segunda-feira, 4 de julho de 2022

Quem é Glen Hansard, o músico irlandês que acompanha Eddie Vedder ao vivo?

 


Quem é Glen Hansard, o músico irlandês que acompanha Eddie Vedder ao vivo?


Este é um post dedicado a todos os melómanos que se interessam por curiosidades da História da Música. Gosto muito do Eddie Vedder e, sem dúvida, que merece todos os elogios que lhe fazem e que eu próprio já lhe dediquei aqui no Mundo de Músicas, através do artigo que pode ler aqui neste link.

Mas acho incrível, e até ridículo, que a comunicação social portuguesa nunca tenha referido em profundidade quem é o músico Glen Hansard que acompanha regularmente o vocalista dos Pearl Jam desde 2011 nas suas digressões a solo, como fez mais uma vez agora no concerto do Altice Arena no dia 20 de Junho de 2019.

Infelizmente, já todos sabemos que a imprensa especializada está nas ruas da amargura. Contudo, mesmo assim, fiquei estupefacto pelo facto de antes e depois do espectáculo a solo de Eddie Vedder não ter encontrado uma referência digna de nota sobre Glen Hansard, que fez com brilhantismo a primeira parte do concerto e acompanhou Eddie Vedder em várias músicas, tanto na guitarra como no baixo e nas vozes. Mas cuja intensa atividade musical é notável!

Nem sequer referem em lado algum da sua importância na carreira curta mas luminosa de Jeff BuckleySim, veja mais abaixo!

Glen Hansard: uma vida dedicada à Música e Cinema

Para o registo queria apenas sublinhar que Glen Hansard  nasceu em 1970 e começou a sua carreira musical com apenas 13 anos tocando nas ruas da sua cidade natal, Dublin, Irlanda. Posteriormente fundou a banda irlandesa The Frames nos anos 90 e, em 2006, integrou o duo de folk rock The Swell Season.

Desde então já editou em simultâneo 5 excelentes álbuns a solo, que justificam também por que razão Eddie Vedder o convidou desde 2011 para todas as digressões a solo que realizou desde então, assim como para participar no disco Ukelele Songs.

Eu sei que parece uma daquelas frases feitas, mas não gosto muito de injustiças.

Por isso na minha opinião ignorar tudo isto e esquecer que Glen Hansard é, além de um excelente compositor, vocalista e guitarrista, também um bom ator, que (entre outras atuações) participou no filme The Commitments (vencedor dos prémios BAFTA) e no filme Once – No Mesmo Tom (que conquistou vários prémios, incluindo o Óscar 2008 por melhor canção com a música Falling Slowly, assinada por Glen Hansard em parceria com Markéta Irglová!) torna-se um bocadinho revoltante.

Como acredito que o papel de quem opina sobre música deve ser não apenas informar sobre as novidades, mas sobretudo ajudar, apoiar e relevar quem tem realmente valor, ajudando assim a divulgar talentos, hoje não poderia deixar passar a oportunidade de publicar este texto sobre Glen Hansard, um Músico com M grande e com uma carreira em nome próprio que vai muito mais além do que ser apenas o homem que faz a primeira parte dos concertos a solo de Eddie Vedder.

E A Revista Blitz ainda ficou tão admirada pela magia emanada da sua interpretação! Pudera!

É verdade também que, além da admiração musical, existe outra razão para a cumplicidade entre Glen Hansard e Eddie Vedder. Reza a lenda que tudo começou em 2010, quando Hansard partilhava o palco com Markéta Irglová e durante um concerto, logo a seguir Glen terminar uma canção, um homem saltou de um telhado e acabou por cair no palco.

Apesar de Glen Hansard ter prestado auxílio imediato isso não impediu a morte imediata do homem que escolheu aquele concerto para tirar a própria vida. De acordo com as notícias a escolha não foi inocente: o homem escolheu um concerto dos The Swell Season por ser uma das bandas preferidas da namorada com quem teria problemas de violência doméstica.

Eddie Vedder ligou ao músico irlandês no dia a seguir a esta tragédia: “Olá, Glen, sou o Eddie Vedder. Canto numa banda chamada Pearl Jam, só quero saber como é que estás. Estás bem?”, perguntou o autor de Jeremy, que dez anos antes, no festival Roskilde, na Dinamarca, assistiu em palco à morte de 9 pessoas entre uma plateia agitada. Foi assim o início desta bela amizade que uniu os 2 músicos até aos dias de hoje.

A influência de Glen Hansard na carreira de Jeff Buckley

Muito tempo antes de Eddie Vedder conhecer Glen Hansard ele foi amigo intímo de Jeff Buckley, que simplesmente foi considerado de forma unânime a melhor voz da geração da década de 90, tendo sido seu colaborador, influenciador e testemunha privilegiada do imenso talento que apenas após a sua morte obteve reconhecimento mundial.

Pois bem, este músico irlandês é simplesmente o principal responsável pela entrada de Jeff Buckley no mítico Sin-É, o bar nova-iorquino de East Village que era propriedade de irlandeses e onde realizou performances constantes que permitiram ao autor de Grace desenvolver a sua técnica particular de canto, atuações improvisadas e abordagem sónica peculiar.

Na verdade, Jeff Buckley atuou pela primeira vez nesse bar icónico como acompanhante de Glen Hansard, que foi convidado a participar com a sua banda, que nesse momento estava indisponível e que por essa mesma razão levou com ele o cantor norte-americano.

Se não acredita veja a foto em baixo que comprova esse momento! 🙂

Posteriormente, Jeff Buckley passou a trabalhar e atuar com regularidade nesse local, onde gravou os discos Live at Sin-É (existem 2, a versão curta com 4 músicas e a versão longa num cd duplo com 34 faixas) que o elevaram ao estatuto de lenda, mesmo antes do primeiro disco oficial em estúdio.

Para quem não sabe, Jeff Buckley era de facto brilhante como cantor, mas precisou de muitos empurrões para assumir a composição das suas próprias músicas, tendo nesse particular Glen Hansard desempenhado também um papel relevante, embora não tanto como Gary Lucas, que muitas vezes é também ignorado na biografia do mítico vocalista de voz angelical e poderosa.

Não sei porquê mas a imprensa especializada insiste em contar algumas mentiras sobre Jeff Buckley, talvez para aumentar o mito desta Lenda da Música, como por exemplo o facto de ser “muito amigo” de Chris Cornell, quando na verdade apenas se conheceram brevemente em Londres após um concerto dos Soundgarden (sendo verdade porém que o primeiro venerava o segundo).

Na verdade foi por causa do filme The Commitments que Glen Hansard e Jeff Buckley se conheceram e tornaram amigos, unidos pela admiração mútua por Bob Dylan, tendo partilhado muitas vezes o quarto em digressões pelos Estados Unidos da América e Europa.

Numa dessas ocasiões, o músico irlandês começou inclusive a tocar a música Once I Was da autoria do influente cantor de Tim Buckley, desconhecendo que tinha diante de si Jeff Buckley, o próprio filho do extraordinário artista que marcou a música norte-americana nos anos 70.

Para quem deseja saber mais sobre esta relação basta meter no Google a expressão “Glen Hansard Jeff Buckley” e irá encontrar vídeos, entrevistas, artigos e crónicas sobre este assunto. Ou então pode ler o fantástico livro biográfico intitulado A Pure Drop: The Life of Jeff Buckley, onde são reveladas estas e muitas outras histórias sobre a intrigante personalidade de um cantor que, todos sabemos, partiu cedo demais num fatídico acidente.

Para concluir esta relação gostaria de contar só mais uma história curiosa. Numa atitude típica da personalidade misteriosa e oculta de Jeff Buckley, o cantor norte-americano, após 2 anos sem falar com Glen Hansard, telefonou ao irlandês poucos dias antes de falecer por afogamento no dia 29 de Maio de 1997 no rio Mississippi.

Não conseguiu contudo falar com ele, ficando por esclarecer qual a sua intenção ao efectuar tão improvável contacto escassos dias antes de desaparecer de maneira tão precoce.

 

Luciano Pavarotti: o tenor lírico que se tornou uma estrela mundial

 

Luciano Pavarotti: o tenor lírico que se tornou uma estrela mundial

Editada antes mesmo da estreia do muito aguardado documentário Pavarotti, realizado por Ron Howard, a banda sonora do filme, Pavarotti: Music From The Motion Picture, bem como uma nova coletânea de 3CDsPavarotti: The Greatest Hits são dois discos que comprovam por que razão o cantor italiano é um ícone universal.

Os dois discos contêm música inédita e duetos com grandes estrelas como BonoElton JohnJames Brown, Lou Reed, entre outros.


Pavarotti: Music From The Motion Picture é inspirado no rico catálogo gravado por Luciano Pavarotti e segue o arco narrativo do filme.

O disco contém excertos de óperas como “Turandot“, “La bohème“, “Aida“, “Tosca“, bem como canções italianas e colaborações com amigos como Plácido DomingoJosé Carreras (“O sole mio”), U2Brian EnoPassengers (“Miss Sarajevo”), entre outros.

Está também incluída a emocionante gravação completa de “Donna non vidi mai”, de Puccini, que Pavarotti dedicou à princesa Diana. Além de uma música especial inédita com Andrea Bocelli, a banda sonora também conta com o dueto de Pavarotti de “Ave Maria” com Bono, disponível pela primeira vez comercialmente.

A música, gravada ao vivo durante o espetáculo Pavarotti & Friends for SOS Iraq em ModenaItália, está disponível agora para streaming e para download aqui.

Greatest Hits de Pavarotti: uma obra descomunal

O incrível repertório deste sensacional tenor lírico pode ser explorado com mais profundidade com a nova coletânea, Pavarotti: The Greatest Hits, que serve de complemento à banda sonora e ao filme.

A antologia apresenta 67 das mais conhecidas gravações e colaborações do tenor de renome mundial e inclui o melhor das suas “Opera Arias”, “Italian Songs & Sacred Arias” e “Great Duets”.

O disco “Opera Arias” abrange toda a carreira desta lenda da ópera e inclui interpretações de “La bohéme”, “Rigoletto”,“Pagliacci”, “Tosca”, “Carmen” e “Madama Butterfly”. Mais de 20 temas de Pavarotti, incluindo “O Sole Mio”, “Caruso”, “Volare”, “O Holy Night”, “Mama” e “Funiculì, funiculà” estão reunidos em “Italian Songs & Sacred Arias”.

A coletânea fica fechada com o disco “Great Duets” que reúne duetos com Andrea BocelliCéline DionElton JohnEric ClaptonMariah CareyStevie Wonder, entre outros.

O disco contém, em exclusivo, cinco duetos inéditos com alguns dos maiores nomes da música: Barry WhiteJames BrownLou ReedBrian May e Roger Taylor dos Queen, e Sting.

Tendo sido recentemente descobertas e remasterizadas, estes temas, gravados ao vivo nos concertos Pavarotti & Friends, a série de atuações beneficentes repletas de estrelas organizadas por Pavarotti na sua cidade natal de Modena, Itália, entre 1992 e 2003, são uma lembrança pungente da compaixão de Pavarotti, da sua humanidade e das relações duradouras que manteve com tantas estrelas do mundo do entretenimento

Nunca antes, ou desde então, um cantor de ópera causou tanto impacto. Essa foi a genialidade especial de Pavarotti, que faleceu no dia 6 de Setembro de 2007 na sua cidade natal.


La Vie en Rose: um filme poderoso sobre a incrível cantora Édith Piaf

 

La Vie en Rose: um filme poderoso sobre a incrível cantora Édith Piaf

La Vie en Rose, de 2007, foi o filme que penetrou na capa de Édith Piaf, deixando a descoberto a mulher por detrás da voz, símbolo de uma nação.

Numa interpretação consensualmente soberba, Marion Cotillard vestiu-se de corpo e alma para o papel de uma vida, que ficará para sempre na história do cinema. Não tivesse sido esta, aliás, a prestação que lhe valeu o primeiro (e até à data único) Óscar da sua carreira e o primeiro a distinguir um papel falado em francês.

Muito elogiado pela crítica, La Vie en Rose tem este título graças à canção com o mesmo nome, aquela que é provavelmente a mais conhecida da cantora. O filme começa com Édith Giovanna Gassion, que não sendo ainda Piaf, já tem a voz característica.

A narrativa não linear dá inicialmente destaque à infância: com aspeto miserável, Édith surge na rua, momentos antes de ser abandonada pela mãe.

la-vie-en-rose-filmeEntregue aos cuidados do pai, um acrobata, a criança foi depois viver com a avó que, por sua vez, era dona de um bordel da Normandia. Em La Vie en Rose acompanhamos os momentos mais marcantes do crescimento de Piaf que passou grande parte da infância num ambiente marcado pelo sexo e pela boémia, mas onde também havia lugar para o afeto.

A certa altura, o pai abandona o circo onde trabalhava e dedica-se a fazer espetáculos nas ruas de Paris. Embora sob o protesto das prostitutas que cuidavam de Édith, o progenitor decide levar a criança consigo. Numa das cenas mais marcantes de La Vie en Rose, Edith Giovanna Gassion surpreende quem a ouve ao cantar o hino francês, a Marselhesa.

Da infância à idade adulta, La Vie en Rose dá saltos no tempo para acompanhar os momentos mais marcantes da vida da cantora. O filme biográfico destaca a ascensão de Piaf, que começa por cantar em ruas e bares. Ao longo da película, conhecemos também a história da amiga, Mômome, companheira de boémia, e de uma série de outras personagens com quem trava amizade ou se apaixona.

Entre os personagens, encontram-se Raymond Asso, o homem que a ajuda a trabalhar a postura em palco que, mais tarde, seria uma das suas assinatura; Marcel Cerdan, o boxista casado por quem se apaixona; e o marido, Jacques Pills.

Mas não só de sucessos se fez a vida de Édith Piaf. Durante os 140 minutos de filme, assistimos também a doença e à forma como a artista lidou com ela. Ora depressiva, ora com uma resiliência de ferro, aquela que é considerada a maior voz francesa desafiou várias vezes as probabilidades.

O filme termia com uma atuação no Olympia, quando canta a música que resume a sua vida: Non, Je Ne Regrette Rien (“Não, não me arrependo de nada”). Édith Piaf morreu a 11 de outubro 1963, vítima de cancro no fígado. Em dezembro desse ano, completaria 48 anos.

La Vie en Rose aos olhos da crítica

Embora tenha sido bastante aplaudido, La Vie en Rose não passou ao lado de algumas críticas menos positivos. Vários especialistas do mundo do cinema afirmaram que o filme não mostra uma altura muito importante da vida de Piaf, deixando de lado os anos da II Guerra Mundial. Por essa altura, Piaf cantou inclusive para a as tropas alemãs com o objetivo de retirar informação para ajudar a resistência francesa.

Outras críticas incidiram sobre o facto de a câmara de Olivier Dahan parar na porta do quarto nos momentos mais românticos com Marcel Cerdan, acusando o realizador de não mostrar o lado sexual de Édith Piaf. Tal é justificado pelo medo de retirar à personagem o lado de diva intocável, ao mostrar a fragilidade física durante o ato sexual.

Por sua vez, foi essa mesma fisicalidade que mereceu mais elogios. Incorporando não só a personalidade como também os gestos e o corpo, Marion Cotillard foi capaz de imitar com mestria a debilidade física de Édith Piaf, durante os vários anos de carreira. É sabido que a cantora sofria de várias doenças, entre elas o reumatismo, que justificava a sua postura curvada.

A voz das performances que aparecem do filme são os originais de Piaf, sendo que Cotillard apenas se limita a sincronizar o movimento dos lábios e gesticular. O vício de morfina e o lado mais frágil também são retratados num filme, onde podemos dizer que a atriz parece abandonar o seu próprio corpo para se transformar na personagem de uma vida.


Destaque

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