quinta-feira, 4 de agosto de 2022

POEMAS CANTADOS POR RUI VELOSO

Ninguém Escreve à Alice

Rui Veloso

 

Era Outono e a tristeza

Caía naqueles lados

Como se dobrassem sinos

Com um toque de finados


O mundo chamava a Alice

E ela sem vontade de ir

Tão cedo para estar amarga

Mais ainda pra cair


Talvez uma só palavra

Talvez uma só missiva

Pudesse mudar a agulha

Dum coração à deriva


Mas o carteiro passou

Nada deixou, nada disse

E o recado não chegou

Ninguém escreve à Alice

Ninguém escreve à Alice


Até que veio o Inverno

Do seu descontentamento

Que lhe enregelou a alma

Com um frio mudo e lento


E uma noite foi para a rua

Com roupas de ritual

Ao longe brilhavam néons

Foi notícia no jornal


Talvez uma só palavra

Talvez um simples recado

Pudesse mudar a agulha

Dum coração desvairado


Mas o carteiro passou

Nada deixou nada disse

E o recado não chegou

Ninguém escreve à Alice


Mas o carteiro passou

Nada deixou nada disse

E o recado não chegou

Ninguém escreve à Alice


No Domingo Fui Às Antas

Rui Veloso


No domingo fui às antas

Vim de lá tão triste e tão seco

Entrei no tasco da esquina

E afoguei tudo num caneco

tudo num caneco

tudo num caneco


Depois à segunda-feira já me doía nos ossos

Quando assim penso fico seco

Mandei vir mais uns tremoços

E afoguei tudo num caneco

tudo num caneco

tudo num caneco


Desci santos pousada

A cantar à meia-noite

A mulher estava já deitada

Vomitei ao entrar na cama

E ela ficou tão danada

Que agora diz que já não me ama

não me ama

não me ama


Nunca me esqueci de ti

Rui Veloso


Ouça Nunca me esqueci de…

 

Bato a porta devagar,

Olho só mais uma vez

Como é tão bonita esta avenida...

É o cais. Flor do cais:

Águas mansas e a nudez

Frágil como as asas de uma vida


É o riso, é a lágrima

A expressão incontrolada

Não podia ser de outra maneira

É a sorte, é a sina

Uma mão cheia de nada

E o mundo à cabeceira


Mas nunca

Me esqueci de ti

Não nunca me esqueci de ti

Eu nunca me esqueci de ti

Não nunca me esqueci de ti


Tudo muda, tudo parte

Tudo tem o seu avesso.

Frágil a memória da paixão...

É a lua. Fim da tarde

É a brisa onde adormeço

Quente como a tua mão


Mas nunca

Me esqueci de ti

Não, nunca me esqueci de ti

Não, nunca me esqueci de ti

Eu nunca me esqueci de ti


Nunca me esqueci de ti

Não não não não não nunca me esqueci de ti


Não não não não não não não não

Nunca me esqueci de ti


Não não

Nunca me esqueci de ti..



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