sexta-feira, 27 de maio de 2022

Recordar é viver - Vendas de discos Portugal década 1960 e 1970

 


Vendas nas décadas de 1960 e 1970

A seguir transcrevemos alguns dados encontrados na internet. Muitas vezes ocorrem alguns exageros quando se fala em quantidade de discos vendidos.

1962 - RAUL SOLNADO

(...) o disco que reunia A História da Minha Ida à Guerra de 1908 e A História da Minha Vida, que bateu todos os recordes de vendas de discos até então, vendendo até mais do que Amália!

(...) as gravações dos monólogos que criou em revistas nos anos sessenta bateram recordes de vendas na altura - mas Solnado chegou igualmente a gravar canções, tornando-se Malmequer um enorme êxito em 1972 (Biografia Macua)

Nesses tempos 5.000 era uma edição muito especial e 10.000 seriam raríssimos os que o atingiram.

Em Portugal uma venda, não confundir com prensagem, de mais de 10.000 exemplares nos finais de 60 e princípios de 70 foi raríssimo (Solnado com a Ida à Guerra, por exemplo), o cálculo dos direitos de autor feito com base nos exemplares facturados pela editora aos revendedores e não com base nas cópias prensadas.

No caso de exemplares facturados, podiam ainda ser descontados os que fossem devolvidos, quando as revendedoras tivessem direito ao chamado "retorno", o que nem sempre sucedia.

O cálculo dos direitos de autor e de artista, quando aplicável, era feito com base no valor de revenda do exemplar, não incluindo é claro os impostos devidos

Manuel Pinto Jorge, 06/03/2012

1966 - ANTÓNIO MOURÃO (Oh Tempo Volta P´ra Trás)

É impossível referir os anos 60 sem mencionar o enorme êxito do fadista António Mourão e o seu EP "Oh Tempo Volta P'ra Tràs", que se dizia ter vendido mais de 200.000 exemplares até ao final da década. (comentário de A. Guedes)

Outra curiosidade tem a ver com as vendas deste EP, que no ano da sua edição, 1966, proporcionou a António Mourão o Disco de Prata pelas suas 30.000 unidades vendidas. Em meados da década de 70, com este número, António Mourão teria recebido um Disco de Ouro, mas ao contrário da canção, o tempo não voltou atrás e distinguiu o fadista com o almejado galardão. Em boa verdade isso deveria ter acontecido, pois ao longo dos anos foi um dos EP's com mais reedições no mercado discográfico, ultrapassando mesmo a fasquia dos 100 mil exemplares. http://ocovildovinil.pt/oh-tempo-volta-para-tras.html
Em 1966 saia o Disco com o Famoso Tema da Revista,vendeu 30.000 exemplerares, caso raro num Artista em Portugal, foi nesse ano o Artista que mais discos vendeu.

Foto 1-António Mourão Recebe o disco de Ouro ladeado pelos autores Manuel Paião e Eduardo Damas

https://www.facebook.com/pages/Enciclop%C3%A9dia-Virtual-Artistas-do-Teatro-de-RevistaCinemaCan%C3%A7%C3%A3o-e-Fado/403659276367710

Composto por Eduardos Damas e Manuel Paião o single atinge em poucos anos um recorde de vendas perto dos 100 mil discos vendidos. (CDGo.com)

1967 - AMÁLIA RODRIGUES (A Júlia Florista)

"Júlia Florista", bateu todos os recordes de vendas de discos em Portugal, proporcionando-lhe a conquista do troféu "Disco de Ouro", foi esta, aliás, a primeira vez que Joaquim Pimentel conquistou prémios. - Revista de Portugal - Volume 2, Edições 13-23, 1967

"Joaquim Pimentel, compositor português radicado há muitos anos no Brasil, será homenageado sexta-feira, no Lisboa À Noite. Motivo: seu fado, "Júlia Florista" recebeu o disco de ouro de 1967, outorgado pela imprensa lisboeta. - Correio da Manhã (brasil), 11/01/1968


1968 - AMÁLIA RODRIGUES (Vou Dar De Beber À Dor)

Foi distinguida pelo Grémio Literário, em 1973, com um Disco de Ouro devido à venda de 250.000 exemplares do seu disco "Vou dar de beber à dor".

Amália Rodrigues recebeu três Prémios Midem (Disco de Ouro) para a artista portuguesa que mais vendeu.

1969/1970 - TONICHA (Vira dos Malmequeres / Resineiro)

A ideia de Tonicha gravar folclore português partiu do seu marido, o etnólogo João Viegas. Ao "Vira dos Malmequeres", canção recolhida na zona de Santarém, seguiu-se "Resineiro" um tema gravado por indicação de José Afonso que o tinha gravado anteriormente. Estes dois discos, editados pela RCA Victor/Telectra, venderam mais de 80.000 cópias.

*Modas do Ribatejo [RCA TP-473, 1969)] [Vira dos Malmequeres/Moda das Carreirinhas/Erva Cidreira/Vira da Rapioca]

*Foclore de Portugal [RCA TP-515] [Senhora do Almortão/Pesinho Do Pico/Resineiro/Lirio Branco]

1970 - FRANCISCO GOUVEIA (Canção de um Soldado)

Mais tarde, por volta dos anos de 1970, escrevi uma canção com o titulo "Canção de um Soldado", dedicada aos nossos gloriosos soldados que se batiam em Angola, nesse tempo. Esta canção obteve o maior sucesso do nosso conjunto, gravada pela etiqueta Alvorada cujo numero atingiu mais de 300 mil exemplares, por ser uma canção muito chocante no coração dos soldados e dos seus familiares. Mais tarde foi proibida a edição deste disco pelo regime anterior, pelo motivo de ser muito chocante, creio que os nossos leitores e ouvintes do nosso tempo se devem recordar desta canção. Mais tarde o governo autorizou novamente a reedição deste disco, pelos pedidos do público serem muitos, isto em 1970. FG

1973 - GREEN WINDOWS (Vinte Anos)

Todo o entusiasmo vivido com base na ideia de um possível êxito a nível internacional, acabou, no entanto, por não passar de um sonho, uma vez que os únicos sucessos conseguidos pelo colectivo foram vividos em território nacional, sempre cantados em português. No entanto, em Dezembro de 1972, o grupo foi para Inglaterra onde gravou quatro temas, em inglês e português, um das quais, intitulado "20 Anos", que foi editado em single, no ano seguinte, através da Decca. O registo rapidamente ultrapassou a fasquia dos 100 mil exemplares, tendo o grupo regressado a Inglaterra para gravar duas novas versões do temas, uma em espanhol e outra em francês.

1973 - FLORÊNCIA

Atribuição do Disco de Ouro pelas vendas relativas ao EP Moda da Amora Negra. Recebe outro disco de Ouro pelas vendas relativas ao LP Florência Sings The Best Of Amália.

1974 - ERMELINDA DUARTE (Somos Livres)

1976 - ABBA (Fernando)

O single vendeu 80.000 exemplares. (Billboard)

1977 - JOSÉ CID, JOSÉ AFONSO e CONJUNTO MARIA ALBERTINA

Atribuição dos primeiros Discos de Ouro (50.000) pela editora Arnaldo Trindade.

1977 - PAULO ALEXANDRE (Verde Vinho)

O single "Verde Vinho" de Paulo Alexandre recebeu vários discos de ouro correspondentes a vendas de 200.000 discos.


1978 - VICTOR ESPADINHA (Recordar é Viver)

P: Como entrou no mundo da música?

Com um número em que fazia de palhaço, em 1977. Depois o Raul Solnado convidou-me para ir à televisão, a Polygram viu e propôs-me gravar um disco. "O Palhaço" não vendeu nada e o segundo disco é o "Recordar é Viver". Vendeu pouco: um milhão [risos].

P: A Polygram não acreditava no "Recordar é viver"?

Nada. Um tipo chamado Carlos Pinto, que era administrador, disse à minha frente: "Vamos lá fazer esta merda deste disco para acabar com o contrato, que a gente enganou-se e essa merda do Palhaço não vendeu nada."

Entrevista de Nuno Castro e Vanda Marques, Jornal I, 11/07/2009

Em 1979 escreveu "Recordar é viver", tema que vendeu mais de 500 mil exemplares, "incluindo as cassetes", referiu Francisco Mendes o apresentador do espectáculo [de homenagem a Tozé Brito]. Este tema foi recordado na baía por Victor Espadinha, músico que o interpretou na altura.

http://www.hardmusica.pt/noticia_detalhe.php?cd_noticia=9791

1979 - JOSÉ MALHOA (Cara de Cigana)

Um dia arranjaram-me uma cassete de Espanha do Juan Sebastian. Gostei muita da música e fiz uma versão da música dele que foi um sucesso, a "Cara de Cigana". Isto saiu há 35 anos. Depois de fazer a versão fui à Orfeu no Porto. Entreguei a música ao Fernando Pereira e ele disse-me: "Venha cá receber a resposta dentro de oito dias." Andei seis meses a correr até ao quarto andar e nada de resposta. Um belo dia cheguei lá zangado e ele diz-me: "Chegou em boa altura. Arranje-me outra faixa que vamos ter êxito." Desci o quarto andar a saltar de cinco em cinco degraus. (...) Aquela canção vendeu 600 mil cópias. Foi o que me deu abertura para todas as editoras.

[Nessa altura aparece a Discossete, e é lá que gravo as "24 Rosas". A senhora da editora dizia que tinha uma piscina olímpica forrada com o dinheiro que ganhou.]


Entrevista de Vanda Marques, Jornal I, 03/08/2011

A versão de José Malhoa atingiu o disco de prata enquanto a do original (Daniel Magal) recebeu o disco de Ouro. Mesmo somadas as vendas das duas versões não poderiam ter vendido tanto. Há uma outra confusão pois Joan Sebastian é o autor de "24 Rosas".







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