sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

“The Miseducation Of Lauryn Hill” ( Ruffhouse / Columbia, 1998 ), Lauryn Hill

 


Os Fugges foram um dos grandes nomes da música pop de 1996, graças ao álbum The Score que vendeu mais de 6 milhões de cópias, três hits (“Killing Me Softly With This Song”, “Fu-Gee-La” e “Read Or Not”) e vários premiações. Após tanta exposição, cada membro do trio norte-americano decidiu dedicar-se a projetos artísticos pessoais.

Wyclef Jean lançou em 1997, o seu primeiro álbum solo, The Carnival. No mesmo ano, Pras Michel lançou juntamente com a cantora Mýa e o rapper Ol' Dirty Bastard o single “Ghetto Supastar (That Is What You Are)”, vindo a lança o eu primeiro álbum solo no ano seguinte, o Ghetto Supastar.  

Lauryn Hill havia colaborado nas gravações do primeiro álbum solo de Wyclef Jean, o que a motivou a também a gravar o seu primeiro álbum solo.  Ela estava grávida de seu primeiro filho, fruto do seu relacionamento com Rohan Marley, filho de Bob Marley. A ideia teve que ser temporariamente adiada, pois Hill havia passado por uma espécie de bloqueio criativo para compor material para um álbum.

Fugges: Lauryn Hill entre Wyclef Jean e Pras Michel. 
A gravidez parece ter vindo a calhar. Durante esse período, Hill compôs cerca de 30 músicas, material suficiente para dois álbuns. Em agosto de 1997, seu filho, Zion David nasceu. Após dar a luz e o resguardo, foi convidada a escrever canções para os discos de estrelas como Aretha Franklin, Whitney Houston e demais artistas. Todas essas experiências serviram combustível para Lauryn Hill conceber o seu primeiro álbum solo. O processo de gravação do álbum se deu entre o final de 1997 e junho 1998 em estúdios diferentes, como o Chung King (Nova York), Perfect Pair (Nova Jersey) e o Tuff Gong Studios (Kingston, Jamaica), este último, onde Bob Marley gravou alguns dos seus álbuns mais importantes.

Quase um ano depois do início de suas gravações, o álbum de estreia de Hill, intitulado The Miseducation Of Lauryn Hill é lançado em 25 de agosto de 1998. O álbum é marcado pela mescla de elementos de rap, soul, gospel, R&B e reggae. Em seu primeiro álbum, Lauryn Hill mostra toda a sua qualidade artística, incorporando a alma das divas da soul music e o estilo das ruas e das quebradas dos rappers.

O soar de uma campanhia de escola abre o álbum na pequena faixa introdutória “Intro”, onde uma voz que parece ser a de um professor faz a chamada dos alunos. O rap “Lost Ones” dá início para valer ao álbum, já mostrando Lauryn Hill falando de sua emancipação feminina e da sua liberdade como artista. “Ex- Factor” acalma o clima com o seu teor romântico sobre um relacionamento que acabou. A maternidade é o tema central de “To Zion”, homenagem que Hill fez ao seu filho; a música conta com a participação especial de Carlos Santana na guitarra. “Doo Wop (That Thing)” toda carga feminista de Lauryn Hill. O balanço de “Superstar” mescla  soul music e rap, enquanto que “Final Hour” é um rap com uma batida contagiante.

“When It Hurts So Bad” é uma canção que fala das dores do amor, e aqui, Lauryn demonstra mais uma vez que é uma grande cantora de soul music.  “I Used To Love Him” é uma canção sobre desilusão amorosa, onde Hill faz dueto com a cantora Mary J. Blidge. “Forgive Them Father” é um misto de oração e desabafo sobre as mazelas pelas quais passam os pobres e injustiçados. Na autobiográfica “Every Gheto, Every City”, Lauryn  Hill lembra dos momentos difíceis e alegres do seu passado, cantando sobre uma base rítmica bem animada. “Nothing Even Matters” é mais um dueto presente no álbum, desta vez Hill dividindo os vocais com o cantor D’Angelo, reeditando os duetos românticos dos áureos tempos da soul music. Falando de mudanças e da busca da realização dos nossos sonhos, "Everything Is Everything” traz a participação de John Legend, aos 19 anos, ao piano, ainda em início de carreira e bem antes da fama. Fechando o álbum, a bela “The Miseducation Of Lauryn Hill”, na qual Lauryn Hill declara que é ela quem define o seu próprio destino.

Na época de seu lançamento, The Miseducation Of Lauryn Hill foi muito bem recebido pela crítica de uma maneira geral. Um dos principais trunfos do álbum foi o fato de Lauryn seguir à margem do chamado gangsta rap, tendência que estava em voga no rap que fazia apologia à violência e que tornava o rap e a cultura hip hop malvistos como um todo. O álbum de Hill vai por um caminho oposto ao da bandidagem pregada pelo gansta rap ao falar sobre maternidade, família, consciência social, emancipação feminina e relacionamento afetivo.

The Miseducation Of Lauryn Hill teve um excelente e surpreendente desempenho comercial.  Na sua primeira semana de lançamento, o álbum vendeu mais de 400 mil cópias, ficando 1º lugar na parada da Billboard 200. Fo final de 1998, já havia alcançado a marca de 2 milhões de cópias vendidas.

Além das ótimas vendagens e da receptividade positiva da crítica, The Miseducation Of Lauryn Hill conquistou prêmios. Na premiação do Grammy de 1999, o álbum concorreu a dez indicações, conquistou cinco prêmios: “Álbum do Ano”, “Artista Revelação”, “Melhor Álbum de R&B”, “Melhor Canção de R&B” ( por “Doo Wop (That Thing)” )e “Melhor Performance Feminina de R&B” (por “Doo Wop (That Thing)” ).  Lauryn Hill se tornou a primeira mulher a ganhar cinco prêmios Grammy numa mesma noite de premiação. The Miseducation Of Lauryn Hill foi o primeiro álbum de hip-hop a receber o prêmio de “Álbum do Ano”.

The Miseducation Of Lauryn Hill não foi apenas um grande trabalho da carreira de Lauryn Hill. O álbum teve como méritos não só ter elevado a imagem do rap e da cultura hip como também o de ter aberto caminho para as mulheres terem acesso a eles. Se hoje rappers femininas como Iggy Azalea, Nicki Minaj, Azealia Banks, Karol Conka entre outras, têm brilhado no universo do hip hop, não seria exagero afirmar que uma parcela desse brilho tem um pouco da contribuição de Lauryn Hill com o seu The Miseducation Of Lauryn Hill.

Faixas:
  1. "Intro" (Lauryn Hill)
  2. "Lost Ones" (Lauryn Hill - Ché Guevara - Vada Nobles)
  3. "Ex-Factor" (Lauryn Hill)
  4. "To Zion"  (Lauryn Hill – Ché Guevara)
  5. "Doo Wop (That Thing)" (Lauryn Hill)
  6. "Superstar" (Lauryn Hill)
  7. "Final Hour" (Lauryn Hill)
  8. "When It Hurts So Bad" (Lauryn Hill)
  9. "I Used To Love Him" (Lauryn Hill)
  10. "Forgive Them Father" (Lauryn Hill)
  11. "Every Ghetto, Every City" (Lauryn Hill)
  12. "Nothing Even Matters" (participação D'Angelo) (Lauryn Hill)
  13. "Everything Is Everything" (Lauryn Hill - Johari Newton)
  14. "The Miseducation of Lauryn Hill" (Lauryn Hill - Tejumold Newton)


Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

Bob Dylan - Live At The Gaslight 1962

Live at the Gaslight 1962 - um álbum ao vivo compilado a partir de gravações de Bob Dylan feitas em outubro de 1962 no The Village Gaslight ...