O rock brazuca dos anos 80: o último grande movimento musical do vinil brasileiro
Início dos anos 80, diria André Midani*: “no início da década de 1980, chamei o Liminha , que eu acabara de promover a diretor artístico da Warner, e o Pena Schmidt , contratado para a mesma posição em São Paulo, para traçar um plano de ação. Decidimos fazer o que melhor sabíamos: ir para a rua e descobrir novos talentos aos quais ninguém prestava atenção, e, assim, surpreender e reconquistar um lugar decente no mercado. Eles saíram à luta, visitando os botecos da vida, os bares e os galpões de São Paulo e do Rio. Liminha , por ser um extraordinário músico, e Pena, por ser um “rato da noite”, encontraram rapidamente o que estava diante dos olhos de todos, mas ninguém via: roqueiros de nomes estranhos, como Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, Ultraje a Rigor, Titãs do Iê-Iê, Ira!, Camisa de Vênus, Kid Vinil, e, posteriormente, o Barão Vermelho. Kid Abelha e Lulu Santos foram os primeiros sucessos que deram à companhia uma nova alma e a confiança de haver descoberto artistas para uma nova geração de público jovem”. **
Sim, é mais ou menos assim com as palavras de um dos maiores nomes da indústria fonográfica brasileira que nasceria o movimento rock dos anos 80 que curtimos até hoje.
Primeiro disco do Barão Vermelho – 1982 – Opus/Columbia
Primeiro disco dos Titãs – 1984 – WEA
Primeiro disco do Camisa de Vênus – 1985 – RGE
E na onda atual do Rock Brasil vemos, inclusive, uma grande comemoração com Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá do Legião Urbana (quer mais no UV sobre Legião? Clique aqui !) comemorando seus 30 anos na turnê “Legião Urbana XXX anos”.
Primeiro disco do Legião Urbana – 1984 – EMI
Não quer dizer que no Brasil anteriormente aos anos 80 não existia rock, aliás, acompanhávamos este ritmo muitos anos antes e já despontaram nomes importantes para o cenário (até mesmo internacional) como os Mutantes e o Tropicalismo que também tem uma influência rock muito forte. Porém, o fato é que o rock dos anos 80 foi um movimento fantástico que fez surgir bandas de norte a sul do país que modificava a nossa cultura musical, os costumes da juventude e alavancava as vendas de discos. Nunca mais fomos os mesmos depois deste período!
Primeiro disco do Kid Abelha – 1984 – Elektra
Primeiro disco do Ira! – 1985 – WEA
Um fato importante é que o rock desta época foi, praticamente, o último grande acontecimento musical/cultural da Era dos Vinis. As grandes gravadoras e também as independentes, a partir da metade dos anos 80, seriam praticamente todas compradas por grandes conglomerados de comunicação, mudando a matriz e a forma do negócio da música, saindo da premissa da qualidade, do carisma e da sensibilidade estética do artista para uma música comercial, instantânea e no caso brasileiro, mais ainda, a necessidade de impor artistas internacionais para dirimirem custos com estúdios e etc, já que bastava vir o material pronto do exterior para ser apenas prensado e distribuído, aumentando os lucros do que era considerado um dos maiores mercados de música do mundo.
Depois do rock dos anos 80 teremos outros movimentos que despontaram a partir dos anos 90, como o Axé, Pagode, Sertanejo e criações musicais independentes das grandes gravadoras como, por exemplo, o mangue bit, porém, já era tarde, o Vinil estava saindo de cena e entrava de cabeça desde 1987 a música digital: o Compact Disc (CD)!
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