terça-feira, 1 de novembro de 2022

POEMAS CANTADOS DE SÉRGIO GODINHO

Na Rua António Maria

Sérgio Godinho

 

Na Rua António Maria

Da primaz instituição

Vive a maior confraria

Desta válida nação


E muita matula brava

Ainda teimava

Que havia de vir

Um dia assim de repente

Para toda a gente

Voltar a sorrir


Mas eles Conceição vão

Lamber as botas

Comer à mão

Dum novo Pina Manique

Com outra lábia

Com outro tique


Tem quatro letras pequenas

Mas outro nome não dão

Nesta fortaleza antiga

Só não muda a guarnição


E muita matula ufana

Cuidando que a mana

Morrera de vez

Deu graças

À D. Urraca

Ao som da ressaca

Que o pagode fez


Mas eles Conceição vão

Lamber as botas

Comer à mão

Dum novo Pina Manique

Com outra lábia

Com outro tique

Na Rua António Maria

Convenha a todos saber

A patriótica espia

Sabe bem onde morder

Vela p'la nossa morada

No vão de uma escada


Sem se anunciar

E oferece a quem bem destina

Um quarto de esquina

Com vistas pró mar


Mas eles Conceição vão

Lamber as botas

Comer à mão

Dum novo Pina Manique

Com outra lábia

Com outro tique


Aldeia da roupa branca

Suja de já não corar

O Zé Povo foi pra França

Não se cansa de esperar


O capataz da fazenda

Pôs a quinta à venda

Para quem mais der

E os donos marcaram tentos

Com novos intentos

Doa a quem doer


Mas eles Conceição vão

Lamber as botas

Comer à mão

Dum novo Pina Manique

Com outra lábia

Com outro tique

Nação Valente

Sérgio Godinho

 

Não quero por-te

Numa gaiola

De mão estendida por esmola

Não quero ter-te

Acorrentada

Sofrendo por tudo e por nada

Quero-te viva

Afirmativa

Não quero ter-te

Endividada

Com só promessas por morada

Não quero ver-te

Assim carente

Perdão pedindo pra sua gente

Há de haver outra solução

Para esta tão valente nação

Há que ir em frente (Há que ir em frente)

Nação valente

Fronteiras antigas, fronteiras abertas

Quero um país de ideias libertas

As mágoas da vida e da vida as ofertas

Fronteiras antigas, fronteiras abertas

Não quero ver-te

Assim cobrada

Na contramão dessa autoestrada

Não quero ter-te

Adormecida

Nos braços do que chamas vida

Quero-te viva

Afirmativa

Não quero ter-te

Ziguezagueando

Por que e como? Perguntando

Assume a parte que já te coube

Esquece e lembra o que ontem houve

Há de haver outra perspectiva

Para usarmos a alegria em vida

Há de haver outra solução

Para esta tão valente nação

Há que ir em frente (Há que ir em frente)

Nação valente

Fronteiras antigas, fronteiras abertas

Quero um país de ideias libertas

As mágoas da vida e da vida as ofertas

Fronteiras antigas, fronteiras abertas

Quero um país de ideias libertas

As mágoas da vida e da vida as ofertas

Fronteiras antigas, fronteiras abertas

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