Com a popularização do CD no começo da década de 90, o LP começou a sofrer um processo de perda de espaço. Porém, durante algum tempo, os dois tipos de mídias ainda eram vendidos paralelamente, sendo o CD vendido por cerca do dobro do preço do LP, e a diferença de valor entre eles dava uma noção do status que cada uma tinha à época. Afinal, o CD era novidade e vinha com a promessa de melhor qualidade de som. Aqui no Brasil, depois de algum tempo, a produção de LPs foi totalmente abandonada, fazendo com que muita gente focasse o interesse apenas nos CDs.Mundialmente, o vinil também perdeu espaço, porém, essa diferença não fez com que ele deixasse de ser produzido em alguns países. Algumas bandas internacionais nunca deixaram de lançar seus álbuns em vinil, porém, para chamar a atenção, esses lançamentos tiveram que apresentar algum diferencial.
A Matter of Life And Death |
O Iron Maiden, assim como muitas bandas, lançou vários discos de vinil durante os anos 80 com algum tipo de apelo junto aos colecionadores e curiosos, como os picture discs e os shaped discs em seus singles e EPs. Alguns álbuns também foram lançados em vinil colorido e até mesmo alguns em picture, porém essa não era a regra. Os últimos discos “comuns” da banda lançados foram Fear of the Dark (1992), A Real Live One (1993) e A Real Dead One (1993).
Rock in Rio – Edição com bandeira do Brasil estilizada
Na época do lançamento de The X-Factor (1995), primeiro álbum de estúdio sem Bruce Dickinson nos vocais, o CD já tinha tomado conta do mercado. Porém, o álbum também foi lançado em LP, mas aqui se dá o início de uma prática que mudaria o modo dos lançamentos de álbuns em vinil da banda. O álbum é duplo e transparente (ver foto principal da matéria). Nada muito diferente, afinal a banda já tinha lançado alguns vinis transparentes. A diferença é que, nesse caso, não houve o lançamento “normal”, ou seja, essa foi a única versão. O segundo álbum com o Blaze Bayleu nos vocais – Virtual XI (1998) – foi a única exceção para esse novo tipo de lançamento (dizem que é necessário uma exceção para confirmar uma regra).
Virtual XI – O mais fraco até entre os lançamentos especiais |
A partir daí, todos os álbuns, tanto os de estúdio quanto os ao vivo e coletâneas, foram lançados também em vinil com edições especiais. Todos esses itens tiveram muito capricho para o seu lançamento. Os LPs são lindos e os encartes são muito bem feitos e aí entra o ponto que eu gostaria de discutir. Será mesmo que quem compra esses itens são aquelas pessoas que querem apenas o vinil? O Iron Maiden sempre foi ótimo na questão comercial, então eu vejo que esse tipo de lançamento é feito essencialmente para os colecionadores, para aqueles caras que não tem só o LP, mas tem também o CD e, possivelmente, em mais de uma versão. Claro que vez ou outra o cara põe o bolachão para tocar, mas duvido que essas pessoas utilizem mais os LPs do que os CDs. Claro que existem os mais aficcionados por LPs, mas mesmo entre os colecionadores a parcela é pequena.
Edward the Great (acima) e Death on The Road – Mesmo
as coletâneas e os discos ao vivos mereceram uma edição especial
Outro detalhe que tem que ser levado em consideração é o fato de os vinis comportarem apenas cerca de 45 minutos de música. Já os CDs podem armazenar cerca de 74 minutos. Isso quer dizer que uma banda pode gravar quase 30 minutos a mais para os lançamentos de seus CDs. O Iron Maiden, nos útlimos discos, está tendo o costume de utilizar praticamente o tempo todo disponível no CDs e isso exige que todos os LPs lançados sejam duplos, o que não era normal nos lançamentos das bandas nas décadas de 70 e 80. Muitas pessoas dizem que a música atual tem uma qualidade menor, já que os discos se tornaram mais longos e, assim, muita coisa gravada pelas bandas é para ocupar espaço, não havendo a escolha só das partes mais interessantes na hora de composição e finalização das músicas. Mas isso é assunto para outra hora…
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