sábado, 10 de dezembro de 2022

CRONICA - B.B. KING | Lucille (1968)

Winters 1949, Riley B. King, então com 24 anos, se apresenta com seu violão em um pub em ruínas aquecido por um fogão a lenha em Twist, uma cidade remota em Arkansas, a noroeste de Memphis. Mas o show não está indo muito bem. Uma briga irrompe entre dois homens. Na luta, eles derrubam o fogão a lenha causando um grande incêndio. Em pânico, os espectadores saem do salão às pressas. Todos estão do lado de fora, incluindo Riley B. King. Mas o jovem guitarrista do Mississippi percebe que sua guitarra permaneceu lá dentro. Enfrentando as chamas com risco de vida, ele sai para recuperá-lo. No dia seguinte, ele descobre que os dois cretinos responsáveis ​​pelo incêndio brigaram por uma garota chamada Lucille, funcionária do bar ao que parece. Desde aquele dia ele não parou de batizar suas várias guitarras Lucille para se lembrar de não arriscar a vida por tais ninharias e não se bater por uma mulher. Se você quiser se perder no Twist, uma placa comemorativa fica pendurada em algum lugar para lembrar o evento.

O resto nós sabemos. O jovem músico se tornaria popular como BB King. Apelidado de Rei do Blues, ele experimentará o sucesso.

Quase 20 anos depois, a lenda do blues decide compor uma peça em homenagem a Lucille (sua guitarra, não a garota). Em 10 minutos em ritmo lento, ele fala sobre sua amada Lucille (concordamos que é sua Gibson ES-335 e não a garota) e essa história que poderia ter terminado mal. Intitulada "Lucille", esta peça é um belíssimo stoner blues, onde o bluesman revela o seu toque com delicadeza, que harmoniza com um sax sedutor e um piano lânguido. É esta longa peça que abre o álbum com o mesmo nome editado na ABC em 1968 onde o guitarrista/cantor é apoiado pelo baixista David "Leather Sax" Allen, o baterista Jesse Sailes, o pianista Lloyd Glenn, o organista Maxwell Davis, o trombonista John Ewing, o trompetista Melvin Moore e os saxofonistas Bobby Forte, Bob McNeely e Cecil McNeely.

Obviamente esse título homônimo é o atrativo desse Lp. Mas as 8 faixas que seguem oscilando entre 2 e 5 minutos são boas contas. Começando com a devastadora “You Move Me So” com aromas gospel, seguido por uma balada de ritmo e blues mid-tempo, “Country Girl”. Encontramos o blues em andamento lento com "No Money, No Luck Blues" onde o cantor crooner como sempre relata seu difícil começo, "Rainin' All the Time" é bombardeio de metais assim como "I'm with You", a balada “I Need Your Love”, a sensual “Stop Putting the Hurt on Me”. O case termina com "Watch Yourself", um rhythm & blues um tanto galopante.

Também batizei meu violão com o primeiro nome de uma menina, Delphine. Uma jovem encantadora que acompanhei até Paris na Fête de l'Huma em setembro de 89. Eu havia feito belos planos para o cometa. Mas este último caiu nos braços de um cara de Pas-de-Calais. Sozinho perdido nessa grande festa, eu só tinha olhos para chorar. Toda vez que olho para minha Fender Strato mexicana, digo a mim mesmo que nunca mais irei a Paris por causa de uma garota. Mas na Fête de l'Huma nenhuma placa comemora esse momento.

Títulos:
1. Lucille
2. You Move Me So
3. Country Girl
4. No Money No Luck
5. I Need Your Love
6. Rainin’ All The Time
7. I’m With You
8. Stop Putting The Hurt On Me
9. Watch Yourself

Músicos:
BB King: Guitarra, Vocais
David Allen: Baixo
Jesse Sailes: Bateria
Irving Ashby: Guitarra
Maxwell Davis: Órgão
Lloyd Glenn: Piano
Bob McNeely: Saxofone
Cecil McNeely: Saxofone
Bobby Forte: Saxofone
John Ewing: Trombone
Mel Moore: Trompete

Produção: Bob Thiele

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