sexta-feira, 2 de maio de 2025

DISCOGRAFIA - ANATHEMA Experimental/Post Metal • United Kingdom

 

ANATHEMA

Experimental/Post Metal • United Kingdom

Biografia do Anathema
Fundada como Pagan Angel em 1990 em Liverpool, Reino Unido.

Sua formação original era: Darren White (vocal), Vincent Cavanagh (guitarra), Daniel Cavanagh (guitarra), Jamie Cavanagh (baixo) e John Dougals (percussão), sob o pseudônimo de PAGAN ANGEL. Desde então, houve muitas mudanças na formação para mencionar aqui, embora Vincent, Daniel e John tenham mantido o status na banda, exceto Daniel brevemente em 2002 (clique no álbum para mais informações sobre a formação). Eles lançariam uma demo e depois mudariam seu nome para ANATHEMA. Eles lançaram mais duas demos e então foram descobertos por Hammy da Peaceville Records, que os contratou. Eles se tornaram a joia mais esquecida dos anos 90. Começando como doom metal romântico ("The Crestfallen", "Serenades" e "The Silent Enigma"), e então transitando para uma força experimental de vanguarda. Cada álbum traz evidências de progressão. Os vocais estão sempre melhorando e se tornando ainda mais pungentes, acentuando a música e as letras (que esta banda provavelmente possui entre os melhores letristas). "Eternity" foi uma espécie de álbum de transição para eles, abandonando de certa forma os gritos guturais de desânimo e substituindo-os pela bela voz de Vincent Cavanagh. Suas influências vão de PINK FLOYD a BEATLES e RADIOHEAD. O futuro do ANATHEMA é promissor porque eles são o futuro.

"The Cresfallen" e "Serenades" atraem principalmente os fãs de doom metal devido ao ritmo da música e aos vocais melancólicos de Darren White. "Pentecost III" mostrou a banda explorando longas aventuras em reinos nunca explorados por nenhuma banda do gênero. Sendo também o último lançamento com Darren White nos vocais, "The Silent Enigma" é um álbum monumental, que mistura beleza e desespero, poeticamente. "Eternity" foi o álbum de transição, onde exploraram a vasta extensão do espaço (à la PINK FLOYD). "Alternative 4" e "Judgement" foram ambas edições excelentes para o seu catálogo, mas carentes da experimentação dos dois álbuns seguintes. "A Fine Day to Exit" foi um grande passo em direção a diferentes paisagens sonoras. Foi seguido por "A Natural Disaster", onde alcançaram um som completamente próprio, superando até mesmo o RADIOHEAD, com sua exploração absoluta do desconhecido. "We're Here Because We're Here" foi lançado em 2010 e continuou a mostrar sinais de progressão no som da banda.

Altamente recomendados: "Pentecost III", "The Silent Enigma", "Eternity" e "A Natural Disaster".

ANATHEMA Videos (YouTube and more)



ANATHEMA discografia


ANATHEMA top albums (CD, LP,)

2.34 | 236 ratings
Serenades
1993
3.13 | 280 ratings
The Silent Enigma
1995
3.60 | 381 ratings
Eternity
1996

4.17 | 769 ratings
Judgement
1999
3.83 | 526 ratings
A Fine Day To Exit
2001
3.94 | 595 ratings
A Natural Disaster
2003

4.07 | 953 ratings
We're Here Because We're Here
2010
3.81 | 435 ratings
Falling Deeper
2011
4.04 | 978 ratings
Weather Systems
2012

3.53 | 203 ratings
The Optimist
2017
4.06 | 659 ratings
Alternative 4
1998
3.88 | 190 ratings
Hindsight
2008
3.66 | 478 ratings
Distant Satellites
2014

ANATHEMA Live Albums (CD, LP, MC, SACD, DVD-A, )

4.48 | 94 ratings
Untouchable
2013
4.90 | 21 ratings
Universal
2013
3.75 | 61 ratings
A Sort of Homecoming
2015

ANATHEMA Videos (DVD, Blu-ray, VHS )

3.33 | 34 ratings
A Vision Of A Dying Embrace
2002
4.54 | 155 ratings
Universal
3.39 | 55 ratings
Were You There live
2004
4.44 | 25 ratings
Original Album Classics
2011
3.50 | 71 ratings
A Moment in Time
2006


ANATHEMA Boxset & Compilations (CD, LP, MC, SACD, DVD-A, Digital Media)

2.63 | 29 ratings
Serenades / The Crestfallen EP
1995
3.20 | 39 ratings
Resonance: Best of Anathema
2001
2.63 | 29 ratings
Resonance 2
2002

4.00 | 8 ratings
Resonance 1 & 2
2015
4.50 | 10 ratings
Fine Days 1999 - 2004
2015
4.38 | 8 ratings
Internal Landscapes 2008-2018
2018

ANATHEMA Official Singles, EPs, Fan Club & Promo (CD, EP/LP, MC, Digital Media )

1.32 | 16 ratings
An Iliad of Woes
1990
1.67 | 17 ratings
All Faith is Lost
1991
2.92 | 12 ratings
They Die 7''
1992

2.19 | 18 ratings
We are the Bible 7''
1994
2.90 | 82 ratings
Pentecost III
1995
1.78 | 13 ratings
Alternative Future
1998

2.68 | 19 ratings
Deep
1999
3.81 | 16 ratings
Pressure
2001
3.40 | 10 ratings
Unchained (Tales Of The Unexpected)
2008

3.83 | 6 ratings
Dreaming Light
2011
3.40 | 5 ratings
Untouchable Part 1
2012
3.20 | 5 ratings
Untouchable Part 2
2013

3.60 | 5 ratings
Untouchable
2014
2.25 | 68 ratings
The Crestfallen
1992
3.00 | 5 ratings
The Lost Song Part 3
2014




4.00 | 1 ratings
The Lost Song Part 2 (Radio Edit)
2014
2.47 | 13 ratings
Make it Right
1999
5.00 | 1 ratings
Synaesthesia
2023
4.48 | 35 ratings
Everything
2010




DISCOGRAFIA - ANATA Tech/Extreme Prog Metal • Sweden

 

ANATA

Tech/Extreme Prog Metal • Sweden

Biografia de Anata
O ANATA foi formado em Varberg, Suécia, em 1993 por Fredrik Schälin, Mattias Svensson, Robert Petersson e Martin Sjöstrand. Eles integraram muitas influências em sua mistura original de thrash e death metal. Após o lançamento de sua primeira demo, o guitarrista Mattias Svensson e o baixista Martin Sjöstrand deixaram a banda em 1996. Henrik Drake entrou para assumir o baixo. Após gravar sua segunda demo, mais death metal, Andreas Allenmark se juntou à banda como guitarrista.

"The Infernal Depths of Hatred" foi o primeiro álbum de estúdio da banda. Lançado em 1998, o álbum recebeu boas críticas, sendo até eleito "Álbum do Mês" pela revista francesa "Metallian". Quase ao mesmo tempo, o ANATA gravou um split com BETHZAIDA.

Em 2001, foi lançado "Dreams of Death and Dismay", outro álbum de death metal contundente, porém melódico, com toques mais progressivos que seu antecessor. Os críticos aplaudiram o esforço contínuo da banda em compor um death metal extremo, porém altamente melódico.

O baterista Robert Petersson deixou o ANATA em 2001. Conny Pertterson, do ROTINJECTED, assumiu a posição pouco antes de a banda começar a gravar seu próximo álbum de estúdio. Após trocar de gravadora, a banda finalmente lançou seu quarto álbum, "The Conductor's Departure", em 2006, com ótimas críticas em toda a imprensa especializada em metal e progressivo.

ANATA discografia

ANATA top albums (CD, LP,)

2.54 | 12 ratings
The Infernal Depths Of Hatred
1998

3.05 | 20 ratings
The Conductor's Departure
2006
2.49 | 12 ratings
Dreams of Death and Dismay
2001
3.51 | 14 ratings
Under A Stone With No Inscription
2004

ANATA Live Albums (CD, LP, MC, SACD, DVD-A, )

ANATA Videos (DVD, Blu-ray, VHS )

ANATA Boxset & Compilations (CD, LP, MC, SACD, DVD-A, Digital Media )

ANATA Official Singles, EPs, Fan Club & Promo (CD, EP/LP, MC, )

0.00 | 0 ratings
Bury Forever The Garden of Lie
1995




0.00 | 0 ratings
Vast Lands of My Infernal Domination
1997
0.00 | 0 ratings
Anata vs. Bethzaida: War Vol. II
1999


Fausto Fawcett e Os Robôs Efêmeros - "Fausto Fawcett e Os Robôs Efêmeros" (1987)

 

"Juliette é a filha bastarda
do Carrossel Holandês,
da Laranja Mecânica"
trecho de "Juliette"



A música brasileira tem uma tradição de contar histórias. Com sua enorme capacidade poético-literária, imaginação e uma musicalidade capaz de combinar esses elementos, artistas brasileiros vêm ao longo de praticamente todo o desenvolvimento da discografia nacional, narrando fatos, episódios, pequenos contos, historietas, acompanhando-as dos mais diversos tipos de melodias e arranjos.

Nos anos 80, em meio à explosão do Rock Brasil, um cara altamente criativo inventava histórias alucinantes, distópicas, surreais, improváveis, ambientadas normalmente num Rio de Janeiro futurista, mergulhado num estado de caos, abandono, desesperança, mas ao mesmo tempo avançado, luxuoso e desfrutando das mais altas tecnologias. Nesse cenário, desfilava "heroínas" singulares, personagens atípicas, damas fatais, meretrizes, mulheres que misturavam requinte com vulgaridade e levavam consigo, de certa forma, alguma dose de veneno.

Fausto Fawcett, um carioca boêmio, nativo típico de Copacabana, lançava em 1987 o disco que levava seu nome e da banda que o acompanhava, "Fausto Fawcett e os Robôs Efêmeros", repleto de todos esses elementos e com as histórias mais piradas que qualquer mente "normal" pudesse imaginar. Ele seguia a tradição brasileira de contar histórias, mas o fazia de uma forma completamente diferente e inusitada. Muito mais um escritor do que propriamente um cantor, Fausto, com uma pegada meio rap e toques disco-music, acompanhado de seu fiel escudeiro o guitarrista Carlos Laufer, praticamente declamava as letras, narrava as histórias com alguma entonação musical, e, no refrão, sim, normalmente, carregava no ritmo. Assim, em uma Copacabana suja e caótica, nos apresentava uma prostituta asiática dona de um furgão rosa-choque, habitante de um apê-kitinete onde aconteciam atividades suspeitas, na disco-oriental "Gueixa Vadia". Conhecíamos também uma grafiteira dos prédios de Copa, "Tânia Miriam", uma jovem loira de vestes extravagantes e hábitos peculiares. Éramos apresentados a uma nova droga vendida por camelôs turcos, o "Drops de Istambul", cujas sensações alucinógenas, a viagem, e as imagens fantásticas são descritas pelos jovens de Copacabana a um repórter para um noticiário local. No embalo do jornalismo, tema recorrente, também no trabalho do autor, "Rap de Anne Stark", imagina uma realidade na qual os telejornais passam a ser uma grande atração de entretenimento, tal qual filmes ou novelas, tendo até mesmo, para seus adeptos, locadoras especializadas, tal como a boutique Paulo Francis localizada no coração de Copacabana, com uma seção dedicada especialmente às mais belas locutoras do mundo inteiro, com fitas dessas musas do telejornalismo narrando notícias ininterruptas, se destacando entre elas, como estrela máxima, a loura Anne Stark.

"Kátia Flávia, A Godiva do Irajá", o grande hit da carreira do cantor, se diferenciava das demais por uma produção mais caprichada. A cargo do mestre brasileiro dos estúdios, Liminha, a faixa trazia um funk agressivo, uma guitarra suingada do parceiro Carlos Laufer e um trabalho vocal mais elaborado, tudo apoiado num refrão irresistivelmente transgressor ("Alô, polícia / Eu tô usando / Um Exocet / Calcinha"). O conto musical narrava a aventura de uma louvação irresistível do subúrbio, do bairro do Irajá, que ficara famosa por cavalgar nua num cavalo branco e que depois de matar o marido bicheiro, rouba uma viatura policial, ruma para Copacabana e ameaça detonar uma calcinha explosiva. Loucura total. Maravilhosamente louco! 

Embora o hit da Godiva do Irajá tivesse sido a música de trabalho do álbum, minha preferida do disco é "Chinesa Videomaker", uma obra absolutamente singular que junta pornografia, fetichismo, multimídia, jornalismo, tecnologia, Escrava Isaura, Gabriela Sabatini e Madonna, tudo em uma só história. Em "Chinesa Videomaker", o autor nos apresenta uma empresária da noite, dona de uma boate, que tem o hobby de capturar homens na madrugada carioca, levá-los ao seu apartamento e exibir imagens de telejornais para o sequestrado enquanto pratica nele uma generosa sessão de sexo oral. O problema é que, depois de desovar o rapaz numa esquina qualquer, ela dá bobeira e é capturada por uma gangue fã de Madonna que leva a chinesa para o alto de um prédio e a joga de lá. Com certeza, a história mais bem construída e estruturada dentre os contos musicais só álbum.

"Estrelas Vigiadas", que a segue, pelo contrário, na minha opinião é a mais fraca, embora apresente um cenário interessantíssimo de uma Copacabana fantasma, suja e semiabandonada, que contrasta com o glamour do Copacabana Palace, sede uma avançadíssima exposição bélico-espacial.

Pra fechar, uma situação bizarra envolvendo um cargueiro de tequila e um iate com belíssimas passistas de escola de samba, nos faz conhecer a loirinha Juliette, uma jovem procurada pela polícia da qual não se tem maiores informações, a não ser o fato de que seria filha ilegítima de um dos jogadores da seleção holandesa de 1974. Num sambinha safado, cantado em parceria com Fernanda Abreu, Fausto enumera todos os jogadores da Laranja Mecânica como possibilidades da paternidade da loira Juliette que, no fim das contas, é perseguida pelo policial que a reconhece em meio aos curiosos pelo inusitado naufrágio, a executa brutalmente e a enterra na areia da praia de Copacabana.

Se não é nenhuma exuberância musical, melódica, "Fausto Fawcett e os Robôs Efêmeros" é um espetáculo literário de criatividade e de histórias fantásticas e improváveis. Em meio à sonoridade pós-punk e as letras engajadas de seus contemporâneos, a filosofia das letras dos Engenheiros, o minimalismo agressivo dos Titãs, da poesia cotidiana de Cazuza, o messianismo da Legião, Fausto Fawcett, à sua maneira também escrevia seu nome de forma significativa na geração rock dos anos 80 com sua sonoridade rap-disco-samba-oriental singular, e contando histórias, como muito já se fez na música brasileira, mas de uma maneira que, até hoje, só ele sabe fazer.

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FAIXAS:

1. "Gueixa Vadia" 6:16
2. "Tânia Míriam" 3:54
3. "Drops de Istambul" 3:57
4. "O Rap d'Anne Stark" 6:35
5. "Kátia Flávia, a Godiva do Irajá" 4:06
6. "A Chinesa Videomaker" 7:02
7. "Estrelas Vigiadas" 5:00
8. "Juliette" (part. Fernanda Abreu) 4:12



The Fall - 'Bend Sinister" (1988)


"Bem-vindos aos anos 80-90"





Estava ouvindo dia desses no carro o Bend Sinister do The Fall.
Este é um daqueles álbuns que considero referência. Um dos discos mais expressivos dos anos 80, que com certeza, pra mim, tem seu lugar entre os 10 desta época.
O álbum tem a cara dos 80, só que ao mesmo tempo, dá cara para o rock da década com faixas emblemáticas como a excepcional "US 80's-90's", com sua batida funk e sua guitarra forte a agressiva com aquela voz narrada, recitada, desfilando POR CIMA da música, característica esta, aliás presente em diversas faixas.
Mark E. Smith é daqueles vocalistas que claramente "não sabe cantar". Não sabe. Não tem a técnica vocal perfeita e sua voz é meio rascante, aguda. Mas faz disso seu trunfoe diferencial, criando uma maneira toda sua que ora dá pungência, ora dá tom de ironia, e muitas vezes uma ar divertido.
O álbum mistura rock tradicional, com new wave, sem perder contudo, a característica de banda surgida do punk de Manchester.Outros destaques do álbum são a faixa de abertura "R.O.D", vibrante, a ótima "Mr. Pharmacist" e a quase monocórdia "Living too Late".

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FAIXAS:
  1. "R.O.D." (Mark E. Smith, Steve Hanley, Simon Rogers, Craig Scanlon, Brix E. Smith, Simon Wolstencroft) – 4:36
  2. "Dktr Faustus" (M. Smith, Scanlon) – 5:35
  3. "Shoulder Pads 1#" (M. Smith, B. Smith) – 2:56
  4. "Mr Pharmacist" (Jeff Nowlen) – 2:22
  5. "Gross Chapel - GB Grenadiers" (M. Smith, Hanley, Scanlon) – 7:21
  6. "U.S. 80's-90's" (M. Smith, B. Smith) – 4:36
  7. "Terry Waite Sez" (M. Smith, B. Smith) – 1:39
  8. "Bournemouth Runner" (M. Smith, Hanley, B. Smith) – 6:06
  9. "Riddler!" (M. Smith, Rogers, B. Smith) – 6:22
  10. "Shoulder Pads 2#" (M. Smith, B. Smith) – 1:57


Faith No More - Live at Brixton Academy (1990)


"What is it? 
What is it? 
WHAT THE FUCK IS IT???"
introdução, no show, 
 ao refrão de "Epic"




Tem gente que prefere discos ao vivo aos originais de estúdio, por conta da energia, da naturalidade, da espontaneidade ou da execução . Particularmente, prefiro as gravações de estúdio nas quais um álbum é pensado e elaborado como uma obra de arte, do início ao fim. Mas há exceções e, em alguns casos, o registro ao vivo acaba agregando elementos tão significativos ao que foi inicialmente proposto em estúdio, que se impõe, de modo a ser até mais marcante que a gravação que deu origem ao repertório executado no show. É o caso, para mim, do álbum "Live at Brixton Academy", do Faith No More, de 1990. Reproduzindo grande parte do conteúdo do disco "The Real Thing", trabalho responsável pelo estouro de popularidade e vendas da banda, a performance gravada ao vivo em Londres, originalmente para vídeo, potencializa ainda mais as virtudes já apresentadas no ótimo disco de estúdio. O ambiente do palco, a acústica de um espaço amplo com público, a espontaneidade da banda os favoreceram em tudo e seu som e "Live at Braxton Academy" acaba entregando mais do que já se tinha recebido em "The Real Thing". As virtudes dos instrumentistas e a qualidade compositiva acabam ficando mais evidenciadas sem a mixagem excessivamente limpa e cuidadosa de estúdio que, naquele momento visava atingir e conquistar um público que começava a se interessar pela mistura de peso com embalo que o Faith No More e algumas outras bandas começavam a explorar. Ali, mais cru, mais raiz, a percepção da fundição não somente do metal com o funk, mas das linhas de metal melódico, das influências de música clássica, do pop oitentista, ganhava em leitura mais clara, além, é claro, da qualidade e versatilidade vocal de Mike Patton, que, totalmente à vontade no palco, dominando o território e com um musicalidade absurda, proporcionava inúmeras possibilidades e variantes ao show. A pouco conhecida "Zombie Eaters", uma pequena sinfonia metal com ricas variações rítmicas e de intensidade, talvez seja o melhor exemplo desse ganho ao vivo. Sua composição primorosa, que consegue ir de uma linha melódica quase bachiana, às caracteristicas guitarras galopantes do metal, fica ainda mais poderosa e impressionante nessa situação. E Patton, afinadíssimo, vai do requinte à fúria, com incrível naturalidade. Aliás, o vocalista é um show à parte. Em "Edge of The world", por exemplo, ele comanda a balada, uma espécie de jazz de cabaré, com uma condução leve e descontraída que confere todo um ar bem-humorado ao número; e na badalada "Epic", Patton, depois de praticamente recriar partes do vocal da música, fazer sustenidos, baixos e chegar quase a um soprano, de quebra, no final, ainda emenda com uma improvável inserção do hit dance "Pump up the jam", do Technotronic, dando a ela toda uma leitura melancólica, no epílogo de piano.
Patton, ainda, toma conta de "We Care a Lot", faixa superdiversificada, com baixo funkeado, levada rap, transição metal e refrão pop, que já era do repertório da banda antes de seu ingresso; e, com uma performance enlouquecida, só joga mais gasolina em cima da já incendiária "From Out of Nowhere", uma espécie de synth-punk alucinante, que dá vontade de sair pulando cada vez que eu ouço.
"Falling to Pieces" é intensa e contagiante, "The Real Thing" lembra muito Black Sabbath e, propósito, a cover de "War Pigs", muito competente (mas talvez um pouco descontraída demais) confirma inspirações e referências. As duas faixas "extra" por assim dizer, uma vez que não apareciam no material original do vídeo, "The Grade", um country acelerado instrumental, e a nada mais que interessante "The Cowboy Song", são meio que dispensáveis, se bem que, sem elas a duração já curta do álbum ficaria ainda mais prejudicada.
De certa forma, dá pra dizer que essa questão, a da duração, seja, possivelmente, o único grande defeito do álbum, muito curto para um registro ao vivo. Mas, por outro lado, também dá pra dizer que o tempo utilizado é muito bem aproveitado e que, de minha parte, o tempo pelo qual se estende é curtido com entusiasmo do início ao fim, neste que é um dos meus discos ao vivo preferidos.


FAIXAS:
  1. "Falling to Pieces" – 4:47
  2. "The Real Thing" – 7:53
  3. "Epic" – 4:55
  4. "War Pigs" – 6:58
  5. "From out of Nowhere" – 3:24
  6. "We Care a Lot" – 3:50
  7. "Zombie Eaters" – 6:05
  8. "Edge of the World" – 5:50
  9. "The Grade" (Instrumental) – 2:05
  10. "The Cowboy Song" – 5:12


Destaque

David Bowie - Scary Monsters (1980)

  01.   It's No Game   (4:20) 02.  Up the Hill Backwards  (3:15) 03.  Scary Monsters (And Super Creeps)  (5:13) 04.   Ashes to Ashes   (...