Embora ele possa ser mais conhecido pela trilha sonora irresistível de A Charlie Brown Christmas , o pianista de jazz Vince Guaraldi ficou conhecido pela primeira vez por um hit incomum do jazz, o instrumental "Cast Your Fate to the Wind". O álbum que trazia aquela música inesquecível (e colocou Guaraldi no caminho da perfeição de Peanuts ) também receberá tratamento de luxo este ano, em homenagem aos seus 60 anos. Impressões de jazz de Black Orpheusrecebeu esse nome por causa das quatro faixas do primeiro lado do álbum, todas covers de músicas do filme francês de 1959 de mesmo nome – clássicos da bossa nova com composições de Luiz Bonfá e Antonio Carlos Jobim. Mas o álbum ostentava muitas outras riquezas: covers de Henry Mancini (“Moon River”) e Buddy Johnson…
…(“Since I Fell for You”) junto com dois originais do bigodudo bandleader. A linda “Cast Your Fate to the Wind” acompanharia o single da faixa principal “Samba de Orfeu” – mas os jóqueis realmente pegaram esse outro lado, o suficiente para alcançar a surpreendente 22ª posição na Billboard Hot 100 – uma raridade para um instrumental de jazz. Dentro de um ano, ganharia um Grammy de Melhor Composição Original de Jazz, em 1965, liderou a pesquisa de fácil audição da Billboard . O álbum seria até relançado com o nome de seu hit.
Mas nada falaria sobre o sucesso de “Fate” como um homem que o ouviu durante um passeio pela Golden Gate Bridge: Lee Mendelson, um produtor de TV que por sua vez contratou Guaraldi para fazer a trilha sonora de um documentário sobre o criador de Peanuts , Charles M. Schultz. O filme de 1963, apresentando segmentos animados com Charlie Brown e amigos, nunca encontrou um lar na televisão nacional - mas a mesma equipe voltou a se reunir em 1965 para montar A Charlie Brown Christmas , um clássico moderno indicativo do som característico de Guaraldi.
A reedição de Black Orpheus traz 16 gravações de sessões – todas menos três inéditas – todas remasterizadas pelo engenheiro Paul Blakemore a partir das fitas analógicas originais transferidas pelo Processo Plangent.
Tozé Brito (de) Novo é uma homenagem dos músicos da nova geração a um dos maiores compositores de sempre da música portuguesa. Com mais de 50 anos de carreira e mais de 500 canções de sua autoria, o álbum mostra que as boas canções são intemporais.
Um dos álbuns do ano de 2021 foi o disco Tozé Brito (de) novo. No ano em que o aclamado músico e compositor comemorou 70 anos de vida, a radialista, e sua mulher, Inês Maria Meneses, propôs a ideia à Sony como presente de aniversário colocando a fasquia demasiado alta para o resto da humanidade.
Todos os nascidos após os anos 70, como eu, cresceram com as canções do Tozé Brito. Algumas mais óbvias, como as muitas canções que integraram o Festival da Canção (“Bem Bom” das Doce, por exemplo), mas também outras que, num primeiro momento, nem associamos ao músico, o hit “Recordar é Viver”, interpretada por Vitor Espadinha. A verdade é que as boas canções são intemporais e funcionam com qualquer roupagem ou executante, mas neste caso os escolhidos foram os melhores.
Com produção e arranjos de Luís Nunes (Benjamim) e João Correia (Tape Junk) e arte gráfica de Tó Trips, o álbum foi editado no passado dia 12 de Novembro. Conta com a participação de Ana Bacalhau, António Zambujo, B Fachada, Benjamim, Camané, Catarina Salinas, Joana Espadinha, Miguel Guedes, Mitó, Samuel Úria, Selma Uamusse, Rita Redshoes, Tiago Bettencourt e Tomás Wallenstein. A lista é longa mas ninguém podia ser deixado de fora, num daqueles álbuns que se ouvem do princípio ao fim sem saltar nenhuma canção.
Claro está que, neste rol de 12 canções, existem algumas que se destacam. O primeiro single, “Olá, então como vais?”, de 1979 (originalmente cantada por Tozé Brito e Paulo de Carvalho), cantada em 2021, pelo Benjamim e por B Fachada, arrisca-se a ser considerado o dueto do ano, neste seu momento de reencontro e partilha. “O Papel Principal” onde a protagonista é Selma Uamusse tão perfeita como no original da Adelaide Ferreira. “A Cor Do Teu Batom” onde Samuel Úria dá a conhecer os seus dotes de crooner com a canção que Herman José levou ao Festival da Canção de 1983. E a canção “Pensando em Ti”, de 1977, cantada pelos Gemini, que encerra o álbum e que poderia tão bem encerrar um concerto. Numa entrevista, Tozé Brito afirmou que há planos para que isso aconteça neste ano de 2022, caso seja possível conciliar as agendas de todos estes artistas. Vamos fazer força para que isso aconteça.
Talvez a razão do sucesso do disco tenha sido a mesma do meu entusiasmo a ouvi-lo. Estas canções fazem parte da minha infância e também daqueles que as interpretam agora, por isso parece haver um encanto especial em revisitar estas canções antigas. Aos outros, aos que nasceram mais tarde, numa altura em que as canções em português eram alvo de uma espécie de estigma, espero que aproveitem esta oportunidade para confirmar que a boa música nacional e na língua nacional é um legado, mas também o futuro.
O segundo disco dos Silver Jews é o seu mais negro, nascido de mais uma crise emocional de David Berman
Os Silver Jews começaram por ser um trio, na viragem dos anos 80 para a década seguinte. As figuras de proa eram David Berman e Stephen Malkmus, juntamente com Bob Nastanovitch, e depois Steve West, sendo estes três últimos os fundadores dos Pavement. Vem daí a confusão de que os Jews eram um projecto paralelo dos Pavement, quando na verdade ambas as bandas começaram ao mesmo tempo, o que era então bastante comum.
A estreia, com Starlite Walker, podia ser usada para descrever toda a carreira dos Silver Jews: reacção positiva da crítica, zero sucesso comercial. O que aconteceu entre esse primeiro disco e o que seria o seguinte foi a grande popularidade dos Pavement, que David Berman nunca digeriu totalmente. Berman sempre viveu com problemas de saúde mental, nomeadamente uma ansiedade permanente e uma depressão perene que o levavam frequentemente ao abuso de sustâncias e a uma crónica falta de confiança. Sentindo que não estava a ir a lado nenhum e a banda dos seus amigos era estrela da MTV, o poeta (sobretudo) e cantor (menos) estava num beco sem saída.
Decidiu agarrar nas canções que andava a compor e trazer um grupo de fora para lhes dar corpo, os Scud Mountain Boys. Mas o resultado foi francamente insatisfatório e deixado de parte. É então que Berman decide dar o braço a torcer e sugere aos seus amigos dos Pavement que voltem a gravar o segundo tomo da história dos Silver Jews. Para sua surpresa, eles aceitam e colocam mesmo a digressão dos Pavement no gelo, para se dirigirem a Memphis para as gravações. Aí chegados, mais problemas. Berman estava num estado quase catatónico de nervos, não tinha as letras totalmente prontas e, por fim, não tinha garantido alojamento para os restantes nem tinha dinheiro para pagar o estúdio. No meio de um verdadeiro meltdown, acaba por ir-se embora, deixando os amigos para trás. Nastanovich acaba por pagar o estúdio e esse tempo é utilizado…para gravar Pacific Trim, um EP dos Pavement.
Em 1996, Berman decide voltar a tentar, mas envergonhado com o que se havia passado, junta alguns músicos dispersos (entre eles Peyton Pinkerton, que continuaria depois como parte dos Jews) e decide gravar o que viria a ser The Natural Bridge. O estúdio, no Connecticut, era uma velha fábrica de armas e munições reconvertida, o que , juntando à falta de confiança de Berman, não tornou fácil a gravação. Não que as sessões fossem necessariamente prolongadas, mas porque o músico andava constantemente com dúvidas acerca do que fazia, insatisfeito com as suas letras e com o que queria dizer.
Mal ou bem, o disco ficou feito, para alívio da editora, a Drag City, que começava a temer que um dos seus artistas mais originais, e em quem depositava grande esperança artística (comercial, não tanto), simplesmente não conseguisse continuar.
E o que temos então, neste segundo volume da incrível história dos Silver Jews? Temos o seu disco mais negro, numa carreira marcada sempre por um fantasma inquietante escondido nas sombras, por trás da escrita literária, profunda e ao mesmo tempo humorística de David Berman.
Esse negrume começa na capa e estende-se a vários dos temas. O arranque, com “How to rent a room”, é vintage Jews, um tema arrastado onde figuram a perda, o suicídio e o amor. Em “Inside the golden days of missing you”, o autor lamenta que o balcão do bar tenha um espelho em frente, que lhe devolve o rosto de um homem que não sabe da sua mulher; “The frontier index”, tal com várias outras músicas deste disco, é uma colagem de versos sem aparente ligação uns com os outros, cada um um extraordinário poema em si mesmo (“Boy wants a car from his dad/ Dad says, first you gotta cut that hair/ Boy says, hey dad, Jesus had long hair/ and dad says/ that´s right son but Jesus walked everywhere”).
Mas o grande destaque acaba por ser “Dallas“, uma história de fascínio pela noite na cidade, de como um pedaço perdido do velho Oeste, com vacas e veados, se transformou numa Babel de edifícios espelhados e de sedutor pecado, quando a noite nasce. É a canção que mais se insinua no meio da entrega mais monocórdica do resto do disco, e um dos exemplos de um dos trunfos mais importantes da música de David Berman: a capacidade de fazer um tema quase pop (se bem que sempre com as arestas por limar) com extrema profundidade, falando de coisas importantes e de ninharias do dia a dia, lado a lado. Na verdade, como todas as nossas vidas, que se vão construindo no meio desses dois elementos.
Naturalmente, The Natural Bridge foi mais um fracasso comercial. Os Jews estiveram quase sempre à margem, nos antípodas do som que fazia furor em cada momento. Aqui não seria diferente. Mas é mais um grande disco desta magnífica banda, no qual os fantasmas de Berman estão bem à vista, sem que o álbum seja pesado ou depressivo. E, gravado sem os restantes membros fundadores, The Natural Bridge cumpriu ainda outro papel importante: este passaria a ser, definitivamente, o projecto de David Berman. Malkmus e os restantes voltariam a gravar discos dos Jews, mas a sua ausência não impediria que estes existissem. Enquanto os Pavement conquistavam as rádios universitárias e o late night da MTV, Berman voltava para o seu quarto e escrevia, poesia e canções, acerca de cowboys, lojas de conveniência e Deus.
Dentro da música, sempre há casos especiais em que a influência fica mais evidente do que a repercussão do sucesso alcançado, mesmo ao longo da história do rock e suas diferentes épocas, encontramos nomes importantes que, apesar de não terem uma grande popularidade e de acordo com o com o passar do tempo, eles foram se transformando em bandas de culto. É o caso dos New Yorkers Helmet, um grupo com um som potente, mas com uma aparência simples e que sempre conseguiu ficar de fora do mainstream reinante dos gloriosos anos noventa.
A banda, comandada pelo grande Page Hamilton, com seu segundo álbum " Meantime " (1992), viria revolucionar a cena, com uma proposta genuína, que a princípio foi difícil de classificar, pois continha guitarras pesadas emprestadas do metal mas com um toque atitude raivosa do Hardcore, que a longo prazo os tornaria uma influência transcendental para as novas bandas que surgiriam anos depois.
Uma das primeiras coisas que se destaca neste imenso álbum é a notável contribuição de cada integrante para a sonoridade da obra. O baterista John Stainer, por exemplo, faz um trabalho notável com batidas estranhamente estruturadas, mas impressionantemente técnicas, adicionando um verniz especial a cada faixa. Também é muito importante o trabalho realizado por Henry Bogdan no baixo, que consegue um som encorpado com um tom sombrio que é perfeitamente complementado pelo maravilhoso trabalho nas guitarras, de Peter Mengedes e Page Hamilton.
A faixa de abertura do álbum é “ In the Meantime ”, com uma abertura bem no estilo Noise Rock, brevemente alta e seguida por um riff cativante de guitarra base, que dá à voz raivosa e inumana de Hamilton um passe magistral. , que soa como uma fera enjaulada gritando sua raiva profunda. Sem dúvida, este é um início denso mas funky, alertando-nos para a joia de uma discoteca à nossa frente e preparando-nos para uma experiência sonora intensa.
Se a voz raivosamente rude de Hamilton se faz ouvir nas faixas de abertura " In the Meantime " e " Iron Head ", canções como " Give It " apresentam o contraste perfeito, com um trabalho vocal muito mais limpo, dando outro sentido à música, algo muito mais polido, nota-se também que Hamilton buscava um estilo próprio como vocalista e neste álbum ele consegue misturar o dissonante com o melódico na boa.
O grupo, com este álbum alcançaria resultados muito bons, conseguindo uma pequena acessibilidade comercial com uma rotação muito boa nas rádios e principalmente na MTV, isto graças a canções como a ótima " Unsung " onde a voz limpa de Page volta a assumir grande protagonismo. A faixa é uma das mais acessíveis e ágeis do álbum e aquela estranha mistura entre Black Sabbbath, Fugazi e Black Flag é acentuada.
O riff é simples mas a música alcança a imortalidade, conseguindo se posicionar como uma das melhores composições da banda, obrigatória em qualquer boa playlist de metal alternativo dos anos 90.
Outras canções marcantes desta preciosidade são a lindamente barulhenta « Turned Out » que, com aquele duelo entre guitarras estridentes e a bateria ensurdecedora de Stainer, é coroada como uma das mais marcantes do álbum, por outro lado, " Better ", também faz o seu trabalho, embora pelo lado da simplicidade, mostrando um som preciso, cheio de groove, com uma mão forte nas partes de guitarra e uma voz raivosa que também abre espaço para as partes melódicas.
Com esta imensa obra, Hamilton y Cía. conseguem mergulhar-nos em sonoridades extremamente cruas, mas ao mesmo tempo experimentais, onde a experiência de ouvir cada uma das dez canções que a compõem, se torna um exercício devastador mas muito satisfatório; aqui a banda basicamente criou sua pequena grande obra-prima, com a qual influenciariam a maioria das formações de metal alternativo posteriores.
Essa produção, até hoje, soa fresca e poderosa, com uma musicalidade áspera e amarga, mas com momentos altos e intensos, além disso, esse álbum é um bom ponto de partida para quem quer conhecer o som de Helmet . , desde que “ Meantime ” é de longe o trabalho mais forte deles e sempre será lembrado como o melhor disco da história da banda.
Até hoje não devemos ficar surpresos ou menos chocados com a entrega visual chocante de Rammstein. Devemos abraçá-la. Desde o final dos anos 90 e neste caso desde o início do novo milênio, eles entregam letras e imagens ultratransgressivas, resolvidas com sua música, as guitarras industriais afiadas e a voz prodigiosa de Til Lindemann que eles não parou de se espalhar para o mundo até agora. No ano de 2001, os berlinenses veriam nascer uma de suas maiores obras, justamente adornando sua capa com a chocante imagem de um feto, como se fosse deixar de causar estupor nos setores conservadores e religiosos de imediato. As consequências não esperaram chegar.
Mutter (que em alemão significa 'mãe') é o terceiro full lenght e traz 11 grandes e poderosas canções com melodias marcantes, com letras que vão desde drogas, perversão, política, violência e miséria humana. Títulos como 'Mein Herz Brennt' (My Heart Burns), o single 'Sonne' (Sun), 'Zwitter' (hermafroditas) 'Rein Raus' ( In and Out ), 'Ich Will' ( I Want ), ' Feuer frei !'(Fogo aberto!) Entre outras, essas são apenas algumas das músicas em que exibem brutalmente letras constantemente polêmicas e minuciosamente analisadas pelo dedo inquisitivo de sempre, que apontava a banda como uma das mais "perigosas" e com forte letras para transmitir aos seus fãs, e sem deixar de contar com aquele pseudo-fascismo de que sempre foram acusados, em várias fases.
Mas o Rammstein teve coragem de enfrentar tudo isso e expor sua arte, porque a verdade é que em tudo que os alemães fizeram, a partilha artística e o choque trabalhando juntos estiveram presentes. "Feuer frei!" É uma das canções mais espetaculares que os alemães já produziram: provocativa, incendiária, assim como fazem quando atiram fogo em seus shows ao vivo. Essa marcha avassaladora como um exército alemão chega nos cativantes 'Links 2, 3, 4', onde alimentam todo um slogan sobre o assunto onde tentam estabelecer uma posição política de esquerda para desmentir as acusações de pró-fascismo feitas a eles, curiosamente recriado em um vídeo de insetos jogando futebol e curtindo um show da banda. O entorpecimento das massas com entretenimento.
O maravilhoso do álbum é que ele também tem baladas de arrepiar e momentos emocionantes: em ' Spieluhr', também canta Khira Li Lindemann, que, curiosamente, é filha de Richard Z. Kruspe e ex-mulher de Till (muito Rammstein stuff) e aborda a história de um menino que finge a própria morte e é enterrado em um cemitério com uma caixa de música nas mãos. Como compatriotas como Wagner fundidos com o Kraftwerk, desta vez a banda opta por um som caprichado com a inclusão de orquestras e instrumentação mais bem acabada do que nunca: ' Mein Herz Brennt' é o exemplo no início espetacular do álbum, onde a fúria e a intensidade da grandeza jogam juntas e seduzem você a mergulhar de cabeça em um álbum sem pontos baixos.
E não é um disco plano, o implacável 'Sonne' e aquele refrão bombástico com vozes operísticas é uma ode ao sol e à metáfora de que, gostemos ou não, o sol nasce sempre. A potência não diminui, porque 'Ich Will' é mais uma das grandes canções da sua história e é o headbanging e a sedutora vontade de dançar, mais as fantasmagóricas inclusões vocais que residem em mais uma das glórias dos alemães.
A música que dá nome ao álbum é mais uma das várias baladas penetrantes, onde abordam o tema do vínculo materno de uma forma bastante sinistra, a personagem da música é uma espécie de Frankenstein, que fala na primeira pessoa como um ser criado artificialmente que quer se vingar de sua "mãe" ou criadora. "Não tenho umbigo na barriga", diz um personagem como se saísse de um experimento de clonagem. A grandeza deste álbum é que cada música tocou em temas fortes, alguns com mais ou menos metáfora, mas que tiveram diferentes interpretações ao longo dos anos.
No documentário Rammstein in Amerika, é bem explicado o impacto dessa banda na cultura ocidental e em todo o mundo, apesar de construir suas letras em sua língua nativa e lutar com a dificuldade de entrar no mercado anglo. As músicas de "Mutter" são cantadas naquele alemão inchado e brilhante a plenos pulmões em seus shows e essa é a grande façanha da banda, eles nunca tiveram que renunciar ao seu idioma para conquistar o mundo. E Mutter, sem dúvida, é o álbum que os fez chegar aos mercados mundiais e alcançar o impensável.
Com influências que vão do rock oitentista de Brasília aos clássicos The Who e The Clash, o Casa Civil lançou o seu primeiro álbum com 12 faixas produzidas por Philippe Seabra da Plebe Rude, no Daybreak Studio, em Brasília.
A gravação contou ainda com a participação de Paulo Veríssimo (Distintos Filhos) nas guitarras, Fred Ribeiro (ex- PUS) no baixo e do ‘plebeu’ Marcelo Capucci na bateria.
Deserto já está disponível nas principais plataformas digitais, e segundo o vocalista Bruno Santana, é carregado por composições que questionam as divisões e mecanismos sociais aos quais estamos submetidos como indivíduos.
“Fala muito sobre a luta pra preservamos nossa essência diante de um imaginário político social totalmente corrompido, persuasivo e manipulador”, explica.
Após o lançamento do single É Gol! em lyric video, a banda escolheu a faixa Primeiro Meu Dinheiro no Bolso para divulgar o álbum. A letra questiona as promessas não cumpridas por políticos brasileiros.
“Os que usam da persuasão e do mal caratismo pra enganar os eleitores e depois de eleitos só pensam em si próprios. A música fala também de todo mecanismo criado pra sustentar esses malandros e aprisionar a sociedade nesse ciclo vicioso”, diz o vocalista.
Além de Bruno Santana, a Casa Civil é composta por Léo Ciotti (baixo), Zéh Zuntana (guitarra) e Marcos Goi (bateria). Agenciados pelo experiente Cacá Prates, a banda pretende fazer uma série de shows pelo Brasil em 2023.
PATHÉ MARCONI - 11C 080-72001 - edição portuguesa (1980)
1 Vous Permettez Monsieur? (1964) - Tombe La Neige (1963) - Les Filles Du Bord De Mer (1964) - Viens Ma Brune (1965) - A Vot' Bon Coeur (1964) - Mes Mains Sur Tes Hanches (1965) - Une Meche De Cheveux (1966)
2
Inch'Allah (1967) - Une Larme Aux Nuages (1967) - Petit Bonheur (1969) - La Nuit (1964) - J'Avais Oublié Que Les Roses Sont Roses (1971) - Italiano (1974) - C'est Ma Vie (1975)
O 4º álbum do WOBBLER, From Silence To Somewhere , recebeu ótimas críticas quando foi lançado em 2017, seja em webzines especializados ou por fãs. O grupo norueguês conseguiu, portanto, impor respeito, construir um núcleo de fãs leais e dedicados no mundo do rock progressivo.
Temos que esperar até 2020 para ver o retorno dos WOBBLER com, sob o cotovelo, um novo álbum, o 5º consecutivo. Este, ainda produzido pela banda e distribuído pela Karisma Records, é intitulado Dwellers Of The Deep .
Como seu antecessor, Dwellers Of The Deep contém 4 títulos, 3 dos quais de longa, muito longa duração. O estilo musical permanece essencialmente o mesmo. A composição mais longa, "Merry Macabre", tem uma duração de 19 minutos: começa suavemente, depois o todo ganha músculo quando entram em jogo as guitarras eléctricas, os teclados com conotações dos anos 70, apoiados ainda por uma secção rítmica de baixo / bateria que traz um lado lúdico e tônico. A peça então explora vários terrenos quando surgem coros bombásticos e sombrios, depois embarcam em caminhos diferentes e se mostram épicas o suficiente para manter o suspense, o grupo finalizando os debates de forma contundente e intensa após uma calmaria suave e lenta. Com uma duração de 13'49, "By The Banks" vê o grupo a desdobrar de forma inteligente e habilidosa o seu know-how ao nível melódico, integrando várias passagens atmosféricas, permitindo que o órgão esteja muito presente nos debates. Os momentos calmos e tranquilos e as passagens mais vigorosas e saltitantes revezam-se, as mudanças de ritmo fazem parte do jogo, assim como um final mais atormentado, que o torna numa peça musical impecável em que não é difícil penetrar apesar de seu comprimento. "Five Rooms, de duração um pouco mais curta (8'27 no total), começa devagar com coros, depois o ritmo acelera de forma intempestiva graças a um ritmo dinâmico e instrumentos que giram o melhor possível, sem hesitar em ser explosivos ( os riffs são particularmente mordazes). Esta é a faixa mais enérgica do álbum, mesmo que seja intercalada com mais calmarias melódicas. Finalmente, há uma faixa abaixo da marca de 5 minutos no álbum (como no disco anterior). Este é "Naiad Dreams", que é bastante calmo, relaxante, com guitarras secas e vários instrumentos, até dá a impressão de viajar pacificamente em paisagens hospitaleiras dominadas por uma natureza indulgente, é em todo o caso o que algumas pessoas podem sentir que ouviriam este título de olhos fechados.
Dwellers Of The Deep é uma continuação de seu antecessor. Este é um excelente disco de Rock Progressivo/Rock Sinfônico em linha com o que se fazia nos anos 70. Todos os instrumentos são notavelmente destacados na produção e o grupo demonstra uma maestria de tirar o fôlego. E pela primeira vez em sua carreira, WOBBLER entrou nas paradas norueguesas quando Dwellers Of The Deep alcançou a 37ª posição.
Tracklist: 1. By The Banks 2. Five Rooms 3. Naiad Dreams 4. Merry Macabre
Formação : Andreas Wettergreen Strømman Prestmo (vocal, guitarra, glockenspiel) Geir Halleland (guitarra) Kristian Karl Hultgren (baixo) Martin Nordrum Kneppen (bateria, percussão) Lars Fredrik Frøislie (teclados)
Emil & THE HEARTLAND EXPRESS é uma formação sueca que, sob o impulso do vocalista/guitarrista Emil Karlsson, iniciou a sua carreira inicialmente sob o nome de Emil & THE WARMLANDERS em 2007. É também sob este apelido que esta formação lançou o seu álbum de estreia intitulado Change Lanes em 2010. 3 anos depois, um EP autointitulado de 4 faixas foi lançado.
Então, o grupo fez uma longa pausa, mudou seu nome para Emil & THE HEARTLAND EXPRESS e, ao mesmo tempo, fez algumas mudanças na formação. Esta formação sueca em particular, ainda liderada por Emil Karlsson, finalmente voltou aos negócios em 2020 com o lançamento de um álbum intitulado Burning Hearts .
Eu disse no parágrafo acima que esta formação sueca era especial. Assim é na medida em que é constituído por 10 músicos, o que lhe confere o aspecto de uma big-band. Emil Karlsson sendo influenciado por Bruce SPRINGSTEEN e Stefan ANDERSSON (um cantor sueco de Pop-Rock que iniciou sua carreira no início dos anos 90), é bastante lógico que Emil & THE HEARTLAND EXPRESS se posicionem no nicho Heartland-Rock enquanto tocam com o Pop - Estilo rock. A influência de Boss é também palpável em “Do Your Best”, uma composição tónica, cheia de vivacidade com coros a condizer no refrão, um piano presente a enganar as guitarras, ou ainda “Young Love”, um título de 7 minutos que é porém um pouco repetitivo no comprimento. Este conjunto de 10 músicos não tem medo de compor títulos longos que ultrapassem a marca dos 7 minutos e prova-o com “Don't Look Back”, uma composição que vê o piano tão presente como as guitarras, e “Have A Little Faith”, um título muito local que nos leva para longe, muito longe das grandes megalópoles, vê o ritmo a meio caminho para se tornar mais vigoroso e acaba por ser no geral bem arranjado, bem trabalhado. Emil Karlsson e os seus companheiros de viagem estão muito à vontade no registo Heartland-Rock e se à primeira vista não parecem muito, sabem ser eficientes: não são títulos como os médios - "Human Beings" andamento, focado na melodia, misturada com conotações celtas, "Mama's Girl", uma composição lúdica com um refrão alegremente retomado em coros que tem potencial para um hit e se mostra um eficaz remédio antidepressivo, "Short Straw", um fogo cheio de vitalidade que ecoa as melhores horas do Heartland-Rock, ou ainda “”Darkest Before The Dawn”, uma composição rítmica, lúdica, cheia de vitalidade que brilha com os seus arranjos finos (com, em particular, um piano e um saxofone em uníssono) que irão contrariar este postulado. Então, é claro, alguns sempre poderão retrucar que um título como "My Baby's On The Run" é um pouco redundante, mas o grupo tem um know-how considerável. Para se convencer disso, uma composição lúdica como "Burning Hearts", entre o Pop-Rock e o Heartland-Rock, marcada aliás pela presença de vocais femininos para apoiar a cantora no refrão, além de uma rabeca,
Enfim, este Burning Hearts é um recorde na continuidade do que se faz no Heartland-Rock há cerca de 45 anos, nem mais, nem menos. Sem ser uma obra-prima memorável, este álbum é sólido, decentemente trabalhado e se mantém. No seu conjunto, os músicos têm prestado um trabalho sério, mostram-se competentes e as composições são bem trabalhadas, colocadas com boa disposição, podendo assim proporcionar momentos de satisfação a um punhado de amadores do Heartland-Rock.
Tracklist: 1. Do Your Best 2. Human Beings 3. Burning Hearts 4 The Big Man 5. My Baby's On The Run 6. Mama's Girl 7. Have A Little Faith 8. Short Straw 9. Young Love 10. Darkest Before The Dawn 11. Don’t Look Back
Formação : Emil Karlsson (vocal, guitarra, gaita) Ulf Moström (guitarra) Fredrik Nordh (baixo) Rasmus Andersson (bateria) Erica Karlsson (trompete) Therese Hallen (violino) Robin East (piano) Jesper Götlind (saxofone) Rebecka Josefsson (vocal) Robert Haggstam (saxofone, clarinete, flauta)