A artista portuguesa emigrou para França nos anos setenta. Morreu aos 74 anos.
Linda de Suza morreu nesta quarta-feira, 28 de dezembro, no hospital de Gisors, em Eure, no norte de França, onde estava internada depois de ter sido diagnosticada com Covid-19. A artista de origem portuguesa não resistiu a uma insuficiência respiratória. Tinha 74 anos.
O jornal francês Le Figaro, que cita Fabien Lecoeuvre (o agente da cantora), avança que Linda de Suza já teria estado internada em agosto, na sequência de uma anemia, e que, desde então, estaria em casa, a recuperar.
Teolinda Joaquina de Sousa, nome de origem, nasceu em 1948 em Beringel, no concelho de Beja. Em criança, com apenas cinco anos, foi colocada pela mãe num regime de internato numa instituição religiosa. Anos mais tarde, a jovem alentejana teve diversos trabalhos, chegando a laborar numa fábrica têxtil ou como empregada de servir quando vivia perto de Lisboa, mais precisamente na Amadora.
No espoletar dos anos setenta - ainda no tempo da ditadura opressora - a cantora fez as malas e emigrou para França, à semelhança do que aconteceu com os muitos portugueses que quiseram escapar às dificuldades económicas do Portugal da época. No livro autobiográfico que editou em 1984 - intitulado "A Mala de Cartão" - conta, por exemplo, como atravessou a fronteira para solo francês de forma clandestina.
Com 24 anos, Linda de Suza chegou a França com um filho nos braços e sobeja determinação. A história que a portuguesa da "mala de cartão" "escreveu" em França começa como tantas outras, a trabalhar como empregada de limpezas. Mas a voz levou-a para os palcos. As canções que cantou cristalizaram-se num dos símbolos de "Portugal lá fora" e da luta de tantos filhos do país por uma vida melhor.
Linda de Suza estreou-se como cantora no restaurante Chez Loisette, em Saint-Ouen, a norte de Paris. Foi descoberta pelo compositor André Pascal, homem que a apresentou ao compositor Alex Alstone. Entre 1978 e 1984, viveu as glórias dos palcos, da rádio e da televisão, tendo sido a primeira cantora a adaptar sucessos franceses à Língua Portuguesa. É certo que, depois de anos e anos de luta, a artista de Beja chegou aos píncaros da fama mas também é verdade que Linda de Suza nunca se sentiu uma vedeta. Em 2015, numa entrevista que deu ao jornalista Paulo Alexandre Santos, a cantora sublinhou que as grandes estrelas eram as canções.
"Vedeta é algo que não quer dizer nada. A canção ['Um Português (Mala de Cartão)' é que era popular", contou. "Havia muitos compatriotas. Aqui a comunidade portuguesa era muito importante. Acho que [tive sucesso] por ser muito simples e por dizer as coisas como elas são", acrescentou a artista.
'O Português', 'A Moça que Chorava', 'L'Etrangère', 'Comme Vous', 'Malhão, Malhão'. "Meti americanos a dançar o 'Malhão, Malhão' (risos)", confessou. "As canções deixam de nos pertencer quando as cantamos", disse ainda à nossa rádio.
E o público lembra tantas. As tais que Linda de Suza referiu mas também 'Canta Português', 'J'ai Deux Pays Pour un Seul Coeur' ou 'La Symphonie du Portugal'. Impossível esquecer a cantora da comunidade emigrante em terras de França, que ainda incluiu no seu repertório canções como 'Lírio Roxo'ou 'Coimbra/Avril au Portugal'. Em 1988, a história da artista foi adaptada à televisão, transformando-se numa minissérie intitulada 'Mala de Cartão', que na altura foi protagonizada por Irene Papas.
Nos anos noventa, Linda de Suza ainda cantou canções como 'Simplement vivre', 'Tu seras mon père', 'Pars sans un adieu' ou 'Tiroli, Tirola'. Em 2014, voltou às digressões, o que aconteceu poucos anos depois de partilhar com o público que enfrentou sérios problemas familiares e de cariz financeiro.
Em 2020, criou um novo projeto - o "Postais de Portugal" - com o qual preparava uma nova digressão. A pandemia alterou-lhe os planos e a digressão nunca chegou a acontecer.
Marcelo Rebelo de Sousa evocou a cantora como "exemplo de determinação". Numa nota publicada no site oficial da Presidência da República, o chefe de Estado lembra que "Teolinda de Sousa Lança, que ficou conhecida artisticamente como Linda de Suza, foi uma figura a vários títulos emblemática".
"Fica na nossa memória como exemplo de determinação e de fidelidade. Foi um ícone francês da emigração portuguesa e, portanto, um ícone de Portugal", lê-se ainda na nota.
Linda de Suza morreu nesta quarta-feira, 28 de dezembro, no hospital de Gisors, em Eure, no norte de França, onde estava internada depois de ter sido diagnosticada com Covid-19. A artista de origem portuguesa não resistiu a uma insuficiência respiratória. Tinha 74 anos.
O jornal francês Le Figaro, que cita Fabien Lecoeuvre (o agente da cantora), avança que Linda de Suza já teria estado internada em agosto, na sequência de uma anemia, e que, desde então, estaria em casa, a recuperar.
Teolinda Joaquina de Sousa, nome de origem, nasceu em 1948 em Beringel, no concelho de Beja. Em criança, com apenas cinco anos, foi colocada pela mãe num regime de internato numa instituição religiosa. Anos mais tarde, a jovem alentejana teve diversos trabalhos, chegando a laborar numa fábrica têxtil ou como empregada de servir quando vivia perto de Lisboa, mais precisamente na Amadora.
No espoletar dos anos setenta - ainda no tempo da ditadura opressora - a cantora fez as malas e emigrou para França, à semelhança do que aconteceu com os muitos portugueses que quiseram escapar às dificuldades económicas do Portugal da época. No livro autobiográfico que editou em 1984 - intitulado "A Mala de Cartão" - conta, por exemplo, como atravessou a fronteira para solo francês de forma clandestina.
Com 24 anos, Linda de Suza chegou a França com um filho nos braços e sobeja determinação. A história que a portuguesa da "mala de cartão" "escreveu" em França começa como tantas outras, a trabalhar como empregada de limpezas. Mas a voz levou-a para os palcos. As canções que cantou cristalizaram-se num dos símbolos de "Portugal lá fora" e da luta de tantos filhos do país por uma vida melhor.
Linda de Suza estreou-se como cantora no restaurante Chez Loisette, em Saint-Ouen, a norte de Paris. Foi descoberta pelo compositor André Pascal, homem que a apresentou ao compositor Alex Alstone. Entre 1978 e 1984, viveu as glórias dos palcos, da rádio e da televisão, tendo sido a primeira cantora a adaptar sucessos franceses à Língua Portuguesa. É certo que, depois de anos e anos de luta, a artista de Beja chegou aos píncaros da fama mas também é verdade que Linda de Suza nunca se sentiu uma vedeta. Em 2015, numa entrevista que deu ao jornalista Paulo Alexandre Santos, a cantora sublinhou que as grandes estrelas eram as canções.
"Vedeta é algo que não quer dizer nada. A canção ['Um Português (Mala de Cartão)' é que era popular", contou. "Havia muitos compatriotas. Aqui a comunidade portuguesa era muito importante. Acho que [tive sucesso] por ser muito simples e por dizer as coisas como elas são", acrescentou a artista.
'O Português', 'A Moça que Chorava', 'L'Etrangère', 'Comme Vous', 'Malhão, Malhão'. "Meti americanos a dançar o 'Malhão, Malhão' (risos)", confessou. "As canções deixam de nos pertencer quando as cantamos", disse ainda à nossa rádio.
E o público lembra tantas. As tais que Linda de Suza referiu mas também 'Canta Português', 'J'ai Deux Pays Pour un Seul Coeur' ou 'La Symphonie du Portugal'. Impossível esquecer a cantora da comunidade emigrante em terras de França, que ainda incluiu no seu repertório canções como 'Lírio Roxo'ou 'Coimbra/Avril au Portugal'. Em 1988, a história da artista foi adaptada à televisão, transformando-se numa minissérie intitulada 'Mala de Cartão', que na altura foi protagonizada por Irene Papas.
Nos anos noventa, Linda de Suza ainda cantou canções como 'Simplement vivre', 'Tu seras mon père', 'Pars sans un adieu' ou 'Tiroli, Tirola'. Em 2014, voltou às digressões, o que aconteceu poucos anos depois de partilhar com o público que enfrentou sérios problemas familiares e de cariz financeiro.
Em 2020, criou um novo projeto - o "Postais de Portugal" - com o qual preparava uma nova digressão. A pandemia alterou-lhe os planos e a digressão nunca chegou a acontecer.
Marcelo Rebelo de Sousa evocou a cantora como "exemplo de determinação". Numa nota publicada no site oficial da Presidência da República, o chefe de Estado lembra que "Teolinda de Sousa Lança, que ficou conhecida artisticamente como Linda de Suza, foi uma figura a vários títulos emblemática".
"Fica na nossa memória como exemplo de determinação e de fidelidade. Foi um ícone francês da emigração portuguesa e, portanto, um ícone de Portugal", lê-se ainda na nota.
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