quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Crítica Musical

 


O Quarteto 1111 fora baptizado, por muitos, como os Beatles portugueses. Anos mais tarde José Cid, já a solo,  provara ser um autêntico “José Waters” naquele que viria a ser um álbum histórico a nível nacional , constando nas mais conceituadas listagens internacionais – «10.000 anos depois entre Vénus e Marte».


O público vê nas suas estrelas deuses mitológicos que automaticamente têm acesso a todo o tipo de luxos e regalias que o comum mortal não terá. Por esta ordem de ideias, a liberdade criativa do músico não deve ceder a nada que o rodeie. Isto é completamente errado, e José Cid prova isso mesmo com o ditar da sua carreira , agora voltada para um registo popular, indicada a um público passageiro ou menos direccionado.

Com os Quarteto 1111 uma nova cultura pop rock, repleta de influências na Beatlemania e na cena musical Inglesa, Cid ganhou notoriedade no público português e muito se deve ao desaparecido Rei   D. Sebastião e à lenda que dita tal tragédia. O nível internacional do Quarteto levou-os a cabeças de cartaz daquele que seria o primeiro festival de verão nacional, Vilar de Mouros, também conhecido como o Woodstock português. Não era de todo um desconhecido, mas queria mais.


As origens

Com o sucesso de «Dark Side of The Moon (1973)» e de bandas como os Genesis, Yes e Camel ( que certamente terá a sua cota de influência) abriu-se uma oportunidade aos olhos de Cid de tentar algo mais progressivo.

Em 1978, e a muito custo, o álbum «10.000 anos depois entre Vénus e Marte» é editado pela Orfeu , que muitos entraves colocou sobre a produção do mesmo e posteriormente pela sua distribuição. A verdade é que ainda hoje este não é um álbum apelativo a multidões e a sua produção alcançou custos acima da média. Preço que poucos estariam dispostos a pagar por pormenores deliciosos, que marcaram os anos 70,  como é o caso do uso do Mellotron, de todo um conjunto de sintetizadores e de um artwork de uma impressão acima da média.

Tudo começa um ano antes com o lançamento do EP «Vida (Sons do Quotidiano)» que apresentava um rock mais sinfónico e com uma estrutura pouco habitual para a época. Mais complexa e trabalhada com base num pequeno resumo de doze minutos daquilo que a vida representa – uma história.

Do berço à campa, Cid usa todo um mundo de efeitos atmosféricos e de sons do quotidiano (como anuncia o título)  que nos encaixam na perfeição naquilo que será um flashback de pequenos momentos – desde a maternidade com o anunciar do nascimento,  ao entusiasmo de crianças a brincarem, quem sabe, no recreio da escola... até ao final trágico de um acidente de viação.


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