Na Rua António Maria
Sérgio Godinho
Na Rua António Maria
Da primaz instituição
Vive a maior confraria
Desta válida nação
E muita matula brava
Ainda teimava
Que havia de vir
Um dia assim de repente
Para toda a gente
Voltar a sorrir
Mas eles Conceição vão
Lamber as botas
Comer à mão
Dum novo Pina Manique
Com outra lábia
Com outro tique
Tem quatro letras pequenas
Mas outro nome não dão
Nesta fortaleza antiga
Só não muda a guarnição
E muita matula ufana
Cuidando que a mana
Morrera de vez
Deu graças
À D. Urraca
Ao som da ressaca
Que o pagode fez
Mas eles Conceição vão
Lamber as botas
Comer à mão
Dum novo Pina Manique
Com outra lábia
Com outro tique
Na Rua António Maria
Convenha a todos saber
A patriótica espia
Sabe bem onde morder
Vela p'la nossa morada
No vão de uma escada
Sem se anunciar
E oferece a quem bem destina
Um quarto de esquina
Com vistas pró mar
Mas eles Conceição vão
Lamber as botas
Comer à mão
Dum novo Pina Manique
Com outra lábia
Com outro tique
Aldeia da roupa branca
Suja de já não corar
O Zé Povo foi pra França
Não se cansa de esperar
O capataz da fazenda
Pôs a quinta à venda
Para quem mais der
E os donos marcaram tentos
Com novos intentos
Doa a quem doer
Mas eles Conceição vão
Lamber as botas
Comer à mão
Dum novo Pina Manique
Com outra lábia
Com outro tique
Nação Valente
Sérgio Godinho
Não quero por-te
Numa gaiola
De mão estendida por esmola
Não quero ter-te
Acorrentada
Sofrendo por tudo e por nada
Quero-te viva
Afirmativa
Não quero ter-te
Endividada
Com só promessas por morada
Não quero ver-te
Assim carente
Perdão pedindo pra sua gente
Há de haver outra solução
Para esta tão valente nação
Há que ir em frente (Há que ir em frente)
Nação valente
Fronteiras antigas, fronteiras abertas
Quero um país de ideias libertas
As mágoas da vida e da vida as ofertas
Fronteiras antigas, fronteiras abertas
Não quero ver-te
Assim cobrada
Na contramão dessa autoestrada
Não quero ter-te
Adormecida
Nos braços do que chamas vida
Quero-te viva
Afirmativa
Não quero ter-te
Ziguezagueando
Por que e como? Perguntando
Assume a parte que já te coube
Esquece e lembra o que ontem houve
Há de haver outra perspectiva
Para usarmos a alegria em vida
Há de haver outra solução
Para esta tão valente nação
Há que ir em frente (Há que ir em frente)
Nação valente
Fronteiras antigas, fronteiras abertas
Quero um país de ideias libertas
As mágoas da vida e da vida as ofertas
Fronteiras antigas, fronteiras abertas
Quero um país de ideias libertas
As mágoas da vida e da vida as ofertas
Fronteiras antigas, fronteiras abertas
Sem comentários:
Enviar um comentário