domingo, 17 de novembro de 2024

CAPAS DE DISCOS - 1957 Gene Vincent And the Blue Caps - Gene Vincent And the Blue Caps

 

LP EUA • Capitol Records • T-811.
Promoção.


Contracapa.

Disco, lado 1.

Disco, lado 2.

Marca os lados 1 e 2.



Review: Ghost - Prequelle (2018)

 


Em seu quarto disco, o Ghost intensifica uma característica que sempre esteve presente em sua música: o apelo pop. E isso não é demérito algum, pois ele é construído através de melodias fortes, refrãos pegajosos e uma aura de acessibilidade que contrasta de maneira direta com o discurso presente nas letras, que seguem explorando temas sombrios e demoníacos.

Prequelle foi lançado dia 1 de junho e é o sucessor de Meliora (2015). A mudança de direção, que não foi brusca, já havia sido antecipada nos dois EPs liberados anteriormente pela gangue de Papa Emeritus (agora rebatizado como Cardinal Copia), os ótimos If You Have Ghost (2013) e Popestar (2016), que trouxeram covers de nomes como ABBA, Depeche Mode, Echo & The Bunnymen e Eurythmics, além da inédita “Square Hammer”. Ao trazer o pop para a sua música, o Ghost apenas resgata uma característica inerente ao heavy metal. Ou você não lembra de hits grudentos como “Paranoid”, “Enter Sandman” e “Fear of the Dark"?

O fato é que Prequelle é um dos trabalhos mais sólidos do Ghost e talvez seja o que contém o tracklist mais redondo. As dez músicas do disco mostram um desfile de ótimas ideias, com tudo no lugar e nenhum exagero, bem como nenhuma delas soa desnecessária. Há os destaques imediatos, como as grudentas “Rats" e “Dance Macabre”, que desde já devem marcar presença permanente nos shows do sexteto. O aspecto mais contemplativo da banda vem à tona com a bela “Pro Memoria”, dona de uma linha de piano de arrepiar, e o encerramento com a igualmente transcedental “Life Eternal”. 

E no meio do processo ainda há espaço para o metal bem NWOBHM de “Faith" e para duas faixas instrumentais absolutamente sensacionais. “Miasma" é um exemplo da extrema musicalidade da banda sueca, com direito até a um improvável solo de sax Gavin Fitzjohn. E em “Helvetesfonster" temos a presença ilustre de Mikael Akerfeldt, do Opeth, na guitarra acústica, em mais um exemplo de como Cardinal Copia e sua turma são bem relacionados com a nata da música pesada. Além disso, a passagem de piano que essa composição contém demonstra a qualidade acima da média dos instrumentistas da banda.

Prequelle mostra o Ghost dando um grande passo para fora do nicho do heavy metal, em uma decisão inteligente, muito bem executada e, ao que tudo indica, permanente. Em todos os aspectos trata-se de um disco excelente, com qualidade de sobra para transformar a banda em um fenômeno de popularidade em todo o mundo. E o que é melhor: isso irá acontecer embalado por música de inegável qualidade.



Review: Outros Bárbaros - Outros Bárbaros (2018)

 


Não há muita referência ao rock produzido em Florianópolis fora dos limites da Ilha da Magia e de Santa Catarina. O que é uma injustiça, já que a capital catarinense possui uma cena musical bastante interessante, apesar de pouco conhecida no resto do Brasil.

Alguns dos principais nomes dessa cena uniram forças em uma nova banda que chegou, literalmente, chegando. O Outros Bárbaros é formado por Maurício Peixoto (vocal e guitarra), Roberto Bez (piano elétrico, órgão e sintetizador), Eduardo Lehr (baixo) e Quinho Mibach (bateria). Um quarteto experiente e com passagem por bandas como Aerocirco, Papo Amarelo, Eletrolíticos e Os Berbigão. 

O primeiro disco, auto-intitulado, chega mostrando uma banda madura e pronta, como era de se esperar. São dez faixas redondas, incluindo uma versão para “A Pílula Certa”, gravada anteriormente pelo Aerocirco. O que o grupo entrega é um pop rock muito bem feito, com melodias fortes, letras com discurso claro e refrãos pegajosos, como o bom pop deve ser. E, no meio disso tudo, influências de MPB, soul e blues que tornam a sonoridade ainda mais rica e interessante.


Outros Bárbaros, o disco, está cheio de canções prontas para caírem na boca de quem gosta de boa música. São várias faixas com enorme potencial para virarem hits, o que só atesta a grande capacidade de composição do quarteto, tendo Maurício Peixoto à frente, o autor de todas as faixas. A produção é outro acerto, dando à banda uma sonoridade atual e orgânica, pulsante e bastante dinâmica. A maneira como o piano elétrico, o órgão e os sintetizadores são encaixados nas canções faz com que um bem-vindo acento de psicodelismo permeie a música do grupo.

Entre as faixas, destaques para a linda “O Que Eles Querem”, que critica de forma inteligente a acensão do pensamento conservador e de direita que assistimos todos os dias no Brasil. Essa música possui uma letra muito bem escrita e um arranjo que mostra o imenso potencial do Outros Bárbaros. Além disso, gostei muito também do pop grudento de “Afasto de Mim” e “Areia e Pó", o blues “Amor Delinquente”, “Cimento, Ferro e Caos”, “Dias Ruins” e “Não Há” - como disse, o disco soa como uma coleção de hits prontos.

O álbum será lançado nos apps de streaming dia 12 de junho e banda planeja um financiamento coletivo para o segundo semestre, para que cópias físicas possam ser produzidas. Basta ouvir o álbum para não pensar duas vezes: vale a pena fazer com que o Outros Bárbaros chegue aos ouvidos de todo mundo que ama a música.




Review: Idris Muhammad - Power of Soul (1974)

 


Em 13 de novembro de 1939 nascia em Nova Orleans, no estado norte-americano da Lousiana, um dos maiores bateristas da história do jazz. Batizado como Leo Morris, o músico entrou para a história como Idris Muhammad, nome que adotou ao se converter ao islamismo durante os anos 1960.

O pequeno Leo vivia batucando pela casa, e bem precocemente, com apenas 8 anos de idade, começou a tocar bateria. Aos 16 já integrava algumas big bands em Nova Orleans, cidade berço do jazz e dona de uma riquíssima tradição musical. O talento de Idris, somado ao balanço único que imprimia ao seu som, fez sua reputação crescer rapidamente.


Entre 1962 e 1964, firmou-se como um dos mais inovadores bateristas da soul music, participando de discos de ícones do gênero como Sam Cooke, Jerry Butler e The Impressions. A proximidade com a cena soul fez com que, em 1966, o baterista se casasse com Dolores “LaLa” Brooks, integrante do grupo vocal The Crystals, que alcançou bastante sucesso na primeira metade da década de 1960. Juntamente com Idris, Dolores também se converteu ao islamismo, adotando desde então o nome de Sakinah Muhammad. O casal teve quatro filhos – dois meninos e duas garotas -, e se separou em 1999.


De 1965 a 1967, Idris Muhammad tornou-se membro do grupo do saxofonista Lou Donaldson. Mais tarde, assumiu o posto de baterista da banda da casa do renomado selo Prestige, no período de 1970 a 1972, sendo figura fácil nos discos gravados pela companhia na época. Idris tocou também com Johnny Griffin (1978-1979), Pharaoh Sanders (durante a década de 1980), George Coleman, Groover Washington Jr. e na Paris Reunion Band (entre 1986 e 1988). A partir de 1995, começou a tocar e excursionar com o pianista Ahmad Jamal. Finalizando, vale mencionar que o baterista também tocou no clássico musical Hair.


Mas o ponto alto da longa carreira de Idris Muhammad é, certamente, o álbum Power of Soul, lançado em 15 de abril de 1974. Misturando jazz, funk e soul, Idris gravou um clássico indiscutível do fusion, um disco dono de um balanço irresistível e sensual, uma obra de arte que superou a prova do tempo.


Terceiro álbum solo do baterista, veio na esteira de Black Rhythm Revolution! (1970) e Peace & Rhythm (1971), LPs mais focados no jazz tradicional. Já em Power of Soul, a conversa é outra. Gravado ao lado do brother Grover Washington Jr. (saxofone), do tecladista Bob James, do guitarrista Joe Beck, do percussionista Ralph MacDonald, do trompetista Randy Brecker e do baixista Gary King, o disco é uma aula de groove, sensualidade, malícia e bom gosto.



O trabalho abre com a sua música mais conhecida, a sublime faixa-título, composta por Jimi Hendrix e presente, na sua versão original, em Band of Gypsys (1970) e também na compilação South Saturn Delta (1997). Visivelmente influenciado por Hendrix, Idris Muhammad comanda uma banda afiadíssima, responsável por um embalo hipnótico e pesado, que desconstrói a composição de Jimi e dá à ela uma nova cara, regada por interferências espertas de metais, baixo pulsante, teclados com características psicodélicas e uma guitarra que bebe sem pudor no poço sem fundo da obra do deus negro da guitarra.


O solo de saxofone de Grover Washington Jr. destaca-se não só pelo talento do instrumentista, mas também por trazer à tona outro gênio do jazz, o imortal John Coltrane. É impossível ouvir o sax de Washington em “Power of Soul” e não lembrar do Coltrane de A Love Supreme.


Mesmo quem nunca ouviu o disco irá reconhecer a faixa-título de Power of Soul, uma das músicas mais sampleadas da história, além de ter servido de trillha para inúmeros filmes e comerciais. Um clássico indiscutível, um funk de rachar o assoalho comandado por Idris Muhammad, que solta a mão sem dó em seu kit. Enfim, uma aula de ritmo e precisão!


Apenas a música de abertura bastaria para classificar Power of Soul como um disco fundamental na coleção de qualquer pessoa, mas o álbum tem muito mais. "Piece of Mind" se desenvolve em camadas sonoras que vão se entrelaçando, e traz grandes solos de Randy Brecker e Bob James. "The Saddest Thing" tem a guitarra de Joe Beck à frente, que serve como mestre de cerimônias para que cada um dos instrumentistas tenha o seu momento de brilho individual. A manhosa "Loran´s Dance" fecha o disco com melodias que descem dos céus e pescam os ouvintes com sutis manifestações que vão do teclado ao saxofone, da guitarra ao trompete.


Um senhor disco, dono de uma qualidade do mais alto grau, com o passar dos anos Power of Soul, além de solidificar a sua fama de clássico do groove e do balanço, foi elevado, pouco a pouco, ao status de uma das grandes obras do fusion. Esse reconhecimento é mais do que merecido, já que o que se ouve em suas quatro faixas é nada mais nada menos que um dos momentos mais sublimes e iluminados da história do jazz, do soul e do funk – enfim, um dos momentos mais celestiais da história da música.


Idris Muhammad faleceu em 29 de julho de 2014, aos 74 anos, em Fort Lauderdale, na Florida. Mas a sua música revive a cada pessoa que toma contato com sua obra pela primeira vez.



Review: Europe - Walk the Earth (2017)

 


O Europe é daquelas bandas com fases bem distintas em sua carreira. Quando surgiu nos anos 1980, o quinteto sueco alcançou a fama mundial com um hair metal repleto de teclados, músicas grudentas e todos os clichês do gênero, cujo ápice se deu em seu terceiro disco, o multiplatinado The Final Countdown (1986). A banda deu um tempo em 1992 e retornou apenas onze anos depois, em 2003, lançando um novo álbum em 2004, Start from the Dark.

A partir da pausa, a história passou a ser outra. Os hits melodiosos como “The Final Countdown” e “Carrie” ficaram no passado e o quinteto começa a explorar outra sonoridade, muito mais madura e atraente. A aproximação com ícones como Deep Purple e Led Zeppelin é facilmente perceptível na nova fase do Europe, que hoje faz um hard rock que honra a tradição gloriosa do estilo e bebe também em outras fontes de inspiração dos anos 1970.

Walk the Earth, lançado em outubro de 2017 e disponível em edição nacional pela Hellion Records, é o sexto disco da fase atual. E, como de habitual, é um excelente trabalho. Com 10 músicas em pouco mais de 40 minutos, trata-se de um álbum conciso e com canções bastante fortes, onde o destaque é, com o perdão da repetição, a onipresente maturidade mostrada pela banda. 

O novo Europe apresenta uma forte influência de blues, uma pegada que remete ao Purple clássico e também um clima épico que vem direto da banda de Jimmy Page. Tudo isso embalado com extremo bom gosto e amarrado pela imensa capacidade técnica dos músicos. O resultado não poderia ser outra que não um delicioso disco de rock com grandes riffs, ótima pegada e um punhado de fortes canções.

Caso você ainda associe o Europe a The Final Countdown, a dica é bem simples: ouça Walk on Earth e os álbuns mais recentes dos suecos e tenha uma agradável surpresa.




Review: Dead Kennedys - Fresh Fruit for Rotten Vegetables (1980)

 


Lançado em 2 de setembro de 1980, Fresh Fruit for Rotten Vegetables é o primeiro álbum da banda norte-americana Dead Kennedys e um dos maiores clássicos do punk rock. Considerado como o melhor disco do grupo, deu início a uma carreira que influenciou profundamente o estilo, tanto em relação à música quando em se tratando da parte lírica. O disco estava fora de catálogo no Brasil, porém foi relançado em CD pela Hellion Records este ano. Não preciso nem dizer que é uma ótima oportunidade de ter em sua coleção um dos títulos mais marcantes e obrigatórios do rock, né?

Fresh Fruit for Rotten Vegetables foi produzido pela dupla Norm e East Bay Ray. Ray era também o guitarrista da banda, cuja formação era completada por Jello Biafra (vocal), Klaus Flouride (baixo) e Bruce Slesinger (bateria, e que atendia pelo apelido de Ted). São 14 músicas em pouco mais de 30 minutos, uma paulada raivosa e ao mesmo tempo requintada, e que mostrou uma nova forma de se fazer punk rock. Na opinião da NME, o Dead Kennedys era muito influenciado pelo UK Subs, enquanto para outros jornalistas o disco era a companhia perfeita para Never Mind the Bollocks, a igualmente clássica estreia do Sex Pistols.

A sonoridade de Fresh Fruit for Rotten Vegetables tem algumas particularidades. A mixagem, obviamente, deixa o som bem na cara como em todo bom disco punk, mas também privilegia os tons mais agudos em detrimento aos aspectos mais graves do baixo, por exemplo. Além disso, a forma de cantar de Biafra, cheia de maneirismos e com um que de declamação e carregada de ironia, acabou se tornando uma das marcas registradas da banda. Na parte instrumental, apesar de o punk estar associado à estruturas musicais simples, recomendo que, ao ouvir o álbum, você preste atenção no trabalho de guitarra, baixo e bateria e perceba a alquimia que East Bay Ray, Klaus Flouride e Ted conseguiram criar - fique de olho principalmente no trabalho de guitarra, que é incrível e muito original.


Há de se citar o fortíssimo tracklist, que traz um desfile de ótimas canções que mais parece sair de um greatest hits do que de um disco de estreia. Estão em Fresh Fruit for Rotten Vegetables músicas como “Kill the Poor”, “Forward to Death”, “Let's Lynch the Landlord”, “Drug Me”, “California Uber Alles”, “Stealing People’s Mail”, “Ill in the Head" e “Holiday in Cambodia”, canções que se transformaram não apenas em algumas das mais conhecidas da banda mas, sobretudo, em hinos imortais do punk norte-americano.

O álbum possui algumas curiosidades interessantes. A contracapa original trazia uma foto de uma banda tradicional, onde bateria continha a logo do Dead Kennedys aplicada. A imagem era da uma banda chamada Sounds of Sunshine e foi encontrada pelo baixista Klaus Flouride, que a achou “hilária" e decidiu utilizar a imagem. O problema é que o fato chegou ao conhecimento do vocalista do Sounds of Sunshine, Warner Wilder, que ameaçou processar a banda. Assim, a contracapa precisou ser reimpressa com uma nova imagem, enquanto as reedições recentes vieram com a foto original “atualizada”, sendo com a cabeça dos músicos cortada ou envelhecida, e até mesmo com uma nova imagem, agora sim trazendo os músicos do Dead Kennedys. 


A ideia original da IRS, gravadora do grupo, era que a capa viesse com a cor laranja e as letras na cor preta, porém os músicos não aprovaram a sugestão por considerá-la inferior à versão lançada na Inglaterra - o disco saiu primeiro no Reino Unido pela Cherry Red Records e só em 1981 nos Estados Unidos, porém com a capa laranja não aprovada pela banda. Algumas prensagens posteriores trouxeram adições ao tracklist, com a inclusão de “Police Truck” entre “Let's Lynch the Landlord” e “Drug Me”, e também a presença de “Too Drunk to Fuck” no final do lado A. 

E sobrou até para o Brasil. A primeira edição nacional de Fresh Fruit for Rotten Vegetables foi lançada pela Continental em 1986 em duas versões: uma em vinil preto e outra em vinil branco. Essa versão com o disco na cor branca é disputada por colecionadores de todo o mundo e é uma verdadeira raridade hoje em dia.


Fresh Fruit for Rotting Vegetables é um dos maiores clássicos do punk e um dos álbuns mais importantes da história do rock. Presença constante em listas elaboradas pelas mais variadas publicações e sites, o disco é o ápice da carreira do Dead Kennedys e um álbum obrigatório em qualquer coleção de discos.




Renato Teixeira e Fagner - Destinos (2024)

 


Dois anos após o lançamento do  álbum Naturezas, os músicos Renato Teixeira e Fagner lançam em novembro Destinos, mais um álbum onde os amigos revisitam clássicos da carreira, compõem juntos, numa mistura de música caipira com o sertão. 

Faixas do álbum:
01. Romaria
02. Blues 73
03. Arde Mas Cura
04. Dominguinhos
05. Magia E Precisão
06. O Prazer De Lembrar É Bom
07. Quando for Amor
08. Amor Amar
09. Linda Flor Da Madrugada
10. Travesseiro E Cafuné




Destaque

Antonella Ruggiero – Sospesa (1999)

Continuamos com a discografia solo de uma das mais belas vozes femininas dos últimos trinta anos, Antonella Ruggiero. “Sospesa” é o título d...