Yang - 'Designed for Disaster'
(25 de fevereiro de 2022, Cuneiform Records)
Hoje temos o prazer de apresentar “Designed For Disaster”, o novo álbum do ensemble francês YANG, que foi lançado na segunda quinzena de fevereiro (2022) pela gravadora Cuneiform Records. Esta sala composta por Frédéric L'Epée [guitarras e sintetizadores], Laurent James [guitarras], Nico Gomez [baixo] e Volodia Brice [bateria] fizeram aqui uma novidade, que é incorporar algumas peças vocais. É por isso que Ayşe Cansu Tanrikulu aparece em algumas faixas deste novo álbum, enquanto L'Epée, James e Gomez ocasionalmente fornecem backing vocals. O material recolhido em "Designed For Disaster" foi gravado em vários locais em Berlim, Anthéor, La Turbie e La Ciotat. Especificamente, as faixas de bateria foram gravadas no estúdio Le Cri de la Tarente, em La Ciotat. O desenho artístico da capa foi feito por Jean-Christian Philippart, que incorporou personagens de “L'alphabet Imaginaire” de Bruno Mendonça. Como sempre, todas as composições são de L'Épée; Além disso, ele dividiu as funções de produção e mixagem deste álbum com o maestro alemão Markus Reuter. Bem, agora vamos aos detalhes de “Designed For Disaster”.
O álbum inicia-se com 'Descendance', uma peça com um humor claramente cerimonioso e portadora de certas conotações cerimoniosas, principalmente no que diz respeito ao groove assinado pela bateria. De sua parte, as guitarras apresentam uma evocação de salto moderado, enquanto todo o conjunto soa como um Crimsonism dos anos 80 com nuances adicionais de ART BEARS. Um começo muito bom cujas vibrações e esquemas expressivos encontram um eco apropriado na dupla subsequente de 'Collision Course' e 'Disentropy'. A primeira dessas canções, que estabelece um primeiro zênite para o álbum, exibe uma vivacidade ágil e contundente, alimentada por arestas futuristas que são fornecidas pela sequência sintetizada com a qual a peça se origina. O conjunto passeia por conexões entre passagens aguerridas e outras mais contidas com uma fluidez impecável, fazendo esse cruzamento entre jazz-prog, math-rock, tensão estilo RIO e maneirismos experimentais do metal brilhar com um brilho imponente. O solo de guitarra que abre caminho para o clímax final é simplesmente ótimo. O segundo desses tópicos mencionados não é exatamente deixado para trás. 'Disentropy' está empenhada em mergulhar em climas misteriosos carregados por uma forte espiritualidade obscurantista que coloca o bloco instrumental em diálogo permanente com a tradição do rock de câmara francófona (ART ZOYD, PRESENTE, UNIVERS ZERO) ao projetar a engenharia implacavelmente densa de onde o motivo central tem que ser articulado. A ideia de colocar algumas passagens mais serenas no meio é muito eficaz quando se trata de destacar a melancolia predominante. A miniatura 'Interlude – Golem' apresenta um exercício de saltos de rock leve seguido de uma atmosfera calma que quase flerta com o padrão pós-rock. A partir daí, a música 'Words' surge para instalar uma nova instância de inquietação obscurantista, desta vez com uma explicação maior. Os ornamentos corais que acompanham os acentos lentos do duo rítmico sustentam boa parte da atmosfera geral, muito ameaçadora em si, algo que mais parece uma procissão num canto remoto do Limbo. Por seu lado, o fraseado contido da primeira guitarra tenta adicionar uma aura palaciana à matéria. Os interlúdios flutuantes são úteis para capturar uma face mais sutil da inquietação essencial da peça. Outro destaque do repertório.
'Flower You' é algo muito diferente do que já ouvimos antes: é uma música plácida e, na maioria das vezes, uma transmissora de uma espiritualidade gentil e reflexiva, mesmo naqueles momentos em que a musculatura sonora aumenta um pouco. 'Unisson' tem um prólogo marcado por uma graça serena, que antecipa a expansão das vibrações melancólicas com que o belo emaranhado de escalas evocativas das guitarras duplas arma o núcleo central da peça. Um suingue jazz-rocker muito etéreo opera aqui na hora de sustentar a delicada densidade que engloba todas as moléculas sonoras que vão surgindo até o golpe final. A miniatura 'Miniature – Echo' estabelece uma espécie de continuação da atmosfera contemplativa e cativante que preenchia o tema anterior, e isso mesmo serve para abrir o campo para o surgimento de 'Migrations', peça que dura quase 10 ¾ minutos e é a mais longa do álbum. O grupo sabe aproveitar muito bem o espectro temporal que lhe foi arranjado para a ocasião, e fá-lo estabelecendo uma magnificência sofisticada e nada ostentatória. Os desenvolvimentos temáticos que consignam a série de motivos que se desenrolam (alguns tendendo à flutuação, outros a uma graciosidade moderadamente extravagante) conservam-se encapsulados numa inteligente estratégia progressiva que privilegia as múltiplas expansões harmónicas que se amalgamam sob o poder do inflexões compartilhadas entre as duas guitarras e o baixo. Há alguns momentos em que a tensão aumenta, algo ideal para abrir espaços para alguns solos de guitarra (bem Fripp-con-Frith). Basicamente, o que esta maratona faz é remodelar a aura das duas peças que a precederam para dar-lhe um aspecto mais luxuoso e neurótico. 'La Voie Du Mensonge' é um tema instrumental que, em sua maior parte, coleta a tensão contida que ocorreu em vários lugares da peça anterior e lhe dá uma graça refrescante ao longo de um intervalo com uma fórmula de compasso 11/8. Construindo pontes entre o RIO e o pós-rock de uma forma inédita, esta peça gesta uma síntese da referida tensão contida e do groove principal da faixa que abre o álbum. Alguns riffs afiados trazem nuances hardcore ao assunto. Ele pega a tensão contida que ocorreu em vários lugares na peça anterior e dá a ela uma graça refrescante ao longo do meio tempo com uma fórmula de compasso de 11/8. Construindo pontes entre o RIO e o pós-rock de uma forma inédita, esta peça gesta uma síntese da referida tensão contida e do groove principal da faixa que abre o álbum. Alguns riffs afiados trazem nuances hardcore ao assunto. Ele pega a tensão contida que ocorreu em vários lugares na peça anterior e dá a ela uma graça refrescante ao longo do meio tempo com uma fórmula de compasso de 11/8. Construindo pontes entre o RIO e o pós-rock de uma forma inédita, esta peça gesta uma síntese da referida tensão contida e do groove principal da faixa que abre o álbum. Alguns riffs afiados trazem nuances hardcore ao assunto.
Os últimos 8 minutos e meio do álbum são ocupados pela dupla de 'Interlude – Décombes' e 'Despite Origins (En Dépit Des Origines)'. O primeiro item é um interlúdio abstrato, colateralmente relacionado ao obscurantismo que marcou as peças #3 e #5. Quanto a 'Apesar das Origens', caracteriza-se por exibir uma garra contundente muito semelhante à que ocorreu na arrebatadora segunda música do álbum; parecidas, mas não iguais, porque aqui a beirada da pedra é um pouco mais domesticada. É como se o grupo exigisse do ouvinte que concentrasse sua atenção na estrutura do tema e na forma como ele organiza as variantes de força expressiva que acontecem. O canto que se expande nas cadências intermediárias ressoa como um hino surreal. Como conclusão, “Designed For Disaster” acaba por ser uma grande obra musical pensada para brilhar com luz própria no panorama do rock progressivo mundial dos nossos dias. A galera do YANG tem se saído bem nesse trabalho de reinventar sua visão musical mantendo sua consistência inicial para a glória da cena progressiva em 2022.
- Amostras de 'Designed for Disaster':
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