domingo, 2 de novembro de 2025

Led Zeppelin - "Led Zeppelin" (1969)

 

"Eu desejava que o Zeppelin fosse um casamento de blues, hard rock e música acústica coberto por refrões pesados, uma combinação que nunca tinha sido feita antes. Um monte de luz e sombra na música."

Que baita disco de estreia!
Depois do esfacelamanto dos Yardbirds, o guitarrista Jimmy Page saiu à cata de parceiros para sua nova empreitada e convocando um timaço - o baixista competentíssimo John Paul Jones, o monstro na batera John Bohan e o carismático vocalista Robert Plant de um poderio vocal estupendo - formava uma das maiores bandas da história do rock.
Com uma fórmula que englobava hard-rock, psicodelismo, country, folk e blues, incrementada pelo misticismo feiticeiro de Jimmy Page, o Led Zeppelin escrevia a partir de então uma das páginas mais importantes da história do rock com um disco impecável, "Led Zeppelin"de 1969 (também conhecido como "Led Zeppelin I"), que pelo peso, pelos timbres, pelas distorções, pelos solos, pela linguagem proposta, teria alta influência e começava inspirar aquilo que viria a ser o heavy-metal.
Seu primeiro disco traz o excelente rockão "Good Times, Bad Times" com a condução segura e precisa do baixo de Jones; o blues singular, com a marca ácida e experimentalista da banda, "Dazed and Confused"; e a elétrica "Communication Breakdown"; além de dois covers matadores do bluesman americano Willie Dixon e da ótima balada "Babe I'm Gonna Leave You" cheia de variações de intensidade e rompantes de peso, contando um show à parte do vocal de Robert Plant.
Um dos melhores discos de estreia da história do rock, aliás não só um dos melhores de estreia como um dos melhores sob todos os aspectos. Um dos mais importantes e influnetes com certeza. Sem sombra de dúvida, ÁLBUM FUNDAMENTAL.

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FAIXAS:
1. "Good Times Bad Times" (Bonham/Jones/Page)
2. "Babe I'm Gonna Leave You" (Page/Plant/Anne Bredon)
3. "You Shook Me" (Dixon/J. B. Lenoir)
4. "Dazed and Confused" Page (Page)   
5. "Your Time Is Gonna Come" (Jones/Page)
6. "Black Mountain Side" (Page)
7. "Communication Breakdown" (Bonham/Jones/Page)
8. "I Can't Quit You Baby" (Dixon)
9. "How Many More Times" (Bonham/Jones/Page)





Lauryn Hill - "The Miseducation of Lauryn Hill" (1998)

 

"O hip hop encontra escrituras transformando o negativo numa coisa positiva”
Lauryn Hill

A década de 90 lançou um filme que entrou pra minha lista de melhores filmes de todos os tempos (não digo que é uma lista de 10 ou de 100, porque perdi a conta, mas engloba todo tipo de filme), o "Mudança de Hábito 2". Uma comédia musical que me chamou atenção pela qualidade dos cantores, pelo repertório e pelo conjunto da obra. Uma cantora em especial, Lauryn Hill, que já participava do grupo de hip hop Fugees, mas que para mim ainda era desconhecida, se tornou um objeto de desejo. Queria saber mais sobre ela, o que fazia, o que estaria por fazer, mas nessa época o acesso às informações musicais era difícil, afinal de contas a internet ainda não estava disponível para todos.
Em 98, Lauryn Hill (nascida em 25 de maio de 1975, na cidade de South Orange, New Jersey), lança o álbum "The Miseducation Of Lauryn Hill". Na primeira oportunidade adiquiri o disco e continuo ouvindo até hoje. O seu nome traduzido significa “A Deseducação de Lauryn Hill” e tem como capa uma xilogravura da cantora – uma referência ao disco "Burning", do The Waylers - numa mesa escolar. Este ambiente é o tema do álbum, usando como referência, logo em sua abertura na faixa "Intro", um sinal de entrada e uma lista de chamada. Ainda há interlúdios entre algumas faixas simulando o intervalo entre as aulas.
Na segunda faixa Ms. Hill abre com o rap "Lost Ones", uma batida sobre os perdidos, uma canção sobre a realidade. E é a partir da concepção de realidade que as músicas se sustentam ao longo do disco. Ela não se preocupa com o amor romântico de baladas superficiais, mas explora a vida como ela é, como na faixa 3. A música "Ex-Factor" é uma batida mais lenta, sobre as contradições e sofrimentos de um amor inacabado, assim como a música 8, que retoma o amor, porém não correspondido.
"To Zion", é uma homenagem à decisão de ter o seu primeiro filho, junto a Rohan Marley (filho de Bob Marley), já que a aconselharam a abortar para que não atrapalhasse o momento de sua carreira. Ainda bem que a decisão foi contrária, pois um dos maiores hits do disco é exatamente esse, que ainda contou com a participação de Carlos Santana.
Doo wop é um estilo musical que surgiu na comunidade negra dos EUA, baseado no R&B, com a particularidade de ter uma harmonia de vocais. Lauryn Hill escancara suas referências musicais nomeando a faixa 5 como "Doo Wop (That Thing)", recriando o estilo, utilizando os vocais pra falar sobre garotos e garotas, e sobre o que eles buscam. A resposta está no refrão: “Garotos é melhor vocês ficarem ligados... algumas garotas só estão atrás ‘daquilo’... Garotas é melhor vocês ficarem ligadas... alguns caras só estão atrás ‘daquilo’”. Da faixa "Doo Wop...", Lauryn viaja novamente pelo hip hop nas duas músicas seguintes, "Superstar" e "Final Hour".
Fica claro que as letras vão além de meras rimas e bons compassos. A ideologia por trás delas gira em torno da realidade vivida por adolescentes negros, de escolas negras, de bairros negros, como na música "Everything Is Everything". Nesta, ela exalta o poder de transformação do hip hop, como no trecho: “ ...o hip hop encontra escrituras transformando o negativo numa coisa positiva”. Já na música "Forgive Them Father", Lauryn se vale de partes da Bíblia para criticar tanto o sistema capitalista como as relações inter-raciais.  Mas é na música "Every Guetto, Every City" que ela usa de metalinguagem para falar de sua própria adolescência, onde era uma menina de pernas magras, que sonhava com o sucesso.
O sucesso, Ms. Hill obteve de forma meteórica. Ganhou cinco prêmios das onze indicações ao Grammy: álbum do ano, artista revelação, prestação vocal R&B feminina, canção R&B e álbum R&B. Vendeu por volta de 400.000 cópias só na primeira semana e entrou para a lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame.
Sua “deseducação” alcançou o mundo, rompendo barreiras entre classes sociais. Porém, assim como podemos entender que o disco engloba críticas variadas, nas variadas faixas, a última música, cujo título é homônimo ao álbum, apresenta uma visão mais para dentro dela mesma. Há questionamentos quanto à repressão externa, do que as pessoas esperavam dela. Logo, “deseducação”, como um todo, significa crítica, questionamento, aprendizado. Mas a sua própria “deseducação”, pode ser um grito de liberdade, de uma pessoa que teve que se adequar às formas para ser quem é.
O disco não pára por aí. Algumas músicas não citadas merecem atenção e duas outras entram na faixa bônus. Uma delas é a regravação de Frankie Valli, a "Can’t Take My Eyes Off You". Após o sucesso, Ms. Hill gravou um Unplugged pela MTV, sem projeção e entrou numa espécie de torpor criativo. O álbum foi tão marcante que os seus fãs aguardam não só os shows baseados nesses sucessos, mas que sua criatividade e reinvenção sejam motivos de inspiração para um novo trabalho.
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FAIXAS:
01. Intro
02. Lost Ones
03. Ex-factor
04. To Zion
05. Doo Wop (That Thing)
06. Superstar
07. Final Hour
08. When It Hurts
09. I Used To Love Him
10. Forgive Them Father
11. Every Ghetto, Every City
12. Nothing Even Matters
13. Everything Is Everything
14. The Miseducation of Lauryn Hill

faixas extra:
15. Can't Take My Eyes Off You
16. Tell Him (live)


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Ouça:
The Miseducation of Lauryn Hill




Jeet Kune Do - First Strike (2025) Suécia

 

Os Jeet Kune Do, nomeados em homenagem à filosofia de artes marciais de Bruce Lee, surgiram em 2021 a partir de músicos experientes da cena rock sueca. First Strike, lançado a 24 de Outubro de 2025 pela King2Music Records, é o seu álbum de estreia e cumpre o que o título promete: um ataque direto e potente de Hard Rock Clássico.

O Som: Rock 'n' Roll Old-School com Grito Sueco

A Suécia tem uma longa tradição de excelência em Hard Rock Melódico (pense em Europe, H.E.A.T., Eclipse), e os Jeet Kune Do baseiam-se nessa herança, mas com um foco particular nas raízes mais cruas e viscerais do Rock Clássico.

  • Hard Rock Puros e Duro: O som é descrito como meat and potatoes rock 'n' roll (Rock 'n' Roll puro e simples, direto ao assunto). A banda assume influências de gigantes como Kiss e Whitesnake, entregando um som com forte inclinação para as décadas de 70 e 80, mas com uma produção moderna e clean.

  • Músicos Experientes: A banda é composta por músicos experientes que já integraram projetos como Electric Earth e The Hellacopters (banda relacionada, dado o guitarrista Tommy Svensson ter estado em Gooseflesh e outros membros em Kapten Kermit/Miss Willis, grupos na mesma cena), o que se traduz numa precisão técnica notável e numa grande coesão.

  • Vocais Impactantes: Uffe Andersson nos vocais é um ponto de referência. A sua performance é fenomenal, equilibrando a ferocidade com as melodias cativantes típicas do Rock/AOR escandinavo, mas mantendo a atitude vintage.

  • Riffs Afiados e Groovy: O álbum é marcado por riffs cortantes e ritmos groovy que convidam imediatamente a abanar a cabeça. A banda aposta numa escrita de canções que é direta e cheia de ganchos melódicos.

Destaques das Faixas

O álbum é elogiado por ser consistente e ter vários momentos que funcionam como "golpes certeiros" do rock.

  • "I Am Your Doctor": Uma faixa de abertura poderosa que, juntamente com "Fly Away" e "Down Down", é descrita como indo "direto ao ponto" (ou auf die Zwölf, em alemão), mostrando a faceta mais Hard e imediata da banda.

  • "Moves Like a Cat": Uma canção com um toque mais sexual e uma energia que lembra o glam rock e sleaze rock, que é apontada como um potencial sucesso ao vivo.

  • "U Got It": Esta faixa, tal como outras, demonstra a força do AOR/Melodic Hard Rock com refrães infecciosos e uma melodia forte.

O Veredito

First Strike é um excelente primeiro golpe da banda Jeet Kune Do. É um álbum que, embora não reinvente a roda, oferece um Hard Rock Clássico perfeitamente executado e com uma atitude inegável.

A banda sueca demonstra que o Hard Rock está vivo e com força, apostando numa abordagem direta, intensa e com ganchos melódicos de primeira linha. Para um álbum de estreia, é um trabalho maduro e coeso.

Se procura o som clássico do Hard Rock dos anos 80, sem adornos e com muita energia, este álbum é definitivamente "o pontapé inicial de que precisava".

Classificação: Bom (Média de 7.8/10)

Recomendado para: Fãs de Hard Rock Escandinavo (Europe, H.E.A.T., Eclipse), e entusiastas de Rock Clássico Old-School (Kiss, Whitesnake, AC/DC).

Temas:

01.I Am Your Doctor
02.Strange Addiction
03.Fly Away
04.Down Down
05.U Got It
06.Highway 45
07.Holy Mary
08.No Halo
09.Moves Like a Cat

Banda:

Uffe Andersson – bass guitar and lead vocals
Marko Kallunki – drums
Jerker Nilsson – guitars and backing vocals
Tommy Svensson – guitars and backing vocals




Destaque

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