Nove anos após o lançamento do ótimo “The Book of Souls” (2015), o Iron Maiden retorna com “Senjutsu” – décimo sétimo álbum gravado em estúdio pela banda, o segundo em formato duplo. O título do trabalho é uma expressão japonesa que significa “tática” ou “estratégia”.
O disco foi gravado na França há aproximadamente dois anos, permanecendo engavetado a sete chaves durante todo esse tempo. A produção novamente ficou a cargo de Kevin Shirley, parceiro do grupo desde “Brave New World” (2000).
O primeiro single de divulgação, lançado em julho deste ano, foi “The Writing on the Wall”, faixa que ganhou um videoclipe muito bacana feito em animação. A segunda música apresentada ao público foi “Stratego”, lançada em 19 de agosto. Ambas as faixas já prenunciavam que vinha coisa boa no horizonte e empolgaram os fãs da “Donzela de Ferro”.
“Senjutsu” apresenta a competência instrumental de sempre do Maiden, com riffs e solos de guitarra inspirados tocados pelo trio de guitarristas, linhas de contrabaixo marcantes, batidas e viradas de bateria precisas e o vocal diferenciado de Bruce Dickinson. As canções estão mais cadenciadas e repletas de passagens instrumentais que remetem ao rock progressivo praticado pelas bandas britânicas da década de 70. Aliás, algo que sempre esteve impregnado no DNA musical do sexteto, mas que nos últimos trabalhos vem ganhando uma maior ênfase.
Em termos de composição, quem dá as cartas é o baixista Steve Harris. Das dez faixas presentes em “Senjutsu”, sete foram compostas por ele (quatro delas sozinho, uma em parceria com o guitarrista Adrian Smith e duas com o guitarrista Janick Gers). O vocalista Bruce Dickinson figura em três faixas dividindo os créditos com Smith. O guitarrista Dave Murray e o baterista Nicko McBrain não receberam créditos por nenhuma das canções do álbum.
A abertura do disco um fica por conta de “Senjutsu”, uma canção pesada que traz uma interpretação dramática de Bruce Dickinson. “Stratego” vem a seguir com um andamento mais acelerado, apresentando ao público a sonoridade típica da banda, pontuada pelas linhas de contrabaixo galopadas de Harris. “The Writing On The Wall” é um blues-rock épico com toques folk à la Jethro Tull. “Lost In a Lost World” começa com uma levada acústica que culmina numa explosão de riffs e solos de guitarra. “Day of the Future Past” é um rock mais convencional que funcionará bem nas apresentações ao vivo da banda, enquanto “The Time Machine” apresenta inesperadas mudanças rítmicas e solos “cantáveis”.
O segundo disco começa com “Darkest Hour”, uma canção mais lenta e reflexiva cuja temática remete à Segunda Guerra Mundial. Violões e teclados conferem um ar folk a “Death of the Celts”. “The Parchment” é um épico prog sombrio com muito peso e melodia. “Hell on Earth” encerra a viagem de maneira grandiosa em tons proféticos: “On the other side, I’ll see you again in heaven/ Far away from this hell on Earth” (“Por outro lado, vejo você novamente no paraíso, longe deste inferno na Terra”).
Em “Senjutsu” o Iron Maiden demonstra que soube envelhecer com dignidade e entrega aos fãs o que sabe fazer de melhor: criar canções que misturam peso, melodia e intensidade. Mais um excelente trabalho de uma das maiores e mais queridas bandas de heavy metal da história.
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