A música de Dean Johnson vem com um pouco de tradição. Embora conhecido por anos como membro da banda de Seattle The Sons of Rainier, suas próprias canções quase não foram ouvidas fora de algumas raras apresentações ao vivo. Mas assim que você o ouvir cantar uma de suas canções de amor assustadoramente belas naquele tom majestoso em seu álbum de estreia oficial, Nothing for Me, Please , você ficará tão viciado quanto aqueles que já o conhecem. Finalmente colocando em fita uma coleção sólida de músicas novas e antigas, Johnson se desfaz da elusividade e chega totalmente formado como um formidável compositor. Há uma familiaridade atemporal na música de Johnson, como uma memória de uma vida anterior. Com um eco de Roy Orbison em seus vocais, as canções de Johnson são cheias de saudade e solidão arrebatadora. Em “Faraway Skies” ele desmaia como…
… um caubói escapando do mundo em desenvolvimento rápido demais para se deliciar com a beleza da vasta terra que o cerca - um tributo a tempos mais simples complementado pela natureza antiga da voz de Johnson. O empoeirado shuffle “Old TV” é igualmente nostálgico por algo mais doce, menos turvo por distrações sem fim e esperançoso pelo perdão de um amante.
É nas profundezas do desgosto que Johnson realmente atinge seu ritmo, seja ele colocando a triste máscara de palhaço para esconder melhor seu coração partido antes de entrar em socos e fazer uma cena na atrevida “Escola de Atuação”, amaldiçoando-se por seu própria vulnerabilidade na devastadora “True Love” ou revelando o drama de um caso de amor ardente antes de incendiá-lo em “Annabelle Goodbye”.
Os arranjos acústicos de Johnson são simples e adoráveis, mas suas melodias - particularmente seus refrões - são fascinantes, às vezes evocando uma sensação de não pertencer a este mundo, especialmente quando cantadas em seu uivo singular. A maneira como eles se espalham, inesperados como uma onda poderosa, o levam para a órbita de Johnson e, felizmente, não o soltam.
A banda Crack The Sky foi formada em 1975, na região do vale do rio Ohio, pelo vocalista John Palumbo, os guitarristas Jim Griffiths e Rick Witkowski, o baixista Joe Macre e o baterista Joey D'Amico.
Originalmente fundada com o nome de “ArcAngel”, construiu um público fiel nos circuitos de clubes de Cleveland e Baltimore, antes de assinar com a gravadora Lifesong para lançar o seu LP de estreia, autointitulado, conseguindo boa aclamação da crítica não só pelas letras acirradas de Palumbo, mas também pelas estruturas complexas e mudanças de tempo das músicas.
Apesar disso, a resposta comercial foi mínima e após finalizar o segundo LP em 1976, “Animal Notes”, Palumbo decidiu sair para seguir carreira solo. D'Amico foi o vocalista no novo lançamento da banda, “Safety In Numbers”, em 1978 e Gary Lee Chappell assumiu os vocais no álbum ao vivo, “Live Sky”, também em 1978.
Crack The Sky então se desfez, mas em 1980 Palumbo, Witkowsk, e o tecladista Vince DePaul rapidamente reformaram o grupo para gravar mais um álbum, “White Music”, antes que a banda viesse a se dissolver novamente.
Não obstante, Palumbo recrutou uma nova formação para uma série de álbuns, incluindo “Photoflamingo”, “World In Motion I” e “Raw” antes de se reunir com Witkowski, D'Amico, e DePaul para uma série de shows ao vivo, em 1986, no clube Hammerjacks em Baltimore e também lançar um novo LP de estúdio em 1989, “From The Greenshouse”. Seguiram-se o álbum “Dog City” em 1990, um ao vivo, “The End”, em 1993 e uma nova separação.
Palumbo reuniu a banda novamente em 1996, iniciando uma série de apresentações ao vivo em lugares pequenos na área de Baltimore. A banda neste momento contou com a mesma formação de “The End”, mas com a adição de Nat Kerr nos teclados. Um novo álbum de estúdio, “Cut”, foi lançado em 1999, bem como no mesmo ano, lançaram um disco duplo de um dos shows ao vivo da banda no Teatro Recher em Towson, Maryland.
Crack The Sky continuou a executar ocasionais shows ao vivo e colaborar em novas músicas sob a orientação de Palumbo. Os álbuns “Ghost” e “Dogs From Japan” foram lançados para a aclamação da crítica em 2001 e 2003, respectivamente. A banda completou um novo álbum conceito em 2007, “The Sale”, que contou com o baixista original da banda Joe Macre, que tocou e produziu o álbum.
Em 2008, Joey D'Amico e Joe Macre retornaram como baterista e baixista, respectivamente. Além disso, a banda encabeçou o festival de música progressiva, “ROSfest” e lançou em 2009, um DVD com seus concertos, “Crack The Sky, All Access”, com engenharia e produção de Joe Macre. Em 2010 lançaram, “Machine”, um álbum conceitual de variedades, novamente com 4/5 da formação original da banda.
“Ostrich” foi o mais recente lançamento deles, no final de 2012. Sinalizou um retorno aos seus primórdios. Um editorial fez o seguinte comentário na época: "Desde o incrivelmente popular lançamento da banda “White Music”, a banda não se entregava a uma coleção de canções pop/rock picantes e satíricas, mas que fazem sorrir, com um envolvimento temporal - sim, você consegue dançar... Também um escritor, Palumbo, atingiu uma fase maníaca ou está tentando chamar nossa atenção pela porta dos fundos. Em todo o caso, esta banda notável, mais uma vez, mostra a sua capacidade de mudar de marcha, mantendo a sua integridade artística intacta”.
Integrantes.
Atuais.
John Palumbo (Vocais, Guitarra) Rick Witkowski (Guitarra) Joey D'Amico (Bateria) Dave DeMarco (Baixo) Bobby Hird (Guitarra) Glenn Workman (Teclados)
Ex - Integrantes.
Joe Macre (Baixo) Jim Griffiths (Guitarra) Vince DePaul (Teclados) Gary Lee Chapell (Vocais) Rob Stevens (Teclados) John Tracey (Bateria) Carey Ziegler (Baixo) Sonny Petrovsky (Baixo) Michael Taylor (Guitarra) Barry Siegfried (Guitarra) Jamie LaRitz (Guitarra) Nat Kerr (Teclados)
02. Living with the Lights On (2:55) 03. Skin Deep (4:17) 04. White Music (4:15) 05. All American Boy (3:21) 06. Hot Razors in My Heart (4:48) 07. Suspicion (4:52) 08. Techni Generation (4:08) 09. Songs of Soviet Sons (5:08)
Nesses tempos de incerteza em relação ao mercado musical, principalmente no que tange a formatos de mídia física, parece mesmo que a saída são as edições especiais e/ou limitadas, e quando se fala em formatos de luxo, os famigerados box-sets estão no topo da lista. Geralmente destinados a conteúdo raro ou coletâneas com uma grande abrangência de material, esses lançamentos, via de regra, têm em sua apresentação visual uma parte tão atraente – e as vezes até mais valiosa – quanto a música neles contida. Encartes repletos de fotos raras, livretos de capa dura e muitas vezes a própria “caixa” em si, tranformam esses boxes em verdadeiros tesouros, não só para os fãs da banda a qual se destinam, mas aos consumidores exigentes desse tipo de mídia.
Sendo o AC/DC uma das maiores bandas de rock da história e um dos mais prolificos grupos em questão de qualidade, nada mais justo do que merecer um lançamento do gênero. O box em questão, Backtracks, é o quarto lançamento do grupo no formato, e de longe o mais bacana e atrativo. Focando em material raro e inédito, Backtracks foi disponibilizado em duas versões: uma luxuosa, repleta de atrativos visuais, e outra standard, mais simples e acessível, contando com dois CDs e um DVD, além de um livreto com algumas fotos. Dissecarei aqui, a versão deluxe do lançamento. São três CDs e dois DVDs, englobando toda a carreira da banda entre os anos de 1975 a 2009.
Malcolm Young (agachado), Cliff Williams, Phil Rudd, Brian Johnson e Angus Young
Do primeiro CD de áudio, chamado “Studio Rarities”, constam 18 faixas, entre lados b de singles, músicas exclusivas para lançamentos importados e trilhas sonoras para filmes. Ainda que algumas faixas não tenham a mesma força das canções lançadas nos álbums de estúdio à sua época, todas são de qualidade indiscutível, principalmente aquelas referentes ao anos com o insubstituível Bon Scott (ainda que Brian Johnson tenha sido uma excelente escolha para ocupar o posto de vocalista do grupo após a morte de Scott, em 1980), que ocupam grande parte desse primeiro CD.
Nas duas bolachas seguintes, denominados “Live Rarities”, há 29 músicas ao vivo, abrangendo as mesmas três décadas do disco de estúdio do pacote. Estão aqui clássicos atemporais do grupo, em versões ao vivo gravadas em várias épocas e locais diferentes, a maioria delas, aliás, espetaculares – não poderia ser diferente, levando-se em consideração o poderio do AC/DC em cima de um palco. Desta feita, apenas quatro faixas contam com os vocais de Bon Scott. Brian Johnson toma conta do microfone nas outras 25 canções.
O pacote completo
Esses três discos, sozinhos, já seriam obrigatórios em qualquer coleção de rock de respeito, tamanha sua qualidade. Mas há mais: dois DVDs acompanham o pacote. O primeiro deles, “Family Jewels Vol. 3”, é, na verdade uma compilação de videoclipes que ficaram de fora do DVD Duplo Family Jewels, lançado em 2005. São 16 clipes (sendo sete deles a título de bônus) e mais dois making ofs, sendo o primeiro deles de 1993 e o último, de 2009. Vale pelo registro dos vídeos e para completar o pacote Family Jewels. O segundo DVD, “Live at the Circus Krone 2003” (esse sim uma paulada audiovisual de respeito), traz o show dos australianos no local homônimo, na Alemanha, em 2003. São 19 clássicos preferidos dos fãs tocados com a energia e o tesão característicos do grupo. Poderia facilmente ser lançado como um produto independente nas lojas pela sua qualidade e relevância. Tudo isso já faria de Backtracks atrativo o suficiente para apreciadores de um rock and roll de altíssima qualidade, mas como citado, o box em questão é um produto deluxe, uma edição nobre, para um merecedor. E é exatamente aí que Backtracks impressiona mais… Tudo aqui é superlativo! Acompanhando o material citado acima, temos:
– Livro de capa dura com 164 páginas, medindo cerca de 30cm x 30cm, contendo fotos raras e inéditas, abrangendo toda a carreira do grupo;
– LP 12″ de alta qualidade, prensado em 180 gramas, contendo 12 das 18 canções do CD de raridades em estúdio;
– Poster com 90cm x 60cm;
– Três litogravuras com imagens da banda em estúdio, em tamanho A5;
– Réplica da ficha de gravação do grupo em estúdio;
– Réplica da nota de 100 dólares com a imagem de Angus;
– Réplica de flyer de show;
– Bottom com imagem de Angus;
– Palheta;
– Adesivo em forma do boné de Angus;
– Tatuagem temporária de Bon Scott.
Como se toda a imensa qualidade do material contido aqui não fosse o suficiente, o mesmo vem embalado em formato de amplificador de guitarra, medindo vistosos 31cm de largura x 35cm de altura x 11cm de profundidade. Ah, sim, pra completar a sensacional megalomania chamada Backtracks, esse mesmo amplificador que guarda toda essa maravilha FUNCIONA DE VERDADE (confira aqui e aqui)! Sim, com uma potência mínima – alimentado por uma bateria de 9 volts, incluída no pacote -, mas não deixa de ser uma ideia extremamente bacana e bem sacada.
Sim, o amplificador funciona!
Backtracks é, talvez, um dos produtos mais legais já lançados por uma banda de rock – e outros estilos – até hoje, e vale cada centavo dos aproximadamente 300 dólares cobrados em sites gringos. Há ainda uma versão “magrinha” do box, a tal “Standard Edition” (custando cerca de 25 dólares), que citei anteriormente, que serve, talvez, para um ouvinte eventual de rock, mas a versão deluxe dessa belezinha aqui é incomparável, e faz qualquer fã de rock mais ávido babar!
Lembro do dia, há quase 20 anos, quando vi essa maravilha na vitrine de uma loja de discos importados de Porto Alegre. O pacote já chamava a atenção pelo formato: imitando um “case” de equipamentos do grupo, o box media aproximadamente 29cmx16cmx19cm, e trazia em seu interior um livreto com fotos, reproduções de documentos e notas escritas pelos integrantes da banda, uma reprodução de um backstage pass, um stencil para camiseta, além de três CDs e três fitas VHS. Esses, obviamente são a razão de ser da caixa, e trazem três shows distintos, sendo dois deles gravados na gigantesca turnê de divulgação do megasucesso disco homônimo (o famigerado “Disco Preto”) do Metallica.
Nos CDs, vinte e quatro faixas gravadas na Cidade do México, entre fevereiro e março de 1993, em cinco datas diferentes. Nos VHS, músicas registradas em dois shows em San Diego (EUA), com seleções de dois dias distintos. Esse material está dividido em duas fitas VHS (lembram disso?) diferentes. No terceiro e último VHS, músicas colhidas durante dois shows em Seattle (EUA) em 1989 na turnê de …And Justice for All, lançado no ano anterior. Contando com uma performance excelente da banda – onde há perda em técnica, há ganho em feeling e carisma – o material desfila praticamente todos os clássicos dos caras em quase 8 horas de música, interpretados pela formação mais conhecida do Metallica pelos jovens pós-Metallica (1991), na qual estão James Hetfield (guitarra, vocais), Kirk Hammett (guitarra), Lars Ulrich (bateria) e Jason Newsted (baixo, vocais).
Estão lá sete do então disco em promoção (incluindo os cinco hits “Enter Sandman”, “The Unforgiven”, “Sad But True”, “Wherever I May Roam” e “Nothing Else Matters”) e dezenas de outras faixas do repertório anterior do grupo, contando, entre outras, com as esmagadoras “For Whom The Bells Tolls”, “Creeping Death” e “Fade to Black” do maravilhoso Ride The Lightning, de 1984 (meu disco predileto dos caras), “Master Of Puppets”, “Battery”, e “Welcome Home (Sanitarium)” do também maravilhoso Master of Puppets (1986), “Motorbreath”, “Seek and Destroy”, “The Four Horsemen” e “Whiplash” do dèbut Kill ‘em All, lançado em 1983, e um medley de quatro músicas do supracitado …And Justice For All. Também estão incluídos alguns dos milhares de covers tocados pela banda em suas turnês. Aqui pintam versões para canções do Queen (“Stone Cold Crazy”), Diamond Head (“Am I Evil”) e Misfits (“Last Caress”).
Na época do lançamento, não tive condições de comprar a caixa (160 dólares era um valor bem salgado para o Pablo adolescente), e por algum tempo esse foi um dos meus objetos musicais de desejo, mas por ser um material de tiragem limitada (como é comum em box-sets) acabou ficando cada vez mais difícil de adquirir o “tesouro”, mesmo tendo “carvão” na mão…
Tempos depois, em 2002, Live Sh*t: Binge & Purge foi relançado, para provável felicidade dos fãs do grupo. Só provável mesmo! O relançamento do box é uma verdadeira piada – de mau gosto! Não há mais a caixa grande, imitando o case, como na versão original. Tampouco há o livreto em formato “físico”…. esse foi “digitalizado” e inserido em um dos dois DVDs que substituem os VHS nessa versão. Além de não ser possível ver o booklet em alguns modelos de DVDs, o recurso só funciona em PCs, sendo incompatível com Macintosh. Na minha opinião, tanto a questão do livreto como a ausência dos outros materiais presentes no lançamento oficial seriam secundários, e até mesmo o fato do box original ter sido excluído (dando lugar àquela embalagem de acrílico mais grossa comuns em CDs duplos e triplos) poderia ser superado, caso o material visual dos shows tivesse sido ao menos restaurado ou remasterizado.
Não foi! A impressão que se tem é que os vídeos foram sacados diretamente das fitas VHS, passando por uma “limpeza” bem vagabunda, e posteriormente gravados em DVD, incluindo o tal “livreto”. Muito pouco para uma banda do quilate do Metallica, enfim. Vale a pena, sem dúvidas, ir atrás da versão original do box, em sites de leilão como eBay. Essa foi minha escolha (paguei, inclusive, cerca de 160 dólares), e não me arrependo, pois em matéria de visual e conteúdo, essa edição original é extremamente superior à sua reedição magreza!
Track list dos CD’s:
Disc 1:
1. Enter Sandman 2. Creeping Death 3. Harvester of Sorrow 4. Welcome Home (Sanitarium) 5. Sad But True 6. Of Wolf and Man 7. The Unforgiven 8. Justice Medley 9. Solos (Bass/Guitar)
Disc 2:
1. Through the Never 2. For Whom the Bell Tolls 3. Fade to Black 4. Master of Puppets 5. Seek & Destroy 6. Whiplash
Disc 3:
1. Nothing Else Matters 2. Wherever I May Roam 3. Am I Evil? 4. Last Caress 5. One 6. Battery 7. The Four Horsemen 8. Motorbreath 9. Stone Cold Crazy
Track list das fitas VHS:
VHS 1 – San Diego ’92:
1. 20 Min. MetalliMovie 2. Enter Sandman 3. Creeping Death 4. Harvester of Sorrow 5. Welcome Home (Sanitarium) 6. Sad But True 7. Wherever I May Roam 8. Bass Solo 9. Through the Never 10. The Unforgiven 11. Eye of the Beholder 12. Blackened 13. The Frayed Ends of Sanity 14. …And Justice for All 15. Drum Solo 16. Guitar Solo
VHS 2 – San Diego ’92:
1. The Four Horsemen 2. For Whom the Bell Tolls 3. Fade to Black 4. Whiplash 5. Master of Puppets 6. Seek & Destroy 7. One 8. Last Caress 9. Am I Evil? 10. Battery 11. Stone Cold Crazy
VHS 3 – Seattle ’89
1. Blackened 2. For Whom the Bell Tolls 3. Welcome Home (Sanitarium) 4. Harvester of Sorrow 5. The Four Horsemen 6. The Thing That Should Not Be 7. Bass Solo 8. Master of Puppets 9. Fade to Black 10. Seek & Destroy 11. …And Justice for All 12. One 13. Creeping Death 14. Guitar Solo 15. Battery 16. Last Caress 17. Am I Evil? 18. Whiplash 19. Breadfan