quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

ESQUINA PROGRESSIVA

 

Mahavishnu Orchestra - Visions of the Emerald Beyond (1975)



Minha resenha em relação a esse disco é daquelas que parecem ser feitas para causar algum tipo de discórdia em relação aos fãs mais ardorosos da banda que consideram seus dois primeiros discos, The Inner Mounting Flame e Birds of Fire como a maior expressão artísticas de McLaughlin e companhia, mas devo ser sincero, e apesar de amar seus primeiros discos, esse vai além.

Muitos descrevem a formação original da banda algo perto da perfeição e outros acham que depois da saída de Goodman, Gobham e Hammer a banda deveria ter mudado de nome. Respeito essas opiniões, mas respeitosamente eu também discordo de todas, pois acho Visions of the Emerald Beyond o melhor disco da banda.

Verdade seja dita que Jerry Goodman é um violinista brilhante, mas a adição de Jean-Luc Ponty com sua incrível formação clássica e seu estilo melódico adicionou algo que a banda exigia. Eles deixaram de ser principalmente uma banda de jazz que adiciona outros gêneros, para ser de fato uma música progressiva que mistura completamente jazz, rock e até música clássica de maneira delicada, menos frenética do que trabalhos anteriores, mas mantendo seu som bastante coerente.

Apesar da banda ter “sacrificado” o espírito jazzístico o preço que pagaram foi bastante justo, se tornando uma banda mais estruturada, sólida e melódica, algo mais fácil de ouvir por aqueles que admiram, mas não chegam a ser aficionados por fusion, deixando tudo fluir de maneira mais prazerosa e compreensiva. Se nos seus primeiros registros as habilidades são o que mais me impressiona, aqui de fato a música é o que me captura, a beleza mística combinada entre o jazz, rock e o clássico agora soa mais perto do sinfônico.

É um tipo de álbum que comove do começo ao fim, mas acho que sempre vale a pena ressaltar uns destaques quando não vejo a necessidade de falar faixa por faixa. “Eternity Breath Part I and II” abrem o disco com dois lados de uma mesma moeda, a força da guitarra de McLaughlin junta-se ao sentido melódico de Ponty em um ponto intermediários pra ambos os músicos, cada um tocando seu próprio estilo, mas o segundo tornando-o mais suave, em uma cadencia sutil e estruturada, simplesmente fantástico, tudo acrescentado de uns cantos misteriosos.

" Can't Stand Your Funk  " é uma canção deliciosa de ponta a ponta, o elemento funk os colocam em um território até então inexplorado pela banda, mas isso não significa que eles esquecem suas raízes. Eles encontraram o equilíbrio perfeito com a brilhante participação de Michael Walden, que até pode fazer os fãs mais ávidos sentirem saudade, mas não falta de Cobham.  "Pastoral" é a confirmação de que estamos diante de uma banda diferente, Ponty executa um solo de tirar o fôlego em que os elementos do clássico e do jazz combinam como se ambos os gêneros fossem criados para fundir em algum momento, a musicalidade e a melodia forte são a marca registrada dessa fase da banda.

“Faith” é uma daquelas curtas músicas que desejamos que tivessem terem sido um épico, mesmo quando a banda adiciona tudo que eles têm eu seu repertório a música é completamente estruturada e coerente, sem abuso de interferência. "Earth Ship" traz uma melodia incrivelmente bela com Ponty, adicionando seu violino experimental e alguns cânticos na veia de Magma, outra contribuição mística.

Apesar de citar apenas algumas, jamais pensem que as demais faixas não possuem o mesmo valor, pois esse disco é fundamental do primeiro ao último segundo, da primeira a última nota. O conjunto geral de sentimentos misturados com a improvisação é surpreendente e edificante, deixando o ouvinte em um estado de êxtase. Indispensável. 



Track Listing

1.Eternity's Breath Part 1 - 3:10
2.Eternity's Breath Part 2 - 4:48
3.Lila's Dance - 5:34
4.Can't Stand Your Funk - 2:09 
5.Pastoral - 3:41
6.Faith - 2:00
7.Cosmic Strut - 3:28 
8.If I Could See - 1:18 
9.Be Happy - 3:31
10.Earth Ship - 3:42 
11.Pegasus -1:48
12.Opus 1 - 0:15
13.On The Way Home To Earth - 4:34 





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