segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Belle and Sebastian – A Bit of Previous (2022)


O novo disco dos Belle and Sebastian pode não ser o melhor da sua discografia. No entanto, A Bit of Previous traz boas canções, bons arranjos, boas letras. Que voltem sempre, e bem.

A Bit of Previous é o novíssimo álbum dos nossos escoceses favoritos, os Belle and Sebastian. Desde 2015 que não acrescentavam um trabalho de originais digno desse nome à sua discografia, embora nunca tivessem parado de gravar discos, incluindo uma banda sonora em 2019.

Isto é tudo uma grande chatice! Quando queremos que um novo disco de uma banda que há muito gostamos (desde sempre, na verdade) venha a ser igual aos discos que fizeram com que gostássemos dela e tal coisa não acontece, então… é tudo uma grande chatice! No entanto, há que refletir um pouco e perceber que o problema, a existir, terá de estar em nós. Que coisa estranha, essa que desejamos! Estranha e potencialmente impossível. As bandas e os artistas evoluem e nós, ouvintes ávidos e desejosos de voltarmos aos momentos em que fomos felizes com eles, vivemos na esperança que se repita aquilo que não se pode verdadeiramente repetir. É claro, óbvio, tão evidente. Mesmo assim, vamos caindo nesses erros vezes sem conta. Assim sendo, há que escutar o que se nos apresenta de cabeça limpa de nostalgias. Elas de nada servem. Ou melhor, servem apenas para nos tornar um pouco menos satisfeitos, o que no presente caso nem deveria fazer sentido, convenhamos, até porque um novo longa duração dos Belle and Sebastian terá de ser sempre motivo de regozijo. Aprendamos a lidar com as expectativas, relativizando-as. É esse o truque que se exige, mas seremos nós capazes de tal ardil, de tal artimanha?

Claro que A Bit of Previous não é Tigermilk (1996), não é If You’re Feeling Sinister (1996) ou The Boy With The Arab Strap (1998). Já tanto tempo passou entre esses álbuns seminais e o recente A Bit of Previous, que o melhor é encontrar-lhe as virtudes, as novidades e os seus encantos, esquecendo passados que podem turvar-nos o sentido crítico.

A faixa que abre A Bit of Previous prova que Stuart Murdoch e companhia ainda não perderam o jeito. É uma canção doce e melodiosa, a bonita “Young and Stupid”, embora lhe falte qualquer coisinha para ser um clássico indisputado. A voz falante no final do tema, no entanto, assenta-lhe bem, e aquela pronúncia, convenhamos. tem um encanto particular. Atraentes e agradáveis são também “If They’re Shooting at You”, “Do It For Your Country”, “Prophets On Hold”, “A World Without You”, “Sea of Sorrow” e “Working Boy In New York City”, o que não deixa de ser um bom punhado de canções, todas elas, no entanto, a um pequeno / médio passo do estrelato absoluto. Talvez seja esse o maior problema de A Bit of Previous, o de ser um álbum quase bom, isto se cairmos de novo na tentação mencionada nas primeiras linhas deste texto.

É bem verdade que os Belle and Sebastian nunca conseguiram fazer um mau disco, o que não é coisa de somenos. Convém lembrar que a banda já trilha caminho há vinte e cinco anos, contando com mais de uma dezena de álbuns na sua discografia. Respeito é algo que lhes devemos, portanto. É também verdade que os arranjos continuam eficientes, as letras atuais e pertinentes e bem feitas, a banda sabe bem quais os truques para a boa poda. Está tudo certo em A Bit of Previous. Há canções para todos os gostos, ritmos e vontades. Graficamente (e, já agora, vale lembrar que um disco é também um objeto físico, sobretudo com o regresso do formato LP em vinil) A Bit of Previous apresenta-se com uma bela capa. Aliás, também nisso nunca falham. No entanto, não é Tigermilk, nem If You’re Feeling Sinister ou The Boy With The Arab Strap. E, assim sendo, isto é tudo uma grande chatice!

 


Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

John Scofield - 1977 [1987] "Live"

  John Scofield Live é um álbum ao vivo do guitarrista de jazz John Scofield, com participação do pianista Richie Beirach, do baixista Georg...