terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Resenha Renaissance Álbum de Renaissance 1969

 

Resenha

Renaissance

Álbum de Renaissance

1969

CD/LP

Então vamos para onde tudo começou. Após a separação do The Yardbirds no início de 1968, o baterista Jim McCarty e o guitarrista/vocalista Keith Relf formaram o Togheter, porém, a banda não durou muito e logo em seguida eles formaram o Renaissance no início de 1969 com a adição de John Hawken (teclado), Louis Cennamo (baixo) e Jane Relf (vocal). Portanto, aqueles que estão familiarizados com a dupla Annie Haslam e Michael Dunford, ela só acontece de maneira plena em Ashes Are Burning, pois apesar de Michael trabalhar com a banda desde Illusion, só foi efetivado como integrante em 1973, enquanto que Annie estreou em Prologue.  

Este período pré Annie, musicalmente tem uma contribuição significativa para estabelecer uma base sólida do rock progressivo junto de qualquer um dos medalhões surgidos no final da década de 60, sendo inclusive, a banda com a maior identidade própria entre todas do período e essa estreia um marco importantíssimo para o direcionamento musical do grupo para o futuro. Podemos dizer, que uma semente foi plantada aqui, como um ponto de partida para entender aquela que é sem dúvida uma das bandas progressivas mais intrigantes da década de 1970. 

“Kings and Queens” possui uma abertura que traz um traço clássico que a banda usaria em discos futuros. Extremamente influenciada pela música clássica, principalmente por meio de um piano maravilhoso e dinâmico. Bateria e violão entram muito bem em conjunto na peça. Então que a bateria entra em uma linha mais jazzística e nesse momento me vem em mente o disco Sarabande do Jon Lord – inclusive, tem resenha dele aqui no site. Há um interlúdio, onde o ritmo muda para uma espécie de valsa e depois para uma passagem bastante dramática com trechos de Bach e Rachmaninoff antes de regressar para a estrutura tradicional do verso.  

“Inoccence” é uma composição mais simples do que a faixa anterior, mas também é dominada por piano. Possui algumas guitarras muito boas, além de componentes de jazz e blues. O solo de piano no meio também merece ser mencionado. No geral, uma música que é simples, muito bem desenvolvida e interessante. “Island” é outra bela faixa, mais uma vez baseada principalmente em violão e piano. O trabalho de baixo, aqui é o mais dinâmico em todo o disco. Mas o piano no estilo clássico é o que torna de fato essa peça muito atraente, além, claro, dos vocais de Jane, ora sozinho e ora apoiado pela voz masculina de Keith.  

“Wanderer”, com 4 minutos é a faixa mais curta do álbum, mas também a mais edificante de todas – que fique claro que isso não faz dela a melhor. Possui lindos sons de piano e cravo. A melodia de cravo antes e durante os vocais de Jane é linda. “Bullet” é a faixa que encerra o álbum. A banda já começa surpreendendo, pois os 5 primeiros minutos de música é entregue uma espécie de blues rock sem qualquer traço de música clássica, até que a peça silencia e um solo de baixo é o que mantem a chama da faixa acesa. O que era quase um blues rock clássico, passa a ser um modelo de música de vanguarda em uma exploração musical que em 1969 deve ter funcionado muito bem, mas hoje, faz com que ouvintes menos acostumados cocem a cabeça sem entender muito bem o que está acontecendo.  

Apesar de não o considerar da mesma casta de álbuns que a banda gravaria futuramente com a sua formação mais aclamada, considero essa estreia bastante subestimada, até mesmo por conta do tanto que é historicamente importante por ser um dos discos de rock progressivo mais antigos que existe.  Possui uma música muito variada que vai desde inspirações na música clássica ao rock progressivo, passando até mesmo pelo blues rock. Um disco que é historicamente muito relevante e musicalmente bastante divertido.  

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