sábado, 1 de novembro de 2025

Elf - Elf (1972)

 


Dez anos sem a voz de trovão de Ronald James Padavona! O pequeno notável, o baixinho que se agigantava quando cantava nos deixava em 16 de maio de 2010, quando o câncer o venceu. Mas a morte de Ronnie James Dio não abreviou a sua importância para o heavy rock, para o hard rock, para o heavy metal. 

Ronald nasceu em 10 de julho de 1942 na cidade de Portsmouth, no estado norte americano de New Hampshire. Dio era filho de italo-americanos que haviam se mudado de Cortland, no estado de Nova Iorque, onde havia ocorrido parte do serviço militar de seu pai, na Segunda Guerra Mundial.

A família residiu em Portsmouth por pouco tempo, retornando a Cortland. Por uma questão cultural Dio ouviu muita ópera,enquanto crescia e foi influenciado vocalmente pelo tenor americano Mario Lanza. Seu primeiro e único treinamento musical formal começou aos cinco anos de idade, quando aprendeu a tocar trompete. Dio tocou na banda do colégio e foi um dos membros mais jovens selecionados para participar na banda de dança oficial da escola.


Dio graduou-se na High School de Cortland em 1960 e após a formatura frequentou a Universidade de Buffalo, em especialização em Farmacologia. Nela permaneceu de 1960 e 1961 e tocou o seu trompete na banda de concerto da universidade e, por fim, não se formou. A música estava na sua alma.

A sua influência para tantos músicos, a inspiração, a referência o faz eterno, a sua obra o mantém vivo.  Dio foi o vocalista do Rainbow, em sua primeira encarnação, gravando os melhores trabalhos da banda. Mas as brigas com o guitarrista Ritchie Blackmore fez com que Ronnie saísse da banda. O cerne da disputa era a condução da música do Rainbow onde Blackmore queria torná-la mais comercial, levar para as rádios e Dio discordava veementemente desse novo caminho.

Rainbow com Dio

Veio a proposta do Black Sabbath em um momento de total incerteza, afinal, o carismático vocalista da banda, Ozzy Osbourne, imergido no consumo de drogas e bebidas alcoólicas, não conseguia dedicar-se à sua banda, sendo sumariamente demitido nos idos de 1978. Dio entrou na banda, sob olhares de desconfiança e diria até mesmo rejeição, mas brilhou gravando poucos, mas significativos álbuns com a banda, que adentrou brilhantemente no heavy metal com trabalhos que serviram de referência.

Black Sabbath com Dio

Mas voltemos mais no tempo, afinal a história de Ronnie James Dio não se resume às suas facetas no Rainbow ou Black Sabbath, mas há uma carreira inaugural construída ainda nos anos 1950, mais precisamente em 1957, em Nova Iorque, onde Ronald James Padavona começou sua trajetória na música. Isso quando estava na escola, na adolescência. 

Ele formou a banda The Vegas Kings, que contava com o vocalista Billy DeWolfe, o guitarrista Nick Pantas, o baterista Tom Rogers e o saxofonista Jack Musci, além de Ronnie no baixo, sim, no baixo. A banda recebeu outros nomes, como Ronnie and the Rumbles e Ronnie and the Red Caps, isso em 1958. Ele começou tocando trompete, depois foi para o baixo. Mas a sua aptidão estava no vocal. 

As mudanças não aconteceram no nome da banda, mas também entre os integrantes, saindo Musci, em 1960, e um novo guitarrista, Dick Botoff, se reuniu a banda. Já como The Redcaps lançou apenas dois singles: o primeiro foi "Conquest"/"Lover" com o "lado A" sendo uma reminiscência instrumental da banda The Ventures e contava com DeWolfe nos vocais. 

The Ventures foi uma banda instrumental dos estados Unidos formada inicialmente como The Versatones, em 1958, por Bob Bogle e Don Wilson, em Tacoma, Washington. Foi conhecida por clássicos como "Walk Don't Run" "Surf Rider" e "Journey to the Star", entre outros. O segundo single foi "Angel is Missing", "What'd I Say", as quais contavam já com Dio se "aventurando" nos vocais.


Ronnie and the Red Caps - An Angel is Missing (1961)

A banda não durou muito tempo, cada um indo para o seu lado, formando em seguida, em 1960, a Ronnie Dio and The Prophets, que tocava um doo wop pop, gravando um álbum ao vivo que não ganhou muita repercussão. A formação do The Prophets durou vários anos com a banda viajando por toda a região de Nova Iorque, tocando em festas universitárias. Eles produziram um single pela Atlantic Records ("The Ooh-Poo-Pah-Doo"/"Love Pains") e também um álbum chamado "Dio at Domino's", de 1963.



"Dio at Domino's" (1963)

Foi nesta banda que o "Dio", apelido que carrgou até o fim da sua vida, surgiu e a fonte do surgimento são vários. Corre a história de que Dio seria uma referência ao membro da máfia, Johnny Dio. Giovanni Ignazio Dioguardi, também conhecido como "John Dioguardi" e "Johnny Dio", foi uma figura do crime organizado ítalo-americano. Ele era conhecido por estar envolvido no ataque ácido que levou à cegueira do jornalista Victor Riesel e pelo seu papel na criação de falsos sindicatos locais para ajudar Jimmy Hoffa a tornar-se Presidente Geral do Teamsters.

Ronnie Dio and The Prophets

Outra versão afirma que a avó de Padavona disse que ele tinha um dom de Deus e que deveria ser chamado de Dio (Deus, em italiano). Independente da inspiração, Padavona utilizou o termo, pela primeira vez, em uma gravação no ano de 1960, quando o adicionou ao segundo lançamento da banda, em Seneca. E assim a banda mudaria seu nome para Ronnie Dio and The Prophets.

Alguns dos singles como "Mr. Misery", lançado pela Swan Records, foram batizados como sendo gravados como Ronnie Dio sendo um músico solo, mesmo que o resto dos The Prophets tenham contribuído no processo de composição. A banda lançou vários singles durante os anos seguintes, até o início de 1967. Dio continuou a usar seu nome de nascimento em qualquer crédito pela composição nesses lançamentos. No final de 1967, o Ronnie Dio and The Prophets se transformaram em uma nova banda chamada "The Electric Elves", adicionando um tecladista. Com esse nome lançaram um single, o "Hey, Look Me Over", naquele mesmo ano.

The Electric Elves - "Hey, Look Me Over"

Nesse período a formação do The Electric Elves tinha: Ronnie James Dio, vocalista e baixista, Doug Thaler, nos teclados, Gary Driscoll na bateria, Nick Pantas e David Feinstein, nas guitarras. Este último primo de Dio. Um acidente grave de carro envolvendo a banda vitimou fatalmente o guitarrista Nick Pantas, isso em 1968, ferindo os demais integrantes. Isso motivou o encurtamento do nome da banda, para The Elves. O The Elves lançou três singles, o primeiro chamado "Walking in Different Circles", em 1969 e os outros dois "Amber Velvet", lançados por selos (gravadoras) diferentes no ano de 1970.

The Electric Elves

O acidente, que vitimou o guitarrista Nick Pantas, forçou uma nova configuração dos papéis dos membros dentro da banda. O tecladista original Doug Thaler foi para a guitarra e a banda contratou Mickey Lee Soule para assumir as teclas.

A banda mudou novamente de nome e encurtou um pouco mais, agora para "Elves" e logo depois para ELF e a partir daqui darei todo o destaque para a sua história dentro do blues rock e hard rock. Aqui foi o nascedouro de Ronnie James Dio para o que conhecemos notoriamente ao longo dos anos 1970 e 1980, embora o Elf tenha sido uma banda com viés blueseiro.

Elves

A formação do Elf consistia em: Ronnie James Dio nos vocais e baixo, David Feinstein na guitarra, Doug Thaler nos teclados, entrando Mickey Lee Soule entrando no lugar quando Thaler saiu, em 1972, Gray Driscoll na bateria. Thaler virou agente e uma de suas primeiras bandas foi o Elf.

O Elf, como qualquer banda em seus primeiros passos, queria um contrato com uma gravadora e se tornar famosa, tocando em clubes, festas, o que surgia, aceitava. Tanta aparição acabou chamando a atenção de dois membros de uma banda que já era famosa no início dos anos 1970, eram simplesmente Roger Glover e Ian Paice, respectivamente baixista e baterista do Deep Purple.

Eles viram uma apresentação da banda e ficaram fascinados. Deram uma força e tanto para os caras se apresentarem em lugares mais estruturados e maiores, servindo de banda de abertura para o próprio Purple, além do Glover produzir o primeiro álbum da banda, de nome "Elf", em 1972, alvo de meu texto hoje. Foram verdadeiros padrinhos!

A formação do Elf que gravou este álbum tinha, Ronald Padavona (Dio ainda usava seu nome de batismo) no vocal e baixo, o guitarrista e primo de Dio, David Rock Feinstein, Mickey Lee Soule nos teclados e piano e Gary Driscoll na bateria.

“Elf” traz uma faceta inusitada na carreira de Dio, conhecida mundialmente pelo heavy metal e heavy rock no Sabbath, o hard rock no Rainbow e heavy metal na sua carreira solo, na banda DIO, tocando um hard rock mesclado com um blues rock muito competente, com a sua poderosa voz, de grande alcance, extremamente melódica, ao mesmo tempo, que o caracterizou como um dos melhores de todos os tempos, em todos os seus momentos como músico.

O álbum começa com a clássica do blues “Hoochie Coochie Lady” que, com muito peso, ganha uma “personalidade” marcante, chegando a ser agressiva em alguns momentos. Um senhor petardo sonoro! Segue a mesma proposta com “First Avenue” que, cadenciada, propõe um dançante e solar blues rock.

"Hoochie Coochie Lady'


A sequência muda totalmente a atmosfera com “Nevermore” que, com destaque do vocal insuperável de Dio, cheio de dramaticidade e vivacidade conduz a música em uma espécie de balada rock com solos de guitarra lindos e diretos. “I'm Coming Back for You” é um hardão intenso, vigoroso e, por um momento, o blues fica em segundo plano, revelando que Dio & Cia, sabiam estremecer as estruturas com um característico peso.

"Nevermore"

“Sit Down Honey (Everything Will Be Alright)” traz o blues rock novamente e o destaque fica para o piano de Lee Soule dando o balanço rítmico envolvente a música com a bateria marcada e vibrante protagonizando o peso a faixa. “Dixie Lee Junction” diminui, mais uma vez, o ritmo, outra balada com um caráter mais radiofônico, um som mais acessível, mas sem destoar do conjunto da obra.

"Dixie Lee Junction"

“Love Me Like a Woman” traz o hard/blues rock de novo, uma música altiva, animada, solar, com Dio cantando em um tom provocador. O disco fecha com “Gambler, Gambler” que traz a pureza do hard rock e o que o próprio Ronnie James Dio faria no Rainbow. Essa música entraria facilmente no set list da banda de Blackmore.

"Gambler, Gambler"

Em 1973, o Elf adicionou o baixista Craig Gruber, deixando Dio apenas nos vocais. Pouco depois, David Fenstein saiu da banda, sendo substituído por Steve Edwards. Em 1974, o Elf teve muitas mudanças em sua história: um segundo álbum foi lançado chamado "Caroline County Ball", além de Dio participar da gravação do álbum solo de Roger Glover (Ele cantou a música "Love is All", onde os fãs de Deep Purple puderam vê-lo cantar naquele trabalho mais recente gravado com orquestra), que também produziu este álbum.

Importante lembrar que Glover, juntamente com Ian Gillan, tinham saído do Deep Purple. E quem começaria a ficar insatisfeito era Ritchie Blackmore, que insistia que a banda deveria gravar um cover do Quatermass, "Black Sheep of the Family". Com a recusa da banda, e convenhamos, diversos outros motivos, principalmente as intensas brigas com Gillan, Blackmore também sairia do Purple.

No final de 1974 Blackmore gravou duas faixas para o seu novo álbum solo, com Dio nos vocais e Gary Driscoll na bateria. Ele gostou tanto do resultado das gravações que resolveu chamar toda a banda Elf para gravar com ele, exceto Edwards, e acaba lançando o primeiro álbum do Rainbow, "Ritchie Blackmore's Rainbow", em 1975.

O Elf, nesse meio tempo, ainda lançaria seu terceiro e último álbum de estúdio, "Trying to Burn the Sun", mas se desfez antes mesmo do lançamento, com os seus integrantes já compromissados com o Rainbow. Mas isso já outra história...

"Elf" é um clássico, meio obscuro, da fase menos popular de Dio, da sua fase mais obscura e até mesmo inusitada para muitos fãs, sobretudos os mais jovens, que ainda não trafegaram o bastante na vasta história discográfica do pequeno gigante do heavy rock. Dio é a síntese do rock n’ roll sem arestas, forte, vigoroso e criativo que faz muita falta junto com o “malocchio” ou os “chifres do Diabo” que ele ajudou a popularizar. Eterno!






A banda:

Ronald Padavona no vocal e baixo
David Rock Feinstein na guitarra
Mickey Lee Soule no piano e teclados
Gary Driscoll na bateria


Faixas:

1 - Hoochie Koochie Lady
2 - First Avenue
3 - Never More
4 - I'm Coming Back For You
5 - Sit Down Honey (Everything Will Be Alright)
6 - Dixie Lee Junction
7 - Love Me Like A Woman
8 - Gambler, Gambler


"Elf" (1972)

Blues Pills - Bliss (2012)

 


Nesses últimos 20 anos, aproximadamente, testemunhamos um surgimento, em massa, de bandas de stoner rock, doom metal e hard rock. Uma cena que, atualmente, está saturada, com muitas bandas, algumas com uma sonoridade peculiar, que merece atenção, porém outras repetitivas, com uma redundância na proposta da música que acabam perecendo ou não obtendo o tão desejado sucesso.

Conhecidas como “bandas retrô”, pois revisitam o hard rock setentista com o apelo visual também muito em evidência daqueles longínquos anos 1970, tem surgido aos borbotões, saindo de vários países, sobretudo os da Europa cujo público tem recebido com muito entusiasmo. Mas não se enganem que o som soe datado ou plágio. 

Embora a referência, a influência seja evidente aos ouvidos, muitas dessas bandas estão trazendo propostas arrojadas e interessantes trazendo, por exemplo, o doom metal e o stoner rock ao rock progressivo ou o blues ao stoner rock. 

Jovens músicos trazendo um frescor ao rock n’ roll com os olhos voltados para a sua essência e o que ele de melhor nos proporcionou e proporciona ao longo das décadas. Não se enganem, bons e estimados leitores, quando dizem que o rock morreu. Não, não morreu! Está vivo e latente, graças a essa cena dos anos 2000.

No Brasil a popularidade não é tão grande como na Europa, por exemplo, onde muitas dessas bandas já estão fazendo shows em festivais e fazendo grandes turnês, apesar de não terem um som comercial e radiofônico, mas as bandas estão surgindo, graças a produtores e pequenos selos que se dedicam a disseminar tais bandas. As vertentes ainda não são compreendidas, embora o doom metal seja muito conhecido graças a bandas como Saint Vitus, Pentagram e até o Black Sabbath nos seus primórdios e o stoner que é uma espécie de “filho mais novo” do hard rock setentista. 

Um exemplo de banda, embora jovem, mas que mantém a chama do som obscuro do hard rock com o rock psych e que vem fazendo shows e se apresentando em festivais pela Europa, é o BLUES PILLS, da Suécia. A Suécia vem produzindo grandes bandas dessas vertentes e o Blues Pills é certamente um grande representante. 

Blues Pills

A banda não é exatamente obscura, desconhecida, vem ganhando, inclusive notoriedade a cada trabalho realizado, mas a sua sonoridade é calcada em um som pouco mainstream como hard rock, psych, blues e até soul music e no seu primeiro material lançado, o EP “Bliss”, de 2012, alvo desse texto, traz uma banda avassaladora, um hard rock vigoroso com generosas pitadas psicodélicas rememorando, é claro, as bandas surgidas nas transições das décadas de 1960 e 1970. 

"Bliss"

Os “pílulas azuis” ou, para bom entendedores, os “viagras”, foi formado na suécia em 2011 pelo guitarrista Zack Anderson e Elin Larsson. A banda, avançando um pouco no tempo, em relação ao “Bliss”, estreou em #78 posição na parada americana da "Billboard Heatseekers" com seu primeiro álbum, o "Blues Pills" (álbum autointitulado). 

Um grande exemplo de uma banda que, apesar de trafegar no mainstream, porém nem tanto assim, faz um som anticomercial, valorizando as raízes do rock n’ roll. O EP “Bliss”, de 2012, traz a impressão de se tratar de uma produção “caseira”, muito alternativa, com algumas imperfeições na qualidade do som, mas que em nada influenciou, negativamente falando, na mensagem do Blues Pills: um trabalho poderoso, com realce instrumental muito evidente, calcado no hard rock, psicodélico e um intenso stoner rock contemporâneo e cheio de vivacidade com o destaque para o vocal competente, limpo, de grande alcance de Elin Larsson, valorizando e muito a sinergia que é um vocal feminino no rock n’ roll.

A formação da banda, quando gravou “Bliss” tinha Elin Larsson nos vocais, Dorian Sorriaux na guitarra, Cory Jack Berry na guitarra, Zack Anderson no baixo e Jonas Moses Askerlund na bateria. O álbum abre com a faixa-título, “Bliss” já começa com um riff arrebatador ao estilo Hendrix, com um pouco de groove, um hard rock dançante, animado e pesado, muito pesado, com destaque do vocal de Larsson, gritado e melancólico, ao mesmo tempo.

"Bliss", Live in Paris

Astralplane”, ao contrário, começa introspectiva, soturna irrompendo um hard com pitadas blueseiras, um som sujo e marginal, com o estilo pagão do velho rock n’ roll personificado na contemporaneidade do Blues Pills. Essa faixa pode ser ouvida no primeiro álbum “cheio” da banda, lançado em 2014.

"Astralplane", Live at Wacken Open Air, em 2018

Pode ser ouvida também, no seu primeiro álbum, a grande “Devil Man”, que segue no EP “Bliss” que introduz com o vocal nervoso de Larsson à capela que culmina na explosão instrumental com uma bateria agressiva e solos de guitarra desconcertantes.

"Devil Man", Live at Hard Rock Festival, 2014

Fecha com “Little Sun” com uma viagem psicodélica, lisérgica, ao estilo melancólico de Janis Joplin, mas com muita personalidade e dramaticidade. Essa faixa pode ser ouvida também no seu primeiro álbum.

"Little Sun", Live at RockPalast, 2013

O Blues Pills no seu mais cru, direto e puro início. As origens pesada e agressiva de uma banda que representa a música marginal no topo atual de grandes paradas de música. É finalmente o rock n’ roll no seu posto, na sua merecida posição de marginal. Altamente recomendado!





A banda:

Elin Larsson no vocal
Zack Anderson na guitarra
André Kvarnström na bateria
Kristoffer Schander no baixo

Faixas:

1 – Bliss
2 – Astralplane
3 – Devil Man
4 – Little Sun

"Bliss" (2012)

Birth Control - Live (1975)

 

Há grandes registros ao vivo na história do rock n’ roll. Grandes músicas ao vivo eternizadas de grandes bandas conhecidas e consagradas pelo grande público. Contudo, alguns grandes registros ao vivo caem no esquecimento ou sequer as bandas são conhecidas. São pérolas obscuras de bandas igualmente obscuras que não entra na estatística das grandes apresentações. Um exemplo é o registro ao vivo excelente da grande banda alemã BIRTH CONTROL do ano de 1975, chamado “Live 1975”.


Esse álbum foi gravado da turnê do álbum “Rebirth” de 1973 e mostra um Birth Control no seu auge criativo. Antes, falemos brevemente da história da banda. Formada em 1968 fundia em seu som um potente e vigoroso hard rock com pitadas progressivas, com um pouco de blues e jazz e nada, quase nada de krautrock, fazendo do Birth Control uma banda diferente e destacada daquela proeminente cena alemã.

O destaque fica para o duelo salutar entre o órgão hammond tocado freneticamente e a guitarra, com uma cozinha poderosa. Uma banda completa!  A curiosidade que envolve o nome da banda que, na tradução literal significa "controle de natalidade", surgiu como uma resposta provocativa a uma declaração do Papa Paulo VI, onde o líder da igreja católica se pronunciava contrário ao uso das pílulas anticoncepcionais. Inclusive essa percepção histórica da banda se materializa na arte gráfica do excelente álbum de 1971 chamado “Operation”.

"Operation" (1971)

O Birth Control, na época deste show, era formado por Peter Föller, no baixo, vocal e percussão, Bruno Frenzel na guitarra, vocal, Zeus B. Held nos teclados, sax e Bernd Noske na bateria e vocal. O show é dominado por muito peso, presença sonora, improvisação e muito progressivo, hard progressivo da melhor qualidade. 

E começa logo com um petardo do segundo e excelente álbum “Operation”, de 1971, "The Work is Done", uma belíssima versão estendida com uma introdução excelente de hammond, depois vem a guitarra gritando feito uma tresloucada e a bateria e vocal agressivo de Noske faz e muito a diferença nesta faixa.


"The Work is Done", Live, 1971

A sequência vem com a faixa do álbum “Rebirth”, "Back From Hell", com mais uma sequência de destaque do órgão hammond, descambando para uma levada bem humorada. Um som poderoso, veloz, dinâmico, com um solo de bateria de Noske de tirar o fôlego, sem firulas, sem soar cansativo e enfadonho. Agora a faixa talvez clássica do Birth Control, extraída de “Hoodoo Man”, de 1972, “Gamma Ray” tocada em uma versão avassaladora de hard rock em ritmo tempestuoso com solos de guitarra distorcidos e riffs blueseiros fantásticos.


"Gamma Ray" - Live in Rendsburg, 1996

"She's Got Nothing on You" do álbum “Rebirth”, mostra-se melodicamente convencional, porém bem rock n’ roll, cantada pelo baixista Peter Foller, apoiado pela voz trêmula de Noske.

E para fechar um cover de Little Richard "Long Tall Sally", em uma versão distinta da original, bem divertida, mas pesada e muito rock n’ roll! Grande show, grande registro. Altamente recomendada de uma banda alemã, como várias outras da década de 1970, obscura, pouco conhecida, mas que dispõe de uma vasta e rica discografia edificada por 50 anos de história. O Birth Control está até hoje na ativa.




A banda:

Bruno Frenzel nas guitarras, percussão, vocais

Zeus B. Held no órgão, Wurlitzer piano, percussão, saxophone, harmonica e vocais

Peter Föller nos vocais principais, baixo e percussão

Bernd Noske nos vocais principais, bateria e percussão 


Faixas:

1 - The Work Is Done

2 - Back From Hell

3 - Gamma Ray

4 - She's Got Nothing on You

5 - Long Tall Sally




ABIDORAL JAMACARU

 

“Eu escuto e adoro Abidoral Jamacaru e escuto e adoro Prince, então espero um dia ter ambos convidados num disco meu, nem que seja daqui a quinze anos”
(Chico César em entrevista a Luciano de Almeida Filho no Caderno “Vida & Arte” de “O Povo” em 18/10/1997)

Abidoral Jamacaru é o músico caririense mais conhecido e respeitado no cenário da música popular brasileira. Tem dois discos antológicos gravados e esgotados que se tornaram cults: “Avalon” (1986) e “O Peixe” ( 1998) . Tem parcerias com Xico Xaves, Flávio Paiva, Dalmo Castelo, Patativa, Pachelly Jamacaru, Cleilson, Zé Flávio, Geraldo Urano, João Nicodemos, Alano de Freitas e teve músicas gravadas por Dalmo Castelo, Elza Maria, Eugênio Leandro, Aparecida Silvino, “Cinco em Ponto”, Luiz Carlos Salatiel, Pachelly Jamacaru. Participou ainda das coletâneas: “Viva Patativa (Realização Equatorial ProduçõesFortaleza- 2005), Centro Cultural Banco do Nordeste(1998), Compositores &Intérpretes Cearenses (Studio Lave e Proaudio-Fortaleza), Patativa do Assaré (Equatorial Produções-2004).

Em 2008, quando completou 40 anos de profícua carreira e 60 de idade, comemorou sua maturidade musical com o lançamento do seu terceiro CD, intitulado “Bárbara” que tem a apresentação de Chico César e foi lançado na X Mostra Cariri das Artes, promovida pelo SESC, o mais importante evento cultural caririense. Já no título reverencia a sua cidade, a liberdade, a revolução e a mulher, temáticas que na sua obra, corporificam-se criativamente nas formas da poesia que o torna único.

No momento há Projeto em curso encabeçado pelo compositor Eugênio Leandro, em Fortaleza, através de Edital da Secult, quando diversos artistas preparam um CD em sua homenagem : “Incomensurável”.

Abidoral prepara-se ainda para entrar em estúdio nos próximos meses na preparação de seu quarto CD individual. É através da voz e da poesia de Abidoral Jamacaru que o Cariri posta-se diante do mundo, na sua mais perfeita e clarividente individualidade.



 


BOB DYLAN - UNDER THE RED SKY - 1990

 


Under the Red Sky foi o 27º álbum de estúdio de Bob Dylanlançado em 10 de setembro de 1990 pela Columbia RecordsO álbum foi amplamente saudado como uma sequência estranha e decepcionante de Oh Mercyde 1989, aclamado pela crítica. A maior parte das críticas foi dirigida ao som habilidoso do produtor pop Don Wasbem como a um punhado de faixas que parecem enraizadas em cantigas infantis. Under the Red Sky é uma raridade no catálogo de Dylan por incluir participações especiais de celebridades como George HarrisonJimmie Vaughan, Slash, Elton John, David Crosby, Stevie Ray Vaughan e Bruce HornsbyUnder the Red Sky é dedicado a "Gabby Goo Goo", mais tarde explicado como um apelido para a filha de quatro anos de Dylan. Isso levou à suposição popular de que as canções mais infantis do álbum eram para seu entretenimento, algo que nunca foi confirmado ou negado por DylanBob Dylan: Vocais e violão; George HarrisonSlide GuitarWaddy Wachtel: Guitarra; Al Kooper: Teclados; Don Was: Baixo; e Kenny Aronoff: Bateria.

THE BEATLES - RED SAILS IN THE SUNSET

 


"Red Sails in the Sunset" é uma canção popular de 1935, composta por Hugh Williams e Jimmy Kennedy. Foi inspirada pelas "velas vermelhas" de um iate que Kennedy costumava avistar na costa norte da Irlanda e por sua cidade, Portstewartum resort à beira-mar no condado de Londonderry.


Ao longo dos anos, foi regravada por inúmeros grandes artistas como Bing Crosby, Guy Lombardo, Mantovani, Jack Jackson, Louis Armstrong, Nat King Cole, Paul Anka, The Platters e mais um tanto de gente.


Em 1962, uma versão matadora de "Red Sails in the Sunset" entrou para o repertório dos Beatles, quando tocavam no Star-Club na Alemanha.



GEORGE HARRISON - THIS IS LOVE - 1987

 


A ensolarada "This Is Love" foi composta por George Harrison Jeff Lynne. É a quinta música do excelente Cloud Nine, 11º álbum de estúdio de Harrison, lançado em novembro de 1987 e captura parte da essência dos BeatlesTambém foi lançada como terceiro single do álbum, alcançando número 55 no UK Singles Chart. O Lado B era para ser "Handle with Care", uma colaboração entre Harrison, Lynne, Roy Orbison Tom Petty gravada no estúdio de Bob Dylan em Santa Monica, Califórnia. Quando os executivos da distribuidora de Harrison - Warner Bros, ouviram a música, decidiram que era boa demais para ser lançada como lado B do single. Uma decisão que resultou na formação dos Traveling Wilburys, e seu primeiro álbum Traveling Wilburys Vol.1, com "Handle with Care", como faixa principal e single. O Lado B de "This Is Love" foi "Breath Away from Heaven", que também está em Cloud Nine. Em março de 1988, George fez um vídeo promocional para "This Is Love" em Hana, na ilha havaiana de Maui, onde ele tinha uma propriedade. Foi dirigido por Morton Jankel e a produção foi creditada ao Grupo A+R. Esse vídeoclipe raramente foi exibido na época, mas em 2004 apareceu no DVD de Harrison, Dark Horse Years, de 1976-1992, que estava disponível como parte da box set e também como um lançamento independente.

HARRY NILSSON - "1941"

 


Harry Nilsson sempre disse que suas canções eram fruto de uma experiência pessoal, mas não eram autobiográficas. Só que não há como não ver semelhanças impressionantes entre a música “1941” (Nilsson) e a vida do próprio cantor. A música começa com um pai comemorando o nascimento de seu filho em 1941. Em 1944, o pai abandona o menino e a mãe. Mais tarde, o menino foge e se apaixona, apenas para repetir os erros do pai. Nilsson nasceu em 1941, também foi abandonado pelo pai em 1944, fugiu do Brooklyn para Los Angeles e também teve casamentos desfeitos que deixaram um filho para trás e teria um terceiro casamento bem sucedido que trouxe mais seis crianças. "Quando comecei a escrever '1941', estava interessado em escrever uma música sobre um número. Então pensei em escrever uma música sobre um ano. Primeiro, tentei 1944. Não ... Então tentei 1941. Sim, é isso! Originalmente seria uma canção sobre a guerra". Disse ele
.
O publicitário dos BeatlesDerek Taylor, lembra-se de ter ouvido "1941" pela primeira vez no carro com seus filhos no estacionamento de um supermercado. Ele escreveu no encarte do álbum seguinte de NilssonAerial Ballet"Apertei o botão para um trecho de uma música e Timothy, de oito anos e esperto, disse: 'Ei, você está sorrindo agora. Por quê?". Por que? Ora... a música dizia: 'Ele conheceu uma garota, do tipo que ele sempre quis durante toda a sua vida. Ela era gentil, boa com ele e ele a tomou por esposa. Eles conseguiram uma casa não muito longe da cidade e em pouco tempo ela foi ao médico e voltou para casa com um sorriso. E em 1961 tiveram um filho...' Era um fragmento de canção, e de quem? Era novo e quase nada é novo! Nilsson".

Taylor comprou uma caixa do álbum Pandemonium Shadow Show e enviou para todos os Beatles, que rapidamente se apaixonaram pelo disco, que, inclusive trazia uma versão inusitada e surpreendente de "You Can't Do That". Não demorou muito para que eles cantassem publicamente louvores a Nilsson e se tornassem amigos rapidamente.

Destaque

David Bowie - Scary Monsters (1980)

  01.   It's No Game   (4:20) 02.  Up the Hill Backwards  (3:15) 03.  Scary Monsters (And Super Creeps)  (5:13) 04.   Ashes to Ashes   (...