quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Steve Reich – Runner / Music for Ensemble and Orchestra (2022)

Steve ReichEsta é a primeira gravação de Runner ( 2016) de Steve Reich e Music for Ensemble and Orchestra (2018), realizada pela Los Angeles Philharmonic e conduzida por Susanna Mälkki. Reich diz corredor
foi escrito “para um grande conjunto de sopros, percussão, pianos e cordas. Enquanto o andamento permanece mais ou menos constante, existem cinco movimentos, tocados sem pausa, baseados em diferentes durações de notas. Primeiro, até dezesseis, depois colcheias irregularmente acentuadas, depois uma versão muito mais lenta do padrão de sino de Gana em quartos, quarto um retorno às colcheias irregularmente acentuadas e, finalmente, um retorno às dezesseis, mas agora tocadas como pulsações pelo ventos enquanto uma respiração os sustentar confortavelmente. O título foi sugerido por…

MUSICA&SOM

…a abertura rápida e minha consciência de que, como um corredor, eu teria que andar a peça para chegar a uma conclusão bem-sucedida.”

“ Música para Conjunto e Orquestra é uma extensão do concerto grosso barroco onde há mais de um solista”, continua o compositor. “Aqui há vinte solistas – todos membros regulares da orquestra, incluindo as cordas e sopros do primeiro suporte, além de dois vibrafones e dois pianos. A peça está em cinco movimentos, embora o tempo nunca mude, apenas o valor da nota do pulso constante nos pianos. Assim, uma forma de arco: dezesseis, oitavos, quartos, oitavos, dezesseis. Music for Ensemble and Orchestra é modelado no meu Runner , que tem a mesma forma de cinco movimentos.”


CRONICA - EDGAR FROESE | Epsylon In Malaysian Pale (1975)

É muito lamentável que a carreira solo de Edgar Froese tenha permanecido no esquecimento, ignorada diante da monstruosa discografia de Tangerine Dream, seu bebê. Como prova, este Epsilon In Malaysian Pal publicado em 1975 pela Virgin, uma joia notável da música eletrônica para fazer você chorar.

Ao contrário de Aqua , esta nova obra não é composta por scraps melhorados, mas sim por composições destinadas a produzir um álbum conceitual inspirado em uma viagem à Austrália, Filipinas e Malásia.

Composto por duas faixas, uma de cada lado, o álbum começa com o título homônimo com sons que evocam a floresta virgem atravessada ao longe por um trem, ao que parece. Sinfonias de flauta aparecem. Eles são calmantes, melancólicos, convidando-nos à meditação. Reina como uma fragilidade ameaçada por sonoridades um tanto opressivas e esse trem que volta. De fato, o compositor alemão tenta denunciar a superexploração das florestas tropicais. A chegada desse loop escuro e pesado não existe para contradizer.

A segunda parte, "Maroubra Bay", é mais dramática, mais apocalíptica, mas também mais cativante. Então brota do nada uma libertação de forma dolorosa onde o tempo parece suspenso. Algum jamming eletrônico, aqui vem uma sequência tribal e hipnótica onde Edgar Froese, que aprendeu bem a lição de Chris Franke, veste esse loop com pads de sintetizador, efeitos e melodias malucas de mellotron. Em suma, este "Maroubra Bay" retoma o trabalho realizado por Tangerine Dream com Phaedra . Só que Edgar Froese explora muito mais as possibilidades do espaço sonoro e estamos longe de ilusões cósmicas. O final do álbum nos liberta desse transe de dor e tristeza com esse mellotron desencantado.

Pode-se perguntar por que Epsilon In Malaysian Pale não foi produzido pela Tangerine Dream. Porque todos os ingredientes estão lá. Especialmente porque é apertado entre Rubycon e Ricochet lançado no mesmo ano. Enquanto isso, é uma boa introdução ao Rubycon .

Para constar, foi com Epsilon In Malaysian Pale que descobri o universo de Tangerine Dream.

Títulos:
1. Epsilon In Malaysian Pale
2. Maroubra Bay

Músico:
Edgar Froese: Teclados

Produtor: Edgar Froese

BIOGRAFIA DOS Peixe:Avião


 

Peixe:Avião

Peixe:Avião é uma banda de indie rock portuguesa, nascida no verão de 2006-2007 na cidade de Braga[1]. Conquistaram a atenção da imprensa nacional através de um EP promissor, "Finjo a Fazer de Conta Feito Peixe Avião", que teve desde o início, forte apoio da imprensa e da Radio Local, nomeadamente da Rádio Universitária do Minho e da Antena 3.[2] O videoclip do single, do referido EP, contou com o apoio de membros dos Mão Morta, que estiveram presentes na gravação do videoclip, e que apadrinharam a banda desde o início da sua carreira.

Em 2008 lançam o primeiro álbum 40.02, seguindo-se Madrugada em 2010.[1] ,em 2013 o álbum homónimo "peixe:avião", e em 2015 peso morto.

O disco Madrugada permaneceu 5 semanas no Top da Associação Fonográfica Portuguesa e o disco enquadrou várias listas dos melhores discos do final do ano no panorama nacional português, como a revista BlitzCotoneteSapoJornal iRUCRUA, e o blogue Provas de Contacto.

Em 2011, compuseram as canções originais da banda sonora da longa-metragem O Que Há De Novo No Amor?, interpretadas no filme pela banda fictícia Os Ursos Pardos.

O novo disco de nome "peso morto" e saiu a 12 de Fevereiro 2016.

Trata-se actualmente, de uma das bandas mais importantes de pop-rock da cidade de Braga, e por conseguinte de uma das bandas que mais marcaram a última década do rock português. O Universo das letras da mesma é, igualmente populado, por uma interpolação da experiência ontológica dos membros do colectivo, sobretudo do letrista Ronaldo Fonseca, interpoladas, com referências a elementos simbólicos, e a conceitos filosóficos simples, bastante imagem arquétipa, etc.

Discografia

Álbuns

  • 2008- 40.02
  • 2010- Madrugada
  • 2013- peixe : avião
  • 2016- peso morto

EP's

  • 2007- "Finjo a fazer de conta feito peixe : avião"
  • 2009- "Finjo a fazer de conta feito peixe : avião" (reedição)

Compilações2008- "Novos Talentos Fnac 2008"

  • 2009- "3 Pistas - Antena 3"
  • 2012- "Sons de Vez 2012"

No Porto, o fado apareceu há mais de 100 anos

 

“Não sou historiadora, sou fadista, tenho 74 anos, canto há mais de 50 e tenho a quarta classe”, resumiu Maria da Fé quando lhe pedimos que comentasse as palavras de Rui Vieira Nery.

O musicólogo, filho do célebre guitarrista Raul Nery e autor do ensaio de referência Para Uma História do Fado (2004), tinha explicado  que “as tradições populares do Porto, como o São João, têm muito do folclore do Minho e do Douro Litoral mas não foram influenciadas pelo fado”. Acrescentou: “Alguém com mais de 30 anos saberá dizer que o fado no Porto ganhou força nas últimas décadas, o que acompanha o renascimento que houve no resto do país, com novos intérpretes e públicos, mas há pouco fado no Porto, é uma tradição recente”.

Em vésperas da segunda edição do festival de fado Caixa Ribeira – sexta e sábado no Porto – quisemos saber como é que esta tradição de Lisboa chegou ao Porto e que expressão tem hoje?

O Porto no fado

Maria da Fé, um dos muitos nomes do fado que nasceram na Invicta, entende que “o fado é português” e “não tem tradição no Porto como não tem em lado nenhum, ou seja, tem tradição em todo o mundo”. Em linguagem quase mística, afirma: “O fado é um condão que se tem e não é fadista só quem canta, também é quem ouve”.

Recuando ao início do século XX, surge o livro História do Fado, de Pinto de Carvalho, também conhecido como Tinop, ainda hoje uma referência para estudiosos. Saiu em 1903 e é considerado o primeiro do género alguma vez escrito. Pinto de Carvalho dizia ser “indubitável” que o fado só apareceu em Lisboa depois de 1840. “Até então, o único fado que existia, o fado do marinheiro, cantava-se à proa das embarcações” e foi esse estilo que “serviu de modelo aos primeiros fados que se tocaram e cantaram em terra”.

Naquele tempo, não se tornara ainda uma canção fortemente urbana. Era suburbana, diríamos hoje. Cantava-se nos arredores rurais de Lisboa, nas hortas: Cova da Piedade, Dafundo, Palhavã, Arroios, Lumiar. Num estilo vernáculo, o autor apresenta uma extraordinária descrição do fadista do fim de século na capital:

“Minado de taras, avariado pelas bebidas fortes e pelas moléstias secretas, com o estômago dispéptico, o sangue descraseado e os ossos esponjados pelo mercúrio”, o fadista “atinge a perfeição ideal do ignóbil”, cantando com “uma entoação febril e húmida de soluços, olhos quebrados e a inamovível ponta de cigarro soldada ao lábio inferior.”

Porém, acrescenta Tinop, “nem só a gentalha da ralé se fadistiza”, pois a “fadistagem também se recruta na burguesia”. Afirma que “o figurino fadistal lisbonense teve imitadores no Porto” e foi Camilo Castelo Branco quem o deixou registado no romance Eusébio Macário de 1879, falando de “facadas e muito banzé” madrugada fora. Ainda Camilo sobre o Porto:

“[Os fadistas, por volta de 1850] ainda os não havia fora das tabernas da Porta de Carros e das alfurjas [pátios interiores] da Porta Nobre, ramificações do [botequim] Pepino em Cima do Muro. O faia [fadista] começava então a surdir na capital das cavalariças dos fidalgos pela coesão do filho segundo com o lacaio.”
O fado “só modernissimamente chegou ao Porto e se canta nas duas Beiras”, sublinha Tinop no livro de 1903, o que permite hoje afirmar que é um fenómeno portuense com mais de um século. Há outras razões para acreditar nisso.

As gravações

O alentejano José Moças, colecionador e responsável pela editora Tradisom, garante ter em sua posse a “primeira gravação de fado conhecida”, feita em novembro de 1900 no Porto. “É um disco de grafonola, de 78 rotações, e faz parte de um conjunto de mais de 80 gravações das quais até hoje se descobriram 67”, conta. “Tenho quatro desses discos, dois deles são fado: o Fado Hilaryo, interpretado por Duarte Silva, e Oh Julia, por José Brito.”

O registo foi feito por William Sinkler Darby, engenheiro de som britânico que passou pelo Porto em 1900. “A ligação dos ingleses ao Porto era antiga, por causa do vinho, e talvez isso explique que ele lá tenha ido. Foi uma viagem à Europa continental para divulgar o aparelho que fazia gravações, depois o engenheiro seguiu para Madrid. Ele trabalhava para a Berliner, que mais tarde veio a ser a EMI.”

Referindo-se às vozes nas duas gravações, descreve-as como “muito certinhas e expressivas, sem grandes rodriguinhos, como alguns fadistas hoje fazem”. A maneira de cantar é “muito clara, com boa dicção, mas a voz é muito aguda, o que pode ter que ver com a maneira como se captava o som”. Há quatro anos, José Moças cedeu toda a coleção, cerca de seis mil discos, à Universidade de Aveiro, para tratamento, digitalização e classificação. Mas mantém usufruto vitalício do acervo. “O processo atrasou-se e estes discos de fado ainda não estão digitalizados e estudados”, lamenta o colecionador.

Outro elemento que pode ajudar a perceber a antiguidade fadista no Porto – o que não é igual a dizer que o fado tem tradição popular na cidade – é citado por David Ferreira, ex-diretor da EMI-Valentim de Carvalho em Portugal, filho do poeta David Mourão Ferreira.

“Não sou autoridade na matéria, mas se bem me lembro do que escreveu Rui Vieira Nery, o fado nasce em Lisboa e é transportado para o resto do país a partir da década de 1880 através do teatro de revista”, lembra David Ferreira, destacando a melodia Fado Menor do Porto, que Amália gravou nos estúdios Abbey Road, em 1952, com o poema de Norberto de Araújo Não é Desgraça Ser Pobre. “Há um discos dela em que a melodia aparece creditada como sendo de Santos Moreira, viola de Amália, o que não é verdade.” O autor será José Joaquim Cavalheiro Júnior, personagem de biografia incerta que também escreveu o Fado Porto. Supõe-se que tenha estado no ativo entre os anos 1920 e 40. “Normalmente, quando estas atribuições erradas aparecem é porque o compositor original estava esquecido, o que me leva a crer que o Fado Menor do Porto é muito anterior à década de 1950”, regista David Ferreira.

Se a composição deriva do Fado Menor (um dos três fados que popularmente se diz terem sido os primeiros, ao lado do Corrido e do Mouraria), David Ferreira não sabe. Se o título permite dizer que foi composto no Porto, também é incerto. Em rigor, sabe-se que ao longo do século XX muitos foram os músicos e intérpretes sonantes nascidos na Invicta ou ligados à cidade. No site do Museu do Fado encontram-se notas biográficas dos principais nomes:

Beatriz da Conceição
 (1939-2015) – Nasceu no Porto e começou a cantar em Lisboa, na casa de fado de Márcia Condessa, por volta de 1960.
Fernando Maurício (1935-2003) – Nasceu na Mouraria, claro, na Rua do Capelão, numa família de cinco irmãos. A mãe era do Bonfim, no Porto.
Florência (n. 1941) – Nasceu no Porto e começou a cantar aos 13 anos no Concurso das Cantadeiras do Norte de Portugal, no qual representou a freguesia do Bonfim, ganhando a final no Coliseu do Porto.
Gisela João (n. 1983) – Nasceu em Barcelos e viveu seis anos no Porto onde “acabou no circuito boémio da Invicta, a encantar numa casa de fados da Ribeira”, refere a nota biográfica do Museu do Fado.
Joana Amendoeira (n. 1982) – Nasceu em Santarém e estreou-se aos 11 anos na Grande Noite do Fado do Porto.
José Fontes Rocha (1926-2011) – Nasceu na freguesia de Ramalde e tocava guitarra desde adolescente. Mudou-se para Lisboa em 1956 e começou por acompanhar Fernando Farinha, antes de se tornar guitarrista de Amália Rodrigues.
José Nunes (1916-1979) – Nasceu no Porto, em Paranhos, e é descrito como um guitarrista criativo que irá influenciar Fontes Rocha e António Chainho, entre outros instrumentistas.
Lenita Gentil (n. 1948) – Nasceu na Marinha Grande, mas viveu no Porto a partir dos 14 anos e aí se iniciou no fado, nos Serões para Trabalhadores transmitidos pelos Emissores do Norte Reunidos.
Maria da Fé (n. 1942) – Nascida no Porto, começou a cantar em criança e aos 13 anos ganhou um concurso organizado pelo Jornal de Notícias e o empresário Domingos Parquer, na Feira Popular do Porto.
Mísia (n. 1955) – Nasceu no Porto e foi viver para Barcelona aos 18 anos.
Pedro Homem de Mello (1904-1984) – Nasceu ni Porto o poeta que Amália eternizou em fados como Povo que Lavas no Rio, Fria Claridade ou Rapaz da Camisola Verde.
Tony de Matos (1924-1989) – Viveu até aos cinco anos no Porto e começou a cantar em 1945, já em Lisboa, na Emissora Nacional.

Apesar destes 12 nomes, que representam um levantamento não exaustivo, Rui Vieira Nery entende que “não se pode dizer que haja um elevado recrutamento de vozes do Porto, é um fenómeno ocasional”. Acrescenta, até, que “a certa altura havia uma certa gala de rejeição do fado por parte dos portuenses, por ser um fenómeno lisboeta, dos mouros” e a “única voz que fazia o pleno”, em termos de aceitação, era Amália Rodrigues.

A mesma impressão guarda David Ferreira, falando em “revoadas” de popularidade e rejeição do fado no Porto. “A cidade teve alturas em que reforçava o seu regionalismo e se tornava menos sensível ao que vinha de fora”, diz. “Quando estive na EMI, senti por volta do fim dos anos 80, inícios de 90, que era complicado vender discos de fado no Porto, pelo menos em comparação com Lisboa.”

Outra questão importante será a do sotaque com que se canta. No livro Ao Fado Tudo se Canta? (2010), o autor Daniel Gouveia defende que o fado “não aceita imitações, nem sequer o mínimo desvio à pronúncia de Lisboa, sem que daí resulte imediatamente a ideia de falsificação”. Conta uma história curta, em tom de elogio:

"Em certa casa de fados da Margem Sul [do Tejo] havia uma fadista do Porto. Sentada à mesa com colegas ou clientes, conversava com a pronúncia mais tripeira que se possa imaginar, fazendo gala nisso. Quando ia cantar, fazia-o com impecável pronúncia de Lisboa. Voltava à mesa e tínhamo-la de novo nortenha."
Daniel Gouveia nota que a sua opinião não deve ser considerada radical, pois também “não se pode cantar um corridinho algarvio ou uma moda alentejana com pronúncia fechada de Lisboa”, porque “soa igualmente a falso, é pobre e carece de autenticidade”.


As influências

Que condições históricas levaram a que o fado – cuja origem os estudiosos dizem ser desconhecida, podendo apenas intuir-se – nascesse em Lisboa e não numa cidade grande como o Porto? Mais uma vez, é Rui Vieira Nery quem apresenta argumentos. “O fado relaciona-se com o porto de Lisboa, as rotas de comércio com o Brasil, o fenómeno migratório de gente desalojada com as guerras liberais ou à procura de melhor vida com a revolução industrial.” É por isso um género que resulta de um “caldeirão cultural”. Se o Porto conservou “tradições culturais autóctones, Lisboa criou novos rituais coletivos”, descreve.

Para Maria da Fé, Lisboa “tornou-se capital do fado, porque foi aqui que as casas nasceram e se concentraram”. “Noutras cidades do país, o fado não tem o mesmo sabor, não é a mesma coisa”, garante, logo acrescentado que se começasse hoje a carreira não sairia do Porto. “Adoro a minha terra natal, a minha gente, as tradições dos bairros. Vivi no Porto todo, morei em tantos sítios da cidade, essas raízes estão cá dentro para toda a vida.”

Pedimos-lhe, ainda, que recordasse o panorama fadista portuense de quando era criança. Mas as memórias são difusas. “Gravei o primeiro disco numa editora que funcionava numa loja de eletrodomésticos do Arnaldo Trindade, frente ao [café] Majestic. Gravei porque aconteceu.” Esse primeiro tema chamava-se Eu Canto Fado e Sou Tua, de Casimiro Ramos.

À época, afirma Maria da Fé, não havia casas de fado como na capital. “Muitas pessoas do Norte não gostavam de vir para Lisboa, mas tinham de compreender que no Porto não havia casas de fado para seguirem esta arte. As casas de fado no Porto ficavam por cima ou na cave de boîtes e cabarets. Havia uma ou duas quando eu era miúda, mas nem podia lá entrar, porque a maioridade era aos 21 anos, não aos 18.” Atualmente, existem pelo menos três com atividade regular.

O Museu do Fado editou o livro Há Fadistas!, com fotografias do jornalista e escritor Pedro Teixeira Neves e textos de Maria do Rosário Pedreira, Sara Pereira e Rui Vieira Nery. Inclui 300 fotografias captadas em cem casas de fado de norte a sul do país. O autor esteve também no Porto e arredores no verão do ano passado. “Julgo que visitei todas as casas ali existentes ou pelo menos as mais representativas, sendo que todas elas, umas de forma mais profissional, outra em modo amador, apresentam fado pelo menos uma vez por semana”, explica.

Pedro Teixeira Neves concluiu que “há fado a norte e enraizado”, ainda que se trate de um “universo fadista bem mais restrito do que o de Lisboa”, o que se nota na repetição de intérpretes e músicos em vários locais. Tal como na capital, existem casas profissionais, com elenco residente, público turista e preços altos; e casas de fado vadio, sem horário fixo, com muitos clientes portugueses e onde canta quem aparece. “A alma, pareceu-me ser a mesma em todos os fadistas que conheci, seja a norte ou a sul, no fundo é de uma paixão que se trata e nessa matéria não há fronteiras nem territórios demarcados”,


Há 50 anos David Bowie conquistava a América


O saudoso camaleão fez seu primeiro show nos EUA em 22 de setembro de 1972 e o pianista Mike Garson, recém-contratado para a banda à época, relata a sua experiência.

David Bowie fez seu primeiro show nos Estados Unidos em 22 de setembro de 1972. Como seu novo pianista, Mike Garson, logo descobriria, a empolgação pela estreia de Bowie vinha se acumulando ao longo de um longo período.

O fato de sua apresentação inicial ter ocorrido em Cleveland foi bastante apropriado. Bowie vinha recebendo desde o início o apoio de rádio do WMMS, a futura potência do rock que também era muito jovem em seu desenvolvimento. Brian Sands, um músico de Cleveland, também estabeleceu o primeiro fã-clube dos EUA para Bowie e sua música.

Billy Bass do WMMS disse que finalmente “viu a luz” quando o colega DJ Denny Sanders compartilhou o single de Bowie com ele, sabendo que havia algo lá. "Começamos a tocar 'Space Oddity'", disse Bass ao Cleveland Scene em 2018. "Quase no dia seguinte, ou assim parecia, "Hunky Dory" saiu. Agora, tínhamos mais para tocar desse tipo de música. E então, "Ziggy Stardust" sai. Também tivemos Lou Reed, Mott the Hoople e T. Rex. Quanto mais tocávamos, mais populares ficávamos.

Bowie continuaria a se tornar mais popular também, mas esses triunfos ainda estavam no horizonte. Nesta entrevista inédita, Garson relembrou a visita inaugural à América com Bowie, sua audição para se juntar ao Spiders from Mars e como tudo mudou em um curto período.

Quais são suas lembranças de tocar aquele primeiro show com David Bowie em Cleveland?

Eu tinha acabado de entrar na banda e por ser o primeiro show, eu não conhecia as cordas. Já, David havia despertado muita emoção na América, mesmo sendo a primeira turnê. Então, quando terminamos o último bis, eles não tinham me informado sobre o que estava acontecendo. A banda desceu por um elevador por um estacionamento e eles saíram correndo do palco. Estou colecionando minhas músicas no piano e tomando meu tempo porque estou acostumado a tocar em clubes de jazz e, de repente, há milhares de pessoas invadindo o palco. [Risos] Então, essa é a experiência que eu lembro.

A banda, antes de você chegar, estava em turnê por quase um ano naquele momento. O que os outros membros da banda disseram a você enquanto as coisas progrediam no que diz respeito à evolução das coisas e o que eles passaram durante o processo?

Todos eram pessoas do tipo trabalhador. Eu acho que o baterista [Woody Woodmansey] estava fazendo encanamento e alguém estava fazendo outra coisa, muito, muito operário. Acho que todos ficaram chocados que, de repente, os Spiders From Mars decolaram. Eu era meio que uma chave inglesa no pneu porque eu estava trazendo uma coisa totalmente diferente. De certa forma, isso interrompeu a vibração deles, mas também contribuiu para isso, então era uma faca de dois gumes. Ele adicionou muitos componentes excelentes. Mas para responder à sua pergunta, eles foram muito humildes sobre isso. Mick Ronson é um dos homens mais legais com quem já trabalhei, e ele é realmente um herói desconhecido. Fiz dois de seus álbuns solo e excursionei com ele. Ele nunca teve seu reconhecimento total, embora, você sabe, quem realmente conhece David sabe que sua contribuição foi extremamente forte.

Você fez o teste para o show com Mick Ronson. O que você acabou descobrindo sobre o que Ronson amava em você como músico?

Bem, antes de tudo, ele próprio era um pianista, certo?

Certo, sim.

Ele também era um orquestrador muito bom. Muitas dessas partes de cordas que você ouve nesses álbuns eram dele. “Life on Mars” e “Starman”, foram seus arranjos. Quando toquei a música “Changes”, tendo muita experiência no mundo do piano com virtuosismo e harmonias de jazz muito avançadas e habilidades de improvisação que geralmente estão fora do alcance de um músico de rock, tudo aconteceu nos primeiros oito segundos de música. Ele soube imediatamente: “Isso vai ajudar essa música”. Foi assim que a audição foi rápida: foram oito segundos.

Você fez dois discos solo de Ronson e duas de suas turnês. Qual é o vínculo que você viu se desenvolver entre você e Ronson como músicos?

Já toquei com centenas de guitarristas, literalmente. Há os guitarristas de jazz e há os guitarristas de fusio, vamos colocá-los em uma categoria separada. Digamos que eu toquei com 100 guitarristas de rock. Há Mick Ronson e então todo o resto vem por baixo dele. Isso é o quão bom ele era porque ele simplesmente não era um triturador barulhento. Ele era apenas um cara que era muito musical porque pensava como uma orquestra. Ele encontrou belas melodias e tinha um belo tom. Ele era ótimo em inventar ganchos. Ele era música. Você sabe, nós apenas saíamos para jantar à noite e ele era uma pessoa calorosa. Ele até me avisou para não fazer muito trabalho de estúdio depois que as turnês acabassem e tudo mais. Ele disse: “Você vai se transformar em torrada branca se estiver apenas tocando no álbum de todo mundo e não sentir isso. Faça apenas o que você gosta.” Em noventa por cento das vezes, fui capaz de seguir essas palavras.

Que tipo de conhecimento você tinha sobre Bowie indo para aquela audição? Estou curioso para saber o quão nervoso você estava ou não com base em sua consciência do que você estava procurando.

A consciência era zero porque eu nunca tinha ouvido falar do cara. Então eu não estava nem um pouco nervoso. Eu nem sabia para que eu ia fazer um teste. [Risos.] Eu não tinha Google ou YouTube para pesquisar sobre ele, sabe? Eu vejo esses personagens selvagens e eles são todos de cores de cabelo diferentes e as roupas diferentes que eles estão vestindo e eu estou lá de jeans e camiseta e penso: “Isso é loucura, mas eu gosto”. Foi o que aconteceu. Mas só fui contratado por oito semanas e acabei sendo o músico mais antigo.

Parece o espetáculo em que você entrou.

Vamos colocar desta forma. Estávamos ensaiando e havia esses grandes oradores de frente para mim. Estou acostumado a fazer shows de jazz acústicos sem nada. Eu disse: “Pessoal, o sistema de PA está na minha cara e apontando direto para mim”. Todos riram e apontaram para o sistema de som real, que era 6 metros mais alto do que o que estava de frente para mim. O que estava diante de mim eram apenas meus monitores, então foi um choque cultural. A boa notícia foi que David aproveitou meus talentos de jazz, música clássica e vanguarda, e ele meio que adicionaria isso à sua receita. Eu era talvez o chantilly no bolo ou algo assim.

Sim, você mencionou a perturbação que causou com os outros membros da banda. Foram suas tendências de improvisação e coisas assim que abalaram as coisas?

Eu penso que sim. Ainda é assim, mesmo com as bandas com as quais tenho viajado nos últimos quatro anos, sou um canhão solto e acho que era isso que ele gostava em mim. Você sabe, eu sei quando tenho que tocar as introduções e os finais e certas partes, mas provavelmente estou improvisando entre 50 e 70 por cento todas as noites. De todos aqueles 1.000 shows que fiz com ele, sempre foi diferente. Toquei “Life on Mars?” provavelmente 200 vezes, mas sempre foi diferente.

GRAVETOS & BERLOQUES (LAURA RAIN & THE CAESARS- THE SINGLES (2020))

LAURA RAIN & THE CAESARS- THE SINGLES (2020)


A exuberante Diva do rock'n'soul de Detroit, sempre escudada por seus imperadores, não parou de produzir excelentes momentos por todo o ano 'pandemônico' de 2020.
E foram 5 pérolas recheadas de groove, ganchos irrepreensíveis e refrões incríveis...todas com o carimbo de autenticidade de Laura Rain.



Venom Inc lançou o álbum “There’s Only Black”


Os pioneiros do metal extremo lançaram o álbum "There's Only Black" e aproveitam para lançar videoclipe para a faixa-título.

O dia chegou para os pioneiros do metal extremo VENOM INC. lançarem seu novo álbum “There’s Only Black”. Este novo lançamento representa um forte ataque á hipocrisia e ao conformismo da sociedade atual e uma demonstração de superioridade musical de uma banda responsável por criar um gênero musical.

Para celebrar este grande momento a banda aproveitou para lançar um videoclipe para a faixa-título 'There's Only Black'.

Com 40 anos de formação e revitalizados entre os anos 1989 – 1992, o guitarrista Jeff “Mantas” Dunn, o vocalista/baixista Tony “Demolition Man” Dolan e o baterista Jeramie “Warmachine” Kling retornam com um álbum matador que precede o álbum de estreia “Avé” sem mostrar nenhum tipo de sinal de desaceleração.

O álbum será lançado no Brasil pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast Records.

Assista ao clipe de “There’s Only Black”:



Tracklist:

01    How Many Can Die    (03:21)
02    Infinitum    (03:47)
03    Come To Me    (03:46)
04    There's Only Black    (04:49)
05    Tyrant    (05:25)
06    Don't Feed Me Your Lies    (05:51)
07    Man As God    (03:23)
08    Burn Liar Burn    (05:32)
09    Nine    (03:34)
10    Rampant    (04:06)
11    The Dance (04:54)
12    Inferno    (05:19).

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