Vicente da Câmara |
A moda das tranças pretas
Vicente da Câmara
(Letra)
Como era linda com seu ar namoradeiro
Até lhe chamavam “menina das tranças pretas”,
Pelo Chiado passeava o dia inteiro,
Apregoando raminhos de violetas.
E as raparigas de alta roda que passavam
Ficavam tristes a pensar no seu cabelo,
Quando ela olhava, com vergonha, disfarçavam
E pouco a pouco todas deixaram crescê-lo.
Passaram dias e as meninas do Chiado
Usavam tranças enfeitadas com violetas,
Todas gostavam do seu novo penteado,
E assim nasceu a moda das tranças pretas.
Da violeteira já ninguém hoje tem esperanças,
Deixou saudades, foi-se embora e à tardinha
Está o Chiado carregado de mil tranças
Mas tranças pretas ninguém tem como ela as tinha.
(Lino Bernardo Teixeira/fado Ginginha)
Carlos do Carmo
Por Morrer Uma Andorinha
Letra do Fado
Se deixaste de ser minha … minha dor
Não deixei de ser quem era … e tudo é novo
Por morrer uma andorinha … sem amor
Não acaba a primavera … diz o povo
Como vês, não estou mudado … felizmente
E nem sequer descontente … ou derrotado
Conservo o mesmo presente … do passado
E guardo o mesmo passado … bem presente
Eu já estava habituado … a este fado
A que não fosses sincera … em teu amor
Por isso, não fico à espera … do sabor
Duma ilusão que eu não tinha … e nem renovo
Se deixaste de ser minha … minha dor
Não deixei de ser quem era … e tudo é novo
Vivo a vida como dantes … a cantar
Não tenho menos nem mais … do que já tinha
Os dias passam iguais … p’ra não voltar
Aos dias que vão distantes … de seres minha
Horas minutos instantes … desta vida
Seguem a ordem austera … com rigor
Ninguém se agarra à quimera … sem valor
Do que o destino encaminha … e não é novo
Por morrer uma andorinha … sem amor
Não acaba a primavera … diz o povo
(Brito Joaquim Frederico De / Santos Dos Americo Marques / Viana Francisco)
Rui Veloso
Baile da paróquia
Letra
Fui ao baile da paróquia
Por alturas do Sao Pedro
Levei a minha lambreta
E o meu velho blusao negro.
Pus calcas americanas
Cocadas e muito justas
Calcei botas alentejanas
E cosi um dragao nas costas.
Punham só Gianni Morandi
Nelson Ned e Marissol
Fui ter com o disco-joca
E encomendei rock and roll.
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom…
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom…
Fui buscar a paroquiana
mais bela da diocese
Era tao pura e singela
Que até dava catequese.
Ensinei-lhe a dancar shake
Pus a pista em alvoroco
Quando fomos dancar slow
A bela nao me deu roco
Puxei-lhe o braco com forca
Fiz uma cena de macho
Estavam la os irmaos dela
Levei um arraial de facho.
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom…
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom…
Vim de la feito num oito
Com a poupa esfrangalhada
E nao me valeu de nada
Dizer que era baterista
Ja ninguém tem respeito
Pelos excessos de um artista!
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom…
Fui ao baile da paróquia
La prós lados de Valbom…
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