Ao décimo disco de estúdio os Spoon oferecem-nos um disco indie rock leve e despretensioso.
E, em 2022, chegamos aos dois dígitos de discos de Spoon, o regresso ao estúdio depois de Hot Thoughts, de 2017. Lucifer on the Sofa é o décimo álbum de estúdio da banda norte americana, que conta já com quase 30 anos de carreira, com registos até bastante diferentes, mas mantendo sempre o registo que nos faz reconhecer Spoon. Nunca se repetiram completamente, mas também nunca perderam a identidade que os caracteriza e continuam a soar como Spoon.
O que a banda aqui nos propõe é um disco bem-disposto, de inspiração indie rock, jovial e leve. E, sendo essa a premissa, este trabalho cumpre bem o objetivo.
Logo a abrir, “Held” leva-nos para território conhecido de quem está familiarizado com o registo habitual de Spoon, indie rock de guitarra tipicamente americana, a fazer lembrar Tom Petty, bateria de Jim Eno acompanhando, frases disparadas quase palavra dita, lançada pela voz característica de Britt Daniel. É logo um primeiro sinal de que os Spoon regressam num registo do velho indie rock, depois do tom mais eletrónico de Hot Thoughts. E, na verdade, a canção é uma cover de Smog, que os Spoon tocavam por vezes em concertos e que decidiram agora colocar neste álbum – mas, se não soubéssemos, diríamos que era Spoon típico.
“My Babe” vai crescendo de forma suave e natural, começando com acústico e piano, entrando lentamente a bateria e só depois a guitarra elétrica, já com a música bem avançada, criando uma sonoridade totalmente diferente e poderosa. Já em “Feels Alright” retomamos o tom alegre, que continua em “On The Radio”, soando inequivocamente a Spoon. A fechar, o tema que dá nome ao disco: “Lucifer on the Sofa” é um pouco mais melancólica e lenta, em formato de despedida, mas mantém o tom jovial do disco.
Este novo disco tem muito pouco de pretensioso. Os Spoon querem, acima de tudo, proporcionar a quem está a ouvir alguns momentos descontraídos e bem-dispostos, de indie rock com guitarra solta e bateria poderosa, que tanto pode soar bem numa pista ou bem alto no carro enquanto se conduz. Não sendo essencial ou inesquecível, cumpre bem aquilo a que se propõe.
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