segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Review: Corrosion of Conformity - No Cross No Crown (2018)

 



As relações humanas são fascinantes. O fruto da parceria entre indivíduos é a soma das forças de cada um. Criativamente, os ingredientes colocados na mistura resultam em diferentes produtos finais. O Corrosion of Conformity é um exemplo clássico disso. No Cross No Crown é o primeiro álbum da banda a contar com o vocalista e guitarrista Pepper Keenan desde In the Arms of God (2005). E o retorno do tempero principal volta a dar ao COC a personalidade e a força que colocaram a banda no topo durante os anos 1990.

Neste hiato, Keenan focou na parceria com Phil Anselmo no Down, enquanto o Corrosion of Conformity lançou dois discos - o auto-intitulado trabalho de 2012 e IX em 2014. Não foram álbuns ruins, mas faltava algo. E este algo está presente de forma massiva em No Cross No Crown.

Ainda que todos saibam e tenham consciência, é praticamente impossível mensurar a importância do Black Sabbath para a música pesada. Nenhuma banda influenciou e moldou tanto o gênero como o quarteto de Birmingham. E o novo álbum do COC mostra isso mais uma vez. Tremendamente influenciado pelos riffs de Tony Iommi, No Cross No Crown é uma ode à banda mais importante do metal. Peso em doses cavalares, canções muito bem escritas e interpretações impregnadas de pedigree tornam o disco uma delícia para os ouvidos que estão à procura de um bom álbum de metal.

Com força e inspiração, Keenan colocou o Corrosion of Conformity novamente nos trilhos. Há uma certa semelhança com o que o Paradise Lost fez em 2017 com Medusa, onde os exageros foram aparados e o foco ficou na agressividade e na profundidade das composições. A diferença é que o COC consegue incluir uma dose ainda maior de melodias melancólicas, resultando em passagens muito bonitas entre a rifferama predominante.

Com quase uma hora de duração e quinze músicas, No Cross No Crown é um dos grandes discos do Corrosion of Conformity e não deve nada a clássicos como Blind (1991) e Deliverance (1994). O retorno de Pepper Keenan é a peça que faltava para a engrenagem do COC voltar a funcionar com toda força.





Review: Joe Satriani - What Happens Next (2018)

 




Aos 61 anos, Joe Satriani chega ao seu décimo-sexto álbum. What Happens Next foi lançado dia 12 de janeiro pela Sony Music e tem produção de Mike Fraser (AC/DC, Blackberry Smoke, The Cult). Um dos grandes atrativos do disco é que ao lado de Satriani estão Glenn Hughes e Chad Smith, este último companheiro de banda no Chickenfoot, com a dupla dando um brilho todo especial ao trabalho. E até vale um pensamento: Hughes está com 66 anos e Smith com 56, comprovando que a longa estrada fez bem para ambos.

What Happens Next é o sucessor de Shockwave Supernova (2015) e possui uma sonoridade bastante orgânica e agressiva. A força do trio Satriani-Hughes-Smith pulsa por todo o disco, que trilha predominantemente o caminho do rock mas dá umas pisadas fora da curva em alguns momentos.

Satriani é um monstro na guitarra, um dos grandes responsáveis por tornar o rock instrumental viável comercialmente. Afinal, dois de seus discos - Surfing with the Alien (1987) e The Extremist (1992) - estão entre os grandes best sellers da música instrumental de todos os tempos e o restante de sua discografia jamais deixou de se destacar em vendas. A presença de Glenn e Chad dá contornos ainda mais fortes para a musicalidade de Joe, fazendo as composições do guitarrista alcançarem um nível altíssimo. É um power trio com ênfase no power, além, é claro, na exuberância técnica e no brilho individual, já que todos os músicos dominam seus instrumentos como poucos.

É possível detectar também em What Happens Next algumas homenagens de Joe Satriani para outros ícones das seis cordas, com o músico explorando caminhos sonoros associados de maneira marcante a outros guitarristas. É o caso de “Smooth Soul”, por exemplo, onde Santana é trazido à tona sem timidez. Já em “Headrush" temos a velocidade de Alvin Lee baixando em Satriani, enquanto o encerramento com a linda “Forever and Ever” é um arrepiante tributo a Jimi Hendrix.

O funk presente no DNA de Glenn Hughes e Chad Smith dá as caras no groove de “Catbot”, enquanto o baterista solta a mão sem medo na segunda metade de “Cherry Blossoms”, mostrando que seu repertório vai muito além daquele apresentado no Red Hot Chili Peppers. Já Hughes deixa claro mais uma vez o grande baixista que sempre foi com performances de cair o queixo em canções como “Looper" e “Super Funky Badass”. E, aliado a tudo isso, ainda há a presença de uma pequena pérola pop como “Righteous”, cuja melodia agradável acompanha o ouvinte pelo restante do dia.

Tudo isso faz de What Happens Next um dos melhores discos de Joe Satriani. Há inspiração, há feeling, há coração pulsando em todas as faixas, que soam quentes e vivas. Ao término da audição fica a certeza de que a união do trio foi uma escolha muita acertada, tanto que já dá pra imaginar os próximos passos desta parceria.






Review: Black Label Society - Grimmest Hits (2018)

 




Grimmest Hits é o décimo álbum do Black Label Society, banda que tem como figura central o vocalista e guitarrista Zakk Wylde (Pride & Glory, Ozzy Osbourne). Primeiro trabalho do quarteto em quatro anos, sucede Catacombs of the Black Vatican (2014) e marca a estreia do guitarrista Dario Lorina e do baterista Jeff Fabb. 

O disco vem com doze faixas que trazem, em primeiro plano, a sempre presente influência de Black Sabbath, principalmente nos riffs inspirados na escola de Tony Iommi e nos vocais de Ozzy Osbourne - Zakk está soando cada vez mais parecido com seu patrão. As canções se alternam entre faixas calcadas em riffs e momentos mais calmos onde Wylde explora as características blues e country de sua personalidade.

Pessoalmente, o disco me soa muito mais atrativo quando a banda tira o pé do acelerador. Há boas canções pesadas como “Seasons of Falter”, “Room of Nightmares” (que agradará aos fãs do Alice in Chains, tenho certeza) e “Bury Your Sorrow”, mas elas pouco diferem de tudo que o Black Label Society já entregou antes.

O álbum ganha força quando Zakk transfere o protagonismo para o seu lado country blues, aproximando-se, de certa maneira, ao que fez em seu último trabalho solo, Book of Shadows II (2016). Quando explora os aspectos mais introspectivos de sua musicalidade, o vocalista e guitarrista entrega pequenas pérolas como “The Only Words” e “The Day That Heaven Had Gone Away”, composições que trazem muito mais lirismo e feeling que todas as demais. Nestes momentos, o Black Label Society consegue soar como uma espécie de versão contemporânea da Allman Brothers Band e do Lynyrd Skynyrd, tornando a sua música muito mais densa e profunda do que o habitual.

Sei que essa opinião talvez não vá ao encontro do que podem pensar a maioria dos fãs do quarteto, mas essa característica contemplativa tem crescido cada vez mais na obra de Wylde, talvez motivada pelos problemas de saúde que o músico teve nos anos recentes. O fato é que, ao olhar mais para o coração e menos para o pedal de distorção, Zakk imprime uma beleza inquietante e um ar campestre que colocam a sonoridade do Black Label Society em um nível superior.





Missy Andersen - Soul Blues (USA)

 



Nascida em Detroit, educada no Queens e agora residindo em San Diego, Missy Andersen lançou seu primeiro álbum autointitulado em 2009. O álbum de estreia autointitulado, Missy Andersen, é uma mistura orgânica de soul e blues. Adicione alguns instrumentos de sopro firmes e uma seção rítmica vibrante e prepare-se para queimar. "Memórias de Atlantic, Stax, Hi e possivelmente Goldwax abundam, mas são apenas memórias, pois esta é uma música que é inspirada apenas pelo que foi e se constrói sobre essas fundações e leva a música a outro nível. Missy não se detém no passado recriando cópias perfeitas do antigo, ela está formando novos tipos e estilos, mesmo que sejam muito familiares." 


Brett Ellis - Blues Rock (USA)

 



Este talentoso grupo de músicos de calibre superstar é liderado pelo extraordinário guitarrista/cantor/compositor Brett Ellis. Por mais de 20 anos, Brett foi e continua sendo um pilar na cena musical de San Diego. The Brett Ellis Band: Brett Ellis (guitarras e vocais) Rick Nash (baixo) Calvin Lakin (bateria) é seu empreendimento mais recente.

Eles dominaram a arte do Hard Rock & Blues e continuam a desafiar os limites. Brett trabalhou com e/ou abriu para quem é quem na indústria musical: como Kings X, Eric Johnson, Edgar Winter, Bad Company, Uli Jon Roth, Foghat, Sammy Hagar, Glenn Hughes (Deep Purple) Peter Wolf, Pat Travers e mais.

Brett foi destaque em festivais como o Cabo Wabo Fest anual, o Tommy Bolin Tribute Festival e muito mais. O talento de Brett é insuperável; ele continua a escrever músicas inspiradoras, expandindo seu catálogo virtualmente ilimitado. Trabalho duro e dedicação ao seu ofício abençoaram Brett com um grande número de seguidores.


ANUBIS - Neo-Prog • Australia

 



A banda australiana ANUBIS foi formada em 2004, e o objetivo específico da banda era criar um álbum conceitual. Embora o plano inicial fosse homenagear um amigo querido e falecido escrevendo o álbum em sua homenagem, eles escolheram fazer dessa pessoa uma inspiração mais anônima conforme o trabalho progredia. Anubis descreve o resultado final como pura ficção, enquanto o protagonista se tornou anônimo para representar o fato de que ele não era ninguém. O resultado final desse processo foi finalizado em 2009 como o álbum "230503", e foi disponibilizado em formatos digital e físico no final do outono do mesmo ano. Com esse primeiro objetivo alcançado, será interessante ver para onde essa banda irá a seguir. Eles têm uma visão franca ao longo das linhas de fazer música que os excita, desconsiderando quaisquer tendências que sejam populares e eles também não têm muito interesse no aspecto comercial de sua arte: seu objetivo, visão e objetivos são apenas de natureza artística. Em 2011, o ANUBIS assinou um contrato formal com a Birds Robe Records (http://birdsrobe.bandcamp.com/) e lançou seu segundo álbum "A Tower Of Silence" em setembro de 2011.


Charlie Apicella & Iron City - Jazz

 



O trio de órgão funky, Iron City, espalha suas melodias com punhados de blues suaves e alma escorregadia, adornando o próximo álbum da banda, Sparks, com uma coloração elísia em seus campos suaves e ondulantes. Liderado pelo guitarrista Charlie Apicella e apoiado por Dave Mattock no órgão Hammond e Alan Korzin na bateria, o Iron City toca blues sofisticado na veia de Grant Green e Muddy Waters. Seus frisos de blues americano e soul suave têm uma sensação urbana e atraem o ouvinte com grooves fáceis e harmonias caseiras aconchegantes. Apresentando convidados especiais Stephen Riley no saxofone e Amy Bateman e John Blake Jr. nos violinos, Sparks inspira uma viagem travessa com um espírito que pode não saber seu destino, mas aproveita a jornada.

Com uma mistura de músicas originais e covers, o Iron City deixou sua imaginação tomar conta com uma fita de espirais de saxofone saca-rolhas embelezando a faixa-título, e vendavais de cordas de guitarra flutuantes em "Sookie Sookie". Cada faixa se move para o pulso humano irradiando vibrações positivas e surtos emotivos. O órgão aquiesce aos movimentos de acordes da guitarra enquanto os metais auréolam "Caracas" em redemoinhos saltitantes. Movimentos intercambiáveis ​​entre os galopes chapinhantes de "Sweet And Sounded" para o lento balanço de quadril de "Blues In Maude's Flat", as faixas do Iron City permeiam um tipo de santuário mais sagrado sustentado por ondas terapêuticas de blues gelificadas em manchas incrustadas de alma. A banda mantém suas costuras firmes ao longo das transições de acordes enquanto os instrumentos se fundem e produzem uma estética meditativa.

Charlie Apicella & Iron City fazem música que mantém os pés das pessoas batendo, seus quadris balançando e suas cabeças balançando junto com os grooves. Seu álbum tem uma sensação cotidiana combinando blues americano e soul suave em uma mistura que é pura terapia para os sentidos. 



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