terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Resenha Death Penalty Álbum de Witchfinder General 1982

 

Resenha

Death Penalty

Álbum de Witchfinder General

1982

CD/LP

Muitas vezes, ao ouvirmos falar sobre a "New Wave Of British Heavy Metal", ou seja, sobre a nova onda do metal britânico, que explodiu entre os anos de 1979 a 1985 aproximadamente, somos levados imediatamente a pensar em nomes como Iron Maiden, Saxon e até mesmo o Def Leppard (que prontamente mudaria sua sonoridade para algo mais comercial). Isso é algo extremamente natural, se tratando de bandas clássicas, com trabalhos incríveis e duradouros. No entanto, para além dos nomes consagrados, houveram muitas bandas talentosas e que gravaram excelentes discos, sendo que algumas delas persistiram por muitos anos, com muita dificuldade e como lado B ou C, e outras, simplesmente desapareceram, como o caso da banda Witchfinder General, que gravou um dos discos mais legais deste movimento britânico, o Death Penalty de 1982.
Basta alguns segundos ouvindo qualquer canção do álbum de estreia da banda para notar a influência do Black Sabbath, sobretudo do álbum Master Of Reality, através de elementos como os riffs marcantes, sombrios e cadenciados de guitarra, a voz que lembra Ozzy em muitos momentos e algumas das letras das canções. Sendo assim, Witchfinder General foi mais do que uma banda da NWOBHM, mas também um dos pilares do subgênero Doom Metal.
Esteticamente e liricamente as influências remetem ao clássico filme de horror britânico Witchfinder General, de 1967. Filme que trata do tema caça as bruxas (com requintes de crueldade) na época de Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa, através da atuação de Mathew Hopkins, o caçador de bruxas. Este elemento é ainda mais notável nas capas de seus álbuns, sobretudo em Death Penalty, cuja arte representa a captura e tortura de uma suposta bruxa por um grupo de homens que seguem a estética da época tratada no filme, e que foi ainda além na polêmica, como se não fosse o bastante uma cena de violência e tortura explícita contra uma mulher, mas ainda conta com a nudez da modelo que aparece com os seios totalmente amostra. 
Musicalmente, Death Penalty é um disco que contém 7 faixas, com duração de pouco mais de 30 minutos, mas que demonstram grande criatividade e talento da banda composta por:Zeeb Parks (vocais), Phil Cope (guitarra), Phil Cope - sob o pseudônimo de Wolfy Trope (baixo) e Kid Rimple (bateria). O disco conta com momentos mais rápidos e pesados, passagens acústicas, momentos mais cadenciados, refrãos fortes, solos rápidos e impactantes e uma cozinha muito competente, sobretudo a bateria, já que o baixo acaba não sendo muito favorecido pela produção e não se destaca muito na mixagem (exceto na música No Stayer, na qual ele fica mais evidente).
Canções como Invisible Hate e Free Country tem peso, velocidade, refrão forte e letras que remetem a canções do Sabbath como Sweet Leaf e Snowblind, já que basicamente falam sobre cerveja, drogas e muita diversão inconsequente. Enquanto que faixas como Death Penalty, RIP e, principalmente, Witchfinder General e Burnin' A Sinner são mais cadenciadas, bem no estilo Doom Metal, e abordam as temáticas esperadas por qualquer indivíduo que tenha conhecimento da capa do disco, sem contar as claras referências ao filme homônimo da banda de 1967. A música mais fora da curva do disco acaba sendo No Stayer, cujo instrumental predomina por mais da metade da canção, com uma levada de baixo bem destacada, além de uma letra curta, mas bastante grudenta, que trata sobre relacionamentos amorosos, ou algo próximo disso, pelo menos para garantir o fim de semana.
Sendo assim, Death Penalty é uma verdadeira pérola (não tão) oculta da New Wave Of British Heavy Metal e ainda tem grande importância para o desenvolvimento de gêneros como Doom Metal e Stoner. Um disco que não teve grande investimento e produção, muito menos uma boa divulgação, mas resistiu ao teste do tempo e viveu nas últimas décadas um certo "hype", que rendeu até mesmo um breve retorno da banda e alguns lançamentos e relançamentos para aproveitar o momento. Se você gosta de música pesada, grandes riffs de guitarra, refrãos fortes e temas sombrios, mas já cansou de escutar a discografia do Black Sabbath até de trás para frente, certamente o disco é uma pedida mais que ideal. Aposto que ele (e o seu sucessor de 1983) não sairão da sua fila de audições, unindo ao mesmo tempo uma fórmula já conhecida com uma personalidade própria.

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