Gravado em Braga, com o apoio do projeto de criação artística do “Gnration”, Sete Fontes é o resultado da experiência do primeiro confinamento, e como diz o próprio “o seu filho da pandemia”.
Em Abril de 2021, Homem em Catarse lançou o seu terceiro trabalho de longa-duração. A nível conceptual, este novo disco aproxima-se de Viagem Interior, de 2017, onde assistimos a uma volta sonora ao país. Desta vez, Afonso Dorido assentou arreais em Braga, onde, ao piano, percorre os caminhos da cidade minhota.
Até este disco, não conhecia o Homem em Catarse, mas o primeiro single, “Santa Marta das Cortiças”, aguçou-me a curiosidade, não só acerca da localização deste lugar, mas também ao artista e a sua discografia.
Podemos dizer que as sete canções de Sete Fontes são minimalistas. Desta vez o multi-instrumentista dedica-se a um só instrumento, o piano. Com melodias instrumentais simples, gravações de campo, e elementos de eletrónica praticamente imperceptíveis. A simplicidade musical não é um empecilho para este disco, até acaba por potenciar a uma reflexão sobre o território que nele encontramos.
Pessoalmente, este disco remete-me para um sentimento de nostalgia, lembra-me ambientes chuvosos e bucólicos. Talvez apenas esteja a ser sugestionada pelas lembranças que tenho de Braga que apenas visitei no Inverno. Há cidades que parecem ter a sua identidade presa a fenómenos meteorológicos e Braga é uma delas.
Sete Fontes pode ser um postal do Minho mas é sobretudo uma viagem em que encontramos um local de introspeção e quase ficamos suspensos no tempo. Talvez sejam resquícios de um confinamento em que o mundo parou.
Sem comentários:
Enviar um comentário