domingo, 30 de outubro de 2022

Universo do Vinil

 

O que faz o preço do vinil novo e usado

Mundialmente o preço do Vinil (novo e Long Play) tem o número 20 (ou perto dele) como a base: 20 Euros, 20 Dólares, 20 Libras … Essa é uma média que o Portal UV vem reparando nos sites espalhados pelo mundo que vendem Vinil.

No Brasil, o preço do Vinil novo, de acordo com a única fabricante (e na sua loja virtual), varia de 69,90 a 120,00 Reais.

Mas o que precifica o Vinil?

Primeiro, precisamos entender que a matéria prima do Vinil é um derivado de petróleo. Então, de início já entendemos que seu valor é internacionalizado e dolarizado.

Segundo, a óbvia do mercado: a lei da oferta e da procura. Esta é sem dúvida o maior problema do preço do Vinil, pois, a demanda e a oferta são o gargalo do preço: alta procura e poucas fábricas – no mundo são apenas 41 capazes de produzir o tão querido disquinho.

Terceiro, para vinis importados, existe o somatório do preço no mercado de origem, relação Real e Dólar, impostos sobre importação, frete e IOF. Isso tudo afeta o valor do disco importado no Brasil.

Quarto, a política de preços da gravadora ou selo e do comércio. Cada gravadora e/ou selo têm uma política específica e própria para precificarem seus produtos e, assim, procuram obter mais ou menos lucro no valor final. Este ponto é bem específico de cada empresa e a lógica nisso tudo é somente o desejo da gravadora ou selo e a relação com o seu consumidor e o lucro. Este ponto recai, também, sobre o comércio e sua política de lucros.

Quinto, o peso do vinil e outros materiais pra a fabricação. Vinis mais pesados, obviamente, usam mais matéria prima e tendem a serem mais caros, bem como a qualidade dos insumos e materiais usados para os encartes e capas.

Sexto, as relações com a propriedade intelectual e o valor dos profissionais envolvidos. As questões da propriedade intelectual estão ligadas ao valor que os detentores da obra exigem para que ela seja comercializada. Isso também serve para percebermos o valor dos profissionais envolvidos na confecção do disco – de locação de estúdio, equipe técnica a designers e músicos.

Os itens quarto e sexto também diferem muito se o disco é uma obra independente ou se está atrelado a uma gravadora ou selo.

Ou seja, o preço do vinil não é uma coisa tão simples!

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Petróleo, dólar, pouca capacidade de produção, valor da obra, peso do vinil, impostos, demanda em alta e etc fazem o preço do Vinil não ser uma das coisas mais baratas da indústria fonográfica e, como consequência disso,  já li em alguns artigos do jornalismo especializado em música e sua economia que esta relação pode ser uma bomba que vai explodir o Vinil e fazê-lo passar a ser como no final dos anos 90 quando o Long Play e o Compacto eram praticamente objetos de culto de uma pequena parcela dos amantes da música, pois, essa lógica do mercado, com a escassez e a procura em alta, freará o consumo e, consequentemente, a desistência da compra (não vou entrar aqui nas explicações que as Ciências Econômicas nos dão sobre esta questão).

Grande balela esta constatação já que o mercado do Vinil usado tem por muitos anos uma grande quantidade de “produtos” para serem vendidos e/ou trocados, todavia, tudo tem um limite e isso um dia pode acabar!

Para se ter uma ideia, 1993 que é considerado o início da derrocada da produção dos bolachões no Brasil (antes das fábricas daqui fecharem totalmente) vendeu-se 17 milhões de LPs e a produção em massa, obviamente, diminuindo ano após ano foi até 1998 – a partir de 2000 passamos a ter apenas uma fábrica de Vinil nas terras tupiniquins. Imagine o que não tem de Vinil por aí dos anos 70, 80 e 90 para venda? Mesmo que muitos tenham sido jogados fora, também se conclui que muitos estão guardados por aí…

Sim, leitores e leitoras, o Vinil usado é um produto altamente vendável e lucrativo! E muitos, mas muitos em excelente estado, como se fossem “zero bala”!

Mas, e o preço do Vinil usado?

O Vinil usado também segue a lógica da oferta e da procura. Determinado Vinil que fora anteriormente pouco produzido e hoje muito cultuado pode elevar-se a preços estratosféricos. Coisa de 3 mil Reais é pouco para alguns LPs e/ou compactos. Porém, observando por aí o preço médio do Vinil usado no Brasil tem o número 20 como mágico também: 20 Reais é a média de um Vinil usado em bom estado, com encarte (caso tenha), mas pode ser encontrado em torno de 10 a 30 Reais (e já vi sendo vendidos por menos).

Existem 2 tipos de mercado de Vinil usado: aquele do especialista e outro do sebo de livros, CDs e bugigangas usadas que somente compra e revende os discos sem entender a importância que cada título tem (mas este modelo está acabando). O preço do especialista é, obviamente maior, pois carrega pesquisa sobre a relação procura X qualidade da mídia X quantidade produzida sendo esta a relação que dará o preço final do Vinil.

Há preços para qualquer tipo de bolso para comprar Vinis usados e basta procurarem nas lojas físicas e na Internet que tem um bom contingente de vendedores e lojas honestas com preços justos. Mas há, também, os bem injustos… o que nos leva a um porém nisso: muitos vendedores estão abusando dos preços e elevando a valores estratosféricos sem ter razão para tal, simplesmente, motivados pelo aquecimento do mercado criando uma relação meio desequilibrada, pois, a maioria dos amantes do vinil não são os colecionadores que dão fortunas a determinados discos. O colecionador de hoje é, além de tudo,  jovem! E juventude e dinheiro não são coisas que combinam muito e isso poderá atrapalhar todo um rejuvenescimento do disquinho de plástico preto.

Resumindo: para comprar, é preciso pesquisar! Mas, não é assim com qualquer produto?

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