sábado, 6 de julho de 2024

Ice - Opus 1 (1980)

 



Ano: 1980 (CD 1998)
Gravadora: Garden Of Delights (Alemanha), CD 002
Estilo: Rock progressivo
País: Alemanha
Duração: 46:01

Originalmente lançado em 1980, pois este era o único LP da obscura banda progressiva alemã. Inicialmente, 'Opus 1' foi vendido em uma quantidade muito pequena. As músicas desta reedição em CD que são decentes / ok incluem a abertura um tanto rock "Bad News For The Dolphin", "Happy And Free", "Wintertime", "The Big Sleep" e a descontraída / bem tocada "Choires Of Bright Beauties". Formação: Hubert Benz - baixo e vocais, Heinz Gerber - guitarra e vocais e Alexander Russ - bateria. Pode agradar aos fãs de (não me diga, estou pensando duas vezes) Sundome And The Night and Grave (que também tem títulos lançados pelo selo Garden Of Delights).

Hard rock underground alemão obscuro lançado privadamente com produções sonoras incondidas, mas os solos de guitarra são excelentes e têm certa paixão em sua música. Sei que algumas pessoas não curtem, mas eu dou nota alta. Porque eu gosto de hard rock lo-fi sem polimento. Além disso, adoro aqueles vocais em inglês com sotaque alemão.

01. Bad News For The Dolphin (04:43)
02. To A Fair Young Lady (06:44)
03. Happy And Free (04:52)
04. Willie The Pincher (04:39)
05. Wintertime (04:29)
06. Intro (01:57)
07. The Big Sleep (10:07)
08. Passagaglia (01:20)
09. Choires Of Bright Beauties (04:47)
10. Preludium No 1 (02:20)




INGEMAR OLSSON – Livs levande (Teamton, 1970)

 


Vocais suecos, vocais ingleses
  Relevância internacional: *

Ingemar Olsson é um artista muito prolífico e ainda ativo, e um dos melhores cantores/compositores mainstream a sair do movimento Xian sueco nos anos 70. "Livs levande" foi sua estreia e ostenta uma série de profissionais de estúdio, incluindo Janne Schaffer , o flautista de jazz Tommy Koverhult e o baterista Ola Brunkert. Claes af Geijerstam fornece percussão e vocais de apoio, e também produziu o álbum, o que explica por que "Livs levande" compartilha algumas características com a estreia solo de Geijerstam em 1970, "Out Of My Hair".

As músicas são divididas entre faixas em inglês e sueco com algumas letras bem espirituosas. Nem todas são boas, com a paródia country "Jesus Walked This Lonesome Valley" sendo a pior, e o cover de Simon & Garfunkel "Mrs. Robinson" parecendo muito redundante 40 anos depois. Mas há alguns momentos legais aqui, como "Somebody's Knocking On My Door", uma música pop pós-anos 60 suave e cativante, e a agradavelmente alegre "En typisk medmänniska" com uma guitarra Leslie giratória enfatizando a sensação de leveza. O álbum inteiro é um esforço alegre e bem-humorado, mantendo muito do ar esperançoso dos anos 60.

Musicalmente e de modo geral, pode não ser o clássico que alguns dizem que é, mas você tem que reconhecê-lo por ser um trabalho pioneiro, sendo um dos primeiros álbuns, se não o primeiro, a misturar as preocupações de Xian com um apelo popular real. Além disso, vindo apenas um ano atrás de "Ja dä ä dä" de Pugh Rogefeldt, é um dos primeiros álbuns pop adequados a apresentar letras suecas.

Em 2019, Olsson fez overdubs de novos vocais suecos para as faixas originalmente em inglês e, embora possa ter parecido uma boa ideia a princípio, dado que a pronúncia inglesa de Olsson não obteria a aprovação da Rainha, a atualização soa como qualquer tentativa desse tipo, com o jovem Olsson e o Olsson maduro trocando vocais anacronicamente. Se você quiser o álbum, certifique-se de obter a versão original em vinil ou o lançamento original em CD de 2005 (a versão "errada" tem cores de capa mais brilhantes, então é fácil distingui-la do CD antigo).


Lista de reprodução completa do álbum





INFRA / TREKLÖVER – Infra/Trekläver (Subliminal Sounds, 1972/1974, released 2022)

 


Vocal em inglês, instrumental
 Relevância internacional: ***

Dois nomes, mas basicamente a mesma banda. Começando como Treklöver, eles gravaram uma demo para a EMI em 1972 que não levou a lugar nenhum. Depois de recrutar o cantor Eddy Kristiansen, eles mudaram o nome para Infra, gravaram uma demo em 1974 para a gravadora britânica RSO que enfrentou o mesmo destino da primeira, deixando duas sessões de estúdio sem serem ouvidas pelo público por quatro décadas.

A demo Infra ocupa a maior parte do álbum com rock progressivo sério com aspirações sinfônicas, o que, para fins de clareza, significa muitas mudanças neuróticas de assinatura de tempo. Eles realmente miram alto e, embora sejam músicos talentosos, há frações de segundos em que especialmente o baterista Jörgen Nordgren escorrega. OK, então é uma demo, mas a produção limpa e notavelmente moderna é muito reveladora em momentos cruciais. Eddy Kristiansen, por sua vez, é muito operístico e pretensioso, mas fica ainda pior quando ele tenta "desabafar" na movimentada e quase histérica "Keep On Truckin'", na qual ele fica absolutamente insuportável. 

No geral, é tudo o que eu absolutamente odeio no rock progressivo.

Não que a fita Treklöver de duas músicas sem Kristiansen seja muito melhor. A produção se encaixa um pouco melhor aqui, e embora a voz da vocalista e organista contratada Ann-Marie "Ami" Henning seja um pouco fraca, ainda é muito mais agradável de ouvir do que a grandiloquência presunçosa de Kristiansen. Mas já no estágio inicial da banda, eles sofriam de Tourettes de assinatura de tempo e preciso de uma boa dose de desafio à morte para passar por oito minutos de "Saturn" (uma de suas duas faixas aqui).

"Infra/Treklöver" provavelmente vai dar tesão nas pessoas que gostam de tocar seus álbuns Trettioåriga Kriget a 45 rpm, mas minha sessão de automutilação com essa bobagem acabou para sempre.



Playlist completa do álbum (Bandcamp)



Ritual - Shaman

 



A semana do Rock este ano será dedicada totalmente ao nosso querido e já saudoso André Matos. Durante esta semana, vocês vão conhecer o que eu considero de melhor que ele fez durante sua carreira, além de umas preferências pessoais minhas também. Começaremos com este disco aqui que se trata de uma obra de arte do Heavy Metal brasileiro e mundial: Ritual, da banda de heavy metal melódico Shaman, projeto que teve André no front de 2002 a 2006.

Em 1998 a banda Angra estava lançando seu terceiro álbum, Fireworks, último disco do Angra com a formação original. Depois disso, a banda teve desentendimentos internos que se concentraram mais nas figuras do próprio Matos e do guitarrista Kiko Loureiro. Por mais que a gente, que é fã, tente imaginar o que aconteceu nesta época, nem convém pensar nisso agora, porque até mesmo o Kiko confessou recentemente em vídeo da grande admiração que ele sempre sentiu pelo amigo, mesmo com os tais desentendimentos: corre a boca livre que a Dona Florinda até ofereceu um cafezinho ao amigo do Kiko. Desculpem, não pude resistir! 😁 Foi só uma piadinha pra espantar a tristeza!

Enfim, a banda debandou, Matos quis sair, e seus amigos Luis Mariutti e Ricardo Confessori foram junto com ele, deixando o Angra apenas nas mãos hábeis de Loureiro e Rafael Bittencourt, que conseguiram fazer a banda renascer logo depois.

Enquanto isso, os três motineiros resolveram formar uma banda nova. Luis foi atrás de seu irmão Hugo Mariutti, guitarrista, para os quatro formarem o Shaman. O compromisso deles era de continuarem a realizar o trabalho que faziam no Angra, mas com uma nova roupagem. Se no Angra já tínhamos todo o misticismo da deusa do fogo da mitologia guarani que dá nome à banda, nesta nova empreitada o misticismo do chefe curandeiro das tribos indígenas, o 'shaman', impregnou as fantásticas letras do novo grupo.

Assim, Ritual, o novo álbum de André e sua turma sairia em 2002. Eu e meu irmão acompanhávamos todo o processo, e víamos as notas, com Matos dizendo, por exemplo, que o novo disco era para os fãs, e que tudo que seria feito naquele momento era para agradar as pessoas que eram fãs do Viper e do Angra, e que os seguiam desde o início. Ou seja, era nada mais do que uma carta de amor aos fãs do trabalho de Matos.

Uma verdade que já se vê logo na primeiríssima faixa do disco, o parzinho "Ancient Winds" e "Here I Am", que traziam de volta aquele heavy metal melódico acelerado e energético com pitadas de música erudita, especialidade do Matos, que acabou com isso criando essa sonoridade maravilhosa da qual pudemos desfrutar durante todos estes anos.

Ritual é um clássico do metal brasileiro do começo até o final. Não dá pra eu vir aqui e pegar minha favorita, num dia pode ser a balada "Fairy Tale", no outro pode ser a porrada "Time Will Come", ou "Distant Thunder", eu não sei dizer; noutro dia eu posso trocar pela folk "For Tomorrow", ou querer aceleração e bater cabeça ao som de "Pride", não importa! O negócio, a coisa que me consola e me faz pelo menos acalmar um pouco meu coração agora que o Matos se foi, é que eu tive pelo menos uma chance na minha vida de cantar essas músicas junto de Matos e da banda, no show deles ao vivo de 2005 aqui na minha cidade, e eu aproveitei cada momento daquela ocasião estando na audiência, vibrando com os presentes lá naquele show, tendo a chance de assistir esse talento único que a gente admirava.

Fiquei meio melancólico agora, né? Desculpem. Mas nada me tira da cabeça que a gente aqui no Brasil perdeu algo que jamais será reposto, algo que nos dava orgulho de sermos quem somos, algo que jamais teremos outra vez. E pensando numa realidade tão cruel como a de hoje, em que a cultura musical está completamente destruída neste país, a coisa acaba te dando uma certa melancolia. Mas não devemos esmorecer. As letras de Matos falavam muito disso, dessa paixão pela vida, dessa coisa de tudo na vida ter um sentido.

Este disco mesmo, em meio às letras que falam de rituais, magias e espiritualidade, passa essa mesma mensagem, e isso fica tão bem visível na letra da faixa que fecha o disco, que diz que um dia, poderemos sair por aí entendendo nossos sonhos e dificuldades, e tendo orgulho de nós mesmos. Está na letra: "someday I'm gone away with nothing but my pride".

É o tipo de mensagem que te faz acordar de bem com tudo e seguir em frente com sua vida, mesmo frente as adversidades. E é o que você sente quando ouve as melodias tão bem costuradas e arranjadas neste discaço, seja nos solos de guitarra, seja no piano e voz de André, ou em qualquer outra coisa. Tudo aquilo que André fazia tinha aquele senso de perfeccionismo, era da própria natureza dele, e a sua carreira solo também é prova incontestável disso.

Portanto, esta é uma das minhas recomendações máximas quando se fala em André Matos, e principalmente quando se fala em metal nacional. Um disco perfeito, em todos os sentidos.


Ritual (2002)
(Shaman)

Tracklist:
01. Ancient Winds
02. Here I Am
03. Distant Thunder
04. For Tomorrow
05. Time Will Come
06. Over Your Head
07. Fairy Tale
08. Blind Spell
09. Ritual
10. Pride
Faixas bônus - relançamento 2015:
11. Time Will Come (Demo)
12. Here We Go (Demo de "For Tomorrow")
13. Blind Shell (Demo de "Blind Spell")
14. Be Free (Demo de "Freedom", lançada posteriormente no álbum Immortal)

Selos: Universal Music / Substancial Music (relançamento)

Banda:
André Matos: voz, piano
Hugo Mariutti: guitarra
Luis Mariutti: baixo
Ricardo Confessori: bateria

Músicos convidados:
Tobias Sammet: voz (10)
Marcus Viana: violino (06)
Derek Sherinian: teclado (06)
Ademar Farinha: instrumentação de sopro (04)
Sascha Paeth: guitarra (10)

Discografia:
- Origins (2010)
- Immortal (2007)
- Reason (2005)
Ritual (2002)





Holy Land - Angra

 



Dando sequência a nossa semana do Rock dedicada ao André Matos, Vamos falar de uma das maiores obras-primas do Heavy Metal nacional, este discaço que o Angra gravou com sua formação quase original e pioneira nos anos 90.

O segundo álbum do Angra, Holy Land, representou uma verdadeira mudança de paradigma para todo o universo do metal nacional. Na verdade, o disco ficou sendo tão único, que ninguém até hoje ousou fazer algo que chegasse próximo de sua proposta, e por essa razão ele é uma verdadeira obra-prima do metal nacional.

Estamos falando de uma banda pungente de ideias, cheia de criatividade na época, e com a claríssima intenção de impressionar, de ousar, de ir além do esperado. O Angra tinha obtido grande êxito no lançamento de sua estreia, Angels Cry, e pretendiam pavimentar caminho para conseguirem o respeito que a banda detém ainda hoje.

Então, sim, existem álbuns maravilhosos que o grupo escreveu após a saída de Matos da banda, mas toda fundação que foi estabelecida para que esses futuros trabalhos acontecessem foi construída aqui, nesta primera fase. Justamente por esta razão que eu considero este o melhor disco do Angra nesta fase inicial, muito embora ele não tenha o hino máximo do grupo.

Eu descobri este disco mais tarde, uns dois anos depois do lançamento dele, através de um amigo que eu conhecia, e foi ele que me apresentou ao Angra. Na época, o foco era o Fireworks, mas eu fui retroagindo na discografia do grupo e descobrindo os outros trabalhos que eu não conhecia, e o que sempre me chamou mais a atenção foi este aqui, porque eu lia as revistas da Cover Guitarra e estava aprendendo a tocar, e constantemente eu via umas notas do Kiko Loureiro na revista ensinando a tocar "Nothing to Say", e queria aprender.

Eu estava naquela fase meio 'shredder', queria aprender a tocar guitarra rápido, e admirava muito guitarristas como Steve Vai e Joe Satriani, sem nem saber que aqui no Brasil haviam nomes como Marcos De Ros, Frank Solari, Edu Ardanuy e Kiko Loureiro se destacando. Naqueles dias não havia internet ou redes sociais, e demorava mais pra gente sacar essas coisas, mas não demorou muito para eu ir me apegando ao som do Angra através do disco Fireworks, e deste aqui, o Holy Land.

O disco é uma obra conceitual, só pra começo de conversa. Eu tenho o disquinho original na minha estante, e quando você abre a caixinha do CD, você retira a capa da frente dele, e ela se abre em um grande mapa-mundi antigo do séc. XIV. É uma coisa linda, muito bem produzida, mas se você for atrás de Spotify ou YouTube, não vai ver nada disso amigo, o que pra mim tira um pouco a beleza da coisa. A história é sobre o descobrimento do Brasil, e as grandes navegações portuguesas que levaram a esse feito. Ela ainda narra a vida no Brasil antes e depois dos portugueses chegarem em nossas terras e se estabelecerem.

Vamos falar dessa sonoridade que impressiona imensamente: estou me referindo às misturas musicais que o disco tem. Em nenhuma outra ocasião você conseguirá ver uma mistura tão coerente e bem arranjada de metal, música brasileira dos gêneros afoxé, baião e berimbau, e ainda música clássica. É um verdadeiro prodígio e uma jóia!

A faixa de abertura "Crossing" inicia a jornada com um belíssimo número de coral erudito simbolizando a Europa, que já emenda com a sensacional "Nothing to Say", que eu sempre entendo como um barco português iniciando a sua navegação em busca de novas terras. Depois vem uma das minhas grandes favoritas do disco, que é a sublime "Silence and Distance", e sua letra magnífica refletindo sobre a solidão do mar e a expectativa do desconhecido. Você é tragado para dentro daquilo, e então o show de metal com música brasileira começa, envolvendo até mesmo viradas de ritmo de Rock Progressivo.

Aqui está então outra jóia do disco, "Carolina IV"; ela inicia com uma batida tribal estilo olodum, passa para Rock, Metal, tem um trecho que referencia claramente Hermeto Paschoal, quem já ouviu "Bebe", vai reconhecer; enfim, ainda navega pela música erudita, tem variações progressivas, e termina de forma épica, enquanto narra em sua letra a história de um grupo em uma embarcação que não chegou a seu destino. A letra do backing vocal em português é curiosa também, uma vez que referencia a cultura indígena da época.

As referências à música brasileira continuam na sequência em faixas como "The Shaman" e os ritmos de berimbau de "Holy Land", acompanhados pelo lindo acompanhamento de flauta transversal; quem quiser uma referência desses gêneros brasileiros de "Holy Land", eu recomendo a obra de Baden Powell e Vinícius de Morais no disco Os Afro Sambas, e lá você poderá ouvir a composição "Berimbau", escute-a, porque ela é minha primeira referência quando ouço essa faixa do Angra.

Saindo um pouco das referências brasileiras, temos a linda balada "Make Believe", que virou single e vídeo clipe na época, e é uma das músicas mais conhecidas e representativas dessa fase do Angra, e outro grande destaque deste maravilhoso disco é a porrada "Z.I.T.O.", que por muitos anos o guitarrista Rafael Bittencourt ocultou de todos o significado do nome, vindo a revelá-lo recentemente numa entrevista para o site Heavy Talk, onde ele conta uns 'causos' bem curiosos e divertidos. A letra em si tem a ver com essas descrições, uma vez que fala sobre descobertas. O final do disco termina com o devido destaque a André Matos, que nos surpreende com suas performances intimistas em "Deep Blue" e na acústica "Lullaby for Lucifer", fechando uma obra sensacional.

É um disco absolutamente obrigatório que você escute, tenha a certeza, você não vai achar nada parecido em toda discografia de metal seja aqui no Brasil, ou lá fora. É uma obra única. Eu sei que tem outras obras de metal que misturam estilos, inclusive misturam música brasileira, mas não da mesma forma que este disco aqui se apresenta! É um disco totalmente recomendado que você escute para testemunhar como que, uma vez na história, cabeças iluminadas se reuniram para criar uma das maiores gemas musicais que nosso país pode se orgulhar. Com certeza, esta é uma obra que André Matos gostaria que as pessoas usassem para se lembrarem dele.

Holy Land (1996)
(Angra)

Tracklist:
01. Crossing
02. Nothing to Say
03. Silence and Distance
04. Carolina IV
05. Holy Land
06. The Shaman
07. Make Believe
08. Z.I.T.O.
09. Deep Blue
10. Lullaby for Lucifer
Japanese bonus track:
11. Queen of the Night

Selos: JVC / Paradox Music

Angra é:
André Matos: voz, piano, orquestrações, órgão e teclados
Kiko Loureiro: guitarra, back vocal, percussão (05)
Rafael Bittencourt: guitarra, back vocal, percussão (05)
Luís Mariutti: baixo
Ricardo Confessori: bateria, percussão (05)

Participações especiais:
Mônica Thiele: voz alto
Celeste Gattai: voz soprano
Reginaldo Gomes: voz baixo
Naomi Munakata: condutora
Grupo vocal Farrambamba: coral
Sascha Paeth: programação e arranjos orquestrais
Paulo Bento: flauta
Pixu Flores: berimbau
Ricardo Kubala: viola
Castora: apito, tamborim e percussão
Holger Stonjek: baixo duplo



Discografia:
Ømni (2018)
Secret Garden (2015)
- Aqua (2010)
- Aurora Consurgens (2006)
- Temple of Shadows (2004)
- Hunters and Prey (2002) - EP
- Rebirth (2001)
- Fireworks (1998)
- Freedom Call (1996) - EP
Holy Land (1996)
- Evil Warning (1994) - EP
- Angels Cry (1993)
- Reaching Horizons (1992) - demo



Theatre of Fate - Viper

 



Em 1989, exatos 35 anos atrás, André Matos e um grupo de garotos iniciantes estavam em processo de causar profundas transformações no cenário musical brasileiro. Matos, e seus amigos Yves e Pit Passarell, o guitarrista Felipe Machado e o baterista Guilherme Martin que substituia Cassio Audi, animados com a recepção relativamente boa (para os padrões do gênero musical) do seu primeiro disco, o Soldiers of Sunrise, resolveram jogar mais alto. Na época do primeiro álbum, era uma coisa mais amadora, Matos ainda não tinha a técnica vocal que possibilitou explorar todo seu potencial como cantor e se tornar a lenda que virou, era um adolescente em desenvolvimento, mas querendo vingar, fazer história. Ainda não eram levados a sério, tanto que havia gente que fazia piadas e os chamavam carinhosamente de 'os Menudos do metal'.

Foi então no álbum Theatre of Fate que Matos e a banda conseguiram o tão almejado respeito. Matos estava finalizando seus estudos de música clássica, e isso serviu muito para compor o material que gravaram e que se transformou nesse registro histórico e celebrado até os dias de hoje do Viper. Teve até produtor internacional, um cara chamado Roy Rowland, que é bem famoso por produzir outras bandas populares do meio metal, como a alemã Kreator, a americana Testament e a inglesa Play Dead. Ou seja, a partir deste segundo disco, a conversa já era de bem mais alto nível.

Soldiers of Sunrise era bem mais uma espécie de cópia do Iron Maiden. Trazia uma banda inexperiente, tentando se virar como podia, Matos ainda não cantava da forma soberba que conhecemos, mas todos se esforçavam e tentavam tirar o melhor, e o disco teve boas coisas e uma banda promissora. Já no Theatre of Fate, temos um heavy metal bem mais elaborado, e a banda já experimentava com algo que viria a se tornar a marca de André Matos em seus outros projetos, seja no Angra, no Shaman ou solo: a música clássica.

Matos era estudante do gênero musical erudito. Além disso, ele sempre fez mais o tipo "intelectual", diferente de todos os seus outros amigos de banda que eram mais crus, basta ver os discos do Viper após a saída dele pra comprovar, muito embora quase todas as composições do disco sejam creditadas ao Pit, mas eu tenho minhas dúvidas se não tem o dedo do Matos nelas também em certos aspectos.

Enfim, as músicas são soberbas e de cair o queixo para a época, sendo que o Brasil estava navegando pela primeira vez no território do heavy metal como protagonista ativo do gênero. A introdução do disco, "Illusions", já é um grande avanço só por si. A faixa "At Least a Chance" traz um som bem mais produzido e pela primeira vez a banda experimenta com música clássica numa bridge intermediária dela.

Então vamos para os clássicos, finalmente: temos a boa "To Live Again" que é sempre muito pedida, temos a ótima "A Cry from the Edge" em que a banda tenta variações ousadas e Matos canta exibindo finalmente seus agudos com todo esplendor; mas é só uma pequena amostra. E temos então o hino, aquela que todos cantam com mãos para cima, repetindo a letra, se bobear até com velinhas erguidas, a bela e fantástica "Living for the Night", que fica sendo o primeiro grande clássico do metal brasileiro.

Chegamos num ponto do disco que eu realmente gosto, mas as últimas faixas para mim são especiais. A começar pela sensacional "Prelude to Oblivion". Aqui fica mais do que óbvio a influência clássica, e tem até coral. É uma das composições mais fantásticas da história do Viper, e eu sicneramente acho que eles sempre subestimaram muito o poder desta música. Na minha opinião, é simplesmente linda. Depois tem a ótima faixa título, que por si seria um bom fechamento, mas tem ainda mais uma, essa sim o fecho do disco. É a faixa inteiramente escrita pelo nosso querido André Matos, na flor de seus 18 anos, finalizando seus estudos de música erudita.

Essa merece um parágrafo só pra ela. Se chama "Moonlight", e basicamente, o que Matos fez aqui, foi pegar a Sonata Lunar de Beethoven e transformá-la em uma balada heavy metal. O início dela é reconhecível, trata-se claramente de Beethoven, mas depois Matos vem com os vocais e a embeleza já com sua voz totalmente desenvolvida. Simplesmente a escute com atenção, é uma das composições mais belas que você vai ver em um gênero como o heavy metal, cheia de passagens com violino, piano, e fica sendo o despertar de André como um compositor de respeito que ele veio a se tornar conhecido.

Eis para vocês, meus amigos e leitores, o primeiro grande clássico do heavy metal brasileiro, o álbum Theatre of Fate. Em qualquer grande círculo do gênero você vai ver pessoas falando de forma entusiasmada sobre ele. Foi o começo de uma cena musical aqui no Brasil que antes não corria o menor risco de existir, não fosse a ousadia de André Matos e seus amigos de banda em nos trazer este disco maravilhoso e que eu recomendo altamente, e assim permitir a consolidação no Brasil de uma cena musical para o heavy metal. Fez história! Se você deseja conhecer os primórdios do metal brasileiro, ouça este disco, é obrigatório.

Theatre of Fate (1989)
(Viper)

Tracklist:
01. Illusions
02. At Least a Chance
03. To Live Again
04. A Cry From The Edge
05. Living For The Night
06. Prelude To Oblivion
07. Theatre of Fate
08. Moonlight

Selo: Massacre Records

Viper é:
André Matos: voz, piano
Felipe Machado: guitarra
Yves Passarell: guitarra
Pit Passarell: baixo
Guilherme Martin: bateria

Discografia:
To Live Again: Live in São Paulo (2015) - ao vivo
- All My Life (2007)
- Tem Pra Todo Mundo (1996)
- Coma Rage (1994)
- Maniacs in Japan (1993) - ao vivo
- Vipera Sapiens (1993) - EP
- Evolution (1992)
Theatre of Fate (1989)
- Soldiers of Sunrise (1987)





Vagif Mustafazadeh - Jazz Palette

 



Jazz Compositions by Vagif Nustafazade. Melodiya No. 5289-68. Date Unknown
David Koyfman (bass), Arkadiy Dadashyan (drums)

01. I Work With Pleasure
02. Seventy-Sux
03. My Friends and I
04. Improvisation. (Based on Gara Garayev's Don Quixote)
05. Your Beauty Won't Last Forever - No.2 (by Tofiq Guliyev)
06. Sad Daniel (based on F. Rossolino)
07. Identity

Azerbaijan Radio Archives. Date Unknown

08. Try Not To Make A Mistake - No.2
09. Oil Rocks
10. Character - No.2
11. Composition - No.4


Destaque

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Em 06/10/1971: Badfinger grava o álbum Straight Up Straight Up é o quarto álbum de estúdio da banda britânica de rock Badfinger, foi lançado...