Banda do casaco |
A Banda do Casaco (Portugal, 1974 -1984), foi uma banda portuguesa de rock e folk progressivo.
HistóriaDepois do fracasso comercial que foi o projecto Filarmónica Fraude, António Avelar de Pinho (vocalista) e Luís Linhares (teclas) juntam-se ao ex-Música Novarum Nuno Rodrigues (vocalista, guitarra) e ao ex-Plexus Celso de Carvalho (violoncelo, contrabaixo) para formar o grupo Banda do Casaco. [1][2][3] Em 1973 dá-se o encontro entre Pinho e Rodrigues, que iniciam de imediato a escrita do seu primeiro álbum, Dos Benefícios dum Vendido no Reino dos Bonifácios, apenas editado em 1975. O nome do álbum denotava já o tom surrealista que vai acompanhar toda a obra do grupo, surrealismo esse acentuado pelos desenhos de Carlos Zíngaro na capa do LP. [4][5][6][2] No ano anterior saíra um single com os temas Ladainha das Comadres e Lavados Lavados Sim. No disco colaboravam Judi Brennan e Helena Afonso nas vozes, Carlos Zíngaro, Luís Linhares, José Campos e Sousa e Nelson Portelinha. António Pinho, assina todas as letras e Nuno Rodrigues compôs os temas (excepto Aliciação e Opúsculo). [1][2][6] Este grupo juntou uma pesquisa etnográfica à música pop, criando um trabalho de grande qualidade a nível musical e em que não foi descurada a crítica social, como aliás já tinha acontecido com a Filarmónica Fraude. Durante a sua existência (1974 a 1984) passaram pelas suas fileiras inúmeros músicos de grande nível, tendo algumas vezes a sua passagem pela Banda do Casaco sido o trampolim para uma carreira a solo. [1][7][2] Em 1976 sai o primeiro disco verdadeiramente marcante do grupo: Coisas do arco da velha. O talento satírico dos trocadilhos de Pinho conjuga-se com soluções inovadoras, e o disco é marcado pela guitarra de Armindo Neves e pelo violino de Mena Amaro, que substituiu Carlos Zíngaro. [6][1] Cândida Soares participa e reforça a vocalização, ao mesmo tempo que ganha um nome artístico: Cândida Branca Flor, do título da terceira faixa do disco, Romance de Branca-Flor. [8] Temas como Canto de Amor e Trabalho, Morgadinha dos Canibais, ou Cantiga d'Embalar Avozinhas, contribuíram para um inesperado sucesso junto do público e da crítica. Esse sucesso culmina com a obtenção do título de 'Melhor Disco do Ano'. [6][3][9][2] Se em Coisas do Arco da Velha a recolha etnográfica, depois livremente trabalhada e adaptada, é ainda decisiva para o resultado final, o álbum seguinte da Banda do Casaco inclina-se para a experimentação e o vanguardismo. Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos (1977), pretendia ser uma sátira à instabilidade económica e à precariedade social do país. Num álbum onde são significativas a entrada para o grupo de António Pinheiro da Silva e as colaborações dos "iniciados" Gabriela Schaaf na voz e Rão Kyao no saxofone tenor, destacaram-se os temas 'País, Portugal', 'Geringonça' e 'Acalanto'. Este álbum é considerado uma das jóias perdidas da música popular Portuguesa. Embora o seu master se tenha perdido, Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos foi reeditado em CD em 2006. [6][1][10][11][12][13] No ano seguinte, Contos da Barbearia sintetiza os trabalhos anteriores, incorporando as colaborações do contrabaixista José Eduardo e do baterista Vitor Mamede, além do regresso de Zíngaro. [14] Mas é preciso esperar três anos mais para, em 1981, sair novo disco da banda que viria a causar forte impressão junto do público e da crítica. No Jardim da Celeste trazia duas novidades: uma sonoridade mais "urbana", aproximando-se do rock, e a participação de duas notáveis figuras: Né Ladeiras, na voz, após ter colaborado com a Brigada Victor Jara e os Trovante; e Jerry Marotta, baterista de Peter Gabriel, de reputação internacional, que gostou tanto da banda que veio a Portugal gravar com ela. Do disco sobressai Natação Obrigatória, presença regular nas rádios da altura. [6][15][16] Nuno Rodrigues assegurou sozinho a direcção do álbum Também Eu de 1982. Notabiliza-se Salve Maravilha, na voz de Né Ladeiras. Depois da saída do letrista de sempre António Pi nho, Nuno Rodrigues reuniu Celso de Carvalho, José Fortes, Ramón Galarza, José Moz Carrapa e Zé Nabo. [6][9][1] Em 1984 sai o derradeiro álbum, Banda do Casaco com Ti Chitas. A maior parte das vozes é de Concha, contando ainda o álbum com as vozes do próprio Nuno Rodrigues e de Catarina Chitas, pastora e tocadora de adufe de Penha Garcia (aldeia da região da Beira Baixa). Este é o último álbum de originais do grupo (haverá ainda a compilação, em duplo, A Arte e a Música da Banda do Casaco editada pela Universal Music), onde se faz sentir a ausência de António Pinho, um dos pilares do projecto. [3][2][1][17][18] Em 1984 o grupo dá um dos seus únicos espectáculo ao vivo, que deste modo encerra uma década de prodigiosa reinvenção dos pressupostos da música popular portuguesa. Nas palavras de Nuno Rodrigues: "Entre António Calvário e Sérgio". [6] Em 1993, Nuno Rodrigues e Né Ladeiras reúnem-se para gravar a faixa Matar Saudades produzida por António Emiliano e que foi incluída na reedição de "Banda do Casaco com Ti Chitas". [19][20] Ao vivoTocaram ao vivo poucas vezes. Entre elas destacam-se as actuações na Aula Magna em Lisboa, na Feira de São Mateus em Viseu, no Clube Desportivo de Arroios (Lisboa), no Cine-Teatro da Encarnação (Lisboa), na Gala do Semanário Sete no Cinema Europa" em 1984 (Lisboa) e na Casa do Povo em Cacia. [21][22][1] António Pinho declarou a propósito deste concerto: "A Casa do Povo estava cheia de velhos. Mulheres com bigode e tudo. Como isto é! Não sei porque é que nos contrataram para tocar ali. Não consigo perceber. Estávamos a tocar contra um muro. Tudo a olhar para nós. Para aquelas aves raras." [21] Uma das suas últimas aparições públicas foi no concurso 1, 2, 3, em Janeiro de 1986. O futuroEm 1993, a Universal Music reeditou em CD os dois primeiros álbuns do grupo. Após a morte de Celso de Carvalho devido a um cancro (1998), saiu reeditado, também em CD, o 3º disco do grupo, Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos, pela Companhia Nacional de Música, em Novembro de 2006. [23][24][2] Em 2006, saiu o livro As Letras como poesia, editado pela Objecto Cardíaco e republicado em 2009 pelas Edições Afrontamento, que começa com uma análise das Letras de António Avelar de Pinho, escritas para o álbum No Jardim da Celeste. [25][26][27] Em Novembro de 2013 foi lançada uma edição de luxo em 2 caixas de CD com os 7 álbuns remasterizados por José Fortes e um DVD com gravações ao vivo de 1975, 1977 e 1984. [5][28][2] Discografia- Compilações:
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