terça-feira, 18 de outubro de 2022

POEMAS CANTADOS DE SÉRGIO GODINHO

Já a Vista me Fraqueja

Sérgio Godinho

 

Já a vista me fraqueja

Quem lá vem, que não o veja

não faz mal, que já vi tanto

que a morte me não espanto

que me venha visitar

já a flor se faz carqueja,

já o caixão se faz ao mar


Já a vista me fraqueja

É ainda rubra a cereja

são ainda côr do passado

meus cabelos desbotados

é ainda negro o penar?

Já a flor se faz carqueja

já o caixão se faz ao mar


Já a vista me fraqueja

Seja o amor cego ou não seja

tive muitos vida fora

sei que já não tenho agora

senão amores de contar

já a flor se faz carqueja,

já o caixão se faz ao mar


Já a vista me fraqueja

Ver a morte não me aleija

o que aleija é ver a vida

dum irmão andar metida

num viver sem avançar

Já a flor se faz carqueja

já o caixão se faz ao mar


Já Joguei ao Boxe, já Toquei Bateria

Sérgio Godinho

 

O rapaz até que nem é burro

tem é falta de uso

mete o nariz onde não é chamado

como um parafuso

ó meu rapaz, tu só és senhor

do nariz que é teu

aqui paro para explicar uma coisa:

é que o rapaz sou eu

e assim fala quem quer mandar em mim

e assim fala quem quer mandar em mim

e assim fala quem quer mandar em mim

não protestes

não desfiles

não contestes

não refiles

já joguei ao boxe, já toquei bateria (trápum)

p´ra ver se me livrava desta energia

nada feito, que arrelia


Isto no fim não passa de uma fase

que passa com o uso

foi muita liberdade de uma vez

e o rapaz está confuso

agora é tempo de apertar com ele:

olha, acabou-se a farra

ai, ai, que este país está de pantanas

e não há quem o varra

assim fala quem já me quis varrer

assim fala quem já me quis varrer

assim fala quem já me quis varrer

não protestes

não desfiles

não contestes

não refiles

já joguei ao boxe, já toquei bateria (trápum,)

p´ra ver se me livrava desta energia

nada feito, que arrelia


Durante algum tempo foi necessário

pôr o rapaz a uso

pô-lo a gritar sobre o prestígio pátrio

e o orgulho luso

agora só nos faltava ele querer

virar o feitiço

contra o feiticeiro que o pôs a render

é que nem pensar nisso

assim fala quem me pôs a render

assim fala quem me pôs a render

assim fala quem me pôs a render

não protestes

não desfiles

não contestes

não refiles

já joguei boxe, já toquei bateria (trápum)

p´ra ver se me livrava desta energia

nada feito, que arrelia

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