Continuando minha análise de alguns discos lançados pelo selo Neon Records, vamos falar desta vez do grupo Tonton Macoute. A banda foi formada no início de 1971, por quatro remanescentes do grupo Windmill, após a morte do vocalista e guitarrista Dick Scott, num acidente automobilístico enquanto em turnê na Alemanha. O Widmill era um grupo pop empresariado por Ken Howard e Alan Blaikely que também trabalhva com o The Herd, Matthews Southern Confort e Dave Dee, Dozy, Beaky, Mick and Tich. Faziam parte do Tonton Macoute, Paul French (piano, órgão, vocal), Chris Gavin (guitarra e baixo), Dave Knowles (sopros) e Nigel Reveler (bateria). A banda inicialmente assinou contrato com a Vertigo Records, mas logo foram re-locados para a RCA, quando o ex-executivo da Vertigo, Olav Wyper, fundou a Neon Records. Com uma nova identidade musical, a banda foi um dos melhores exemplos do jazz-rock britânico e seu excelente disco de estreia foi lançado em maio de 1971.
A quem possa interessar: Tonton Macoute, nos dialetos franceses falados no Haiti, era o nome de um “bicho-papão” que andava pelas ruas depois do anoitecer e que raptava crianças que ficavam na rua até tarde, colocando-as num saco. Tonton Macoute também foi o nome como ficou conhecida a milícia paramilitar do ditador haitiano François ‘Papa Doc’ Duvalier, um dos grupos paramilitares mais sanguinários da História.
O LP abre com a soberba “Just Like Stone”, que tem uma delicada introdução instrumental de órgão, bem ao estilo do grupo Caravan. Depois de uma seção cantada por muitas vozes, há uma parte central instrumental com uma súbita mudança de ritmo e muitos solos de flauta. “Don’t Make Me Cry”, talvez a melhor faixa do álbum, começa com um riff de órgão e impressionantes solos de sax, depois temos uma parte mais relaxante, com flauta e solos de piano. O lado A se encerra com “Flying South In Winter”, que tem uma atmosfera exótica, com belas passagens de sax, flauta e órgão.
Virando o lado, temos a curta “Dreams”, lembrando algo do Moodye Blues ou BJH, uma faixa meio fora do contexto das demais, com partes ásperas de guitarra. Em “You Make My Jelly Roll” a grande fluidez e leveza das passagens instrumentais é realmente incrível, os vocais também são sublimes e cativantes. “Natural High” é dividida em duas partes e com certeza são os momentos mais experimentais do disco. Na primeira parte, depois de um vocal muito melódico, variações rítmicas levam a uma final mais sinfônico, enquanto que na segunda parte temos uma improvisação de jazz em um tema complexo construído com vocalizações, piano e sopros.
Depois do lançamento do Lp e de algumas turnês, a banda lançaria no ano seguinte, o single “Summer Of Our Love/Greyhound Lady”, com o nome abreviado para Tonton. Como de costume, o Lp e o single não fizeram sucesso e o grupo se dispersou logo depois.
Paul formaria o grupo Voyager, no final dos anos 70, que fez sucesso com a música Halfway Hotel, que chegou ao número 33 nas paradas inglesas, em 1979. O grupo lançou ao todo três álbuns, de uma sonoridade AOR, antes de se separarem em 1982. Em 2006 a banda se reuniu para lançar o disco Eyecontact. Atualmente, Paul French toca regularmente numa casa noturna chamada The Piano, que está localizada em Londres, mais precisamente no número 106 da Kensington High Street. Quem estiver de passagem por lá pode conferir!
Dave Knowles formaria a banda Turbo, em meados dos anos 70, antes de se mudar para Cornwall, onde reside até hoje. Chris Gavin, agora conhecido como Gavin Wilkison, trabalha com arte e fotografia, mas ainda toca esporadicamente na região de Newbury. Nigel Reveler tem uma carreira de sucesso na indústria fonográfica, onde dirige a companhia Active Media.
Faixas:
1. Just Like Stone
2. Don’t Make Me Cry
3. Flying South In Winter
4. Dreams
5. You Make My Jelly Roll
6. Natural High (Part 1)
7. Natural High (Part 2)
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