Disco: Seconds Out
Ano: 1977
Selo: Charisma
Faixas:
Disco 1
1. Squonk – 6’36
2. The Carpet Crawlers – 5’60
3. Robbery, Assault & Battery – 6’03
4. Afterglow – 4’24
5. Firth Of Fifth – 8’55
6. I Know What I Like – 8’42
7. The Lamb Lies Down On Broadway – 4’59
8. The Musical Box (Closing Section) – 3’18
Disco 2
1. Supper’s Ready – 24’32
2. Cinema Show – 10’58
3. Dance On A Volcano – 5’09
4. Los Endos – 6’30
Formação:
Phil Collins – voz, bateria e percussão
Tony Banks – teclados, violão de 12 cordas e vocais
Steve Hackett – guitarras de 6 e 12 cordas e Hodaka
Mike Rutherford – baixos de 4 e 8 cordas, violão de 6 e 12 cordas/bass pedals e vocais
Chester Thompson – bateria e percussão
Bill Bruford – bateria e percussão (10)
Resenha:
Muita gente já comentou como o Genesis da era “Peter Gabriel” soa bem diferente da era “Phil Collins”, como se fossem bandas diferentes (dividindo, porém, o mesmo nome, e 3/5 da sua formação clássica). Eu também partilho dessa opinião. Contudo, entre esses momentos tão radicalmente distintos dentro da sua linha cronológica, eu apontaria um momento em especial, onde existiu um amálgama entre o passado (prog com pitadas de pop) e o futuro (pop com pitadas de prog): o disco Seconds Out (1977).
O senso comum aponta 1975 como o fim da era “progressiva” do Genesis, quando Peter Gabriel anunciou que deixaria a banda, bem no meio da turnê de divulgação do disco duplo The Lamb Lies Down On Broadway (1974). Acho mais sensato compartilhar da opinião de que, na verdade, foi a saída do guitarrista Steve Hackett que encerrou a progressividade sonora da banda (ainda que vestígios muito competentes do estilo sejam detectados em canções de … And Then There Were Three… (1978) e Duke (1980)).
Entre o Genesis progressivo e o pop, existe uma fase intermediária, onde foram lançados dois discos de estúdio – A Trick Of The Tail (1976) e Wind & Wuthering (1976), ambos de 1976 (um fraco EP chamado Spot The Pigeon (1977) também foi lançado em 1977). Apesar de não se beneficiarem do impacto da fase “Gabriel”, esses discos não ficam tão atrás dos anteriores em termos de inspiração ou performance. Mais que intermediária, essa fase representou a lenta transição da banda de um status cult para outro comercial: as casas de shows de médio porte deram lugar a apresentações feitas em estádios cada vez mais cheios. Da mesma forma, as fantasias foram substituídas por certo despojamento – ainda que Phil Collins preservasse oportunos e bem-feitos cacoetes teatrais.
E é entre esses extremos comentados acima, que também se encontra o disco ao vivo Seconds Out, de 1977. O nome do disco diz muito para o nosso ensaio: no longo tempo de existência do Genesis, esse disco representa como que uns poucos segundos para além do pop, para além do progressivo, mas que constitui rara síntese do que de melhor fizeram esses músicos e compositores britânicos. Não é o enigmático prog teatral de Nursery Crime (1971) ou Foxtrot (1972), e nem o pop-chiclete de Invisible Touch (1986) e We Can’t Dance (1991). (abrimos aqui um parêntese: se alcunhas de “progressivo” ou “pop” parecem tratar de estúpidos rótulos mercadológicos, pelo menos servem aqui como forma didática de abordar as reviravoltas sonoras e estéticas pelas quais a banda passou).
Contando com as interrupções e hiatos, o Genesis existiu por exatos quarenta anos (1967 a 2007), e nada indica que haverá muito mais a ser feito daqui para frente (apesar de seus principais integrantes estarem ainda vivos). Mas se pudéssemos representar esses quarenta anos como uma corda, eu apontaria o disco Seconds Out (1977) como seu nó mais apertado, e demarcado bem acima da comemoração de 10 anos de sua existência.
Geralmente, coletâneas parecem ser o melhor modo de entender uma banda de relance (na tarefa de cobrir a carreira como um todo, o Genesis possui algumas irregulares, como The Platinum Collection (2004) e Turn it On Again (1999)). Mas talvez Seconds Out (1977) seja mais eficiente em realizar a conexão das diferentes facetas (ou máscaras) do grupo. Paradoxalmente, por não situar nem à fase antiga e nem à posterior, o Genesis talvez nunca soou tão fiel à sua essência de sempre.
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