um bom rock'n'roll, com várias passagens mais voltadas ao hard rock e blues, destaque para o ótimo vocal, todo em inglês, e tremendo trabalho de guitarra, com fortes riffs e solos de guitarra. Destaque para a faixa de abertura "A Diff'rent Town, A Diff'rent Sweetheart", com uma pegada country/hard, as mais pesadas "I Cannot get The Next Plano Home" e "Trouble Is Not What I Wanted" e a última e mais "bluseira" do álbum, Tears "Are Wasted All The Time", incrível blues rock com 7 minutos.

Frits Ekkel – guitarra, vocal
Arie Ekkel - guitarra rítmica, vocal
Kees Reinders – baixo, vocal
Harrie Ekkel – bateria

01. A Diff'rent Town, A Diff'rent Sweetheart
02. I Cannot Get The Next Plane Home
03. You're In My Selection
04. Trouble Is Not What I Wanted
05. A Kind, Kind Love You Gave Me
06. Oh, Suzy
07. Tears Are Wasted All The Time






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Destaque

Grandes canções: Edwyn Collins - "A Girl Like You" (1994)

Edwyn Stephen Collins é pouco conhecido do grande público no BR e só identificado por roqueiros mais experientes. Escocês de Edimburgo, ele...