sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Príncipe – Lugares de Memória (2021)

 


Lugares de Memória é um disco rico em texturas sonoras, marcado principalmente pela audácia como dá elegantemente uso à guitarra portuguesa, mais electrónica do que o costume, menos protagonista do que no fado.

Nem filho de reis ou de berço nobre. Príncipe tem ascendência portuguesa, formação musical clássica desde os cinco anos, toca para lá de 10 instrumentos, é compositor, intérprete, letrista e produtor.

O projecto a solo de Sebastião Semedo nasceu em 2013 com “Dois Terços do Que Sei”, single que integrou a coletânea Novos Talentos Fnac, e o seu disco de estreia chega quatro anos depois. A Chama e o Carvão (2017) é rico em texturas sonoras, marcadas principalmente pelo piano, os sintetizadores e a guitarra portuguesa, com uma emoção e ambiente muito próprio. E se esta é também a fórmula base para o seu novo Lugares de Memória (2021), este é um disco mais maduro, que se demarca do primeiro pela forma como Príncipe elegantemente desconstrói tal fórmula. Os instrumentos, a melodia e os seus tempos são explorados ao máximo, dando mais dimensão e camadas a cada uma das suas canções.

Enquanto preparava o segundo disco, Sebastião conheceu João Pimenta Gomes, o produtor e responsável pela modelação da parte electrónica, que lhe apresentou Bernardo Couto, mestre da guitarra portuguesa e no dedilhar das ideias de Sebastião. Estavam então criadas as condições para dar à luz Lugares de Memória, uma colectânea musical com audácia na forma como dá uso à guitarra portuguesa, mais electrónica do que o costume, menos protagonista do que no fado. O piano está mais denso e profundamente marcado nos tempos e contra tempos, enquanto a parte electrónica faz a ligação entre cada camada.

Com queda para a poesia alimentada desde pequeno, Príncipe é ainda um notável intérprete das suas composições, com a sua voz doce, educada, com alma de fadista, mas sem os grandes trinados. Somos desde logo conquistados com “corre-me no sangue”, ficamos sem esforço para “página em branco para o deserto”, abaixo no vídeo, e somos facilmente levados até à sua ultima faixa, “ponte sobre nada”. Um álbum rico em todas as suas dimensões e que merece a nossa atenção como um todo.

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