sábado, 3 de fevereiro de 2024

Rebel Heart: uma rebelião confusa, mas com o DNA de Madonna

 


Ao olharmos o tracklist de Rebel Heart, ele assusta. São dezenove faixas em mais de 74 minutos na versão deluxe, que na prática foi a mais comprada pelos fãs. E o conjunto de canções é um tanto irregular, isso é inegável. Após o inconstante MDNA (2012), Madonna retomou a receita de Hard Candy (2008) e trabalhou com diversos produtores que estavam em voga na época, as escolhas mais conhecidas sendo Diplo, Avicii e Kanye West, além de participações especiais de Nicki Minaj (repetindo a parceria do álbum anterior), Chance the Rapper e até mesmo de Mike Tyson.

As letras exploram temas românticos e a rebeldia sempre presente no comportamento de Madonna, atitude essa que deu ao mundo desde hinos pop como “Like a Prayer” até manifestos artísticos como Erotica (1992) e American Life (2003). O som é o pop cativante de sempre, adornado dessa vez por elementos de trap, house da década de 1990 e até mesmo reggae, uma mistura heterogênea que faz com que o álbum não apresente a coesão musical de costume.

Estamos falando de um álbum de Madonna, maior artista feminina da história do pop, então é claro que Rebel Heart tem excelentes canções. “Living for Love” abre o disco com um clima disco que remete ao excelente Confessions on a Dance Floor (2005). “Devil Pray” é arrepiante em suas partes acústicas, mostrando o quanto Madonna sabe fazer canções que tocam fundo utilizando estruturas simples. Essa faixa evolui para uma parte eletrônica conduzida por Avicii e que conversa com a obra do produtor e DJ sueco, falecido em 2018. “Ghosttown” é mais um belo exemplo do domínio melódico de Madonna, aqui na forma de uma balada que se desenvolve em um arranjo crescente. “Unapologetic Bitch” é um ragga absolutamente contagiante, enquanto “Illuminati” é outro momento de brilho, com linhas vocais cativantes.

A linda “Joan of Arc” é uma das grandes canções do álbum e uma das melhores gravações de Madonna na década de 2010, e merecia mais destaque pela doçura pop de suas melodias. “Iconic”, apesar da letra que varia entre o autoelogio e a autoajuda, possui linhas vocais fortíssimas e que levantam estádios. “HeartBreakCity” é a baladona dramática do álbum, e mais um exemplo de como a voz de Madonna ganha muito mais força quando explora seus timbres mais graves. A deliciosa “Body Shop” é um pop perfeito e redondo, sem nada fora do lugar, e deveria ter sido lançada como single. Talvez a grande canção de Rebel Heart seja “Holy Water”, que une elementos de Confessions on a Dance Floor e Hard Candy e é absolutamente viciante, uma obra-prima do pop que merece ser revisitada pelos fãs.


Já os momentos confusos ou não tão bons também marcam presença. “Bitch I’m Madonna”, com participação de Nicki Minaj, repete o erro de “Give Me All Your Luvin’”, de MDNA, e parece uma canção para vozes de gerações mais jovens como Britney Spears do que para Madonna, que soa deslocada na faixa. “Hold Tight” é genérica e dispensável. “Inside Out” é uma balada bem feita, mas igual à dezenas de outras canções, muito superiores por sinal, que Madonna gravou em sua carreira, o mesmo acontecendo com “Wash All Over Me”, que encerra o tracklist normal de forma nada memorável.

Chegamos nas cinco faixas extras da edição deluxe. “Best Night” é uma balada muito superior às duas anteriores e deveria estar no tracklist principal. “Veni Vidi Vici” conta com a participação do rapper Nas e apresenta uma sonoridade poucas vezes ouvida em um álbum de Madonna, com inserções acústicas intercaladas com batidas eletrônicas muito bem produzidas. “S.E.X.” vem direto do universo de Erotica e é um pecado que não tenha entrado na lista de faixas principais do disco, pois é excelente e traz Madonna revisitando, de forma inspiradíssima, uma de suas eras mais marcantes. O nível segue alto em “Messiah”, linda composição que poderia ter virado um enorme sucesso se tivesse sido trabalhada pela gravadora, enquanto “Rebel Heart” é um delicioso pop levado ao violão e que traz uma sonoridade orgânica, viva e até mesmo inocente.

Assim como Hard Candy e MDNARebel Heart é deixado meio de lado na discografia de Madonna, mas é um disco que, apesar de algumas faixas equivocadas e da duração além da conta, possui muitas qualidades. Um trabalho mais afiado na escolha do tracklist certamente teria feito a diferença, já que algumas de suas melhores canções entraram apenas na edição deluxe. Tal qual seus dois antecessores, Rebel Heart é um álbum que reserva agradáveis surpresas para quem se aventurar por suas faixas, e mostra uma Madonna pulsante e conversando com uma nova geração de músicos, ainda que não acerte em todas as tentativas.



Echoes of the Soul, a notável estreia da Crypta

 


Não sei explicar o motivo, mas eu tenho um delay no meu consumo de música, e ele se manifesta de uma maneira curiosa: quanto todo mundo está falando de um álbum ou uma banda, eu instintivamente me afasto daquele disco e daquele artista. Traduzindo: eu fujo do hype, mesmo não sabendo por que. Até que, por algum motivo geralmente aleatório, o interesse finalmente me fisga e eu vou ouvir aquilo que todo mundo já ouviu. Isso já aconteceu muitas vezes, e o exemplo mais recente ocorreu com a Crypta.

Com a separação da Nervosa, a banda se dividiu em duas: a própria Nervosa anunciou uma nova formação excelente e lançou o ótimo Perpetual Chaos em 2021 (e acabou implodindo mais uma vez um tempo depois e passando por inúmeras alterações no line-up desde então), enquanto Fernanda Lira e Luana Dametto anunciaram a criação de uma nova banda, batizada como Crypta. As duas, mais as guitarristas Tainá Bergamaschi e Sonia Anubis, gravaram e lançaram Echoes of the Soul, seu álbum de estreia, também em 2021. E, convenhamos, o debut da Crypta é um discaço!

O que ouvimos em Echoes of the Soul é um death metal extremamente cativante e bem tocado, e que impressiona e conquista até mesmo ouvintes como eu, que não não tem o estilo como audição costumeira. Isso, por si só, é um grande elogio, pois trata-se de um trabalho com força suficiente para ir além das fronteiras do gênero, fazendo a banda conquistar novos públicos. Produzido por Thiago Vakka, mixado por Arhur Rizk (Kreator, Power Trip, Soulfly) e masterizado por Jens Bogren (Amorphis, Powerwolf, Sepultura), o disco possui uma sonoridade muito bem definida, com todos os instrumentos soando cristalinos e fortes, o que intensifica a sonoridade do quarteto. Isso, somado ao trabalho de composição muito bem desenvolvido, faz de Echoes of the Soul um álbum merecedor de todos os elogios.

O trabalho de Tainá e Sonia (que deixou a banda em 2022 para se dedicar ao Cobra Spell, onde faz um hard rock oitentista, e foi substituída pela excelente Jéssica di Falchi) nas guitarras explora melodias e harmonias sombrias sustentadas por bases pesadíssimas, e ambas brilham nos solos, que soam sempre muito melodiosos e envolventes. Fernanda varia entre um gutural mais agudo (que se aproxima do black metal, diga-se de passagem) e intervenções certeiras onde canta de forma mais grave, o que produz uma dinâmica muito eficiente. E seu trabalho no baixo é competente, deixando o brilho para as guitarras. Mas o grande trunfo do Crypta é a espetacular baterista Luana Dametto. Se ela já chamava a atenção antes, Luana se solta de vez na Crypta e toca de forma fenomenal, com linhas intrincadas, rápidas e repletas de viradas. É impossível ouvir o álbum e não ficar impressionado com a verdadeira força da natureza que a baterista se releva a cada música.

O disco tem dez faixas, sendo uma delas uma breve introdução. “Starvation” abre o álbum e é a mais rápida do disco, e também uma das melhores do trabalho. “Possessed” entrega harmonias de guitarra e um riff com inspiração mais tradicional, e então se desenvolve em uma quebradeira irresistível. “Death Arcana” é uma composição fortíssima, com muitas variações de dinâmica e que cresce muito ao vivo, enquanto “Shadow Within” traz a dupla de guitarristas soando de forma fascinante. O tracklist inteiro é muito forte, com outros momentos de destaque como a pesadona e mais cadenciada “Under the Black Wings”, a poderosa “Kali”, a grandiosa “Dark Night of the Soul” e o encerramento com “From the Ashes”, maior hit do quarteto.

Com o apoio e o investimento da gravadora austríaca Napalm Records, que assinou com a banda e lançou Echoes of the Soul na Europa e nos Estados Unidos, a Crypta tem se destacado muito e conquistado um público que cresce a cada dia, comprovando a aceitação da sua música e mostrando o quanto o primeiro disco caiu nas graças do público. No Brasil, o álbum foi lançado pela Dynamo Records em CD jewel case, com encarte de dezesseis páginas trazendo todas as letras.

A qualidade desse primeiro álbum da Crypta justifica todos os elogios, pois trata-se de um disco excelente em todos os sentidos. O novo álbum da banda, intitulado Shades of Sorrow, será lançado em agosto, e a julgar pelas músicas já divulgadas, manterá o alto nível apresentado na estreia.



Rita Lee - Atrás Do Porto Tem Uma Cidade (1974)

 


Terceiro álbum de estúdio de Rita Lee e o primeiro com a banda Tutti Frutti, lançado em junho de 1974.

Faixas do álbum:
01. De Pés No Chão
02. Yo No Creo Pero...
03. Tratos À Bola
04. Menino Bonito
05. Pé De Meia
06. Mamãe Natureza
07. Ando Jururu
08. Eclipse Do Cometa
09. Circulo Vicioso
10. ...Tem Uma Cidade





Rita Lee - Fruto Proibido (1975)


Em 1975, é lançado Fruto Proibido pela Som Livre. O disco, que contém os sucessos "Agora Só Falta Você", "Esse Tal de Roque Enrow" e "Ovelha Negra", tornou-se um clássico do rock brasileiro, vendendo mais de 200 mil cópias na época, e dando a Rita o título de "Rainha do rock brasileiro"

Faixas do álbum:
01. Dançar Pra Não Dançar
02. Agora Só Falta Você
03. Cartão Postal
04. Fruto Proibido
05. Esse Tal De Roque Enrow
06. O Toque
07. Pirataria
08. Luz Del Fuego
09. Ovelha Negra





Em Fevereiro de 1981, Duran Duran lançou o single "Planet Earth"

Em Fevereiro de 1981, Duran Duran lançou o single "Planet Earth" (2 de fevereiro)
A faixa de dança de new wave dirigida por sintetizadores alcançou o #8 na Austrália, dando à banda seu primeiro hit Top 10 em qualquer lugar do mundo.
A música na vanguarda do chamado movimento New Romantic, fez grandes coisas na Austrália apesar da banda não fazer nenhum trabalho promocional lá.
Seu sucesso australiano foi baseado na força da reprodução de rádio e, em seguida, seu vídeo elegante dirigido pelo australiano Russell Mulcahy.
Quando a música começou a receber apoio na Austrália, Duran Duran decidiu que eles precisavam de ter alguma presença de TV lá em baixo, então foi sugerido que eles fizessem uma promoção de acompanhamento.
O baixista John Taylor admitiu no The A.V. Club, "essa foi a principal motivação para fazer aquele vídeo... para apoiar a música na Austrália. "
O single de estreia do Duran Duran foi lançado antes do seu auto-intitulado LP de estreia, e chegou ao pico em #12 no Reino Unido e #14 na Irlanda.

 



Em Fevereiro de 1980, o single do Vapors "Turning Japanese" estreou no UK Singles Chart em #73


Em Fevereiro de 1980, o single do Vapors "Turning Japanese" estreou no UK Singles Chart em #73 (3 de fevereiro)
Acredita-se que "Turning Japanese" se referia eufemisticamente à masturbação, embora o compositor e cantor de Vapors David Fenton negou essa afirmação em uma entrevista no VH1.
Ele disse, no entanto, que queria agradecer a quem inventou essa interpretação pela primeira vez, pois sentiu que o rumor picante sobre o que a música "realmente" significava pode tê-la ajudado a tornar-se um sucesso.
Quanto ao verdadeiro significado da música, Fenton explicou: "Tornar japonês são todos os clichês sobre angústia e juventude e se transformar em algo que você não esperava. "
O renomado produtor Vic Coppersmith-Heaven (The Jam, Black Sabbath) produziu o single e o seu álbum "New Clear Days".
A música foi até ao #1 na Austrália, #3 no Reino Unido, #4 na Irlanda, #6 no Canadá, #9 na Nova Zelândia e #36 nos EUA.



Em Fevereiro de 1980, o EP "Too Much Too Young - The Special A.K.A. Ao Vivo! ” estava em #1 no UK Singles Chart

Em Fevereiro de 1980, o EP "Too Much Too Young - The Special A.K.A. Ao Vivo! ” estava em #1 no UK Singles Chart (2 de fevereiro)
No lançamento original, a capa creditou os artistas como The Special A.K.A. com participação de Rico, enquanto a contracapa menciona e as gravadoras creditadas apenas The Specials.
O EP contou com "Too Much Too Young" (originalmente gravado no álbum "The Specials") com "Guns of Navarone" gravado ao vivo em Londres; e "Skinhead Symphony" - um medley de "Long Shot Kick De Bucket", "The Liquidator" e "Skinhead Moonstomp" - que foi gravado no Tiffany's em Coventry.
O disco liderou o UK Singles Chart por duas semanas, tornando-se apenas o segundo EP a chegar ao topo da parada, e também a primeira gravação ao vivo a chegar ao topo da parada desde "My Ding-a-Ling" de Chuck Berry em 1972.
Às 2:04, foi a música mais curta a alcançar o #1 no UK Singles Chart na década de 1980.

 



Destaque

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